Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 82
Futuro - Arranjos novos




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—Mandou me chamar Alvo? - Era cedo e Severo estranhou aquele aviso matutino, ainda assim ele veio o mais rápido que pôde, deixando Shara ainda dormindo em seu quarto enquanto Antony roncava na sala, sua vida definitivamente não era mais a mesma, ele se via perdendo o controle de toda e qualquer estabilidade que ele havia alcançado durante todos aqueles anos e por mais incrível que tudo isso pudesse ser, aquilo era algo que ele estava aprendendo a aceitar.

—Oh sim… sente-se - Alvo pediu enquanto ajeitava os óculos meia lua, Minerva também estava na sala, o que o fez pensar que aquilo fosse algo relacionado com a câmera secreta, Alvo vinha mesmo bastante preocupado com aquele assunto.

—Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou um tanto quanto impaciente, já que ambos estavam em silêncio por tempo demasiadamente longo para o seu nível de tolerância.

—Sim… de certa forma sim, precisamos de alguns novos ajustes… sobre a situação atual de Shara - Alvo começou, Severo estranhou, então aquilo era sobre a menina? Claro que se tratando dela e de tudo que a envolvia, não é como se algo ainda o pudesse surpreender nesse sentido, afinal nada nunca seguia um padrão ou coisa do tipo - recebi uma notificação do Ministério sobre as alterações em seus registros - Alvo explicou… uma notificação do Ministério, naquelas circunstâncias isso parecia ruim, muito ruim, sua mente foi de total inércia para algo como pânico generalizado, talvez… ela não tivesse conseguido controlar a magia ancestral na noite passada, não como ela havia dito ter conseguido e o Ministério finalmente rastreou aquilo a localizando e identificando o responsável… e agora certamente estavam reivindicando a criança, a acusando pelo uso inapropriado daquela magia…

—Não deixarei que a levem… - ele se levantou um tanto quanto exaltado, algo precisava ser feito... mas Alvo permanecia calmo e Minerva lhe deu um leve sorriso de canto.

—Sente-se… isso nada tem a ver com a magia ancestral que ela possui - Severo levou as mãos até suas têmporas, para massageá-las… do que diabos se tratava aquilo então?

—Diga de uma vez velho… não estou em condições de apreciar nenhum suspense… - Severo pediu agora sem paciência, voltando a se sentar, dessa vez foi Alvo que sorriu, mas não havia  motivo algum para sorrir ali.

—Percebo - Alvo disse, lhe entregando um pergaminho - mas nesse caso, nada a se preocupar… protocolo apenas - Severo estreitou o olhar - pois bem… como o atual responsável legal de Shara, faleceu… o nome de Noah deixa de existir em seus registros e portanto para que ela possa continuar seus estudos em Hogwarts ou em qualquer outra instituição bruxa, precisa ser reportado um nome, um novo substituto, normalmente em situações como essas, acabamos não nos envolvendo, pois alguém da família acaba se responsabilizando… mas não é o caso aqui, já que ela vivia numa casa de acolhimento infantil - Alvo explicou - e se não nos posicionarmos, ninguém fará - ele o encarou.

—Sabe que não posso… isso iria expô-la ainda mais, chamaria a atenção de forma negativa… minha posição, meu passado… Alvo isso é algo que discutimos e honestamente não vejo como… - Severo disse, aquilo já deveria ser mais do que óbvio, ali estava justamente a importância daquele segredo… 

—Severo… Severo… - Alvo chamou sua atenção, pedindo que ele parasse ali, enquanto destinava seu olhar para Minerva.

—Me tornarei a responsável legal dela - Minerva disse e ele se levantou mais uma vez, agora para encará-la incrédulo, sim… ele estava enganado, sempre poderia haver algo que pudesse surpreendê-lo, sempre… e ali estava… aquilo o havia deixado completamente sem reação e sem palavras, Minerva estava assumindo? Isso significava muito, ele não esperava… não… então isso justificava sua presença na sala, e o que Minerva estava disposta a fazer pela menina… aquilo era tão nobre, ela assumiria a criança de forma legal e todas as implicações que viriam daquilo… - não me olhe assim… é o mínimo que eu posso fazer por Maeva, como disse ela era como uma filha pra mim e por um tempo nos tratamos como tal, eramos uma família e eu não posso deixar que a filha dela, a filha pelo qual ela se sacrificou para proteger esteja desamparada ou caia em mãos erradas - ela disse - faremos isso a quatro mãos - eu assino um papel… mas como bem sabe não tenho idade para educar e acompanhar o ritmo de uma criança como ela, portanto você fará… quer dizer apenas continuará fazendo o que já vem fazendo, e fazendo muito bem por sinal… - ela disse com um sorrisso e ele notou que ela havia deixado uma lágrima escapar, a enxugando rapidamente - e para que isso dê certo, Alvo pensou em algo… algo que poderá funcionar para todos, já que sabemos que conforme o tempo for passando, ficará evidente que estarão mais próximos - ela explicou e ele voltou sua atenção para o diretor.

