E foi assim que aconteceu escrita por ixkalopsia, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 2
Parte 2: sobre primeiros encontros




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| 1928 |

Aquele era um dia muito importante: Cedrella Black estava indo para Hogwarts.

E nunca antes havia presenciado tanta emoção por parte da família quanto como foi no momento da despedida na estação King’s Cross.

Vestida num elaborado conjunto púrpura com detalhes em preto, Cedrella se sentia muito mais crescida, como se tivesse mais do que somente onze anos. Afinal, aquele era um marco importante na vida de uma jovem bruxa: o momento em que começaria a estudar magia. Pela primeira vez em muito tempo, os pais pareciam orgulhosos da filha.

— Estude muito. E não se esqueça de seguir todas as regras e ter um comportamento exemplar. Isso é essencial, Cedrella. Não quer desapontar o seu avô e a sua família, certo? — Lysandra olhava nos olhos brilhantes da filha com toda a seriedade que as suas palavras carregavam.

Phineas Nigellus Black era o diretor da mais prestigiada escola de magia da época e, como tal, esperava nada menos que excelência por parte dos filhos e netos. Todos eles tinham a obrigação de se destacar entre os demais, pois os Black sempre deveriam ser superiores aos restantes. 

Durante aquele verão, Cedrella não tinha parado de escutar o quanto a irmã era um exemplo a seguir, sendo uma das melhores alunas do seu ano e, por isso, deveria almejar ser tal e qual como ela. Cedrella preferia ignorar aqueles discursos, bebendo apenas dos elogios da família. Aquele era um momento só seu, o seu tempo de se destacar entre a perfeita irmã mais velha e a, questionavelmente, adorável irmã mais nova.

O som de um apito soou no ar pesado de fumo e ela soube que estava na hora de embarcar. Callidora já tinha se juntado ao grupo de amigas sorridentes dentro do trem. Portanto, abraçou os pais, irmã, avó e restantes tios e tias antes de dizer adeus e virar costas para entrar no expresso de Hogwarts. 

Todas as malas já haviam sido levadas, juntamente com a coruja castanha que tinha recebido de presente aquele verão. Por isso, seguiu as instruções da mãe e caminhou até um dos últimos vagões, onde todos os nomes que deveria conhecer estariam sentados. Não foi difícil de o achar, pois antes mesmo de alcançar a entrada, conseguiu escutar a voz da irmã, mais alta que as restantes.

Cedrella espreitou para o interior e viu a irmã mais velha, muito refinada num vestido verde escuro, rodeada da sua pequena corte, falando alto o suficiente para todos a ouvirem, mas nunca demasiado alto ao ponto de se tornar escandalosa. Ao seu redor, Cedrella reconheceu algumas bruxas que, por vezes, visitavam a sua casa junto dos pais. Entre elas estavam nomes como Dorothea Parkinson, Harriet Avery e Leonora Rosier. 

— Mamãe diz que, muito em breve, estarei prometida a Harfang Longbottom. — Callidora falou com um ar sonhador. Mesmo do lado de fora do vagão, Cedrella escutou suspiros doces das acompanhantes.

Cedrella já estava enjoada de ouvir aquele nome. Era costume em todas as famílias sangue-puro serem arranjados casamentos entre as futuras gerações, de forma a manter a tradição e pureza das sagradas famílias da sociedade. Por esse motivo, não havia sido surpresa para ninguém quando, no aniversário de treze anos da filha mais velha de Arcturus Black II, Phineas ter sugerido o casamento entre a neta e o único herdeiro de uma das famílias, segundo ele, mais decentes do mundo bruxo. Claro que o fato de ser uma das mais ricas era um ponto a favor também.

Harfang era dois anos mais velho que a irmã, e muito bonito. Cedrella já o havia visto algumas vezes em eventos em que lhe foi permitido comparecer. Ela sabia que ele era um dos herdeiros mais cobiçados. Com os cabelos negros sempre bem arrumados, olhos de um azul tão claro quanto o céu, porte forte de um desportista e, para além disso, aparentes boas maneiras, não era de admirar que todas as mães das sagradas familias o quisessem para as próprias filhas. Aparentemente, Lysandra Black seria a vencedora daquela competição.

