O Rei Negro escrita por Oráculo Contador de Histórias


Capítulo 10
Ordem e desordem




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No interior das muralhas de Calendria, ao pé da montanha, está situado a maior das suas construções; o castelo. De pedras enormes, com torres de diferentes tamanhos espalhadas ao longo de toda a sua extensão, sendo a torre do meio mais larga e mais alta, na qual está hasteada uma notória bandeira branca com contornos dourados e uma flor de calêndula no meio. Para ter acesso a ele, é necessário subir uma extensa escadaria dividida em vários lances de degraus que cessam diante dos portões e surgem novamente ante ao imponente trono real, repleto de flores desenhadas em ouro e um acolchoado na cor vermelha, situado em um espaço amplo, com grandes pilares sustentando o teto alto. Ao lado dele está disposto a coroa do rei, que como o próprio trono, é feita de ouro, possui detalhes que remetem as calêndulas e na parte frontal, há encrustada uma enorme pedra amarela.

Naquele dia, a sala do trono no castelo de Calendria encontrava-se relativamente cheia. Além dos vários guardas reais que se diferenciavam dos outros pelos mantos dourados presos em suas ombreiras de aço, estavam sentados figurões de grande importância, dentre eles Walther Di Blanco. Um militar de cabelos negros e longos, barba rala, por volta dos quarenta, caminhou pelo tapete vermelho com sua grande espada em punho. Apesar de bem afeiçoado, se mostrava ser muito sério e seus olhos castanhos perpassavam de um lado a outro como se estivesse checando que tudo ali permanecia nos conformes. Assim que ficou em frente ao último lance de degraus que levaria ao trono, deu meia volta, segurou a espada com ambas as mãos na frente do peito e anunciou em alta voz:

—Está entre nós o grande mago Merlin, líder conselheiro real, mago chefe do Conselho dos Magos de Calendria e regente do reino!

Passando pelos portões, ele caminhava com suas sandálias brancas sem a menor pressa. Um homem de altura mediana, vestindo uma túnica vermelha com vários bordados em dourado, levando na mão direita o seu cajado; uma enorme peça de madeira torta, cuja uma das pontas era no formato de um caracol e por onde ele o segurava. Os cabelos eram realmente grandes, prateados e ondulados, enquanto que a barba de mesma cor e volumosa cobria quase que completamente seus lábios, caindo até a altura da cintura. Em seu rosto, várias rugas que lhe conferiam um aspecto amigável, embora estivesse inexpressível. Enquanto se adiantava em direção ao militar, olhou para ambos os lados em períodos diferentes, analisando a todos através dos seus olhinhos quase fechados e dos pequeninos óculos presos sobre o nariz torto.

Assim que Merlin parou em frente ao militar, este baixou a espada, fez uma meia reverência e liberou a passagem, pela qual o regente seguiu. A cada degrau, ele batia no chão com a ponta do cajado, embora com certeza não precisasse disso para se apoiar. Voltou-se para todos e finalmente se sentou no trono.

—É um prazer estar novamente na companhia de todos vocês. – sua voz era rouca, mas poderosa.

—Como foi sua viagem a Stonehold, grande mago? – perguntou uma mulher baixinha sentada entre as figuras relevantes. Sua voz soava melodiosa, seus olhos eram pequenos e puxados, com um penteado em espirais que dava um aspecto singular aos seus cabelos prateados. Seu nome é Hina Yeshi, a chefe da casa Yeshi.

—Tranquila e produtiva, Hina. Nossos amigos anões estão bem adiantados em sua engenharia para reforçar o Escudo do Mundo.

—É uma excelente notícia. Mas diga-nos, grande mago, já conseguiu êxito acerca das armas deles? Afinal, é de interesse geral que nosso exército seja fortalecido. – de fala mansa, careca e sorridente, este é Otto Ostrade, chefe da casa Ostrade.

—Nosso exército já é forte o bastante para que questões como essa não sejam emergenciais, caro Otto. Estou certo de que o comandante das nossas forças, Sir Jonathas McStrade, está fazendo um excelente trabalho. – disse Merlin calmamente, olhando para o militar que outrora o tinha anunciado.