—Se tornará o mestre dela - Alvo disse de forma direta - sim, vou retomar com as programações de mentorias na escola, Filch me pediu isso no início do ano letivo, ele tinha um aluno de sua própria casa em mente para indicar, bem você sabe… um pouco se nepotismo doméstico…  - Alvo piscou - fiquei de pensar a respeito, pois as implicações de uma mentoria são diversas, mas Filch tem insistido… talvez por que deseja se aposentar em breve e gostaria de treinar alguém adequado para substituí-lo futuramente como mestre na arte de feitiços… então usarei sua solicitação como argumento para findar isso, e então anunciaria duas mentorias, a dele… e a sua, de forma que entre os demais colegas isso sequer chamará a atenção sobre vocês, claro que haverá comentários, mas acredito que possa lidar com isso.

—Alvo… - Severo parecia processar aquilo, a ideia não era ruim, mas ainda assim algumas coisas deveriam ser revistas… ele não se importava com comentários, ele lidava bem com isso, mas talvez Shara não… - de fato existem implicações… e se eu me tornar o mentor de Shara como manda o figurino, ela estará presa a mim e obrigatoriamente terá que se tornar uma mestre de poções, ela tem apenas 11 anos… não sei se é o que ela quer… ou se tem condições de responder por algo assim tão nova… e sobre os comentários, talvez seja difícil para ela…

—Sacrifícios Severo - o diretor o cortou - lamentavelmente ela terá que fazer alguns se quisermos que isso funcione entre vocês.

—Tenho certeza de que ela já fez sacrifícios o suficientes até aqui Alvo - Severo fez questão de pontuar - ainda assim isso não será bem recebido… pelos meus… digamos que colegas comensais - ele disse - e caso estejamos certos sobre o futuro é apenas questão de tempo para que… você sabe quem… retorne e isso…

—Voldemort - Alvo disse - eu sei, eu sei… por isso que estou impondo isso a você e é o que vai dizer… é o que vai sustentar, você não teve escolha, e isso o tornará ainda mais bem visto em seu meio, já que lastimavelmente estará acatando uma imposição minha pelo bem da causa dele…. Um grande sacrifício Severo… E na verdade… é exatamente isso que estou fazendo aqui…. Você não tem escolha, nem você e nem ela - Severo fechou os olhos, ele entendeu aquilo muito bem.

—Me deixe falar com a menina - ele pediu - não quero impor, por mais que me diga que isso deve ser feito dessa maneira, talvez eu tenha encontrado um método de entrarmos em acordo, sem precisarmos nos desgastarmos tanto - ambos o olharam de forma curiosa - francamente tentem não parecer tão surpresos - ele disse com sarcasmo, já que deveria mesmo soar estranho para eles ouvir dele, que ele, Severo Snape estaria buscando novas abordagens para amenizar o impacto de algo que deveria ser dito a um aluno, na verdade soava estranho até mesmo para ele.

—De qualquer forma estarei informando o nome do responsável legal ao ministério essa tarde - Alvo informou, Severo assentiu, se aproximando de Minerva - quanto antes fizermos melhor - Alvo concluiu.

—Não sou bom com palavras Minerva - ele a encarou - mas saiba que sou e serei eternamente grato pelo que está fazendo por Shara aqui - ela sorriu para ele.

—Eu sinto que devo algo a ela… minha amiga, Maeva… mas não faço apenas por ela, faço por você também… meu amigo - ele não estava acostumado a receber esse tipo de consideração, era completamente fora do padrão e isso o deixaria deslocado, ele assentiu… e ela podia entender aquilo.

—Ah Severo…. Pretendo fazer o anúncio das mentorias assim que retornarmos as aulas, então se apresse - É claro que Alvo iria pressionar, mas Severo não queria postergar aquilo, haviam outros assuntos pendentes também e ele teria essa conversa mais tarde - mais uma coisa, descobrimos o destino dos ingredientes que relatou estarem faltando em suas despensas… aplicados em uma poção polisuco - Severo o encarou confuso - digamos apenas que a Srta. Granger tenha feito a poção… ela a fez adequadamente e com muita maestria - ele parecia orgulhoso daquele feito - não sabemos o intuito ainda… mas infelizmente ocorreu um problema na ingestão, me parece que ela colocou acidentalmente pelo de gato no lugar do cabelo… você pode imaginar isso... então deve ficar alguns dias na enfermaria - Severo encarou Minerva, que parecia constrangida… aquele era simplesmente o momento perfeito para ironizar o comportamento inconsequente daqueles grifinórios cabeças ocas, mas ele sentia que não possuía mais tanta moral assim para isso e sem falar que depois do que Minerva havia feito por ele ali, não era apropriado.

