E foi assim que aconteceu escrita por ixkalopsia, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 3
Parte 3: narração de uma história de amor




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| 1929 |

Quando Cedrella voltou a ver Septimus, ele estava coberto de sangue.

O primeiro ano havia passado rápido demais e, para sua grande felicidade, Cedrella havia feito algumas amigas da sua idade. E, melhor que isso, era a vantagem de todas elas serem de boas famílias. Portanto, as amigas haviam sido convidadas a passar algumas semanas na casa dos Black. Em meio a conversas, jogos e alguns eventos, aquele verão havia sido um dos melhores de que ela se recordava. 

Contudo, ela nunca tinha esquecido o menino ruivo que havia sido a sua primeira amizade em Hogwarts. Porém, sendo de casas rivais, nunca mais tiveram a oportunidade de se falarem. 

Cedrella não tinha a certeza que o motivo era somente a rivalidade entre os leões e as cobras mas, fato era, que nunca mais havia pensado muito sobre o motivo de Septimus parecer também não fazer muito esforço para se encontrarem.

Agora, no segundo ano, a jovem bruxa tinha muito orgulho de dizer que era a melhor do seu ano. E planejava se manter assim. Por esse motivo, quando a altura de provas chegava, ela se isolava com os seus livros em algum canto recluso do castelo até a matéria ficar toda bem guardada na mente. 

Então, num dia de outono, desceu até à margem do lago, onde a sombra das árvores, naquele clima ameno, formava o cenário ideal para uma tarde de estudo tranquila. No entanto, assim que chegou ao exterior, ouviu gritos acessos. Revirou os olhos e estava prestes a virar costas quando um nome familiar foi mencionado.

— Cadê o dinheiro que deve ao meu pai, Weasley? — Ela reconheceu a voz de Justin Goyle, um verdadeiro Troll que pertencia à sua casa. Ele passava os dias a localizar quais seriam as próximas vítimas da sua estupidez. Naquele dia, a vítima da vez era Septimus Weasley.

Cedrella se apressou até o grupo reunido em volta da cena.

Assim que viu o estado do ruivo, levou a mão à boca e sentiu os olhos umedecendo. Septimus estava irreconhecível. Continuava magro, e aparentava usar o mesmo uniforme que ela tinha visto no ano anterior, só que com o emblema e gravata da sua casa. Contudo, estes estavam sujos de sangue. Sangue que jorrava em abundância do nariz partido. De joelhos no chão, as mãos tentavam estancar o sangue que não parava de escorrer. O cabelo ruivo estava desarrumado e alguns arranhões na face pingavam mais gotas vermelhas.

— Eu não… te devo nada. — A voz abafada soou mesmo por cima da dor.

— Claro que deve. Você, e a vergonha que é o seu pai, devem a toda a gente, não é mesmo? Nem a mansão da família foi o suficiente para cobrir o buraco que o seu papai cavou, não foi? — Justin riu, acompanhado do seu coro. — Pessoas como você e o seu pai são a desgraça da sociedade bruxa e precisam aprender o seu lugar. Não acham? — A pergunta foi dirigida à multidão, que somente olhava aquele espetáculo de horrores.

Alguns “sim” entusiasmados foram escutados quando viram Goyle tirar a varinha das vestes e apontar para Septimus.

— Não… — Ela sussurrou, ainda sem acreditar no que via. Mas, assim que ouviu Goyle começar a proferir um feitiço, os seus reflexos foram mais rápidos que os dele.

Levi…

Expelliarmus! — Gritou em resposta, desarmando Justin e impedindo aquele espetáculo de se prolongar.

Os restantes alunos abriram espaço à sua volta quando se aperceberam de onde tinha vindo aquele feitiço. Ela não abaixou a própria varinha quando Justin a olhou com uma raiva pura nos olhos pequenos.

— Mas que porra está fazendo Black!? — Justin esbravejou, mas não ousou fazer mais que isso. O sobrenome Black ainda era o que metia mais medo naquela escola.

— Não acha que já está bom, Goyle? Sai daqui. — A varinha continuava apontada ao mais velho, e a sua voz não tremeu enquanto defendia o ruivo, que ainda sangrava atrás de si.

— Porque está defendendo essa… essa coisa!? Ele é seu amigo, por acaso!? — O mais velho sorriu com deboche, como se tal fosse algo ridículo.

