Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 74
Futuro - Ruptura


Notas iniciais do capítulo

É longo... Prepara a pipoca que lá vem história



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Severo inspirou com olhos gélidos enquanto via Pansy Parkinson se aproximar e ocupar a bancada de trabalho em sua sala de aula naquela quinta-feira de manhã, os alunos costumavam sentar sempre nos mesmos lugares, e as provas daquela turma já estavam estrategicamente postas sobre as mesas apenas os aguardando chegar, tudo friamente calculado, ele era um mestre na arte de esconder suas emoções, mas não conseguia ignorar a raiva que fervilhava dentro de si ao se lembrar de como Shara tinha se sentido depois das humilhações daquela garota ardilosa que sorria despretensiosamente a sua frente. Parkinson tinha sido cruel, não com uma aluna qualquer, Shara era sua filha, e Parkinson havia cometido um erro grave ao fazê-lo, e agora não era com Shara que Parkinson estaria lidando daqui pra frente, mas sim com ele, e ele havia prometido se vingar, ele sempre cumpria suas promessas.

Enquanto como professor ele era obrigado a manter uma fachada de imparcialidade diante de seus alunos, principalmente entre os de sua própria casa, assim como era prudente não demonstrar preferência e muito menos chamar a atenção para aquilo, mas ele sabia muito bem agir de forma sutil, tramar pelos bastidores era quase uma especialidade, ele era um Sonserino, como todos os outros, mas ele era o melhor nisso.  Embora estivesse ciente de que agindo daquela maneira, ele não necessariamente evitaria novos confrontos entre as garotas, mas ainda assim ele precisava fazer algo para equilibrar as coisas, ciente de que estava jogando sujo ali, talvez se comportando como um verdadeiro moleque, mas nada disso importava quando o assunto era vingança, Shara certamente nunca saberia, mas ele sim e aquilo o realizava de alguma forma.

Severo sabia das impossibilidades de construir algo com ela, principalmente agora, aquelas conversas já não existiriam mais, pelo menos não como eram feitas anteriormente, mas ele sentia que podia assisti-la de longe, ele suspirou cansado ao lembrar que hoje estava completando uma semana desde o dia que ela havia feito a descoberta, quando seu mundo perdeu um pouco de sentido, seus aposentos agora silenciosos e organizados, suas madrugadas completamente solitárias, enfim coisas que ele valorizava tanto no passado, como poderia ter mudado assim em tão pouco tempo? era algo que ele se perguntava e como seria se eles pudessem ser de fato uma família? Ele nunca saberia.

Ele observou com olhar mais aguçado enquanto a turma se ajeitava, separando as penas e tinteiros, aquela era uma prova escrita, ninguém estaria fermentando em sua sala hoje e não havia nada ali que o denunciaria afinal qualquer ação direta poderia prejudicar sua posição como professor e pior expor seu segredo, ele havia traçado um plano para jogar com a arrogância daquela garota e a deixaria sem saber a verdadeira fonte de sua aflição.

Com as provas da turma devidamente distribuídas sobre as mesas, ele sorriu internamente enquanto examinava com atenção a garota sentada em sua bancada, estava feito, Severo havia usado um pó invisível, uma substância agressiva e que com o tempo de contato com a pele, coisa de quarenta minutos a uma hora, causaria episódios de coceira aguda e posteriormente erupções na pele onde teve contato, o pó estava distribuído por toda a sua prova, era engraçado pensar que aquilo era algo que ele havia resgatado do seu passado, uma travessura comum entre os alunos de sua época, algo que eles costumavam aplicar para se vingar de alunos de casas rivais, aquilo havia se tornado tão banal que depois de um certo tempo e de inúmeros episódios o pó foi completamente banido da escola e quem fosse pego usando, corria o risco de expulsão, já que foi observado que episódios muito frequentes podiam causar lesões mais sérias, podendo ser fatal em alunos mais sensíveis, ele mesmo havia passado uma semana inteira na enfermaria por esse motivo “maldito Black” ele pensou ao se lembrar com raiva daqueles dias, claro que Severo havia dosado bem a quantidade, ele não queria matar ninguém, pelo menos não ainda.