—Você vê… - Minerva disse - crianças… já tenho o bastante em minhas costas, bom… pelo menos dessa vez... Shara não está envolvida - ela piscou para ele.

—De fato - ele disse… pelo menos era o que ele acreditava.

—___

—Minha cabeça dói - Antony disse pela milésima vez enquanto segurava a cabeça com as duas mãos e amparava os cotovelos sobre a mesa - eu juro que não vou beber nunca mais.

—Pare de resmungar - Aquilo o estava irritando - e não faça promessas que certamente não poderá cumprir… agora posso ver o motivo pelo qual Maeva não o deixava chegar perto de uma garrafa de whisky - ele pontuou - já que consegue ser ainda mais insuportável quando bebe.

—Apenas me dê uma maldita poção de dor de cabeça - ele choramingou – e prometo que não irá ouvir minha voz pelo resto do seu dia.

—Proposta interessante – Severo sorriu com o canto da boca – uma pena não ter sobrado nenhuma... – ele lamentou com honestidade, afinal não ouvir a voz da ave por um dia inteiro era satisfatoriamente agradável -  se você não requisitasse tantas poções como essa o tempo todo quem sabe... – ele o encarou – poderia supri-lo, mas como vê... não será possível - ele mostrou as mãos vazias.

—Como se fosse culpa minha que as meninas do último ano tenham tanta dor de cabeça… - Antony bufou - e que tipo de mestre de poções é você? que não tem poções extras em quantidades suficientes em suas dispensas... ai – ele segurou a cabeça novamente – ai ai – ele gemeu – dói – ele sinalizou para a cabeça, fazendo Severo revirar os olhos.

—O tipo de mestre de poções sem nenhuma paciência para aguentar seus múrmuros ave, e que está prestes a azara-lo caso abra a boca mais uma vez para lamentar algo nesse sentido - ele ameaçou – e para sua informação, haviam.... Mas tomei a última poção ontem à noite - ele admitiu, por sorte ainda havia restado aquela.

—O que foi… a festa não foi boa? - Antony perguntou…

—Não é da sua conta ave - Severo disse se servindo de um pouco de café, ele havia saído cedo para se reunir com Alvo e sequer havia comido e tomado algo decente.

—Meu estomago também dói – Antony disse – acho que estou prestes a morrer... – Severo sacou a varinha diante do olhar assustado da ave.

—Estou avisando... mais um único pio e será o suficiente para te dar bons motivos para de fato reclamar de dor aqui – ele disse, ele faria... por Merlin ele faria, ave insuportável.

—Bom dia - Shara disse, saindo do quarto, ela ainda parecia abatida... ele tomou um gole do café enquanto a observava se aproximar da mesa, quando que em vida ele poderia imaginar que estaria dividindo seus aposentos, seu refúgio privativo com… uma criança de 11 anos de idade, prestes a se tornar sua discípula e uma ave resmungona – vejo que estão brigando outra vez - ela disse de forma apática.

—Ele - Antony apontou - é muito malvado, veja meu estado Shara…. Estou morrendo aqui - ele fez cara de sofrimento enquanto segurava a cabeça - mas ainda assim ele não é capaz de se sensibilizar com tamanho sofrimento, muito pelo contrário, ele tem me ameaçado, com esse graveto mágico... - ele o acusou, enquanto Shara o analisava, de maneira desinteressada.

—Um tanto quanto dramático não acha? - Shara perguntou com pouca emoção, enquanto voltava sua atenção para o café a sua frente, e aquele comentário o fez abrir um sorriso curto com o canto da boca, ela se parecia mesmo com ele.

—Você é malvada também - Antony reclamou - estou morrendo, como todos podem ver aqui… - ele depositou a cabeça sobre a mesa - morrendo… sorte… que não posso morrer de verdade, se não eu estaria…. De fato morrendo, e não estou sendo dramático... não estou.