Cedrella pensou em Harfang ao lado da irmã. Aos treze anos de idade, Callidora era mais alta que ela, magra, mas com alguma forma. Os cabelos negros caiam pelas costas numa cascata de chachos perfeitamente moldados. A pele pálida ficava ainda mais acentuada pela cor escura do fino conjunto que usava naquele dia e a sua face era aquela de uma boneca de coleção. O exemplo perfeito de como uma Black deve ser. Eles seriam um casal perfeito, digno de uma pintura.

A jovem bruxa sentiu as mãos suarem de nervosismo. Passou o olhar pelos restantes lugares e não viu uma única pessoa que não estivesse já inserida em algum dos grupos formados. Parecia que todos se conheciam. Ela reconheceu algumas caras que sabia serem também primeiranistas, mas não sabia os seus nomes. Além disso, a sua confiança não estava boa ao ponto de estar preparada para tentar começar uma conversa com o grupo de mais novos ao fundo do vagão. Por isso, fez o mais sensato: virou as costas e foi procurar outro lugar, ignorando mais uma das dicas da mãe.

Já estava quase a meio do expresso quando, enfim, viu uma carruagem quase vazia. Estranhou, mas decidiu entrar, cansada demais para continuar a andar e tentar achar algum compartimento mais vazio. Abriu a porta com calma e tossiu com delicadeza, de forma a chamar a atenção da figura encolhida num dos lugares.

— Desculpe incomodar, mas será que posso me sentar aqui? Penso que os outros compartimentos já estejam cheios. — Pelo menos ainda conseguia aplicar a boa educação que a senhora sua mãe lhe havia dado. Nervos ou não, ainda era uma Black.

Encolhido no assento ao lado da janela, o primeiranista quase deu um pulo quando escutou a voz delicada se dirigindo a si.

Silêncio foi a única resposta.

Cedrella, um pouco envergonhada, observou com mais atenção o único ocupante daquele cômodo. Era um menino magro. Foi a primeira coisa que notou, mesmo por debaixo do uniforme padrão de Hogwarts que ele já usava. Também viu que o suposto preto lustroso parecia um pouco desbotado, mais um cinzento escuro do que a cor natural do tecido. Provavelmente era um uniforme usado, passado de alguém que já não iria precisar. A sua teoria ficou confirmada quando ela notou que a camisa ficava um pouco curta nos braços longos.

No entanto, o que mais lhe chamou a atenção naquele menino misterioso, foi o cabelo de um tom de ruivo forte, da mesma cor de fogo. Cedrella achou a cor muito bonita.

— Então… posso me sentar? — Voltou a perguntar. As mãos continuavam suadas e ela apertou mais a pequena mala de mão que levava consigo.

Por fim, o menino misterioso virou o rosto do que ela soube ser um livro, que ele tinha apoiado nos joelhos. Ao pousar a vista naquela menina bonita à entrada do espaço, ele sentiu as bochechas e orelhas esquentarem. Teria ficado naquele estado por mais tempo se a expressão tímida da jovem bruxa não o tivesse tirado daquele transe, o recordando que ela lhe tinha feito uma pergunta.

— S-Sim, claro… claro que pode! — Com uma mão, gesticulou para o assento vazio à sua frente, derrubando o livro no chão por acidente.

Cedrella suspirou, aliviada por não ter de continuar a busca por um assento. Entrou e fechou a porta atrás de si antes de se sentar no lugar acolchoado. Pousou a mala ao seu lado e observou o companheiro de viagem, pensando que teria alguém com quem conversar no longo caminho. Todavia, quando ela o olhou, reparou que ele não lhe prestava mais atenção. Em vez disso, parecia ter a vista colada no livro, imerso no assunto abordado.

Sem coragem para o interromper, a jovem Black retirou da mala o livro de Teoria da Magia, de Adalbert Waffling. O avô havia lhe comprado todos os livros escolares mal a carta de Hogwarts chegou à casa ancestral da família. E, durante o verão, já tinha conseguido ler e memorizar os livros de Defesa Contra as Artes das Trevas, Transfiguração e Herbologia. Pois, fato era que, apesar de detestar todas as comparações e dicas sobre como deveria ser uma Callidora 2.0, Cedrella realmente queria se empenhar e mostrar que poderia ser tão boa, ou mesmo melhor, que a irmã mais velha e, por consequência, dar algum orgulho para os pais também.