—Ao meu sinal, apenas – ele disse com a voz arrastada, capturando os olhares aflitos de todos aqueles cabeças ocas, Granger como sempre parecia ser a mais ansiosa da turma, ela suplicava de forma silenciosa para que ele os deixasse virar as páginas, ele lhe lançou um olhar desinteressado - Alguns de vocês podem acreditar que estão preparados, que são dignos de enfrentar os desafios que colocarei diante de vocês hoje. No entanto, permitam-me esclarecer que a maioria, se não todos, sairá daqui com uma lição em humildade – ele disse olhando diretamente para ela, enquanto aquelas palavras eram de fato direcionadas a Parkinson – Comecem – ele sorriu com escarnio – vocês têm duas horas – aquilo seria divertido.

Nos minutos que se passaram, com o barulho frenético das penas sob os pergaminhos, Severo ficou satisfeito ao notar que Pansy parecia inquieta em sua cadeira, ele sabia que o efeito do pó seria gradual, e estava disposto a esperar para saborear a doce sensação de vingança, á medida que a aula prosseguia, a garota começou a coçar discretamente os braços e o rosto, suas feições agora já não mais tão tranquilas, ela havia deixado de sorrir, mas ele fingia não notar e mantinha sua expressão impassível, o seu disfarce de professor frio e imparcial não revelando sua satisfação interior, mas como era saborosa o gosto da vingança.

Finalmente, Parkinson não conseguiu mais disfarçar todo aquele desconforto, ela levantou da bancada visivelmente aflita, entregando sua prova para ele antes de murmurar algo sobre não estar se sentindo muito bem e então, ela pegou o seu material e correu para fora da sala de aula, havia passado uma hora agora, bem no tempo que ele havia previsto, ele a observou-a se afastar, sentindo uma pontada de triunfo, sim sua vingança foi realizada com sucesso, deixando Parkinson sem qualquer suspeitas sobre a verdadeira origem de tudo aquilo, é claro que ele sabia que não podia mostrar abertamente sua satisfação, mas o sentimento de justiça alcançado era suficiente para satisfazer sua raiva reprimida.

Ele não pode deixar de notar o olhar de decepção estampado no rosto de Granger, ao perceber que alguém havia terminado a prova antes dela, garota tola, embora não fosse planejado aquilo podia ser igualmente satisfatório, enquanto os demais alunos continuavam a fazer suas provas, sem sequer notar que havia algo de errado acontecendo ali, Severo recolheu a folha de Pansy com um feitiço, sem encostar nela, a guardando e escondendo a prova de seu ato, Pansy  se recuperaria daquela situação e das erupções que ainda viriam, mas seriam algumas horas de agonia, e isso o deixou satisfeito, afinal ele havia encontrado uma forma de equilibrar a balança sem se expor, ser um Sonserino significava estar imerso em segredos e intrigas, e ele estava disposto a jogar esse jogo quantas vezes fossem necessárias para proteger sua filha e ensinar uma lição aqueles que cruzarem seu caminho, ele pensou, ciente de que seria convocado a enfermaria mais tarde, afinal ele era o chefe de casa dela e devendo assim ser reportado, protocolo apenas... e ele compareceria, completamente pego de surpresa e repleto de indignação com o ocorrido, um infortúnio é claro, quem sabe de lambuja ainda pudesse culpar um dos grifinórios, sim por que ele sabia atuar muito bem.

—45 minutos – ele declarou em voz alta, sentindo os olhares desesperados dos alunos, ele sorriu.

—___

Shara caminhou até a frente da sala, ela havia sido uma das primeiras da turma a finalizar a prova daquela manhã e simplesmente não haviam motivos para ficar em sala, sentada em sua bancada apenas encarando aquele pedaço de pergaminho a sua frente, ela o depositou onde a professora de transfiguração havia orientado que fizessem, Shara achava que havia se saído bem, assim como ela achou ter sido em todas as outras matérias, certamente que as dicas e o plano de estudo elaborados por Beta foram de grande ajuda, sem isso, ela não sabia se conseguiria ter ido tão bem, ela fez uma nota mental se lembrando de agradecer a amiga mais tarde. 