—Dá próxima vez que for beber ave, sugiro levar em consideração, as consequências disso - Severo disse - de qualquer forma... me sensibilizei com meus ouvidos – ele disse o encarando - e pedi para que Pomfrey encaminhasse uma dose, hoje à tarde estarei fermentando um novo lote, Shara ficará, para me ajudar - ele pensou que aquilo cairia bem, eles estariam fermentando e ele aproveitaria o momento, para dar a notícia de que ela não teria escolha qualquer sobre profissões no futuro e que estaria fermentando para o resto da sua vida... - temos alguns assuntos que gostaria de tratar - ele informou e agora ela a encarava indignada.

—Certo - ela disse irritada... - vamos fazer poções de enxaqueca para serem descartas por garotas ridículas do último ano, que estão na verdade, unicamente tentando chamar a atenção dele… - ela acusou, apontando para Antony– uma ótima forma de aproveitar o nosso tempo não acha? – ela parecia um tanto quanto mal humorada também.

—Poções que serão descartadas? – ele repetiu lentamente, estreitando o olhar, no momento ele decidiu se apegar a apenas essa informação.

—As meninas do último ano vem retirando as poções dia após dia… é evidente que elas não estão bebendo... Essa tem sido a desculpa mais esfarrapada possível para vê-lo... eu notei, mas ele é lerdo demais para perceber isso... ou talvez... Esteja mesmo gostando de receber tanta atenção - ela provocou a ave, e Severo a encarou, aquela ave inútil, era óbvio... é claro, o aumento repentino de solicitação dessa poção, nunca havia acontecido antes, agora ele entendia… ele não sabia se matava a ave primeiro, as malditas alunas ou se fazia algo para aplacar o mal humor insuportável da garotinha a sua frente, mas ela era como um espelho, refletindo mais uma vez a natureza dele próprio ali.

—Em minha defesa… - Antony disse levantando a mão… mas parando brutalmente no meio da frase - eu vou vomitar - ele se levantou e saiu correndo até o banheiro.

—Eu não quero perder meu tempo com isso... – Shara disse aborrecida, chamando sua atenção para aquilo outra vez... interessante, então ela não queria fermentar, espere só para saber que terá que fermentar pelo resto da sua vida... ele pensou estando prestes a fazer ali um comentário sarcástico, a respeito, quando seus pensamentos foram interrompidos pelo patrono de Pomfrey, que invadiu o ambiente.

"Então é ai que o Antony se esconde? Avise a ele... que ele está nada mais, nada menos que ATRASADO – ela disse exaltada - o natal foi ontem, já passou, acabou... temos trabalho a fazer, alunos petrificados com testes de mandrágoras pendentes, além de todo o cuidado e medicação recorrente da garota trouxa e para ajudar, temos uma aluna que chegou ontem à noite, e que acidentalmente colocou pelo de gato na poção polisuco e sabe o que isso significa?  CAOS… muito caos e mais TRABALHO!!! E não temos mais poção para dor de cabeça, Antony deveria saber e você Severo deveria tê-las fabricado… - Severo suspirou, não era um bom momento para argumentar algo com ela - Antony tem 10 minutos do contrário eu o buscarei pessoalmente " o patrono sumiu.

—Eu ouvi - Antony gritou do banheiro…

—Caramba – Shara disse – enfiando um pão na boca... mas parando de mastigar imediatamente, ela parecia ter se dado conta de algo ali – ela disse polisuco? – Shara perguntou com a boca cheia - Hermione - ela sussurrou... e lá se foram toda e qualquer teoria de que ela não estivesse envolvida naquilo, ele a encarou de forma inquisidora…

—Devo perguntar, como você sabe que isso se trata da Srta. Granger, sendo que Pomfrey não mencionou o nome do aluno em questão? - Severo sustentou o olhar…

—Acho... que é... melhor não perguntar - ela disse engolindo de uma vez só o pão que ela sequer havia mastigado, ele bufou irritado.

—Me diga – ele apoiou as mãos na mesa - por que você precisa estar envolvida em todos os problemas que acontecem nessa escola? - ele perguntou com frieza.

—Mas… eu não me envolvi, Antony pode provar… eu estive aqui a noite toda…

—Sim, até por que depois de tanto sorvete… ela teve uma dor de barriga terrível - Antony disse saindo do banheiro… - bom se me dão licença, gostaria de evitar a parte humilhante em que Pomfrey me busca pessoalmente - ele disse caminhando apressadamente em direção a lareira… -  ela comeu 3 taças mas não por menos, o garoto teve um certo empenho em conseguir aquilo, deve valorizar as pequenas coisas Shara - Antony disse se retirando, Severo voltou sua atenção para a garotinha que parecia completamente perdida agora na sua presença e lhe deu um sorriso amarelo.

