Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 81
Futuro - Natal parte III




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Shara havia deixado para abrir os presentes em um momento mais privativo, era estranho fazer aquilo na frente de Carla, não que a garota fosse desagradável ou coisa do tipo, mas elas não eram necessariamente amigas, não ainda, e Shara simplesmente não se sentia confortável com aquilo, então ela os havia trazido, feitiços de encolhimento passaram a se tornar os seus favoritos, ela fazia isso com quase tudo agora, era infinitamente mais fácil assim, o professor Snape estava em seu escritório pessoal fazia um tempo, e embora ele não tivesse dito, mas Shara havia notado que ele havia recebido alguns também e isso a deixou curiosa, quem mandaria presentes para ele?

Ela abriu o presente de Catie antes de qualquer outro ali, e ela teve que se controlar para não saltar de alegria por todo a sala, Catie havia mandado um tocador de música, agora ela poderia ouvir suas músicas preferidas outra vez, ah como ela sentia falta de ouvir música, Catie a conhecia tão bem, ela que também a havia presenteado com uma fita em seu aniversário, com a seleção das músicas que Shara mais gostava, fita essa que nunca foi ouvida, justamente pela falta de um tocador "trouxa". Shara conhecia as condições da amiga, ela certamente havia economizado muito para conseguir lhe presentear com algo assim, Shara precisava agradecê-la... e apesar da amiga  estar bem e estar tão perto, Shara se sentiu triste por não poder ir vê-la ainda, Madame Pomfrey havia deixado um aviso de que estaria sedando Catie nos primeiros dias, para que ela não sentisse tanta dor em sua recuperação, sendo assim ela não estaria lucida e sequer acordada para uma momento com ela, Shara suspirou abraçando o tocador.

Shara abriu o presente de Gina, era um suéter, verde com a inicial do seu nome, um S bem no centro, havia uma carta explicando que o suéter tinha sido feito pela sua mãe e que ela estava ansiosa para conhecê-la, Shara sorriu, aquilo era fofo de uma maneira muito especial, eles eram uma boa família, o próximo presente, era o de Beta, e Shara teria mesmo estranhado se ela não fosse presenteada com algo do tipo, era um fichário e organizador para os estudos, simplesmente a cara da amiga, Shara pensou nela torcendo para que ela estivesse bem, aquele não seria um feriado fácil para Beta, Shara abriu o presente de Hagrid, era uma coleira, de couro feita à mão, com o nome do seu gato escrita de forma grosseira, mas Shara amou, ela adorava receber coisas em que as pessoas gastavam tempo nelas, isso significava muito, tinha o presente de Harry, ela o desenrolou com cuidado parecia ser feito de papel, e de fato era... era um quadro com uma cópia do profeta diário, primeira página, daquele primeiro de setembro deste ano, aquela havia sido a matéria que o professor Snape havia usado para quase expulsa-los naquele dia, foi logo quando chegaram, quando Shara achava que tudo aquilo era apenas um sonho maluco, Shara sorriu ao ler o bilhete “Guardei uma cópia para nos lembrar que amizades podem começar da maneira mais inusitada possível” ele tinha mesmo razão sobre aquilo... e aquele dia, foi o início de tanto, e foi a coisa mais diferente que ela já havia feito, mesmo que muitas outras tivessem acontecido depois, ela se lembraria sempre da sensação de voar em um carro enfeitiçado, ela o guardou com cuidado, havia mais um bilhete dizendo que ela deveria apreciar a sobremesa desta noite, algo que ela estranhou, mas Harry era sempre imprevisível.

O próximo e último presente, era bastante curioso, era da professora de transfiguração, era uma caixa, na verdade uma caixinha de música, Shara a abriu e havia uma foto dentro, seus olhos imediatamente se encheram de lagrimas, a foto era da sua mãe, Shara reconhecia aquele rosto agora, e estava diferente da forma como Shara a havia visto naquela lembrança, ali ela estava sorrindo e parecia verdadeiramente feliz, ela segurava um sorvete em uma das mãos e balançava os cabelos ao vento, no verso da foto havia uma anotação “Querida Minnie, estou bem, você tinha mesmo razão, as iguarias daqui são incríveis, você precisa provar esse sorvete de passas é simplesmente fabuloso, mande um abraço para Alvo, e para os demais da ordem, menos para Sirius, ele ficará presunçoso demais, logo estarei de volta, e terão que me suportar por muito tempo, com carinho Maeva” Shara abraçou aquela foto... como tudo pode dar tão errado? Havia um bilhete da professora para ela “Shara, essa caixinha de música foi um presente da sua mãe, logo quando nos tornamos amigas, e esse registro é o único que me restou, senti que ambos ficariam melhor em suas mãos, feliz natal querida... Ps: não pergunte sobre Sirius ao Severo, não se quiser ter um natal decente”  Shara riu da última parte a professora Minerva parecia conhecer ele muito bem, e era curioso pensar que sua mãe tinha mais pretendentes, no mínimo divertido, talvez ela fosse mesmo disputada afinal ela era incrivelmente bonita... Shara segurou a foto como se aquilo fosse um bem precioso, agora ela podia ver o rosto da sua mãe todas as noites numa lembrança feliz, com exceção do sorvete de passas, elas eram tão diferentes em alguns aspectos.

—Achei que tivesse feito isso mais cedo – a voz do professor soou atrás dela, ele falava dos presentes.