— Sim, ele é. — Falou simplesmente, pois essa era a verdade. Septimus havia sido o seu primeiro amigo e ela não iria deixar com que continuassem com aquilo. — E eu só vou repetir mais uma vez: sai daqui. Ou eu vou contar ao diretor que um Goyle está envergonhando essa escola ao ter um comportamento tão, mas tão, inferior ao nome que carrega. Pelo amor de Merlin, Justin Goyle, aja como alguém que tem um cérebro maior que uma azeitona. Se gosta tanto de bater em algo, ao menos espere para o fazer em casa com os seus elfos domésticos.

A menção ao seu avô havia sido o suficiente para a multidão começar a se dispersar. Justin, no entanto, riu, incrédulo por se ver encurralado por uma fedelha de doze anos.

— Isso não vai ficar assim Black. — Cuspiu ao pegar a varinha do chão.

— Se quiser permanecer nessa escola, eu acho que vai. — Foi a sua palavra final.

Só baixou a varinha quando já não o via mais no seu campo de visão. Sozinhos na margem do lago, Cedrella respirou fundo e se agachou em frente ao ruivo.

— Você está bem? — Perguntou enquanto abria a mala, retirando um lenço bordado que sempre tinha consigo. Encostou o pano ao nariz do ruivo, que ainda sangrava, tentando apanhar um pouco do líquido.

— Eu… vou ficar. Podia ter sido pior. — Septimus olhava para a bruxa enquanto ela mantinha o lenço pressionado no mesmo local, não se importando com o fato de estar ficando com as mãos sujas do seu sangue.

— Aquele Goyle é pior que um Troll. — Grunhiu em irritação quando constatou que o pano era inútil. — Vem, precisa de ir à enfermaria.

Cedrella ajudou Septimus a se levantar. Caminharam juntos até à enfermaria, deixando um rastro de sangue no caminho, que foi feito sob o olhar curioso dos restantes colegas. Estavam quase a chegar quando Callidora Black apareceu no corredor. Aparentemente, alguém já lhe havia contado o que a irmã mais nova havia feito. E a sua cara não era nada boa.

— O que você pensa que está fazendo Ced…!?

— Sai da frente e não atrapalha. — Respondeu, ajudando o amigo a empurrar as pesadas portas da enfermaria. Entraram. E ela voltou a fechar as portas na cara da irmã mais velha.

Assim que viu o estado do jovem Weasley, a curandeira da escola não perdeu tempo em examinar e, posteriormente, curar todas as feridas com um toque de varinha e algumas poções. Apesar de todos os ferimentos terem concerto, a senhora quis que ele passasse a noite na enfermaria até as poções começarem a fazer o devido efeito. Afinal, ele havia perdido uma quantidade assustadora de sangue em pouco tempo.

Cedrella, por sua vez, ficou o tempo todo ao seu lado, fora do caminho da curandeira enquanto ela fazia o seu trabalho. Assim que Septimus já estava instalado em uma das camas vazias, ela se aproximou e se sentou numa cadeira ao seu lado.

— Não… não precisa ficar aqui. — Septimus murmurou, envergonhado.

— Mas eu quero ficar aqui. Vai que você some de novo o resto do ano.

Então, algo improvável aconteceu: Septimus desatou a rir. Uma risada alta e contagiosa que Cedrella gostou de ouvir.

E foi assim que tudo começou.

| 1930 |

O dia era vinte de outubro.

Cedrella estava fazendo treze anos. E um jantar seria dado em sua honra.

O patriarca da família havia dado uma dispensa para os jovens Black que frequentavam Hogwarts, de modo a estarem todos na comemoração.

Ela não estava nada entusiasmada para aquele evento, uma vez que só havia um motivo para tal preparação: Phineas Nigellus Black iria anunciar quem seria o seu futuro marido. Pois era assim que a família Black funcionava. Outras bruxas recebiam vestidos, jóias ou livros ao completar treze anos. Mas não as mulheres da família Black. Treze anos significava que o único presente que iriam receber era um contrato de casamento infeliz.

Do seu quarto, pois agora já a consideravam crescida o suficiente para ter um quarto próprio, conseguia ouvir o barulho de conversa animada vindo da sala de jantar.

A jovem Black nunca antes se havia sentido tão enjoada quanto naquele momento, presa num lindo vestido de seda preta. Apesar de ter sido feito para se ajustar às novas curvas do seu corpo, continuava a ser apropriado para a sua idade. E, tinha de admitir, que as finas correntes e flores douradas que ocupavam a parte superior eram lindas e combinavam com os ganchos que a mãe tinha colocado no seu cabelo.