—Srta. Epson – a professora disse seu nome antes dela se virar para sair – tenho um recado do diretor para você - Shara estava mesmo esperando por um retorno dele, ela meio que havia implorado no início daquela semana para que ele mantivesse de pé aquela visita no lar que o professor Snape havia prometido, e Shara estava um tanto quanto desanimada sobre aquilo pois o diretor não havia demonstrado muita inclinação em faze-lo, ele havia dito que tudo dependeria da disponibilidade de alguém de confiança do Ministério para acompanha-la naquele dia, sim ela teria que estar acompanhada por questões de segurança, algo que ela entendia muito bem, e por se tratar de uma data como o natal, ou no caso véspera de natal, uma data em que as pessoas passam com suas famílias, aquilo seria um tanto quanto difícil de arranjar, Shara estava quase desacreditando que aquilo fosse prosperar, quando foi pega de surpresa pela professora Mcgonagall ali essa manhã, Shara arqueou a sobrancelha desanimada, esperando pelo não certeiro que viria dali -  ele pede que esteja pronta as 10:00horas da manhã da próxima quinta-feira – ela arregalou o olho, não podendo evitar de externar o alivio que sentia, finalmente uma notícia boa em dias a professora sorriu para ela – fico feliz que tenha dado certo querida – Shara também sorriu.

—Obrigada professora – ela saiu da sala de aula animada, ela precisava muito contar para o Antony, ele certamente ficaria feliz com a notícia, Shara meio que estava indo até ele quase todos os dias agora, afinal ele era sua família ali e era com ele que ela se sentia completamente à vontade, podendo conversar abertamente sobre absolutamente tudo, sem ressalvas, não haviam mais segredos entre eles ou coisa assim, Shara gostava de ouvir suas histórias, ele sabia um pouco de praticamente tudo e era divertido passar tempo com ele, claro que ele havia tentado falar sobre o professor Snape uma ou outra vez, mas sempre que Shara via intenções em faze-lo, ela o cortava, era tudo muito recente ainda e apesar do professor Snape estar isento de qualquer culpa, sobre tudo que ela havia passado em sua infância ainda assim doía saber que ele havia mentido para ela daquela maneira, talvez ela precisasse de um pouco mais de tempo para superar aquilo, a história de Medusa havia mexido com ela, e com isso ela não o odiava mais tanto, talvez ela o odiasse um pouquinho menos, enfim ela correu até a enfermaria, ela não queria esperar até o jantar, até por que no dia seguinte ela teria que encarar a prova de poções e só de imaginar que estaria em sala de aula com ele, outra vez, ela meio que sentia seu estomago revirar, não iria ser a coisa mais fácil, então ela decidiu dormir mais cedo essa noite, afinal o fato de estar descansada ajudaria a compensar a energia que ela iria empregar naquilo.

Shara estava correndo quando ao virar um dos últimos corredores, um pouco antes de chegar ao seu destino, ela sentiu o impacto, trombando ali com outro aluno, ambos se desiquilibraram e caíram no chão, sorte dela que sua queda foi amortecida já que ela meio que caiu por cima de quem quer que fosse, ficando apenas alguns centímetros do rosto dele… ahhh por que tinha que ser sempre ele? 

—Se quiser me agarrar, é só falar, podemos arranjar um lugar mais apropriado para isso, meio público aqui não acha? – o loiro disse rindo e ela bufou com aquele comentário.

—Sério, por que tem que ser sempre com você? – Shara disse se levantando e tentando se recompor.

—Não sei… predestinação eu diria – ele respondeu, também se levantando – por acaso acredita nessas coisas? – ele perguntou zombando.

—Não tem ideia do quanto – ela sorriu com ironia, mas era verdadeiro – você se machucou? – ela perguntou, se dando conta de que poderia, afinal o impacto foi forte e ele havia sido o responsável por amortece-lo. 

—Bom, desde que isso se tornou um hábito entre nós, tenho andado com proteções extras nas vestes – ele disse se divertindo.

—Não exagere – ela não queria entrar naquele jogo e ela estava com pressa – bom, tenho que ir Draco - ela informou, vendo ele arquear a sobrancelha, ela não estava a fim de dar quaisquer explicações, então ela apenas se virou, se retirando enquanto seguia novamente para o seu destino, mas Draco vinha caminhando logo atrás dela, e faltava pouco para que ela chegasse até a porta da enfermaria, quando ela parou bruscamente - Qual o seu problema, vai ficar me seguindo agora? - ela pediu irritada, vendo ele arquear a sobrancelha mais uma vez.