—Não temos sorvete em Hogwarts - ele informou o óbvio - como isso seria possível? ... - ele estreitou o olhar – e de que garoto Antony se refere? - ele perguntou tentando encontrar autocontrole o bastante para não demonstrar seu desejo assassino.

—Harry… ele meio que conseguiu pra mim, é que certa vez eu comentei sobre gostar de sorvete sabe… e bem, ele trouxe o meu sabor preferido… Flocos, não para todos é claro, eu fui com ele até a cozinha depois do jantar, e lá estava… ele teve uma ajuda dos pais da Hermione, que se mobilizaram e mandaram…. Não tinha simplesmente como resistir… eu sei que comi bastante, sorte que Harry precisou sair logo... já que Hermione e Rony o estavam aguardando... eu acho que tenho problemas com leite... em excesso, me desculpe - ela disse completamente sem graça enquanto ele tentava processar tudo aquilo, Potter… o maldito filho de Jhaimes estava se empenhando para chamar a atenção da sua filha… comprando sorvete, seu sangue esquentou, e então ele a convidou para ir com ele até a cozinha... os dois sozinhos, mas ele teve que sair... por que obviamente estava aprontando algo com seus comparsas, algo que envolvia a poção polisuco, ele bufou irritado  - foi um presente de natal… nada demais… - ela tentou justificar.

—Potter… - Severo rosnou - é claro de quem mais seria não é mesmo? - ele perguntou com ironia, ele sabia o que aquilo significava, sim… o destino só podia estar lhe pregando peças - não quero vê-la na companhia dele - ele ordenou - e daqueles Grifinórios… - ele disse elevando a voz, ele jamais permitiria aquilo… não um Potter, e também não um Malfoy… talvez menino algum…

—O que? ... por que? - ela pediu consternada… - eu não entendo… foi… legal da parte dele, o que ele fez...  ele se importou… com algo tão pessoal, por que isso é ruim? Por que não gosta dele? Ou dos grifinórios? Por que é injusto com eles? - ela se levantou o encarando - eu não entendo - ela repetiu.

—Não estou pedindo para que entenda… estou mandando obedecer - ela ainda o encarava, mas dessa vez ela não disse nada, ele não sabia se preferia assim, ou se preferia que ela argumentasse algo… aquele olhar dizia o bastante… e ela não concordava com ele, era evidente - ainda não me disse como sabe a respeito da Srta. Granger? - ele perguntou, soando hostil, e mantendo o contato visual, mas ela não se intimidou.

—Eu a vi fazendo a poção a meses… não questionei do que se tratava, já que não era da minha conta, e quando fiz as pazes com Harry a algumas semanas, ele me contou sobre isso, e sobre o que iria fazer, ele fez questão de me contar para provar que confiava em mim… então é assim que eu sei… - ela respondeu, e aquilo parecia mesmo toda a verdade por trás daquilo.

—Então você sabia sobre o que seria feito e mentiu para encobri-los - Severo estava começando a perder o controle.

—Não menti, ninguém nunca me perguntou… - ela disse de forma tipicamente Sonserina - mas sim eu omiti, se quiser mesmo me culpar de algo, afinal ele é meu amigo, não vi necessidade de contar algo assim - ela respondeu de forma corajosa, ele bateu na mesa, a assustando, ela piscou algumas vezes mas sustentou o olhar.

—Errado Epson… - era impressionante como era fácil cruzar aquela linha com ela… - Potter não é e nem nunca será o seu amigo... você fará o que estou ordenando… e ficará longe dele e dos seus amiguinhos causadores de problemas, isso por que como seu chefe de casa… ordeno que faça e também por que alguns arranjos a obrigarão a cumprir as minhas ordens - por Merlin, não era para ser assim, não era para Introduzir aquele assunto daquela maneira… mas nada nunca era previsível quando se tratava dela, lá se foi qualquer esperança de fazer isso de forma pacífica e civilizada... ele estava errado, não havia um método.

—Arranjos? - ela estranhou - que tipo de arranjos? - ela perguntou, ele suspirou, pelo menos aquilo era uma boa forma de tentar mais uma vez equilibrar as coisas entre eles… ele recuou, ele vinha recuando bastante ultimamente.