Os seus devaneios foram interrompidos por uma batida na porta. Em seguida, Callidora entrou no quarto, deslumbrante num vestido roxo e prateado. Assim que olhou bem para a irmã mais nova, a bruxa arregalou os olhos e sorriu com sinceridade.

— Você está muito bonita. — Cedrella encarou a irmã com uma fina sobrancelha arqueada. Aquilo era novo. Desde quando Callidora era simpática consigo?

— Obrigada?

Aquela noite só ficaria mais estranha, pelos vistos.

As duas irmãs Black se olharam por longos momentos antes de Callidora suspirar e fechar a porta atrás de si, se aproximando a passos largos. Cedrella não soube bem o que fazer quando sentiu as mãos geladas da mais velha nos seus ombros.

— Assim que o vovô fizer o anúncio, tente não demonstrar uma reação muito exagerada. Faça como a mamãe ensinou. Sorria, agradeça e diga o quanto está feliz, mas mantenha sempre uma pose calma, está bem? 

— Está bem. — Sussurrou para o ar frio do quarto.

— Ótimo. Agora vem, estão todos na mesa já.

O jantar passou em câmera lenta para Cedrella. Cumprimentou todos os familiares e agradeceu por terem vindo antes de se sentar entre os pais. O restante do jantar seguiu normalmente e ela ignorou todos os tópicos de conversa, remexendo a comida no prato para fingir que estava comendo alguma coisa. Por fim, quando os elfos terminaram de levar as taças de sobremesa, Phineas se levantou e todos fizeram silêncio.

— Como todos sabem, hoje é um dia muito especial, pois é o dia em que a minha querida neta, Cedrella, completa treze anos. Uma idade muito especial na nossa família. Eu sempre vos ensinei que os Black, como uma das sangradas, e mais antigas famílias da sociedade bruxa, têm o dever de manter uma linhagem pura, de modo a preservar a magia que nos corre nas veias. Uma magia poderosa e incorrupta. Para tal, cada um de vós tem o dever de casar com alguém igualmente digno e fortalecer a nossa linhagem em futuras gerações. Portanto, é com muita felicidade, que anuncio que selei o noivado de Cedrella com Caspar Crouch!

Os aplausos explodiram no ar, como uma série de tapas indolores. Cedrella estava adormecida. Mas cumpriu o seu papel. Agradeceu ao avô. E sorriu com felicidade por ter conseguido um noivo de uma família poderosa. Com o passar do tempo, as memórias daquele jantar foram se apagando. Contudo, Cedrella se lembrava com clareza de um momento com a mãe.

— Não é uma notícia maravilhosa, minha querida? — Apesar das palavras felizes, Lysandra Black tinha olhos tristes. Ela sabia bem qual era o destino de uma mulher em todas as famílias sangue-puro.

— É sim, mamãe. Maravilhosa.

| 1931 |

Cedrella estava ansiosa para o baile de Yule daquele ano.

Não somente pelo fato de ainda ser uma das suas alturas preferidas do ano, nem pela expectativa de usar um vestido bonito e dançar a noite toda. Não. Cedrella estava entusiasmada pois havia sido convidada por Septimus Weasley.

Se lhe perguntassem, ela não saberia responder quando deixou de ver aquele ruivo magricela como o seu primeiro amigo, mas sim como algo mais.

Ela sabia que não podia, que era proibido. E que as consequências seriam severas. Porém, cada vez que ela o via, ela se sentia de novo uma menina de doze anos, lendo romances às escondidas na biblioteca.

Na tarde anterior, havia ido até Hogsmeade com as amigas selecionar os vestidos para o baile e, entre todas as cores, havia escolhido o vermelho. As colegas olharam estranho para a cor, mas Cedrella não ligou, demasiado empolgada para o usar e, mais ainda, para ver qual seria a reação de Septimus quando a visse naquele lindo vestido.

Quando se vestiu e se olhou ao espelho, teve a certeza de que havia escolhido certo. O vestido era de um bom tecido, de um vermelho da cor de sangue, mas com um tom mais metalizado. Era simples, sem mais nenhum adorno, mas muito elegante. A saia era rodada e ia até ao chão. As finas alças, em ouro, deixavam a pele leitosa dos seus ombros e braços completamente expostas. As únicas jóias que usava eram uma pulseira e um par de brincos dourados. O cabelo tinha deixado solto, como o ruivo preferia.

Confiante, seguiu para o salão principal. No meio do aglomerado de adolescentes vestidos a rigor, não foi difícil avistar o único ruivo naquele local.