—Seguindo? - ele disse passando por ela e a deixando para trás - sabe Shara, você pode até ser interessante e tudo mais… mas acredite, segui-la seria algo meio inapropriado e obsessivo não acha? e esse não é muito o meu feitio, eu costumo correr atrás do que quero, de outras formas - ele piscou para ela que avermelhou no segundo seguinte  - talvez seja apenas uma coincidência e tenhamos o mesmo destino - ele sorriu abrindo a porta da enfermaria e entrando, ela caminhou apressadamente atrás dele, ciente de que estava suficientemente vermelha ali, ela não queria ter dado a entender que achou que ele a seguia ou coisa assim, por que ele queria algo a mais com ela… aquilo foi desnecessário da parte dele e ela não gostava de ser constrangida daquela maneira, ela queria explicar e ele iria ouvir.

—Ei espere... pois fique sabendo Draco, que em nenhum momento eu pensei ou quis dizer isso ok? – ela meio que falou em voz alta atrás dele – eu não quero que pense que eu estou pensando, cogitando ou sei lá... que você quer algo a mais comigo... eu apenas... a esqueça – ela parou no instante seguinte ao ver o olhar de diversão que ele trazia. 

Como ela poderia imaginar que ele estava indo até a enfermaria nesse horário? E por que ele faria? Mas suas dúvidas foram sanadas no exato instante que ela ampliou um pouco mais a sua visão… logo a frente, numa maca estavam Pansy Parkinson, de um dos lados da cama Madame Pomfrey e Antony, e do outro o professor Snape e o diretor… Shara congelou, obviamente todos ali ouviram o que ela havia dito e estavam todos a olhando, e isso explicava a expressão de satisfação que Draco lhe direcionava, maldição, sempre tinha como piorar, e sem falar que aquela era a primeira vez que ela se deparava com o professor Snape, frente a frente no mesmo ambiente depois do ocorrido entre eles na semana passada, obviamente que ela sentiu seu coração acelerar, ele a encarou com a mesma expressão impassível e vazia de sempre, parecendo muito mais interessado em Draco ali, ela imediatamente desviou o olhar, sentido que o diretor também a encarava, ela sabia o que ele esperava dela naquela situação, discrição… aquilo era um tipo de teste? Ela achava que sim.

—Eu não acredito Draco… - Pansy foi a primeira a se manifestar e parecia um tanto quanto indignada - como ousa vir até aqui com essa garota? – ela gritou a tirando dos seus devaneios e agora a estava encarando com ódio - eu mandei o bilhete para você… VOCÊ Draco - ela parecia mesmo chateada - por que está me castigando assim? - ela pediu chorosa.

—Eu não vim com ele - Shara se sentiu na obrigação de dizer, a interrompendo – e eu posso voltar em outra hora - ela disse, se virando e se preparando para sair, ok não havia sido tão ruim… mas Draco, que certamente não gostava de ser tratado daquela maneira por ninguém, ainda mais na frente de tantas pessoas, decidiu simplesmente continuar o espetáculo a usando para provocar a outra garota, Shara mal tinha acabado de se virar quando ele com bastante agilidade meio que puxou o seu braço a segurando pela mão, com força a obrigando a permanecer ali do seu lado e dando a entender, o que obviamente parecia, sim ela iria matá-lo depois, mais uma nota mental.

—De forma alguma, se você veio, você vai ficar - ele sorriu para ela, que o encarava tentando entender o que ele estava tentando fazer com tudo aquilo, além de obviamente os arranjar mais problemas - não seja tão tímida Shara – ele disse com intimidade demais – não há problema em admitir que viemos juntos pois combinamos de passar a tarde estudando - ele sorriu um pouco mais – sim Shara queria matá-lo, agora com as próprias mãos, seria uma excelente forma de extravasar toda a sua raiva retraída daqueles últimos dias.