—Não me senti à vontade de abri-los lá – ela saltou do sofá com o intuito de juntar os pacotes dos embrulhos que ela simplesmente havia jogado no chão, mas ele se moveu antes dela, os banindo até o lixeiro, Shara o encarou com uma pergunta em mente – o senhor…. Bem, por acaso o senhor gosta de passas? – ela perguntou, e ele parou para avaliá-la, claro que ele não esperava uma pergunta dessas naquele momento, mas era curioso a demora, será que ele havia entendido? - são aquelas frutinhas pretas sabe… meio achatadinhas… normalmente elas…

—Eu sei o que são passas – ele a cortou – são detestáveis - ele disse com pouca emoção e Shara sorriu se jogando no sofá outra vez, ele a encarou confuso, mas sem tempo para questionar algo já que alguém havia acabado de bater na porta, ele bufou irritado, era evidente o quanto ele detestava receber visitas, ele foi até a porta e apenas alguns segundos depois ela ouviu a voz de Antony, preencher todo o recinto.

—Feliz natal princesinha – ele disse animado, Antony segurava um embrulho em uma das mãos e uma bebida na outra – Ah e feliz Natal Severo, notei uma baixa no seu estoque de bebidas e resolvi providenciar algo – ele disse piscando para ela que corou, o professor pegou a bebida sem demonstrar qualquer emoção – ela vai ficar meia solitária ai, mas acredito que em alguns anos, teremos um bom estoque outra vez – e isso fez Shara corar mais ainda, Antony voltou sua atenção até o professor como quem esperasse por algo.

—O que está olhando ave, não diga que estava esperando uma troca de presentes? – ele perguntou com sarcasmo – estou abrindo a porta dos meus aposentos… e acredite isso é o bastante.

—Ah não se preocupe... um abraço ou um muito obrigado seria ótimo também, mas o que esperar de alguém como você, que mora aqui nesse lugar triste e sem vida– Antony soou divertido fazendo um certo drama – já esse é para você, Shara pegou o embrulho com cuidado, o abrindo na frente deles.

—Uma boneca de pano – era bonita, mas dava para ver que não era nova – isso foi meu? – Shara olhou curiosa para a boneca, ela não se lembrava de quase nada do seu passado, quem dirá de coisas assim.

—Sim e não... na verdade ela foi da sua avó, Aurora, a mãe de Maeva – ele disse – Maeva guardou, era a única lembrança que ela tinha da mãe, e quando você nasceu, ela deixava em seu berço, você a chamava de Balu, por um tempo foi sua boneca preferida – ele sorriu para ela e ouvir aquilo, aqueceu seu coração, ela não sabia que o nome da sua avó era Aurora - depois disso acabou ficando comigo – ela notou um vazio em sua expressão, ao dizer aquilo – bem apenas não faz sentido que eu guarde algo assim, é quase uma relíquia de família, e é seu.

—Obrigada – Shara disse ao abraça-lo com ternura, esse natal tinha lhe rendido presentes com forte teor emocional, ela que nunca havia recebido nada, que não sabia nada sobre o seu passado, agora ela tinha tanto, não em volume mas em significado, agora além da vassoura da sua mãe que Draco havia lhe dado a alguns dias atrás, ela tinha uma foto dela, uma caixinha de música que ela havia presenteado sua amiga, pantufas exóticas mas que diziam muito sobre ela também, uma boneca que havia sido da sua avó, algo que sua mãe guardava com carinho, além de suas próprias lembranças, um jornal para se lembrar de como a amizade dela e de Harry haviam começado, e uma esfera com o visco... para nunca se esquecer do seu primeiro beijo, aquilo tudo era seu pequeno tesouro também…

—Vejo que pelo menos alguém sabe agradecer nessa casa – Antony brincou – não deixe que o clima daqui estrague isso - ele brincou - espera eu reconheço essas pantufas – ele a soltou ficando bastante animado ao vê-las sobre o sofá, junto com os demais presentes que ela havia recebido, ela precisava mesmo guardar aquilo antes que isso aborrecesse o professor, afinal ele gostava de ter as coisas em perfeita ordem, ela havia entendido isso - elas são praticamente idênticas às que sua mãe usava – ele sorriu, parecia se lembrar daquilo – sabe, sua mãe as adorava, ela não as tirava do pé – Shara sorriu, era engraçado pensar naquilo – acho que ela estava usando as pantufas, naquele primeiro encontro de vocês – Antony disse para o professor de maneira despretensiosa, mas Shara notou que o comentário, deixou o professor desconfortável, espera… ele disse primeiro encontro? Pantufas no primeiro encontro? Somente não fazia sentido.

—Não entendi – Shara falou confusa – no primeiro encontro? – ela perguntou curiosa – o senhor a convidou para sair... um restaurante, cinema… algo assim e ela foi usando isso? Usando pantufas? Mais precisamente essas pantufas? – não era possível, que sua mãe usasse algo assim em público, isso era um fato ainda mais curioso sobre ela, mais do que as próprias pantufas em si, Shara notou uma troca de olhares um tanto quanto suspeita entre eles, até que Antony tentou algo.

—Na verdade... bem... – ele começou, ele parecia buscar alguma ajuda, já que estava com dificuldade de completar a frase... quando o professor interveio visivelmente irritado.

—Não, até porque se esse fosse o caso eu as teria incendiado antes mesmo dela cogitar a hipótese de me expor ao ridículo dessa maneira – ele disse seco, enquanto encarava Antony com um certo incomodo, mas Shara sentiu vontade de rir, isso era algo que ela podia vê-lo fazer com bastante facilidade – agora – ele se voltou para ela - estávamos no meio de uma guerra e lutando em posições distintas, não acredita mesmo que eu a tenha levado a um lugar público, acredita? - ele respondeu, não parecendo muito satisfeito em ter que discutir aquilo com ela e na frente de Antony, mas sim havia isso, era curioso pensar em como eles havia sustentado algo assim naquelas condições, e isso apenas reforçou sua tese de que ele na verdade não tinha convicção alguma sobre aquilo que acreditava naquela época, e isso era bom... de certa forma.