Decidida a terminar a leitura antes de chegar a Hogwarts, Cedrella se fechou no próprio mundinho durante as primeiras horas de viagem, ignorando todos os sons ao seu redor e se focando somente nas palavras que lia. 

Isso até sentir fome. A princípio até tentou ignorar, mas o barulho que o seu estômago passou a fazer não a deixou. Resignada, marcou a página em que estava e pegou a bolsinha com moedas que a avó lhe havia entregado na estação. Sabia que havia uma mulher que distribuía algumas comidas, na maioria doces, durante a viagem. Só teria de a procurar. Ainda faltavam algumas horas para chegarem e ela não conseguiria esperar tanto tempo para o banquete.

Abriu a porta e, antes de sair, se recordou das boas maneiras e decidiu abordar o outro ocupante da carruagem.

— Eu vou procurar a senhora do carrinho e comprar algo para comer. Você vem? — Ele tirou a atenção do livro e ela sorriu para o menino ruivo. Ele tinha o rosto vermelho de novo.

— Não. E-Eu não tenho f-fome. Mas obrigado! — Que estranho. Será que ele sempre gaguejava assim? Foi o que passou pela mente de Cedrella antes de colocar o saquinho de moedas no bolso da saia do vestido.

— Tudo bem então. Eu já volto. — Sorriu de novo e saiu à procura da senhora. 

Para sua sorte, conseguiu achar a tal senhora dos doces a somente dois vagões à frente do que ocupava. Esperou pela sua vez e pediu uma pequena garrafa de suco de abóbora e alguns bolos de caldeirão. 

— É tudo querida? — A senhora perguntou, sorrindo ao entregar o que tinha pedido.

Cedrella estava prestes a dizer que sim e pagar para ir embora. Porém, se lembrou do menino ruivo. Do uniforme desbotado pelo uso e as roupas curtas demais para o seu tamanho. Ainda faltavam algumas horas para o trem chegar a Hogwarts e, segundo os seus primos, partilhar doces era sempre uma boa forma de quebrar o gelo e, talvez, ter a sorte de conseguir ter uma conversa com aquele menino tímido.

— Ainda não. Vou querer outro suco de abóbora, quatro tortinhas de abóbora, um saco de feijões de todos os sabores e outro de varinhas de alcaçuz. E… é tudo. — Cedrella sorriu sem jeito antes de puxar algumas moedas do saquinho para pagar pela comida. Com algum esforço, equilibrou tudo nos braços e voltou para o seu vagão.

Sem nenhuma mão livre para abrir a porta, bateu com a ponta do pé, fazendo um barulho alto o suficiente para chamar a atenção do ocupante que, assim que a viu carregada, não perdeu tempo em se levantar para abrir a porta e se oferecer para a ajudar.

— Obrigada. Acho que exagerei. Penso que não tenho assim tanta fome para comer tudo isso. Tem certeza que fica bem até ao banquete? — Inquiriu, pousando tudo o que trazia no assento mais próximo, que era onde o ruivo se sentava.

Ela reparou que ele parecia prestes a negar. No entanto, pareceu pensar melhor, olhando de lado para toda a comida que ela tinha trazido. Passou as mãos pela capa do uniforme escolar e tirou uma mecha de cabelo ruivo que lhe caía nos olhos castanhos.

— É… acho que ainda falta um bom tempo até chegarmos. T-Tem certeza que não consegue comer tudo até lá? — Ele olhou para a bruxa e ela comemorou a pequena vitória. Finalmente ele tinha falado mais que apenas umas palavras. Também já não tinha gaguejando tanto.

— Merlin, claro que não! — Riu. — Acho que me excedi um bocado. Tenho fome mas não tenho o apetite de um Troll das montanhas. Se não me ajudar, o que eu não conseguir comer vai acabar por ir para o lixo. — E foi assim que Cedrella Black convenceu o ruivo.

Ele suspirou e usou o cabelo grande para tapar as orelhas escarlate. Voltou para o seu lugar e Cedrella se sentou no mesmo banco, com a comida no meio dos dois. Algumas varinhas de alcaçuz depois, foi Cedrella quem voltou a quebrar o silêncio.

— Já estamos aqui sentados há algumas horas. E agora dividimos o lanche. Mas ainda nem sequer sei o seu nome. — Colocou um feijão na boca e suspirou em alívio ao sentir o sabor a limão.