—O que? - Pansy se levantou - estudar… você e ela? mas ela nem é do nosso ano, não tem nem como estudar… - ela disse perplexa

—Seria mais apropriado se a Srta. Epson se dedicasse aos estudos com os colegas de sua própria turma - o professor Snape disse de forma arrastada a fazendo segurar o ar, ele estava pela primeira vez se reportando a ela - ao invés de passar a tarde à toa e zanzando por aí como vejo ser a verdadeira intenção por trás de tudo isso - ele cruzou os braços de forma intimidante, encarando Draco, mas Draco também não cedia, não tão facilmente e ele estava mesmo tentando dizer o que ela devia ou não fazer com seu tempo? Como se ele se importasse de fato, ela pensou - afinal é de conhecimento de todos que a prova de poções não costuma ser uma das mais fáceis e tenho certeza que Epson ainda está longe daquilo que se é esperado para poder realizá-la - ele continuava sério e como assim ela estava longe? Ele a estava chamando de incompetente? seu sangue esquentou com aquele comentário - já o sr. Malfoy por ser mais velho deveria se ocupar com algo útil, do que atrapalhar os alunos mais novos e também inexperientes, tenho certeza de que seu pai não gostaria de ser informado sobre tal situação  - ele ameaçou, sim aquilo era uma ameaça velada, ele jogava baixo, muito baixo, ela sentiu Draco recuar um pouco com aquele comentário... claro… ele não gostava da ideia dela na companhia de um Malfoy, então quem dirá deles fazendo algo juntos, ele estava obviamente tentando intervir, ela viu ali uma boa oportunidade para provocá-lo também, e ajudar Draco a se posicionar nesse sentido, não ela não mataria mais Draco, muito pelo contrário ela o agradeceria, então ela se agarrou ao braço dele.

—Certo e justamente pela complexidade da matéria e por Draco ser um aluno mais velho e muito mais experiente - ela estava usando as mesmas palavras ditas por ele - mais experiente na matéria é claro - ela sorriu, sabendo o impacto que isso estava causando - que ele se ofereceu para tomar nota e me ajudar com os estudos - ela disse, aquilo foi brilhante, ela quase podia ler o que o professor Snape estava sentindo - foi muita gentileza da parte dele é claro - ela sorriu outra vez, Draco ergueu uma das sobrancelhas em sinal de que ela havia se saído muito bem, o professor Snape a encarou impassível, mas não voltou a dizer nada, dessa vez ela havia sustentado o olhar e ele desviado, ela não ia permitir que ele ditasse algo em sua vida, e nem que humilhasse seus amigos daquela maneira - bom, vou te esperar lá fora Draco… - ela se soltou, mas antes de sair ela se voltou para Pansy a garota estava incrédula os observando na maca - Pansy você está horrível, e tem uma coisa no seu nariz - Shara apontou para o nariz - acho que é pus - ela fez cara de nojo e então saiu, se sentindo verdadeiramente vitoriosa, duas coisas boas em um dia, será que as coisas estavam melhorando? 

—Precisamos encontrar o responsável por isso - Shara ouviu a voz do diretor antes dela sair, pelo menos eles estavam voltando a discutir aquilo que de fato deveriam, a porta se fechou atrás dela e Shara se encostou na parede sorrindo, depois ela perguntaria a opinião de Antony sobre o ocorrido, afinal nem ele e nem Pomfrey haviam se manifestado ali, mas Antony sempre tinha as opiniões mais divertidas. Shara ficou ali por um momento, esperando Draco sair, para sustentar um pouco melhor aquela mentira, e ele foi rápido, não levando mais que 5 minutos para fazê-lo.

—Por um momento achei que não fosse entrar na brincadeira - ele disse assim que a viu – mas agradeço que tenha feito, tem talento para atuação – ele comentou.

—Por um momento eu não ia - ela disse sendo sincera – ainda mais por que você estava me usando para provocar a Pansy - ela pontuou, cruzando os braços.

—E você me usando para provocar o professor Snape - ele devolveu – ou acha que não notei.

—Certo, achei uma troca justa - ela sorriu

—Tipicamente Sonserino… - ele pontuou – a propósito Shara aproveitando bem... Digamos que o ocorrido - ele se aproximou um pouco mais, e parecia estar sem jeito - quer passar a tarde comigo? - ele pediu corando, era engraçado pois ele corava muito pouco ultimamente, Shara estava livre a tarde, naquela semana de provas, os alunos tinham provas no período matutino e eram liberados no período vespertino para se prepararem para as provas do dia seguinte e poções era a matéria que ela mais temia, não pela matéria em si…

—Draco… acho que seria melhor mesmo estudar - ela disse sem graça - sabe eu tenho poções amanhã - ela lembrou.