Ela havia o visto primeiro. E sentiu o coração acelerar. Septimus estava incrível. Usava um terno preto simples, com uma camisa branca. O cabelo ruivo estava bastante comprido e já passava um bocado dos ombros. Naquele dia, estava preso num penteado simples.

Ao ouvir o som dos saltos na pedra perto de si, Septimus olhou para a acompanhante. Cedrella sentiu as bochechas esquentarem com aquele olhar. Assim que parou em frente ao mais alto, conseguiu ver que os olhos castanhos estavam arregalados e, em nenhum momento, se desviaram dos seus.

— Uau… quero dizer… v-você está… — Septimus suspirou com um ar sonhador e, a única coisa que conseguiu dizer, foi um: — Uau.

— Acho que a palavra é “bonita”, Set. — Cedrella gargalhou, satisfeita com aquela reação. Já se conheciam há quatro anos e o ruivo nunca havia se livrado por completo do gaguejar, que aparecia sempre que ele estava nervoso com algo. O que, no caso do Weasley, acontecia com bastante frequência. 

Para Cedrella, aquela noite parecia ter saído de um verdadeiro conto de fadas. Eles dançaram a valsa na abertura do baile e, em seguida, rodopiavam pelo salão enfeitado durante as músicas, fossem elas calmas ou agitadas, eles não desgrudavam um do outro. Quando se cansaram, Septimus se ofereceu para pegar algumas bebidas. Sentados em uma das muitas mesas redondas dispostas pelo local, bebiam alguns refrescos e comentavam sobre tudo o que viam: escolhas de vestidos, as músicas preferidas, os professores, alguns com cara de que estavam odiando cada momento. 

Quando deram por si, já o salão principal estava mais vazio. Uma melodia calma e romântica tocava de fundo. Alguns casais dançavam lentamente, agarrados, no centro. Septimus nunca havia sido muito bom com palavras, mas sim com gestos. Por isso, ofereceu uma mão à acompanhante, que a aceitou de bom grado e se deixou ser conduzida para a pista de dança.

Foi Cedrella quem tomou a iniciativa e colocou as mãos do ruivo na sua cintura, entrelaçando os próprios braços no pescoço alheio. E deixou-se embalar pela música, olhando fundo nos olhos castanhos de Septimus, que pareciam brilhar naquela noite.

— Você está m-mesmo muito bonita h-hoje. — Quando se apercebeu de que aquilo poderia ter soado mal, o Weasley ficou com as orelhas vermelhas e tentou se corrigir. — Não que você não e-esteja bonita nos o-outros dias! Porque está… quero dizer… está sempre muito b…

Cedrella teve pena e decidiu salvar Septimus do seu próprio nervosismo, puxando-o num momento de coragem. 

Então, eles estavam se beijando, no meio da pista de dança do salão principal, sem se importarem com quem poderia estar vendo. A bruxa só conseguiu registar algumas palavras da melodia que a banda cantava de fundo, e achou que até a música era perfeita para enfeitar aquele momento.

 

So this is love

So this is what makes life divine

 

Cedrella Black só sabia que aquela havia sido a noite mais mágica da sua vida.

Quando se despediram, a altas horas da manhã, Septimus, com a face tão vermelha quanto o seu cabelo, voltou a lhe beijar, com mais confiança que outrora e, em meio a risadas, Cedrella traçou o caminho para a sala comunal da sua casa.

Antes que pudesse falar a palavra passe, sentiu uma mão fria a puxar para uma alcova escura. Antes que pudesse gritar, ouviu a voz familiar de Callidora.

— O que v… — Começou. O sorriso que adornava o rosto rosado havia desaparecido momentaneamente. Callidora, no entanto, foi mais rápida em a interromper. A sua face estava séria, como sempre aparentava estar nos últimos anos. Ela já havia completado dezasseis anos, e a mais nova sabia que a irmã estava desgostosa por saber que a sua liberdade acabaria no próximo ano, mal terminasse a sua educação em Hogwarts.

— Apenas me responda uma coisa. — Suspirou e olhou em volta para se certificar que estavam sozinhas. — Você está feliz com esse garoto?

— Sim. Muito. — Não precisou de mais tempo para responder, aquela era a verdade.

Callidora desviou o olhar da irmã, como se fosse doloroso presenciar aquela aura de felicidade inocente que irradiava da irmã mais nova.

— Está bem, então. Apenas me diga mais uma coisa. Você está ciente das consequências?