—Mas... nesse caso o que vocês fizeram no primeiro encontro então? – ela perguntou, havia uma curiosidade genuína ali, aquilo era o passado dele, e ela entendia a descrição, mas aquele era o passado da sua mãe também, e isso era algo que Shara gostaria de saber, Shara havia visto em alguns filmes, encontros com cenas de muito romantismo, mas ela sabia que ele não era dado a esse tipo de sentimentalismo, era engraçado pensar em como as coisas haviam sido conduzidas por ele.

—Não faça perguntas difíceis Shara - Antony disse de forma divertida - tenho certeza que Severo não deve ter muitas lembranças daquela noite, além é claro de uma única coisa, a comida – ele gargalhou – entendeu? – Antony perguntou para o professor - a comida é sempre inesquecível – Antony disse, segurando o riso enquanto cutucava o professor com o cotovelo, lhe dando um sorriso atrevido, que ele não retribuiu, pelo contrário havia um olhar assassino, e aquilo lhe deu uma ideia, será que ele havia feito um jantar para sua mãe? Isso soava muito bem, assim como aquela interação entre eles dois, isso era novo para ela, mas ela decidiu que gostava de vê-los assim, eles pareciam dois adolescentes daquele jeito, apesar de achar que Antony devesse ser um pouco mais cauteloso, e ter mais amor à vida, quem em sã consciência cutucaria o professor assim? mas Antony não parecia se importar muito, talvez por que soubesse que não poderia morrer ainda.

—Parece bom - ela sorriu - acho que quando ficar mais velha, vou querer vários primeiros encontros como esse, então poderei escolher quem for o melhor pretendente de acordo com o seu desempenho – ela disse animada, afinal a ideia de um jantarzinho privativo também era algo bem romântico e no fim das contas, aquilo parecia mesmo uma boa forma de começar algo, pela comida, Antony tinha razão sobre isso, a comida era sempre inesquecível, isso tudo num futuro ainda distante, é claro... se é que ela fosse de fato viver para tanto.

—NÃO – ambos disseram juntos, a assustando, principalmente pela expressão assassina usada pelo professor ali, já que dessa vez era direcionado a ela.

—Eu disse algo de errado? – ela perguntou aflita, e ela notou uma nova troca de olhares entre eles, o que aquilo significava de fato? ela havia entendido algo errado? - foi um jantar não foi? O senhor fez um jantar pra ela... Não fez? - Agora Shara estava em dúvida – foi isso? ... a comida?

—É claro... um jantar... – ele disse de forma arrastada, enquanto encarava Antony com algo a mais no olhar, além daquilo que ela conseguia interpretar ali e não era nada bom - de fato… posso me lembrar perfeitamente bem da comida - ele disse se aproximando ainda mais de Antony - era ave assada, sabe estou pensando em algo parecido para o jantar dessa noite – e agora aquilo soava como uma ameaça – apenas não encontrei uma ave ainda, talvez possa me ajudar a encontra-la – ele finalizou com uma certa ironia, e sim era mesmo uma ameaça.

—Não gosto desse tipo de comida - Antony respondeu visivelmente nervoso agora - olha só – ele apontou para o sofá - uma foto de Maeva - ele disse parecendo querer mudar de assunto, ao se deparar com a foto que ela havia ganho da professora Minerva, ele caminhou até o sofá a pegando e lendo prontamente o seu verso - Ah Sirius, que engraçado eu tinha me esquecido dele… bom rapaz aquele, ele vinha as vezes, trazia flores, onde será que ele está hoje em dia? - Antony perguntou e Shara suspirou, e lá se foram todas as chances de um natal decente, como bem havia sido apontado pela professora de transfiguração, o professor Snape se aproximou dele, apenas para arrancar a foto da sua mãe, da mão dele, lendo o verso, mas se manteve apático quanto a qualquer sentimento que pudesse ter tido em relação a aquilo, era o esperado… ele não demonstraria.

—Black está em Askaban - ele se limitou em responder... bom então esse tal de pretendente não deveria ser tão bom rapaz assim, Shara pensou, não como Antony parecia acreditar.

—Bom... então nós vamos jantar juntos? - ela perguntou tentando tirar o foco daquilo.

—Não – o professor respondeu - surgiu um imprevisto e terei que me ausentar - ele disse frio - você deverá jantar com os demais alunos no salão principal, mas deve passar a noite aqui, ainda quero monitorar sua magia de perto - ele explicou - voltarei tarde, portanto não me espere, contudo não quero que fique sozinha, pedi para que essa ave - ele enfatizou, encarando Antony, que parecia ter entendido o recado - a espere depois do jantar, e a traga até aqui pela rede de Flu da enfermaria, já que não devemos chamar atenção sobre nossa proximidade, isso é importante – ela assentiu, ela sabia - Antony ficará aqui até que eu retorne, não coma doce demais - ele pediu, Shara processou aquelas informações, ela não queria dizer ou demonstrar o quanto estava decepcionada com aquele arranjo, afinal ela não podia fazer nenhuma exigência, ele não era exclusividade sua ou coisa do tipo, era óbvio que ele ia visitar alguém, afinal era natal… mas quem? Ela não tinha o direito de perguntar, ela não faria.

—Sim senhor - ela respondeu vagamente, com a ressalva de que ela iria comer quantos doces desejasse, afinal era natal e ele não estaria lá para controlar algo assim.