—Irá obedecê-lo, seguindo exatamente aquilo que o professor Snape pediu? – ele perguntou, aquilo a incomodava… não ela não queria – sabe ainda posso tomar notas - ele ofereceu – mas honestamente tem algo que eu gostaria muito de te mostrar, vai valer a pena acredite - isso a deixou curiosa e antes mesmo que ela pudesse negar uma outra vez… - me encontre no pátio depois do almoço e vista algo bem quente - ele informou saindo, certo ela suspirou, ela faria, simplesmente pelo fato de não estar obedecendo as ordens dele... ele não poderia ditar as regras da sua vida. 

—___

Draco estava a esperando do lado de fora do pátio conforme o combinado, o clima era mesmo bastante gelado, e ela não sabia se poderiam existir roupas suficientes para mantê-los aquecidos ali, independente do que ela vestisse nada a esquentaria naquelas condições. Ela se aproximou dele completamente encolhida, o vento gelado balançava seus cabelos, quando ela notou que ele estava apontando a varinha em sua direção, a fazendo parar onde estava, sem muita reação.

—Recalfacio - ele disse, e automaticamente ela sentiu suas vestes esquentarem – esse feitiço nos manterá aquecidos por tempo suficiente - ele disse, sorrindo.

—Da próxima vez agradeceria se avisasse antes de fazê-lo - ela pediu, ela podia ter revidado.

—Não achou mesmo que eu fosse te azarar, achou? - ele pediu levantando a sobrancelha.

—Eu desconfio de todo mundo - ela disse o encarando, não era exatamente uma verdade, mas aquilo o fez sorrir ainda mais - onde estamos indo Draco?

—Campo de Quadribol - ele informou, e ela parou onde estava.

—Está de brincadeira? - ela pediu - Draco, está frio, temos provas e sem falar que eu não tenho o menor interesse nesse jogo e muito menos em ver suas últimas manobras, habilidades ou coisa assim – ela insinuou. 

—Eu sei… mas acredite, não é sobre minhas habilidades que estaremos falando hoje - ele comentou – são sobre as habilidades de sua mãe - aquilo chamou sua atenção, que ligação ele estava fazendo ali? 

—Draco… escute, se estiver mentindo, sou eu que vou te azarar e não duvide, eu farei - ela disse séria, querendo que ele entendesse isso, aquilo não era brincadeira, não para ela.

—Eu sei… - ele segurou a sua mão, dessa vez de forma gentil – confie em mim e você não vai se arrepender - ele disse e ambos caminharam até o lugar, lutando contra o vento gelado, e justamente por estar tão frio que não havia mais nenhum aluno lá fora, era loucura na verdade estar, eles pararam no meio do campo e Draco lançou um feitiço, removendo a neve que cobria o chão numa pequena extensão para que eles pudessem se acomodar ali, ele se sentou no chão primeiro e ela o acompanhou confusa, tentando entender o que ele estava planejando - é bonito não é mesmo? - ele perguntou olhando com admiração para o campo deserto.

—Sim - ela se limitou em dizer, mas Draco tinha razão, o campo era mesmo bonito.

—Shara eu sei que isso pode ser desconfortável para você, mas como sabe, eu conheço a sua natureza... - ele disse, agora olhando para ela – uma guardiã, assim como um dia sua mãe foi… - sim ele tinha razão, aquele ainda era o seu maior segredo e era desconfortável saber que podia estar tão exposto assim - Você possui o colar, aquele que pertencia a ela no passado, e isso automaticamente te coloca em perigo - ele disse olhando para o campo - o nome da sua mãe, era Maeva não é mesmo? - ele perguntou e aquilo a assustou… como ele sabia o nome? Ela nunca havia dito - eu sei Shara… não precisa se assustar, bem foi meu pai é claro, como sabe ele está atrás do colar, e ele está meio que obcecado por isso, então ele me contou um pouco sobre as guardiãs, e sobre sua mãe no caso – aquele comentário a fez estremecer - ele não sabe sobre você, sobre a sua existência.