Cedrella sabia bem quais eram. Se continuasse se relacionando com um traidor de sangue, de uma família sem renome, os pais acabariam sabendo. E, pior que isso, o avô iria saber. O casamento com Crouch não seria realizado, e ela acabaria como mais um borrão na tapeçaria da família. Mas, para Cedrella, a sua felicidade deveria importar mais que a bela casa de bonecas que era a da família Black. Portanto, quando olhou direto nos olhos de Callidora, a voz com que falou parecia mais madura do que a de uma menina de quatorze anos. Firme, forte e decidida.

— Sim, eu sei muito bem quais são.

Virou costas e seguiu o seu caminho, sorrindo.

As repercussões não importavam. Ela estava feliz. Namorava Septimus Weasley.

E nunca antes se havia sentido tão importante na vida de alguém.

Cedrella Black estava apaixonada.

| 1932 |

Querido Set,

Como estão correndo as suas férias de verão?

As minhas têm sido o mesmo teatro que em todos os outros anos. Ainda ontem, o meu avô decidiu dar um jantar aqui em casa e convocou os Malfoy e os Parkinson. Foi um horror. A certa altura, fingi que estava com dor de cabeça e vim para a segurança do meu quarto. Aproveitei para pensar melhor no meu futuro.

No terceiro ano, escolhi como disciplinas opcionais runas antigas e aritmância. Contudo, não sei muito bem que profissão escolher com esse currículo. O fato de termos escolha é para conseguirmos montar o percurso certo para conseguirmos a profissão que queremos só que, antes, eu nunca havia pensado em ter uma profissão. Mulheres da família Black se casam assim que terminam o sétimo ano e nunca chegam a trabalhar. Nunca mesmo.

Mas eu quero, eu quero ter uma vida diferente.

Cheguei a contar que a minha irmã se casou no início do verão? O meu avô mal esperou a cerimônia de graduação terminar antes de começar a preparar tudo para o casamento. Nunca vi uma noiva tão triste. Nem nunca pensei que sentiria falta de Callidora aqui em casa. Enfim.

Acho que preciso pesquisar mais sobre que tipo de emprego irei conseguir com as matérias que estudo. Pode me ajudar com isso quando estivermos em Hogwarts? 

E você, já sabe o que quer ser quando se graduar?

Ah, mudando de assunto, sabe que vai abrir uma casa de chá, de uma tal de Madame Puddifoot? Estou ansiosa para ir. Por isso, já sabe Septimus Weasley.

Espero que esteja tudo bem com você e com o seu pai.

Tenho tantas saudades que nem imagina, mal posso esperar para voltar à escola.

Até lá.

Com amor, 

Cedrella Black.

— Para quem é a carta? — Charis Black, aos treze anos, era a mais insuportável das suas irmãs. A beleza que possuía na infância havia evaporado. Mas, mesmo assim, todos continuavam adorando aquela garota com cara de quem nunca estava de bem com a vida. Cedrella não entendia.

— Isso não é da sua conta. Vaza, criatura chata.

Charis bufou e saiu do quarto, onde tinha entrado sem permissão. 

Uns dias depois, Cedrella recebeu uma das muitas cartas que trocou com o namorado ao longo do verão antes de começar o seu quinto ano em Hogwarts.

 

Minha querida Cedrella,

As minhas férias também não têm sido diferentes. Eu e o meu pai acrescentamos mais algumas divisões à nossa casa. Tirando isso, não tenho feito muito para além de ler. Algumas vezes até decidi me aventurar e fui nadar num rio que há aqui perto.

Eu acho que não conseguiria viver assim. Nem você, nem a sua irmã, e as outras mulheres da família Black, merecem esse destino. Por isso, acho que faz muito bem em pensar ser independente. Quando estivermos em Hogwarts, irei lhe ajudar em tudo o que precisar. E, se de fato for essa a sua vontade, iremos achar a profissão perfeita para você seguir. Não tenha receio.

Eu ainda não tenho nada muito definido também, para falar a verdade. Porém, sempre gostei muito de animais e o Trato das Criaturas Mágicas é a minha matéria preferida. Portanto, penso que irei escolher uma profissão dentro dessa área. Veremos como serão as minhas notas no futuro.

Também ouvi falar da nova casa de chá. Não se preocupe, planejo lhe levar lá bastantes vezes, se for esse o seu desejo, vossa alteza.

Papai tem estado muito cansado. Afinal, ainda agora começou um novo trabalho no ministério. Fora isso, estamos ambos bem, obrigado.

Mal posso esperar para estarmos juntos outra vez. O pior das férias de verão é não te poder ver todos os dias.

Pelo menos, já faltam poucas semanas até Hogwarts.

Com amor,

Septimus Weasley.


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