—___

Severo detestava todo e qualquer protocolo dessa época do ano, e como esperado lá estava o convite dos Malfoy outra vez, eles costumavam dar uma festa ousadamente glamorosa todos os anos no natal, era uma tradição, e seria uma ofensa não aceitar o convite, por um momento ele achou que eles pudessem ter esquecido dele esse ano já que Draco havia ficado na escola, afinal a maior desculpa da sua ida se dava ao fato dele ser seu afilhado, mas não… ali estava o maldito convite… era óbvio que ele não queria ir, assim como ele nunca quis antes, mas esse ano havia uma razão diferente.

Era evidente o quanto Shara havia ficado decepcionada com aquele arranjo, ela não havia dito, mas ela era péssima em disfarçar, além de mentir muito mal... mas se eles de fato tentariam manter alguma aproximação como parecia ser, ela teria que entender aquilo, primeiro a importância de manter em sigilo o que eles eram, o que ele não achava que seria uma dificuldade para ela, já que ela parecia compreender muito bem algumas coisas e segundo que nem sempre ele poderia prioriza-la e isso se dava pelo bem de sua própria segurança, sua posição não permitiria tais luxos, ele teria que falar com ela a respeito mais tarde, mas não hoje, ele aparatou na frente dos portões altos da mansão Malfoy, sabendo bem o que lhe esperava, seria uma noite enfadonha.

—Severo - Narcisa o cumprimentou assim que chegou, ela estava elegante como de costume.

—Cissa - ele retribuiu, havia uma reciprocidade entre eles, ele admirava a forma como ela conduzia as coisas naquele lugar, ela se mantinha de pé por todos esses anos, ao lado de Lúcios quando na verdade seu coração nunca esteve naquilo.

Severo foi conduzido ao grande salão, estava abarrotado de rostos conhecidos, velhos companheiros de missões, pessoas importantes da alta sociedade bruxa e de posições renomadas no Ministério, Lúcios tinha influência, não se podia negar.

—Severo - ele ouviu a voz melosa atrás de si, sentindo imediatamente aquele perfume característico - quanto tempo - ela disse de forma provocativa, ao se aproximar e o beija-lo lentamente no rosto - quer dizer…  Desde ontem de manhã mais precisamente - ela riu de forma debochada - o que achou da minha saída? Aposto que não estava esperando por isso? - ela disse mordendo o lábio – eu ainda sei surpreender – ela piscou.

—Teve sorte dessa vez, sugiro que tome mais cuidado na próxima - ela sorriu com malícia.

—Me diga, de que lado você está Severo? - ela perguntou de forma direta, ele sabia muito bem onde morava o perigo, e aquele era um território perigoso e ali certamente não era um bom lugar para demonstrar qualquer imparcialidade.

—Do mesmo de sempre - ele respondeu ao se servir de uma bebida.

—Por que você estava naquele orfanato ontem? - ela perguntou de forma inquisidora - por que, entre tantos… era justamente você a acompanha-la? - havia uma certa desconfiança naquele tom de voz.

—Dumbledore me incumbiu para a função - ele mentiu – e não pretendo levantar suspeitas desnecessárias, então fiz aquilo que me foi requisitado - ele fez uma pausa dramática - sabe… - ele a analisava - que diferente de alguns de nós eu tenho um trabalho em andamento aqui - ele sorriu com malícia, a família Diaz havia falhado em algumas das missões e naqueles últimos meses antes do desaparecimento do lorde das trevas, eles simplesmente haviam sido deixados de fora das missões mais massivas.

—Velho maldito - ela rosnou irritada – saiba que você atrapalhou meus planos Severo, estive tão perto… tão perto - ela falava com se eles fossem cumplices naquilo - mas entendo, precisa demonstrar lealdade… você quase me enganou, você é esperto, gosto disso - ela sussurrou para ele - quanto a aquela garotinha ridícula, é filha de Maeva, agora tenho certeza… - não restavam dúvidas para ele de que Louise tinha de fato chegado a essa conclusão, e isso não era bom, embora a conhecendo bem, esse não era o tipo de coisa que ela divulgaria, não… afinal ela não queria ter que disputar aquele "trufo" com mais ninguém e por hora isso somava de forma positiva, ele limitou em apenas encará-la de forma vazia - aquela cretina… teve mesmo uma filha quem diria - Louise disse pegando o seu  copo e tomando um gole da sua bebida, ele precisava de muito autocontrole e cuidado ali  - quem será que é o pai daquela criança? - ela perguntou, Maeva tinha de fato alguns pretendentes e isso ajudava a dificultar sobre qualquer especulação em relação a paternidade da criança e pela primeira vez esse era um fato que lhe trazia algum benefício – quem sabe Sirius, ele era um cachorrinho atrás dela, literalmente – Louise gargalhou ao fazer uma analogia com a forma animago de Black, Severo sentiu seu sangue esquentar, aquele idiota, seria um privilégio poder esfregar nas fuças daquele cachorro vira lata a sua conquista, embora não se tratasse de uma competição ou coisa do tipo, mas não havia como não se sentir recompensado por Lily... pena que Black jamais saberia.

—Onde está Edmundo? - Severo perguntou sem qualquer interesse verdadeiro, ele não se importava, apenas tentando redirecionar o assunto.

—Certamente se atracando com alguma das prostitutas que Lúcios contratou, elas estão por toda parte - Louise disse com desgosto - Não sei como Cissa tolera isso, mas é evidente é claro que Lúcios quer manter seus convidados machos muito animados essa noite - ela sorriu com ironia, passando a mão em seu peito de forma provocativa.

—Agradeceria se mantivesse uma certa distância – ele disse tirando a mão dela.