—Obrigado, grande mago. – respondeu Sir Jonathas.

—De fato. – replicou Otto – Porém, não podemos baixar a guarda. Se não obtivermos mais armas, estaremos desprotegidos caso Aurora ou o Vale Verde tentem...

—Estaremos desprotegidos se o Escudo do Mundo cair. – cortou um homem com rispidez. Era calvo, de expressões rígidas e olhos azuis penetrantes. Quando se pronunciou, Otto engoliu em seco e não se atreveu a encará-lo. Seu nome, vale dizer, é Leonel Reindhar, chefe da casa Reindhar – Primeiro Magaroth, depois Gabriel. Vamos esperar que o próximo louco surja e tente matar todo mundo? O grande mago está fazendo o trabalho dele e atrapalhá-lo não é a melhor maneira de proteger nosso reino.

—Eu preciso... Concordar. – disse Walther Di Blanco em um tom aveludado. Obviamente, ele também é chefe de sua casa – Nossa prioridade deve ser a sobrevivência. Enquanto a Escuridão do Mundo existir, estaremos correndo um grave perigo. Não preciso lembra-los do que aconteceu a Valtara e não podemos ser arrogantes a ponto de achar que somos mais poderosos ou especiais do que os que viviam naquelas terras.

Hina revirou os olhos. Não discordava, porém era visível a antipatia que sentia pelo homem. Os demais demonstravam clara concordância. Merlin, inexpressível, apenas os observava.

—É realmente inquietante saber que, embora nos esforcemos tanto, só podemos resistir a ameaça que vem do Sul. – admitiu o mago – Nossos amigos em Moroeste também trabalham arduamente em busca de reforçar as defesas, porém ninguém, absolutamente ninguém tem qualquer pista que possa nos levar sequer a entender o inimigo. Como lutamos contra alguém que não conhecemos?

—Mas seria mesmo um ou mais indivíduos? – questionou Hina – Poderia ser um fenômeno.

Leonel interviu:

—Sempre que alguém consegue retornar vivo das cortinas negras, ou está louco, ou quase louco. Não dizem coisa com coisa, isso quando são capazes de falar. “As cordas”. “Os monstros”. Embora não faça sentido, é sim algo perverso e não acredito se tratar de um fenômeno.

—Concordo com você, Leonel. – disse Merlin – Além disso, acredito que todos estejam sabendo do recente acontecimento no pilar de Eastgreen. Sir Jonathas, por gentileza.

—Sim, grande mago. – o comandante voltou-se para os chefes das casas – Chegou a mim um pardal-negro da Vila dos Aires com uma mensagem perturbadora. Foi reportado um ataque da Escuridão do Sul contra o Escudo do Mundo em sua totalidade há três dias, pela manhã. Nessa ocasião, um dos nossos soldados que guardavam o local desapareceu, enquanto o outro escapou com vida e evitou adentrar as cortinas. Ele disse que seu companheiro foi atraído para o interior da ameaça e esta subitamente recuou, provavelmente o levando consigo.

Walther semicerrou os olhos, voltando-se pra Merlin que continuava inexpressível.

—Lamentamos a vida do nosso soldado. E é estranho pensar que voltamos a ser atacados depois de tantos anos sem incidentes. Mais uma vez o ocorrido não se conecta com nada, por isso é difícil prever quando e como a ameaça vai atacar. – explicou o mago.

—Poderíamos supor que o Rei Negro retornou dos mortos. – comentou Di Blanco em falso tom de brincadeira.

Todos o olharam, principalmente Merlin que se inclinou para frente e pela primeira vez desde sua chegada, sorriu:

—Se Gabriel Eichen tivesse retornado dos mortos, acha mesmo que não saberíamos, Walther? – seu sorriso se ampliou – Os portões de Calendria estão intactos e você, prezado, continua bem. Acho que todos concordamos que se ele pudesse ressuscitar, já o teria feito nesses vinte anos.

