– Você sabe como essa cidade está perigosa? Por que não liga dizendo que vai chegar tarde? - o pai de Babi perguntou rispidamente ao ver a garota chegar em casa.

- Essa garota não tem mais jeito, pai. - disse Bruna. - Desde que virou sapatão nunca mais foi a mesma.

Bárbara sentiu a raiva lhe sufocar, mas conteve-se.

- Desculpe, pai. Da próxima vez eu aviso. Esqueci completamente.

- Tudo bem. - disse ele voltando a prestar atenção na televisão.

A garota foi para o quarto e logo esqueceu completamente do comentário da irmã.

Seu pensamento estava em Naná. O encontro com Vanessa tinha sido um fiasco. Apesar dela querer voltar, a baterista não sentira nenhum tesão. Não sentira nada ao beijá-la e só pensava que queria estar com Helena naquele momento.

O namoro estava definitivamente acabado e Babi voltou para casa muito infeliz.

Imaginou como seria beijar a catarinense, como seria explorar cada canto da boca da garota e como seria tocar seu corpo virgem.

E pensando na guitarrista, acabou por adormecer...

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Setembro chegou ao fim sem nenhuma novidade. Helena ainda estava muito encantada com Manuella, que ainda amava Roberta, mas já começava a olhar a catarinense com outros olhos. Bárbara constatara que realmente estava apaixonada por Naná e tentando acabar com esse sentimento, tratava-a muito mal.

A guitarrista continuou dando aulas todos os fins de semana, apesar da vocalista não apresentar nenhuma melhora e nenhum talento para tocar. Não conseguia nem segurar a guitarra direito, deixando-a admirada por saber tocar alguma música.

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Já havia terminado o intervalo, e as meninas estavam se sentando em suas respectivas cadeiras, esperando pela aula da professora de História. Manu virara pra frente e conversava animadamente com Helena, enquanto Cinthia e Letícia discutiam sobre algumas mudanças em uma música e Barbara, que sentava ao lado de Helena, desenhava em seu caderno.

- Muito bem, hoje iremos fazer um trabalho em dupla e... - a professora olhou para sua sala e percebeu que ninguém havia prestado atenção em nada do que dissera, apenas a parte em dupla, porque era uma excelente desculpa pra juntar as carteiras e continuar as conversas. - Mas quem vai sortear as duplas sou eu. Então façam o favor de colocar suas cadeiras no lugar -

E mal a professora terminara sua frase, colombina colocava sua cadeira novamente na frente da de pierrot. Barbara que havia sido despertada pelo barulho das cadeiras se arrastando e com o perfume do cabelo de colombina que acabava de passar por ela arrumando sua cadeira do lado de Manu, e logo em seguida voltando ao seu respectivo lugar.
Babs sorriu ao ver aquilo, adorou ver Lena voltando ao seu lugar, e começou a torcer para que a professora sorteasse a mais nova como sua dupla.

- Número 6, Barbara Oliveira, e número 12, Helena Bertinelli. -

Helena, que desde que voltara para seu lugar estava emburrada, agora porém sorria enquanto Manuella parecia um tanto quanto desapontada.

- Babs!! Que alívio, achei que fosse ter que fazer o trabalho com alguém daquele povo que senta lá na frente. - Dizia Lena enquanto juntava sua carteira ao lado da de Barbara.

Assim que todas as duplas foram organizadas, a professora começou a explicar a matéria. Helena que sempre foi uma excelente aluna em História ouvia atenciosamente a cada palavra que a professora dizia, pois além de saber a matéria tinha o péssimo, mas não tão ruim assim, hábito de se exibir nas aulas. Sempre que podia respondia a todas as perguntas e também tinha o mal hábito, esse é ruim mesmo, de disputar a melhor nota entre suas amigas e as zuar quando a sua nota era maior. Barbara dividia seu tempo entre seu desenho e ficar admirando discretamente a morena do seu lado. Não tão discretamente assim, já que Manu havia percebido que a baterista lançava certos olhares para a mais nova e não gostava muito disso.

Sem se dar conta do que estava fazendo, Lena aos poucos ia aproximando discretamente sua mão da mão da baterista, que estava na cadeira, bem próxima à sua, aproveitando que a outra estava entretida demais com seu desenho. Ela não sabia direito o porque de sua atitude, mas tinha a necessidade de fazê-la. Barbara havia percebido o movimento da mais nova, ela mesma tinha pensado em fazer isso, mas tinha medo de acabar assustando a guitarrista, tentava disfarçar seu sorriso enquanto também aproximava sua mão da mão de Helena. Suas mãos estavam quase se tocando quando:

- Srta Helena, poderia nos dizer o que foi o exatamente o 18 brumário? - Perguntava a professora com um olhar ao mesmo tempo acolhedor e frio. Toda a sala agora estava prestando atenção em Helena, e a única coisa que ela conseguia pensar era que havia perdido sua chance. Nem ao menos lembrava que diabos era o 18 brumário ou da onde ele havia surgido e que definitivamente se fosse uma pessoa, ela iria matá-lo. Sua mente ficou ainda mais confusa quando sentiu uma mão sobre a sua, olhou discretamente para a morena ao seu lado, e essa apenas sorria e disfarçava prestar atenção em seu desenho, enquanto fazia carinho em sua mão. Sentia uma vontade imensa de beijar aquela boca e sentir o gosto daquele sorriso, sua bochecha queimava e então ela foi despertada dos seus pensamentos pela professora:

- Helena! Helena! Esta com a cabeça aonde minha filha? -

- Desculpa professora, eu me distrai... - dizia Helena ainda muito vermelha. Sem saber se o motivo disso eram as pessoas olhando pra ela ou a mão acariciando a sua.

- Sim, eu percebi isso. Então, o que foi o 18 brumário? -

- O 18 brumário foi um golpe de estado que iniciou a ditadura napoleônica na França. Ele ocorreu no dia 18 do mês de Brumário de 1799, que no nosso calendário hoje em dia, seria 9 de Novembro. - Respondeu de forma automática, sem qualquer demonstração de entusiasmo.

- Excelente... -

Depois disso, Helena voltou a ignorar completamente tanto a voz da professora, quanto o resto do mundo ao seu redor. A única coisa que importava agora era aquela mão junto a sua e aquele sorriso no rosto da baterista, que deixava bem claro que ela sabia muito bem o que estava fazendo. E assim elas permaneceram durante todo o resto da aula, com um sorriso no rosto de cada uma que deixava bem clara a cumplicidade delas. Quem não gostou nada disso foi Manu, que assim que a aula acabou, encontrou um assunto qualquer para atrair a atenção de Helena de volta pra si, e sem que a mais nova percebesse, lançou um olhar quase que mortal para a baterista. As outras meninas que assistiram a tudo de camarote, apenas lamentavam pelo clima que estava se formando, mas decidiram não se meter, com medo de que isso só piorasse a situação.

Helena agora se encontrava completamente confusa, pois durante todo aquele tempo nem ao menos se lembrara que a vocalista estava ali do seu outro lado, sentia como se tivesse traído Manuella, mas ao mesmo tempo não podia negar que havia gostado de passar a aula de mão com a Barbara e, que também sentia alguma coisa por ela...