—Qual o seu problema morcego? não gosta de mulher – ela piscou – se me der uma única oportunidade para mostrar aquilo que sei fazer com uma varinha, tenho certeza de que não irá se arrepender – ele suspirou... sem nenhuma paciência para aquelas investidas.

—Minha preferência sexual não é da sua conta – ele a encarou - mas se quer tanto saber, meu gosto por mulheres é bem peculiar, não gosto daquelas que se comportam como verdadeiras vadias – ele segurou o seu braço mais uma vez, agora com ainda mais força ao notar que ela estava prestes a passar a mão no seu cabelo, e então o soltou com brutalidade – ela devolveu o olhar irritada, certamente pelo seu comentário – agora se me dá licença – ele disse se afastando.

—Está procurando por uma puritana, não vai encontrar nenhuma por aqui – ela gargalhou enquanto ele se afastava, ele caminhou até a grande biblioteca da mansão, ele conhecia aquela casa bem, ele a frequentou muito no passado, assim que se aproximou da porta imponente, ele notou uma garota de no máximo 15 anos de idade, sair do recinto enquanto ajeitava seu vestido de maneira desajustada, ela o encarou encabulada e sumiu rapidamente atrás dele, Severo entrou na biblioteca, se deparando com Lúcios, obviamente… que também estava se recompondo.

—Severo – ele disse abrindo um sorriso de satisfação ao vê-lo – que pena… chegou atrasado, a festa acabou – Lúcios riu com malicia, aquilo fez Severo sentir nojo, sentir repulsa… agora ele tinha uma menina e que logo estaria na adolescência também, e aquela garota que sairá dali, ainda era apenas uma criança, era inevitável não pensar nisso –  ah não me olhe assim – ele se defendeu – ela parece mais nova do que é, mas já tem 17 anos... bom pelo menos é o que ela diz… e eu acreditei é claro – ele piscou.

—Você se comporta como um verdadeiro moleque – Severo cuspiu irritado - como consegue descer tão baixo? Uma criança...

—Um feliz natal para você também - Lúcios devolveu - e que bicho te mordeu? Desde quando se importa com quem transo ou deixo de transar? - ele perguntou, Lúcios tinha razão, o que ele estava fazendo? Por que ele não estava atuando, maldição... Severo achou melhor recuar.

—Não me importo - ele respondeu, mas ele se importava, obviamente não com Lúcios, mas com a garota, ele se lembrou daquilo que Shara havia dito mais cedo, sobre suas expectativas de um primeiro encontro, ela era ingênua ainda, completamente ingênua… e ele quase matou Antony naquela oportunidade justamente por isso, maldita ave tagarela que quase o fez perder a compostura, mas tudo aquilo serviu apenas para um propósito, revelar o quanto ele se importava de fato com a menina e com quem fosse se relacionar com ela no futuro, e ele não iria permitir que ninguém encostasse na sua garotinha, não como Lúcios, nem que ele tivesse que assassinar metade da juventude bruxa da Inglaterra, ele faria, Severo sabia muito bem como os meninos se comportavam quando havia segundas intenções… e essas intenções não tinham nenhuma relação com preparar jantares ou algo assim, a menos é claro que isso proporcione aquilo que se deseja, nesse quesito Antony tinha razão sobre a comida, ele bufou, ave idiota, Severo riu ao se lembrar.

—Não fique com ciúmes, posso arranjar alguém para você – Lúcios sorriu de forma relaxada, ao vê-lo sorrir, os motivos eram outros... mas havia caído bem ali – pela velha amizade – ele disse.

—Não se preocupe comigo, sei muito bem como conseguir o que quero – Severo disse entrando no jogo, e aquilo fez Lúcios desistir do assunto, previsível... Lúcios, caminhou até a grande mesa de escritório, tirando um envelope de uma das gavetas.

—Foi identificado, a algumas semanas atrás, uma nova explosão de magia ancestral - ele informou, enquanto lhe estendia uma espécie de relatório, Severo notou o brasão do ministério - e isso me dá a certeza de que preciso, o responsável está mesmo em Hogwarts, ou seja é um aluno... - Lúcios esclareceu – mais precisamente uma aluna nesse caso, e isso reforça ainda mais minhas suspeitas sobre Maeva não ter sido a última guardiã – Severo se manteve imparcial, mas Lúcios havia chegado lá, assim como Louise.

—Interessante - Severo comentou, enquanto analisava o pergaminho - Dumbledore não comentou nada a respeito – ele estava atuando agora.

—Aquele velho, está encobrindo - Lúcios disse batendo na mesa com força - agora com os rumores da Câmara secreta, os alunos petrificado, pretendo e vou derrubá-lo.

—Ouvi boatos de que está coletando assinatura dos governadores – Severo soltou de forma despretensiosa - como tem se saído? – ele estava especulando.

—É apenas questão de tempo agora, já consegui metade – ele disse se gabando daquele feito, então era verdade mesmo, Lúcios era esperto, ele não agia com pressa, ele sabia muito bem o que estava fazendo e sabia corromper as pessoas como ninguém, afinal nem todos são movidos pelo dinheiro, mas sempre existe algo, e isso Severo havia aprendido muito bem, afinal todo homem está sujeito a se corromper desde que feito a oferta certa – como está indo nossa poção? – Lúcios perguntou, Severo sequer havia começado, e não havia qualquer pretensão de fazê-lo.

—Levará tempo – ele disse, e aquilo não era nenhuma mentira.