—Talvez ele tenha renascido. – zombou o nobre gesticulando com sua única mão, deixando o clima em volta cada vez mais tenso – E talvez seja apenas um garoto de vinte anos que está redescobrindo como se tornar um tirano.

—“E talvez” seja essa a razão pela qual o capitão Decarlo está gravemente ferido na torre do Conselho. Você o enviou para assassinar Sir Alabas?

—Que ultraje! – replicou em tom ofendido, sentindo-se encurralado diante de um regente tão bem informado – O capitão Decarlo foi enviado para trazer Sir Alabas, pois este deveria se explicar. Chegou a minha casa um relato perturbador de que Alabas estava passando informações valiosas aos elfos que poderiam comprometer nossa segurança. Entretanto, o ex-comandante se recusou a vir por bem e houve um conflito desnecessário.

—É realmente uma pena que as coisas tenham terminado assim. Sir Alabas foi um grande militar e teve um importante papel na luta contra Gabriel Eichen. – lamentou Merlin, voltando a ficar inexpressível – Penso que deveríamos estreitar nossos laços com Aurora e evitar tantos desgastes.

—Aquele Yliel jamais nos receberia! É um elfo arrogante! – bradou Otto.

—Não podemos esperar nada deles. São antigos aliados do traidor Magaroth! – protestou Walther.

—E o que sugerem? – questionou Hina – Que cruzemos os braços? Que entremos em guerra? Não ouviram que a Escuridão do Sul voltou a atacar?! Até o Rei Negro sabia que unir todos os reinos, fosse por bem ou por mal, era a melhor saída!

—Tudo um teatro, quando na verdade o que ele realmente almejava era derrubar o Escudo do Mundo. E é interessante você mencionar o regicida... – disse Walther em seu tom aveludado, dessa vez mais acentuado, com uma expressão sarcástica – Não foi ele mesmo que assassinou a princesa Ayase na Cidade Sombria?

A mulher crispou os lábios e se encheu de raiva, não fazendo questão nenhuma de disfarçar. Leonel levou uma das mãos ao rosto, inconformado com o que para ele era uma discussão tola. Otto parecia interessado no que lhe soava um espetáculo. Havia, porém, uma chefe de casa que até então só tinha observado a tudo; uma mulher alta, morena, de cabelos compridos e volumosos, com uma franja que lhe cobria um dos olhos, enquanto o outro revelava seu tom avelã. Já o mago parecia desgostoso com toda aquela situação.

—Você está passando dos limites, Walther! Sugiro que cale a boca enquanto é tempo! – advertiu Hina.

—Não fale assim comigo, sua velh...

—SILÊNCIO! – bradou Merlin, batendo com a ponta do cajado no chão e provocando um estrondo muito forte, como um trovão, que ecoou por todo o castelo.

Mesmo o comandante Jonathas parecia amedrontado, a julgar por seus olhos arregalados, muito embora se mantivesse em posição. Walther bufou, mergulhado na mais pura indignação. Hina curvou ligeiramente a cabeça, aceitando que tinha passado dos limites.

—Estamos falando sobre unir os reinos e vocês querem criar rixas internas? Tolice! – rosnou o mago, visivelmente irritado – Eu mesmo tentarei dialogar com o rei Yliel Luyah. E futuramente, dialogarei também com a rainha Lissandra Andrômeda no Vale Verde.

A morena, que até então tinha assistido a tudo em silêncio, ergueu a mão cheia de anéis preciosos. Instantaneamente teve para si todos os olhares.

—Sim, Helena? – atendeu Merlin em um tom bem mais amistoso, embora ainda estivesse se acalmando.

—Me ofereço para tratar com a rainha Lissandra, grande mago. Somos amigas de longa data e, com todo o meu respeito, tenho mais chances de persuadi-la. – Helena Taren, chefe dos Taren, possuía uma voz forte, embora proferisse cada palavra com exímia elegância.