—Ele ainda não sabe - ela sussurrou, externando ali uma de suas preocupações - Draco… eu não posso falar sobre isso… - ela o olhou receosa, ainda sem entender o que ele pretendia com tudo aquilo.

—Entendo, e penso que não deva mesmo, é arriscado – ele ainda a  olhava com cautela – saiba que não pretendo contar sobre você para ninguém - ele parecia querer tranquilizá-la de certa forma - eu já teria feito se quisesse - ela sabia que ele estava sendo verdadeiro naquilo.

—Eu confio em você Draco - ela disse, de alguma forma ela sentia que podia fazê-lo.

—Tem minha palavra - ele reforçou - uma curiosidade, sua mãe e professor Snape, eles foram namorados no passado? - ele perguntou e aquilo podia ser ainda pior… ela gesticulou negativamente com a cabeça, um tanto quanto desesperada com o rumo que aquela conversa estava tomando, afinal não precisava ser nenhum gênio para ligar pontos depois dali - digo pela carta… aquela que encontrei na biblioteca dele aquele dia, já que tinha o nome dela ali – sim, ela se lembrava e era óbvio que ele estava fazendo alguma conexão com aquilo, impossível não fazer.

—Não foi correspondido - ela disse rapidamente, tentando soar o mais convincente possível, ela podia ouvir a voz do diretor reforçando sobre o sigilo.

—Imagino, sorte dela no caso – ele riu - meu pai disse que o professor Snape nunca teve um relacionamento duradouro com ninguém - ele informou - não é por menos.

—Sim… quem aguentaria? - ela disse tentando entrar no clima, e arrastar aquela conversa para longe do professor Snape, o que aparentemente estava dando certo, mas a dúvida ainda permanecia, por que ele estava falando da sua mãe? - por que estamos falando da minha mãe aqui? - ela perguntou indo direto ao ponto.

—Bom… sobre isso, acontece que eu gosto de quadribol e eu gosto muito - ele informou - e por gostar tanto assim, estou sempre lendo a respeito, conheço as técnicas e os jogadores dos times anteriores da Sonserina, a formação e as estratégias temos um histórico muito bom – ele disse com certo orgulho – e na semana passada me deparei com um nome que me chamou a atenção, um nome conhecido, era o nome da sua mãe - ela o encarou surpresa, sua mãe havia jogado quadribol? - ela foi artilheira nos dois últimos anos que estudou aqui e a Sonserina foi campeã consecutiva - ele sorriu - Maeva Lowell não é mesmo? - sim ele estava certo sobre o nome.

—Draco eu não fazia ideia - ela estava maravilhada com aquela informação nova, ela olhou para o campo tentando imaginar sua mãe ali, voando numa vassoura e de repente aquele jogo até pareceu mais atrativo - isso é… tanto, obrigada de verdade - ela agradeceu, ele tinha razão, havia valido a pena.

—Ah mas isso não é tudo - ele comentou ao tirar duas miniaturas do bolso as colocando no chão, eram pequenas vassouras, ele fez um feitiço e elas tomaram proporções maiores - essa é minha vassoura - ele explicou, apontando para uma vassoura moderna, completamente diferente da outra – e essa foi da sua mãe, veja tem o nome dela marcado na madeira do cabo - Shara olhou aquilo, incrédula, ela a pegou com cuidado, aquilo não podia… era mesmo da sua mãe... 

—Draco… como? - ela pediu emocionada, enquanto passava o dedo indicador cuidadosamente pela marcação na madeira "artilheira Sonserina - Maeva Lowell" – minha mãe – ela disse, mal podendo acreditar no que estava vendo, era algo pessoal dela.

—No depósito antigo da escola, algumas vassouras ficam aqui por anos, a da sua mãe, por sorte estava - Shara olhou para aquela vassoura como quem olhasse para algo muito valioso.

—Draco isso… - ela estava emocionada – significa tanto.

—Eu imaginei que fosse gostar – sim… gostar era pouco para aquilo que ela estava sentindo, então num impulso quase involuntário ela pulou em cima dele o abraçando com força, e o derrubando no chão, eles caíram de barriga pra cima, aquela não era uma queda dolorida.