—Como disse, não tenho pressa, assim que Alvo for afastado, encontrarei com facilidade aquilo que procuro, tenho algo em mente, antes de concretizar qualquer ritual – ele sorriu com arrogância, Severo assentiu, se dependesse dele, Lúcios jamais encontraria, mas Severo se sentia cercado agora, encurralado... haviam oponentes por todos os lados, Lúcios estava prestes a comentar mais alguma coisa, quando a porta da biblioteca foi aberta, eles foram interrompidos por Narcisa.

—Ai está você – ela disse encarando o marido – preciso de sua ilustre presença para o brinde de boas-vindas, já está quase na hora e os convidados estão sentindo a sua ausência, quero aproveitar também a oportunidade para anunciar o jantar, não queremos causar uma má impressão ou sairmos mal falados no profeta diário de amanhã.

—Claro… adorável esposa – aquilo foi dito com desdém, Narcisa sorriu mantendo a classe, se aproximando de Lúcios, enquanto conjurava um lenço de pano e o levava até o pescoço do marido, apenas para remover algo ali.

—Deixe-me apenas limpar essa marca de batom – ela disse fazendo aquele trabalho sujo – assim está melhor – Lúcios se retirou sem dizer nenhuma palavra, Narcisa se virou e o encarou de forma vazia.

—Não merece isso Cissa – ele disse sem se importar com o fato de estar sendo sincero com ela, muito mais do que seria habitualmente, talvez ele estivesse perdendo o jeito de atuar – por que insiste em manter algo assim? – ele se viu perguntando.

—Draco – ela respondeu sem oscilar – você não tem ideia do que uma mulher é capaz de suportar e fazer pelo seu filho – ela devolveu, mas ele sabia... sabia perfeitamente bem – Severo, você não é como ele, você nunca foi... me ajude a preserva-lo... Draco, me ajude a moldar seu coração, para que ele não se torne um ser desprezível como o pai – ela disse, aquilo não era um pedido, era quase uma súplica, ela se retirou também, apressando os passos, certamente para acompanhar o marido, já que a tradição dizia que os anfitriões deveriam entrar juntos, malditas tradições bruxas e malditos protocolos, Severo detestava todos eles.

—__

Era madrugada quando ele atravessou a lareira dos seus aposentos, direto pela rede de flu, ele havia adquirido uma enxaqueca terrível e acionou uma poção para trazer algum alívio, ele ainda podia ouvir o barulho alto de música em seus ouvidos, estava exausto, ele notou que Antony estava deitado de forma desajustada no sofá, completamente apagado, a garrafa de whisky sobre a mesa havia sido aberta, e Antony havia bebido cerca de um quarto daquilo, Severo bufou, maldita ave cachaceira, não havia a menor chance de acordá-lo naquele estado, mas algo chamou sua atenção se ele estava deitado no sofá, onde estava Shara? Ele caminhou até o seu quarto, estando prestes a acionar o anel, quando se deparou com a cena da garotinha, deitada em sua cama, encolhida, enquanto dormia, o que havia acontecido? Por que ela havia se deitado ali? aquele era o seu quarto privativo e ele gostaria de manter aquilo como tal, embora ela parecesse ter entendido bem os limites que haviam sido impostos por ele nesse sentido, pelo menos ele achava que sim, mas ali estava ela… Ele tirou as vestes de gala, as jogando de qualquer maneira sobre a poltrona a sua frente, enquanto afrouxava a gravata, ela se mexeu certamente ao sentir a movimentação no quarto, e então abriu os olhos, ele não queria assustá-la, mas não havia muito o que fazer sobre isso, afinal aquele ainda era o quarto dele, e ela não deveria estar ali.

—Que horas são? – ela perguntou, se sentando.

—Tarde – ele foi incisivo, não importava.

—Tive um pesadelo – ela disse puxando os joelhos contra o corpo – eu não queria entrar... no seu quarto desse jeito, não sem você... mas eu precisava de algo para me acalmar – ela disse olhando para as mãos – e então, eu acabei pegando no sono aqui... me desculpe – ela pediu mais uma vez… por Merlin, ela o desarmava.

—Algo relacionado com a sua magia? – ele perguntou, não precisava de nenhum dom especial para saber que aquilo poderia se repetir.

—Consegui controlar... eu posso controlar, quer dizer... depois de ontem – ela sorriu com discrição – mas preciso de algo… que me ajude a regular - ela explicou.

—Algo? – ele perguntou.

—Sim… algo – ela repetiu visivelmente constrangida – eu não deveria... ter deitado na sua cama assim – ela disse se movendo – não quero que pense que estou sendo… - ela estava se graça - eu vou sair… - ela se limitou em dizer.

—Fique – ele pediu, era como se aqueles olhos verdes, pudessem fazê-lo mudar de ideia em segundos, agora ele simplesmente queria que ela ficasse, nem ele podia entender o que sentia.

—Não… tudo bem - ela se levantou... - eu posso voltar ao sofá… eu não quero…

—Antony me parece bastante à vontade lá– Severo bufou novamente ao interrompe-la – dificilmente conseguirá acordá-lo naquele estado, não depois de tanto whisky e certamente não conseguira um espaço adequado, eu posso me arranjar em outro lugar, portanto é melhor que fique – era verdadeiro, e de qualquer forma ele era um homem noturno, estava acostumado a ficar acordado nas madrugadas, se fosse o caso.

—Não... eu não posso ficar, não se o senhor não ficar também... esse é o seu quarto e eu sou a intrusa aqui – ela disse o encarando – eu sequer deveria estar aqui.

—Não é apropriado que eu fique com você – ele respondeu – agora volte para a cama, esta tarde – ele orientou, mas ela gesticulou negativamente – são 3 horas da manhã, não vai querer testar minha paciência nesse horário, acredite não será bom… então apenas faça sem que tenhamos que discutir isso, está decidido.