—Ah! Excelente, Helena! Excelente! Tem total liberdade para cuidar disso. – sorriu o mago de maneira genuína – Alguém quer nos dizer algo mais?

—Peço perdão pelo meu comportamento inapropriado. – começou Walther, dirigindo-se de Merlin a Hina – Eu não deveria ter dito coisas tão horríveis, nem mencionado sua filha. Como sabem, o regicida me causou inúmeras marcas que ainda mexem comigo. – e ergueu o braço esquerdo, onde lhe faltava a mão – É certo que devemos nos unir e deixar para trás tantas intrigas. O grande mago partirá em uma missão diplomática difícil com os elfos, então me coloco à disposição e lhe desejo sucesso em Aurora.

Merlin assentiu com a cabeça, apático. Então se levantou, ao passo em que todos também ficaram de pé. A reunião do conselho estava oficialmente terminada.

Ainda naquele dia, já ao entardecer, Merlin chegou a grande torre do Conselho dos Magos de Calendria. Quando acessou o último andar através da escada em espiral, se viu de volta a um espaço com estantes recheadas de livros, mesas com misturas, caldeirões, frascos e outros objetos. As tochas iluminavam, juntamente com a luz do sol que permeava as janelas cobertas por grades lá no alto, perto do teto.

—É verdade o que estão dizendo por aí? Ele voltou? – questionou um mago jovem, de curtos cabelos castanhos, usando uma túnica cinza.

—Achei que as reuniões na sala do trono contassem com sigilo. – ironizou Merlin, sorrindo em seguida – O que acha, Edwin?

—Hum... – fez uma pausa, levando a mão ao queixo para refletir – Estamos falando de alguém extraordinário, que fez grandes coisas... Terríveis! Sim! Mas grandes! É sabido por todos que o senhor derrotou o Rei Negro. Quero dizer, se decido acreditar que ele está vivo, pode soar como se eu duvidasse do senhor.

Merlin deu uma pequena gargalhada, bagunçando os cabelos castanhos de Edwin com a mão canhota.

—Não se preocupe com isso. Afinal, Walther é um homem que delira em meio ao seu ódio por Gabriel e é capaz de inventar absurdos para tentar afastar seus fantasmas. Aqui, por favor, envie um pardal-negro ao rei Yliel. – pediu o mago chefe ao seu subordinado, entregando-lhe uma carta envelopada e selada com o selo de Calendria, que era dourado com os contornos de uma flor no meio.

—Sim, grande mago. – assentiu Edwin, se retirando em posse da carta.

A um dia do reino de Calendria, no subsolo da Taverna do Pançudo, uma discussão acontecia no quarto em que outrora Gabriel esteve.

—Te disse o que tinha acontecido por consideração, não para enlouquecê-la! Por que tentou fugir? Não pensou no seu pai? Não pensou em si mesma? – gritava um indignado mercador.

—Não diga o que não sabe, Nicolas! – replicou Heler exaltada – Meu pai é a coisa mais importante para mim!

—Se é tão importante, por que não pensa nas consequências do que tentou fazer? Se eu não estivesse na região, você já estaria em Calendria, gritando pelos quatro cantos o nome do garoto!

—Eu não sou idiota!!!

—Não é o que parece!!!

O senhor Heitor, lá do seu balcão, ouvia a tudo e suspirava aborrecido.

—Ele foi levado pelo filho da puta do capitão Decarlo! Decarlo, me ouviu? Se fosse tão simples lidar com esse maldito, eu mesmo teria feito isso na estrada e impedido que o levassem.

—Não importa se está com medo! Ele nos salvou no passado e agora está precisando de ajuda!

—O que? – franziu o cenho, perplexo com o que acabara de ouvir – Está realmente achando que aquele garoto que mal sabe segurar uma espada é o próprio Rei Negro?

—Talvez seja, talvez não. Mas ele é um amigo que precisa de ajuda!

—Vocês mal se conheceram! E vamos supor que seja esse o caso, que ele seja de alguma forma o Rei Negro. Estamos falando de alguém que derrubou uma família real inteira! Que matou pessoas por pura diversão! E que tentou abrir as portas para a Escuridão do Sul!