O ruivo arregalou os olhos e pousou a tortinha de abóbora, limpando as mãos num pano simples que retirou do bolso das calças antes de estender a direita na sua direção.

— Que rude da m-minha parte. O meu nome é Sep… — Algo pareceu o impedir de terminar a frase, um nervosismo sem causa. Então, Cedrella sorriu. Ele parecia ficar mais motivado a falar quando ela sorria. — Septimus Weasley. É um prazer lhe conhecer.

Então, tudo pareceu se encaixar. Desde as roupas desproporcionais ao seu carácter tímido. Cedrella se recordou de ouvir a mãe relatar a desgraça da família Weasley alguns anos antes. Durante os dias que se seguiram, eles haviam sido alvo do escrutínio da família Black. Por dias, ela tinha escutado com desgosto os familiares troçar dos traidores de sangue que haviam afundado o que restava do seu nome em dívidas e desgraça. E, segundo a fiel carta de Euphegenia Parkinson, Ambrose e o filho, Septimus, haviam ido morar para o meio do mato, sem um galeão.

Cedrella só despertou das suas memórias quando viu que Septimus estava prestes a baixar a mão estendida. Ela não queria ter dado a impressão de desprezo e, em seguida, se apressou em lhe oferecer a própria mão, sorrindo docemente.

— O prazer é meu, Septimus. O meu nome é Cedrella Black.

A menção ao conhecido sobrenome fez Septimus ficar de novo acuado na sua presença.

— Eu acho que… não é b-bom para você estar perto de mim. — Então, voltou para a posição inicial daquela viagem, sentado para a frente, com as costas retas e o livro fechado em cima dos joelhos magros.

— Porque é que não seria boa ideia? — Ela sabia bem o motivo. Se a sua família descobrisse que ela estava na companhia de alguém que eles consideravam “inferior” nunca deixaria de ouvir sermões e lições da mãe. Mas Septimus parecia simpático e Cedrella se sentia bem na sua presença. O que poderia haver de tão errado em fazer um amigo novo?

— Bem é que… sabe… a… a sua família é m-muito i-importante e, bem… a minha não… é. — Ela não o queria deixar mais desconfortável ao mencionar que sabia bem o estado precário da família Weasley. Por isso, apenas agiu com naturalidade, dispensando as preocupações de Septimus como se não fossem também as suas.

— A minha família tem os seus próprios problemas. — Não era mentira. Apesar da aparente perfeição, a família Black tinha bastantes esqueletos no armário e muitos nomes varridos para debaixo do tapete. — Enfim. Mudando de assunto, que livro é esse que você não larga?

Cedrella acabou descobrindo que Septimus estava lendo um livro acerca de uma lenda famosa no mundo bruxo, só que adaptada para crianças. Ela não conhecia aquele livro, uma vez que os pais somente a permitiam ler livros educativos ou aqueles selecionados especificamente sobre assuntos que eles achavam importante ela aprender sobre. Nunca contos infantis ou algo inapropriado segundo os padrões dos Black. 

Então, no restante da viagem, Septimus ficou mais à vontade à medida que ia contando, com todos os detalhes, o que acontecia no livro e, sem nem se aperceberem, o expresso havia chegado a Hogwarts. Do lado de fora das janelas, o céu estava escuro, repleto de pequenos pontinhos cintilantes.

— Oh meu Merlin, eu esqueci de trocar de roupa! — A jovem bruxa se levantou de rompante, não crendo que havia se esquecido de trocar o vestido pelo uniforme padrão que todos os primeiranistas deveriam usar ao entrar na escola.

— Fique à vontade para se trocar, eu saio. — O ruivo se apressou em guardar todos os seus pertences numa mochila castanha.

— Obrigada. A gente se vê lá fora, está bem?

Pela primeira vez naquele dia, Septimus sorriu para Cedrella. Um sorriso meio triste e apagado mas, mesmo assim, um sorriso.

— Sim. Até já.

Cedrella se apressou a tirar o uniforme da mala, impecável graças a um feitiço lançado pela mãe antes de o arrumar. Vestiu o uniforme completo e colocou o vestido que usava antes na malinha antes de correr para sair do expresso.