—Alvo Dumbledore irá retomar com as mentorias na escola - ele disse a encarando - isso é um vínculo entre professor e aluno, onde o professor se torna um mestre e o aluno um discípulo, esse vínculo é selado por um feitiço que possui um tempo determinado, anos no caso, onde o discípulo deve seguir as instruções do seu mestre, mentor… isso se dá em decorrência da captação de alunos prodígios para determinadas áreas específicas onde poucos conseguem e tem potencial para seguir… é uma espécie de treinamento profissional avançado, requer destreza, força de vontade e disciplina – ele pontuou algumas das consequências daquilo que viria apartir dali - Filch por exemplo já tem um aluno em mente, e no meu caso… me foi arranjado um aluno para essa mesma finalidade… - ele a analisou - a impressão que isso deve causar é que a mentoria me foi imposta, algo contra minha vontade… agora suponho que seja esperta o bastante para saber que estamos falando de você aqui - ele disse ao observar a expressão de surpresa no rosto dela e ele já estava se preparando para iniciar uma nova discussão ali quando...

—Brilhante - ela disse empolgada, ele não esperava por essa reação - isso justificará completamente qualquer proximidade que tivermos…

—Sim isso fará, contudo acredito que não tenha entendido as implicações futuras do que vamos fazer… - ele disse, afinal não era possível que ela estivesse tão animada com algo assim.

—Vejamos… devo aprender tudo que o senhor sabe sobre poções - ela disse, e ainda soava animada - e então num futuro, quando for mais velha, devo ocupar essa cadeira, quer seja aqui… quer seja em outro lugar - certo ela havia mesmo entendido aquilo, qual era o problema daquela criança? Quem nessa idade iria se animar com algo assim?

—Sim… dificilmente são escolhidos alunos tão jovens, pois ainda é muito cedo para identificar certas habilidades e gostos, entendo que talvez isso seja difícil para aceitar…

—Não é difícil… - ela reforçou – nem um pouco, na verdade parece incrível… é… só pra ter certeza, entendo que sou jovem, mas não sou necessariamente a primeira a começar nessa idade né? - ela perguntou

—Não, não é… já aconteceu antes… contudo, pode parecer empolgante agora, mas quero que entenda que um feitiço de mentoria é algo sério, muito sério… teremos um vínculo que terá consequências… embora muitos dariam a vida por uma oportunidade como essas… ainda assim preciso que entenda… que serei exigente e que não tolerarei…

—Eu gosto - ela o interrompeu - eu realmente gosto da ideia… eu gosto de fermentar… poções são a chave para o conhecimento profundo da magia… elas nos permitem entender os fundamentos mágicos que governam nosso mundo e as conexões sutis entre os elementos da natureza… Quem domina poções, domina a essência da magia, e com isso, pode transcender os limites comuns da feitiçaria… e gosto de pensar que tantas coisas podem ser feitas ainda, criadas… restauradas através dessa arte… é um mundo fascinante que gostaria de desbravar - ela disse completamente deslumbrada com aquela ideia e isso o desconcertou de certa forma, no bom sentido é claro… ela entendia, e naquele momento ele percebeu, que por mais arranjado que fosse todo aquele plano, ela era a aluna certa para essa missão… não por que fosse sua filha, ou por que ele talvez esperasse algo assim dela, não… na verdade ele não esperava... mas ela era diferente, ela entendia a relevância daquela grade, e entendia de uma forma profunda, da forma como deveria ser - por que está tão surpreso? - ela perguntou

—Dificilmente um aluno pensa dessa maneira - ele disse sendo sincero, ela deu de ombros.

—Talvez por não ter entendido a grandeza dessa arte - ela disse por fim, e ela tinha razão, poucos eram os que entendiam.

—De fato… - ele concordou, aquilo havia tomado outro rumo e já que eles haviam começado algo e aparentemente começado bem, não havia mais necessidade de postergar outros assuntos que precisavam ser igualmente discutidos, se ele pudesse evitar aquilo, ele faria, mas ele não queria mais mentir para ela - e isso nos leva a um outro assunto… - ela o encarou desconfiada - com a morte repentina do seu tutor legal e para que possa continuar estudando aqui nessa escola ou em qualquer outra instituição educacional bruxa, um novo tutor e responsável deve ser nomeado – ela parecia pensar naquilo.

—Bom... com a ausência de Noah, isso faz de Mancha minha responsável, não faz? - ela perguntou, faria sentido se não fosse por um detalhe… ele suspirou.

—Faria, porém ela também não sobreviveu ao ataque de Louise - ele disse sem rodeios e Shara o encarou perplexa, por mais que ela pudesse não simpatizar com aquela mulher, era evidente o choque de Shara com aquela informação.

—Macha, ela está morta? - ela perguntou em voz baixa… ele assentiu - mais alguém, além dela e de Noah?… - ela baixou os olhos, certamente aquela não era o tipo de informação que ele gostaria de dar.

—Sim... mais duas crianças… duas irmãs - ele não sabia os nomes, mas com aquela referência Shara provavelmente as identificaria, Shara levou as duas mãos à boca, visivelmente abalada.