—Tudo isso não passa de mentira! – vociferou ela, batendo no homem com suas sandálias – Mentira! Não vai falar assim do meu amigo! Idiota! Some daqui! Não preciso de você!

—Ai! Para com essa... Ai, porra... Já chega, Heler! Está bem! Espera! Espera! Está bem... Ok? – tentou Nicolas em tom de rendição – Vamos só... respirar um pouco.

—Respire o quanto quiser, eu vou para Calendria.

—Calma, Heler! Que merda! Me escuta, por favor! – apelou o mercador, se colocando entre a garota e a porta – Calendria o capturou, nem sabemos se ele ainda está vivo.

—Ele tá vivo! Eu sei que sim... – afirmou a garota, mais para si mesma do que para o homem.

—Ok... Vamos supor que esteja e que consigamos por algum milagre resgatá-lo do reino mais poderoso de Eastgreen. Virão atrás da gente. A vila ficará em perigo, Heler. Merlin tem protegido essas bandas, mas preciso te lembrar que é o mesmo Merlin responsável por enfrentar e matar o Rei Negro. Na pior das hipóteses, é possível que ele venha pessoalmente resolver a situação e se isso acontecer, todos correremos um grave perigo.

—Você nem mora aqui. – resmungou, birrenta.

—Mas eu me preocupo com vocês e tenho esse lugar como se fosse a minha casa, caralho! – rebateu o homem irritado.

Houve um instante de silêncio, até que o senhor Heitor surgiu na porta, não escondendo a preocupação em seu rosto e na voz ao dizer:

—Minha filha, Nicolas tem razão. Além do mais, olha só pra você. Escondeu de nós toda a verdade sobre esse garoto e está obcecada com a ideia de que ele é o mesmo homem que nos ajudou naqueles dias.

—Eu não estou ficando louca, papai. No começo, relutei contra isso, não quis aceitar de jeito nenhum. Mas... Por favor, não me olhem assim vocês dois! – protestou – Olha, tudo bem, eu não trago ele pra cá. Tem razão, seria burrice... Mas o que eu faço? Como posso ajuda-lo?

O mercador cruzou os braços. Por mais que não gostasse da maneira como Heler estava tratando a situação, ainda assim se sentiu compelido a ajudar, sobretudo ao recordar do quão despreparado era o garoto que nada pôde fazer quando ele tentou mata-lo na estrada.

—Tenho algumas alternativas, mas de nada adianta pensarmos nisso sem antes saber se o moleque está inteiro. – respirou fundo e bufou – Tudo bem, senhor Heitor, eu levo essa pentelha comigo até Calendria. Afinal, o irmão dela está lá e não temos motivos para nos preocuparmos, já que somos calendrinos. Eu farei todo o possível para te ajudar, Heler, mas tem uma condição.

—Quanto? – indagou a garota sem disfarçar o sorriso alegre.

—Não quero ouro. Apenas prometa que vai fazer tudo o que eu disser.

—Prometo. – disse de imediato.

—Heler... – repreendeu o mercador incrédulo.

—Minha filha, por favor. – apelou o senhor Heitor se aproximando dela e a segurando pelos ombros – Não faça nenhuma loucura. Obedeça o Nicolas, ele conhece Eastgreen melhor do que ninguém. Eu te suplico, porque se eu te perder, não vou aguentar... – lágrimas desceram pela maçã do seu rosto até alcançarem a bigodeira.

Heler o abraçou forte e foi abraçada ainda mais forte, enquanto o mercador encarava o chão cabisbaixo.

—Eu te prometo, papai. E me desculpe por mais esse capricho.

Quando a noite veio, as rodas da velha carroça do mercador começaram a percorrer o caminho de saída da Vila dos Farrapos. Sentada ao lado do condutor ranzinza de cabelos grisalhos, ela tinha aberto nas mãos o mapa de Eastgreen, analisando detalhe por detalhe dos arredores de Calendria.

 

 


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