—Estou com medo – ela disse – eu sonhei com ela… com Elza, um pesadelo... parecia real – aquilo chamou sua atenção, Elza podia manipular sonhos, mas Shara não sabia disso, ele não havia dito, e isso fez um sinal de alerta disparar em sua cabeça – e não é inapropriado dividirmos... não quando... somos... bom, o senhor é o meu pai e isso… nos torna uma família – ela concluiu, mas ele não conseguia mais pensar naquilo, havia uma urgência agora... um sonho.

—Que tipo de pesadelo? – ele perguntou, notando o desconforto dela com a pergunta e uma certa relutância em responde-lo – Deveria ter alertado Antony – talvez ela tenha tentado e não conseguido, maldita ave imprestável, ele bufou – ou me chamado – ele disse um tanto quanto irritado – é pra isso que te dei a moeda, para que a use.

—Eu não... queria incomoda-lo, é natal e o senhor estava ocupado... digo… sei que foi ver alguém, alguém especial… talvez um encontro – ela disse a última palavra tão baixo que ele quase não conseguiu ouvir.

—Minhas saídas não se resumem a encontros amorosos... – ele disse de forma curta – não fantasie e simplesmente não fale daquilo que desconhece.

—O perfume – ela interveio – está nas suas roupas, e eu posso sentir… é um perfume feminino... – ele a encarou, então ela havia sentido o cheiro? Ela tinha boas habilidades, assim como ele... – mas não precisa... é… eu não me importo... quer dizer... é a sua vida... e eu apenas não deveria... esqueça - ela desviou o olhar.

—Que tipo de pesadelo? – ele repetiu a pergunta, a falta de informação o estava deixando aflito, muito mais do que ele gostaria – responda minha pergunta – ele mandou, ele estava começando a perder a paciência, com aquela falta de retorno - não me obrigue a verificar por conta própria

—Verificar? … o senhor diz... minha mente? – ela recuou, ao entender aquilo – não pode simplesmente entrar na minha cabeça dessa maneira, são minhas lembranças, é pessoal – agora ela parecia nervosa.

—Por acaso está escondendo algo? – ele jogou a isca.

—Não… mas… simplesmente não pode – ela repetiu, direcionando o olhar para a porta, aquilo era previsível também, ele a trancou com apenas um movimento, dessa vez com certa sutileza… ele fez, antes mesmo que ela cogitasse se mover, vendo a expressão de puro pânico se formar no rosto dela.

—Você não queria que eu ficasse – ele disse pausadamente – é o que estou fazendo.

—Não!… não assim… por que está fazendo isso? – ela começou a chorar, ela havia mordido a isca, era óbvio que ela estava escondendo algo dele, ele sentou na cama, ele sabia que ainda estava em tempo de recuar, eles não sairiam do lugar assim e ele era o adulto ali, ele se lembrou de Pomfrey o alertando, e por mais que ele não aprovasse segredos, pelo menos não nas atuais circunstâncias, ele não se sentia à vontade para bisbilhotar daquela maneira, ele não faria.

—Venha aqui – ele pediu, ela o olhou desconfiada, enxugando as lagrimas de qualquer maneira – tem minha palavra de que não farei – ele disse tentando atrai-la, ela era apenas uma criança assustada na madrugada depois de um pesadelo, ele estendeu a mão para ela, que acatou prontamente, então ele a puxou para mais perto, ela era leve e aquilo era fácil - Preciso que me conte sobre o pesadelo está bem? É importante, do contrário não insistiria, depois... prometo que ficarei... a cama é mesmo bastante espaçosa, daremos um jeito aqui – ele prometeu  – e sobre hoje à noite... não era um encontro – ele achou que ela merecia essa informação – na verdade estive na mansão Malfoy, um protocolo natalino do qual não gosto, recebi o convite essa tarde, e esse é um dos convites que não posso negar, apenas não me senti à vontade em compartilhar, quero que entenda que nem sempre falarei sobre as coisas... mas como deve imaginar, era uma festa, portanto haviam pessoas lá, inclusive mulheres e todas usavam perfume, não me recordo com quantas conversei – ele explicou e com isso ele parecia ter aberto um novo território entre eles, onde ela podia se sentir mais a vontade para falar, ela se encostou nele e ainda segurava sua mão.

—Sobre o sonho... parecia real... eu estava na praia – Shara começou – quando uma tempestade violenta começou a se formar ali... o senhor sabe como me sinto sobre isso... – ela disse sem jeito - então foi naquele caos que ela surgiu, Elza... ela se aproximou... com um semblante carregado e um olhar frio e distante, ela me pediu o colar, ela queria que eu o levasse até ela... mas não ali, havia uma certa urgência naquele pedido, mas eu... eu não queria... eu não faria... ela percebeu, e ela me deu um prazo para cumprir, ela me disse para ficar atenta, pois em alguma oportunidade ela iria me entregar um endereço, e que eu deveria ir até esse lugar... sozinha... levando comigo o colar e a adaga, ela prometeu que... – Shara fez uma pausa, ele a amparou – que dessa vez eu não falharia - Shara disse encarando os pulsos - e prometeu que eu não sentiria dor… que… eu iria me encontrar com... com a minha mãe, naquela mesma praia, porém que haveria sol e areia fofinha para sempre… que aquele era o fim, o fim que eu tanto desejei e merecia... como... como ela sabe sobre isso? – Shara colocou as mãos no rosto – ninguém sabe sobre isso, só o senhor... – Aquilo efetivamente cortou o seu coração, um coração que ela achava não possuir antes dela, Elza a estava manipulando com a sua maior fraqueza, então era assim que ela agia... ela usava o ponto mais vulnerável de sua vítima.

