Filha da Paixão: Uma Odisseia de Amor e Guerra escrita por Reader2000


Capítulo 4
Capítulo IV - Theo


Notas iniciais do capítulo

Apresentação do novo personagem :)



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Theo estendeu a mão para cumprimentar os romanos. Já os tinha visto passeando pelo acampamento antes e também na guerra contra os gigantes, mas nunca haviam conversado.

     - Ah, então é isso! Você parece muito o seu pai - Hazel disse.

     - Obrigado. Nunca o vi pessoalmente, mas falam que ele é bonito - Theo sorriu, sem ressentimentos. Todos na mesa tinham se encontrado com seus pais divinos, alguns pela primeira vez na batalha da Grécia, mas todos entendiam como era difícil serem visitados por eles. A maioria dos semideuses nunca tinham conversado com os deuses que eram seus pais ou mães.

     - Nossa, esses cookies estão bons demais - Frank opinou de boca cheia. - Por acaso vai leite neles? - Ele perguntou alarmado.

     - Não, são veganos. Fiz assim pra poder levar alguns para o treinador Hedge, Mellie e seu filhinho Chuck.

     Frank suspirou satisfeito, voltando a devorar os biscoitos.

     - Theo está aqui há cinco anos - contou Annabeth. - Lutou conosco contra Cronos e também contra os gigantes. É um excelente curandeiro e arqueiro.

     - Não tanto quanto meu irmão aqui - o garoto falou, sem graça, abraçando Will.

     - Ah, por favor. Já te ensinei tudo que eu sabia e você é o melhor médico naturalista que já conheci. Sua habilidade com ervas e produtos naturais são incríveis. - Will enalteceu o meio-irmão. - Você é um ótimo conselheiro chefe.

     - Você saiu do posto, Will? - Calipso perguntou, também pegando um cookie.

     - Sim. Decidi ir para a faculdade esse ano e acho justo que o conselheiro seja alguém que esteja sempre aqui. Então passei o cargo para Theo, que é mais do que capacitado, enquanto estou aqui para tirar dúvidas.

     - Nico, você também vai pra faculdade?

     - Sim. Quer dizer, não sei. Vou acompanhar Will em sua mudança para Boston e lá eu decido. Acho que não quero nenhum curso específico, mas tem algumas matérias extras sobre ritos funerários e culturas mitológicas que me chamaram atenção - o filho de Hades respondeu, girando um anel no dedo. Ele realmente tinha se empenhado em tornar o acampamento seu lar, e agora era bem aceito por todos. Ainda era um pouco tímido sobre seu relacionamento com o filho de Apolo, Theo achava que mais pelo fato de ter tanto contato humano com alguém do que qualquer outra coisa.

     - Bom, foi um prazer conhecê-los. Vou para o bosque buscar alguns produtos para um unguento sobre o qual eu li. Até mais tarde - Theo saiu, acenando.

     - Até! Depois te entrego o livro sobre Arquitetura Moderna Francesa - Annabeth gritou enquanto ele saía. Ele deu um joinha como resposta.

     Theo seguiu para a floresta, com sua mochila a postos. Adorava essas atividades ao ar livre, com o Sol brilhando sobre sua cabeça. Estava procurando por algumas ervas selvagens sobre as quais tinha estudado recentemente. Suas habilidades de curandeiro eram melhores aplicadas à medicina humana, com itens não mágicos. Era sua especialidade. Ele gostava dessa modalidade porque os itens eram mais fáceis de encontrar geralmente, poderiam ser substituídos com frequência e não exigia nenhuma habilidade especial, apenas estudos. Até conseguia fazer um pouco de magia de cura, mas tinha dificuldades. Seus irmãos eram muito melhores nisso. Precisava se aprimorar, mas seu lado de biológicas o chamava mais alto e quando via já estava mergulhado nos livros de medicina humana alternativa.

     O clima estava quente, com umidade agradável e a floresta estava regada de sons de passarinhos cantando, dragões sobrevoando e monstros ressonando. Theo tinha levado 2 facas de caça embainhadas na calça, por segurança, mas aquele horário, logo depois do almoço, costumava ser bem tranquilo, todos os animais perigosos estavam em sua sesta. Não estava nada afim de enfrentar a quimera que Quíron havia trazido para lá naquela semana. Tinha tido uma experiência com uma dessas para a vida toda.