—Elizabeth e Vitória – ela disse os nomes… fechando os olhos – elas, eram filhas de imigrantes, os pais delas foram mortos quando tentavam entrar no país, de forma ilegal a uns três anos atrás… Elizabeth era a mais velha, ela cuidava da irmã com muito cuidado, elas… não mereciam algo assim - Shara disse enxugando as lágrimas… - isso é tudo culpa minha, eu as condenei a esse fim… se eu não tivesse ido até o lar… nada disso teria acontecido - ela disse se torturando, algo que ele imaginou que ela faria…

—Não tem como saber isso - ele tentou, ele não queria que ela se martirizasse tanto assim, mas ele entendia.

—Nesse caso… - ela o encarou com os olhos marejados - não tenho ideia de quem poderá ser o meu responsável aqui… eu terei que ir embora de Hogwarts? - ela perguntou abatida.

—Não… Minerva estará assumindo a parte legal, ela já acertou com Alvo as condições e ele informará o ministério essa tarde - ele percebeu a expressão de surpresa no rosto da menina - porém faremos a quatro mãos, a parte educacional, ficará sob a responsabilidade de quem de fato é devido – ela arqueou a sobrancelha em dúvida – no caso, será minha responsabilidade… e por essa razão que a mentoria se faz importante, ela entra para encobrir quaisquer questionamentos que possam surgir e proteger o segredo por trás do nosso vínculo… vou aproveitar o tempo de mentoria para praticarmos oclumência, uma preocupação a menos, já que estava tentando encontrar meios de como faze-lo sem chamar a atenção de colegas - ele nunca desejou se tornar mentor de alguém antes, já que não havia encontrado um aluno devidamente qualificado para aquela função, obviamente que ele seria exigente, mas ele não podia negar que a ideia era mesmo muito boa… ele poderia convocá-la sempre que achasse necessário e isso sem levantar qualquer suspeitas sobre eles.

—A professora Minerva - Shara disse parecendo pensar a respeito - eu não tenho palavras… ela era amiga da minha mãe… e isso foi tão bondoso e gentil da parte dela... – Shara disse emocionada.

—Seria importante agradecê-la assim que tiver alguma oportunidade - ele orientou e ela assentiu veemente.

—Agradecerei a ela, mas também devo agradece-lo pelo que vem fazendo por mim... muito obrigada... eu sei que nunca desejou isso... e sendo assim essa responsabilidade não deveria ser sua – ela disse desviando o olhar – mas eu posso ver e a grandeza desse sacrifício também.

—Não é um sacrifício – ele lhe deu um leve sorriso, ela foi até ele e o abraçou pela cintura, e aquilo compensava tudo. Quando foi que ele se tornou tão sentimental?

—Catie vai ficar tão desapontado quando souber sobre a morte de Elisabeth e Vitória – Shara disse, começando a chorar, e ele a amparou, ele sabia que por mais promissor que pudesse ser a notícia sobre o respaldo legal que Minerva estava assumindo e sobre a mentoria que ela parecia ter gostado, nada seria o bastante para superar a notícia da morte prematura daquelas duas meninas… Shara se importava com as pessoas a sua volta, muito mais do que se importava com ela mesmo, e isso a tornava parecida com a sua mãe.

—Shara sobre sua amiga, ainda existe algo... – ele disse e ela o soltou para encara-lo - ela está sendo acusada por assassinato pelas autoridades trouxas, tanto das duas meninas, como de Noah e de sua assistente – ele pontuou – isso é algo que tem causado grande repercussão na mídia local e internacional.

—Catie... ela nunca faria algo assim – Shara disse, em defesa da amiga – isso precisa ser concertado... deve haver algo – ela estava em pânico – algo que possamos fazer...

—Não há – ele não iria alimentar falsas esperanças nela - Louise usava polisuco quando cometeu os crimes, e bem... isso não é algo que os trouxas saibam ou possam entender, portanto todas as testemunhas desse caso, viram sua amiga Catarina cometer os delitos, ela está sendo considerada foragida, ela não poderá voltar Shara... se o fizer… ela será presa, independente do que diga.

—Eu estava com um pouco de dificuldade em como começar essa conversa com ela… - Shara parecia tentar algum auto controle emocional ali - já é difícil o bastante falar sobre Noah, sobre o que Elza fez com ele… sobre como eu cheguei em suas vidas e estraguei o seu passado e a sua família, mas agora… - ela respirou fundo - fica só um pouco pior né… já que além do passado eu consegui estragar também o seu futuro… ela vai me odiar para o resta da sua vida, não vai? - Shara perguntou, enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto de forma involuntária… - não sei se consigo encara-la… - ele a puxou contra si novamente, soava natural agora e não havia mais nenhuma dificuldade em fazer aquilo, ela era sua... sua filha.