—Shara – ele a chamou – eu estou aqui para você agora... certamente Maeva faria isso muito melhor do que... eu, talvez ela sequer aprovasse meus métodos – ele não sabia como havia conseguido admitir aquilo tão abertamente para ela ali – mas ainda assim, quero que entenda que não está sozinha – ela chorou em seus braços – não mais...

—Elza me disse que o propósito não podia ser maior que a causa, e que eu era o propósito desde o começo e a magia do colar a causa... e que ela estava lutando pela causa, e se eu não fosse até ela, conforme ela pediu, dentro do prazo estipulado... ela viria e iria... até você – Shara disse se soltando dele – ela vai mata-lo – Shara se afastou dele... Elza a havia ameaçado, um golpe tão baixo quanto o anterior e Shara estava acreditando nisso.

—Isso não vai acontecer – ele afirmou – ela está apenas tentando assusta-la, é assim que ela age... foi o que ela fez com sua mãe – Shara o encarou.

—Esse não é um sonho qualquer, não é? – ela pediu, Severo precisava falar com Dumbledore a respeito...  antes de... – por favor...  por favor, me diga a verdade – aqueles olhos verdes...

—Não – ele admitiu – mas não quero que se preocupe com isso – ele se levantou convocando uma poção – quero que tome – ele estendeu para ela, ela estava visivelmente abatida – essa é a poção de sono sem sonhos, chega de sonhos por um tempo, vai passar a toma-la pelas próximas noites até achar que não seja mais necessário – ela a pegou, parecia pensar sobre algo.

—Se esse não é um sonho qualquer e se é assim que ela pretende se comunicar comigo, como ela vai me entregar o endereço já que não estarei sonhando? – ele a encarou... se aproximando dela e segurando seu queixo.

—Ela não vai... e você não vai a lugar algum, portanto não precisará dessa informação – Shara olhou a poção em sua mão, enquanto as lagrimas desciam pelo seu rosto, ela estava relutante – Shara – ele chamou... tome a poção – ele pediu.

—Um mês, foi o prazo que ela me deu... – Shara informou, antes de beber a poção – eu não vou suportar... se algo... eu não posso... não quero perde-lo também – ela chorou.

—Assim como Elza, eu também sei fazer promessas, a diferença entre nós, é que eu as cumpro – ele disse sério, fazendo menção ao fato de Elza ter enganado Maeva já que havia prometido salva-la naquele dia – portanto eu prometo a você que nada de mal vai me acontecer –  ele disse sabendo que isso era importante para ela -  assim como reforço, algo que já prometi anteriormente a algum tempo atrás... que eu a protegeria, é isso que estou fazendo aqui... agora dependerá de você escolher em quem quer acreditar e em qual promessa vai se apegar – ele a desafiou... ela foi até ele e o abraçou – sábia escolha – ele disse, passando a mão pelo seu cabelo – agora levara alguns minutos até que a poção faça algum efeito... direto para a cama – ele pediu – eu prometi que ficaria e vou ficar, mas ainda pretendo me lavar... a não ser é claro que não se importe de dormir ao meu lado, sentindo esse perfume feminino – ele a provocou.

—Eu me importo... com esse cheiro – ela disse subindo na cama e se ajeitando ali – até por que... foi por isso que vim aqui mais cedo – ele franziu a sobrancelha não entendendo sua colocação – o cheiro... – ela enfatizou – eu precisava de algo para me regular... minha magia... então eu vim aqui para sentir o seu cheiro... ele me acalma – ela disse bocejando, enquanto repousava a cabeça no travesseiro, fechando os olhos... ele ficou ali parado por alguns segundos apenas para analisa-la, a sua filha... em sua cama, no natal – não demore – ela literalmente mandou, ele sorriu com o canto da boca... enquanto se direcionava até o banheiro... ele iria cumprir sua promessa, todas elas... ele sempre as cumpria... Sempre!


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Notas finais do capítulo

Esse SEMPRE! Fechamos mais um capitulo com ele... e ele vai cumprir né... sabemos que sim.

E assim encerramos o primeiro natal deles e antes de mais nada... quero dizer que a quinta série que habita no Antony, saúda a quinta série que habita em nós hahaha um momento um tanto quanto cômico aqui, para aliviar um pouco as tensões.
E Shara toda inocentinha "será que ele fez um jantar pra ela?" hahaha fofa... um dia ela descobre

Os presentes que Shara recebeu foram de muita simbologia não é mesmo, os melhores presentes com certeza!
Agora essa sutil, mas leve introdução de Sirius na história, vai que a gente se empolga e escreve uma temporada em O Prisioneiro de Askaban né KKK espero que tenham gostado hahaha (eu amo Sirius) o bilhete de Minerva, uma graça... alertando nossa Sharinha, pena que Antony é aquele SEM noção que amamos.

A cena da Narcisa com Lucius, foi curta, mas achei super forte de escrever... ela é uma mulher forte do caralho, se submetendo ao marido, as tradições... não por amor... aquela abertura que Snape deu pra ela foi o suficiente... e o pedido dela, é algo que a vejo fazendo com muita facilidade, mas não se preocupe Cissa, nessa fic pelo menos... temos Shara, a nossa amada protagonista, e ela esta mudando o curso da história do seu Draquinho!

E esse final... esses dois, fortes emoções nos esperam... temos um prazo agora, e teremos um endereço e quem sabe um encontro. Mas por hora, apenas uma boa noite de sono sem sonhos.
Obrigado a todos que tem acompanhado!
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