   Acabou se perdendo nesses pensamentos enquanto colhia suas plantas. A quimera tinha surgido em sua frente, enquanto ele tocava violino na praça em frente à villa de sua família em Florença, Itália. Tinha 12 anos e estava sossegadamente compondo uma nova canção, rabiscando as notas em uma partitura e voltando a testá-las no instrumento, quando a enorme criatura surgiu sorrateiramente. Parecia com um leão, exceto por ter o dobro do tamanho, uma cobra no lugar da cauda e presas de dragão, além de uma fumaça que saia pelo seu nariz. Theo ficou paralisado, não se mexeu, nem gritou, nem chorou, apenas olhou para a fera, que riscava o chão com as patas se preparando para atacar. Ouviu um silvo de algo rápido cortando o ar e uma flecha entrou por entre as costelas da Quimera, acertando seu coração e transformando-a numa nuvem de pé que foi levada pelo vento. Quando olhou para a villa, viu sua mãe pela janela do segundo andar, segurando um arco e sua avó atrás observando, assustada. Ele correu até elas.

     - Filho, eu sinto muito. Você está bem? - Diana se pôs a procurar marcas pelo corpo do filho.

     - Estou bem, madre. Ele não conseguiu chegar perto de mim. O que era aquilo? Será que fugiu do zoológico?

     Diana olhou dentro daqueles olhinhos pretos tão inocentes, tão sinceros. Sabia que ia ter que contar a verdade, já era hora, ou ele correria ainda mais riscos.

     - Vem Theo, senta aqui - ela indicou o sofá de veludo vermelho atrás dela e se sentaram. A avó Giorgia se sentou em uma poltrona à frente deles. - Eu tenho que te contar uma história. Seu pai me avisou que morando na Itália isso aconteceria.

     - Meu pai? Você disse que ele morreu antes de eu nascer.

     - Sim, querido. Mas eu menti - ela suspirou. - Às vezes os adultos mentem para proteger quem amam. O seu pai, na verdade, não está morto. Você não o conhece porque ele é um deus.

     - Um deus? Como o filho da virgem Maria? Deus fez você engravidar? - O menino perguntou, confuso.

     - Não, mi amore. Não é a esse Deus a que me refiro. Lembra-se do verão passado, quando estreei uma peça musical sobre a Grécia antiga? - O garoto concordou com a cabeça. - Eu fui Ártemis e você viu como a mitologia grega era descrita, assim como nos livros que eu leio para você desde criança. São a esses deuses que me refiro. Deuses gregos. O seu pai é um deles, Apolo, o deus do Sol, da medicina e da música.

     - Mas mãe, eu aprendi que eles não existem. São só histórias que os antigos contam.

     - Eu sei. Mas é porque eles não sabem a verdade. Não sabem que os deuses gregos ainda estão vivos e andam entre nós. Assim como todas as criaturas mágicas dessas histórias. A que você viu lá fora é uma Quimera. Você, como fruto meu e de Apolo, é um semideus. Você tem poderes, assim como seu pai. Por isso tem tanta aptidão com música, puxou isso de mim também, mas tem o dom natural de Apolo. Você ainda vai descobrir tudo de que é capaz. Mas o problema é que agora que você está maior, mais criaturas como essa virão, elas conhecem o seu cheiro e querem te atacar. Seu pai me falou que morando na Itália, a terra antiga dos deuses, isso seria ainda pior, mas não pude suportar a ideia de você crescer sem conhecer Roma, as gôndolas de Venezas, as óperas magistrais ou as praças italianas. Mas agora isso ficou perigoso demais, filho. Precisamos nos mudar - As lágrimas escorriam pelo rosto da mãe.

     Theo ainda estava confuso com toda a história, mas ver a mãe chorar foi o suficiente para fazê-lo apoiar a ideia. Na semana seguinte, ele, Diana e Giorgia seguiam em um avião para os Estados Unidos. Foram para San Diego, na Califórnia, e se instalaram em uma grande casa na beira da praia. Theo adorou o lugar logo de cara, com areias brancas, um mar azul agitado e um Sol brilhante e quente que se abria todos os dias. Era um eterno verão. 

 


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Notas finais do capítulo

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