—Certamente ela vai precisar de um tempo para assimilar as coisas - ele disse, sabendo o quão difícil aquilo podia estar sendo para ela – mas tenho certeza que no tempo certo, ela irá compreender, não deve sofrer por antecedência… - ele disse - não ainda, nem sempre as pessoas reagem da forma como imaginamos que será - era verdadeiro, ele mesmo possuía inúmeros exemplos nesse sentido para compartilhar.

—O que vai acontecer com ela... digo, depois que ela acordar? Sendo que ela não poderá voltar? - Shara perguntou aflita.

—Alvo a manterá na escola - Severo informou - ela viverá aqui, até que possa voltar em segurança - não existia uma previsão positiva para isso, Shara não questionou aquilo, talvez por que soubesse.

—Quando será o velório… de todos eles? – ela perguntou.

—Provavelmente aconteceu no dia de ontem – ele estranhou aquela pergunta.

—Está errado… tudo isso - ela disse se afastando e tirando o colar do pescoço - eu não deveria ter perdido o foco disso, não assim… ontem, eu não deveria ter recebido presentes, feito coisas felizes… comido sorvete… sorrido, está errado - ela disse em prantos - você não deveria me deixar viver nada disso… não eu... não enquanto há tanta dor… tanto sofrimento, e tudo isso causado por mim... eu deveria ter focado no colar desde o princípio, no ritual… me afastado das pessoas, me isolado de todos… o senhor tem razão, Harry não deveria ser meu amigo, eu não deveria ser amiga de mais ninguém - havia dor, havia raiva ali… ele podia sentir o peso daquelas palavras.

—Olhe para mim - ele pediu tentando ajuda-la.

—NÃO - ela exclamou - não diga… não diga mais nada, não vai funcionar... isso é tudo culpa minha – ela chorou – TUDO!

—Shiii - ele a puxou contra ele mais uma vez, ela estava relutante, tentando se desvencilhar daquele contato, mas ele insistiu, ele era mais forte, e por mais que ela estivesse arrisca ali… ele entendia... aquilo era uma autodefesa que ele conhecia muito bem.

—Eu aceito a mentoria com uma condição - ela disse depois de um certo tempo, não que houvesse uma opção para eles ou para aquilo, mas ele decidiu que aquele não era um bom momento para contra argumentar, não quando ela estava tão vulnerável assim- o senhor disse que sempre cumpre as suas promessas não disse? - ela perguntou séria, agora estava fria.

—Sim - ele respondeu, era uma verdade.

—Então prometa que vai matá-la - havia mais do que ódio naquele pedido, ela sequer se parecia com uma criança de 11 anos ali…. - Mate Elza… a mate da pior forma possível… eu quero que ela sofra, sinta dor... - Shara pediu, havia uma frieza brutal naquele pedido… algo que ele ainda não havia visto nela, aquilo era algo novo e o surpreendeu, já que aquilo era algo que ele possuía.

—Farei – ele disse, aquela era uma promessa fácil de cumprir, já que ele mesmo desejava fazer aquilo, ela assentiu satisfeita, enquanto se encostava contra o seu peito, desabando, ele nunca a tinha visto chorar de forma tão intensa assim, talvez... por que ela nunca tivesse tido alguém para ampara-la antes, agora ela tinha... e ela sabia.  


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Notas finais do capítulo

Esse é um final difícil né... não gosto de encerrar o capitulo assim eu sei que é duro, e que nossa protagonista não merece mais chorar, mas vejamos pelo lado positivo, aparentemente não existem mais segredos entre eles e isso é novo e é bom... e antes ela sofria sozinha e calada, mas agora não... ela tem um colo pra onde correr, e amamos esse colinho né.

E agora existirá uma mentoria entre eles né, e para quem gostaria de saber se existirá uma continuação dessa fic... confesso que ainda não sei haha mas a mentoria veio e vai ajudar a manter e sustentar um elo entre eles, mantendo o segredo da paternidade encoberto, então daria para seguir o cânon tranquilamente até o final já que o relacionamento deles não deve chamar a atenção. Socorro, tô me amarrando aqui kkkk

Minerva arrasou nesse capitulo, ela merece uma salva de palmas pela sensibilidade, mas precisava Noah morrer para que o destino se encarregasse dessa agradável surpresa, pena que a dor da perda daquelas crianças e o desafio que Shara terá com Catie meio que ofuscou um pouco esse momento tão lindo.



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