Assim que saiu para o exterior, deu por si rodeada de outras figuras, todas vestidas de igual, e sem qualquer sinal do cabelo ruivo de Septimus. A jovem bruxa sentiu um pequeno sinal de pânico no peito por não achar o único amigo que havia feito até então. Olhou ao seu redor e até se esticou para ver se avistava alguém conhecido. Até Callidora seria uma visão boa àquela altura. Porém, não achou ninguém. Nem o amigo, nem a irmã e nem os primos e primas.

Resignada, avançou junto com o resto da multidão de primeiranistas até ao lago. Ela sabia que lhe esperavam os barcos enfeitiçados, que os levariam até ao castelo. Mesmo triste por se sentir sozinha, apreciou a majestosa visão que era o castelo de Hogwarts na paisagem estrelada, com as muitas janelas iluminadas para o exterior. 

Assim que chegaram, foram encaminhados escadas acima até estarem de frente para as grandes portas que, ela sabia, dariam entrada para o salão principal, onde algumas vozes podiam ser escutadas. Enquanto aguardavam, ela finalmente avistou o cabelo ruivo de Septimus.

— Até que enfim te encontrei! — Brincou, se colocando ao lado de Septimus, mais afastados dos restantes colegas.

— Peço desculpa. É que… eu… acabei me perdendo na multidão. — O rubor nas bochechas estava de volta e os olhos castanhos olhavam para os pés.

Ela queria ter dito mais. Só que, antes que tivesse tempo, uma figura parou em frente ao grupo. Era uma mulher alta e esguia, com o cabelo dourado preso num elaborado penteado. As suas vestes eram de um tom forte de azul e, na face enrugada, um pequeno sorriso apareceu.

— Sejam todos bem vindos a Hogwarts! De seguida, iremos atravessar estas portas e dar início à cerimônia de seleção. Cada um de vocês será selecionado para uma das quatro equipas e, durante o vosso tempo nessa escola, as vossas equipas serão a vossa família, a vossa casa. Os vossos triunfos trarão glória para as vossas casas. Mas tenham atenção, jovens, que as vossas transgressões só vos irão custar pontos e vergonhas. — Cedrella notou que alguns dos seus colegas pareciam mais pálidos. — Muito bem. Eu serei a vossa professora de Feitiços e o meu nome é Betty Carmine. Agora venham.

Assim que entrou so salão, Cedrella não viu mais nada senão os olhos negros de Phineas Nigellus Black, sentado no meio da mesa de professores, engolido pelas ricas vestes pretas. Até então, ela tinha permanecido bem calma com a perspectiva de ir para Hogwarts. Ansiosa, mas sem qualquer medo. Contudo, no meio daquele espaço, com o pesado olhar do avô, e patriarca da família, em cima de si, os seus nervos eram tantos que mal prestou atenção à cerimônia. Isto é, até o seu nome ser chamado.

— Cedrella Black.

O seu corpo parecia dormente quando caminhou entre os colegas para se sentar no banco de madeira. Mal sentiu quando o velho chapéu lhe tapou a visão e, naquele momento, não prestou a devida atenção às palavras sussurradas somente para si. Apenas suspirou de alívio quando o chapéu gritou para todos ouvirem:

— Slytherin!

Ela saltou do banco e se dirigiu para a mesa verde e prata, onde Callidora aplaudia junto dos colegas.

— Cedrella, senta aqui do meu lado. — Estava tão aliviada por já não ser o centro das atenções que nem deu importância ao ressentimento que sentia pela mais velha e sentou no banco ao lado da irmã e restantes desconhecidos.

Olhou para a mesa principal e conseguiu ver o pequeno sorriso que o avô lhe lançou, ficando mais calma em seguida. Já tendo passado a sua vez, Cedrella passou a prestar atenção ao restante da cerimônia, aplaudindo também quando um novo membro se juntava à sua casa.

O próximo nome a ser chamado capturou toda a sua atenção.

— Septimus Weasley!

A jovem viu o amigo andar lentamente para a frente do salão e se sentiu mal pelo gentil ruivo quando escutou sussurros por todas as mesas. Felizmente, estes foram substituídos por aplausos quando o chapéu deu o seu veredito:

— Gryffindor!

Ela não aplaudiu.

Septimus e Cedrella mal se viram naquele ano. E nunca mais falaram.


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