—Eu nunca vou me esquecer do que fez Draco, nunca - ela disse olhando para o céu, ela ainda segurava a vassoura de sua mãe, agora a trazendo para perto do seu peito, aquilo quase podia compensar aqueles dias pesarosos que ela tinha tido.

—Entendo… e sei que é quase impossível se esquecer de mim - ele provocou - mas francamente você precisa parar de cair em cima de mim desse jeito - ele disse de forma divertida, a fazendo rir, ele era muito bem humorado, e ela gostava disso.

—Na verdade eu disse que não me esqueceria do que fez… não me referia a você exatamente, afinal o que te torna diferente dos outros? - ela perguntou em tom de provocação.

—Sou um Malfoy, obviamente e isso faz toda a diferença - ele apontou.

—Claro tem isso - e pela primeira vez a menção daquele sobrenome não a deixou desconfortável.

—Interessante - ele exclamou - eu nunca tinha visto o campo de quadribol por esse ângulo de visão - ele comentou.

—Então, de alguma forma eu te proporcionei uma experiência nova também - Shara disse sorrindo, ela sorria bastante quando estava com ele, ele havia ficado em silêncio – sabe Draco, essa é a parte que você diz que nunca vai se esquecer disso também - ela aproveitou a deixa para brincar.

—Eu certamente não me esquecerei disso - ele respondeu prontamente - e sinto que posso ser eu mesmo quando estou com você, e antes que pergunte essa é a principal característica que te torna diferente das outras - aquilo a deixou sem graça, ele deve ter notado, pois saltou se levantando - que tal um voo? - ele pediu estendendo a mão para ajudá-la a fazer o mesmo.

—Ah eu não voo - ela disse constrangida - altura não é muito o meu forte.

—Oque? Que tipo de bruxa você é? - ele disse incrédulo.

—Desculpa decepcioná-lo Draco, mas sou o tipo de bruxa que tem medo de altura - ela completou, não haviam razões para esconder aquilo, e ela preferia manter os pés no chão.

—Está de brincadeira... você encarou aquela fera aquática e está me dizendo que tem medo disso? - ele olhou para a vassoura - bruxos não tem medo de altura sabia - ele enfatizou, mas ela tinha, e tinha muito, era estranho pensar que sua mãe tinha sido uma artilheira, era estranho pensar nas razões em por que ela se sentia assim com aquilo… ela fechou os olhos…

…Sentindo o medo a dominar, ela estava sendo carregada em uma espécie de cesto, no meio de uma tempestade bastante violenta, ela chorava e chorava muito… ela sentiu o vento, o frio e a escuridão, ela estava numa vassoura, era alto, muito alto… quem a estava levando? Não havia surpresa alguma ao perceber que se tratava daquela bruxa, Elza... a avó da sua mãe, mas porque ela a estava carregando e naquelas condições?… um raio verde cruzou o céu bem a sua frente, em um barulho de trovão a assustou ainda mais.

—Mamãe…. Mamãe - ela se ouviu dizendo.

—Sua mamãe a essas horas já deve estar morta meu anjo - a bruxa disse, como ela podia afirmar isso? A menos que ela… sim ela estava envolvida na morte de sua mãe, Shara sentiu o impacto daquela constatação, mas sem tempo de processar aquilo adequadamente, elas desceram em uma torre, ainda assim era alto, Shara entendeu que era dali que vinha o medo de altura e possivelmente também da tempestade... ela havia feito alguma associação negativa, ao dia que ela havia perdido a sua mãe para sempre, ela era apenas um bebe e agora o seu destino estava nas mãos dela... Elza e Shara sabia o quão ruim aquilo seria - estou cansada de te ouvir chorar - a mulher havia dito colocando as mãos na cabeça - onde está aquele maldito trouxa? - ela perguntou.

—Boa noite - Shara ouviu alguém dizer, espera, ela conhecia aquela voz, Shara estremeceu - teria sido mais fácil se tivesse ido até minha casa, a cidade fica um caos quando chove assim - ele disse se aproximando delas – precisamos ser rápidos deixei minha filha sozinha em casa - ele informou, aquele era Noah, só que um pouco mais novo, porém tão mentiroso como de costume, ele não tinha uma filha - o que trouxe ele pediu? - a velha entregou o cesto onde ela estava para ele.

—Uma criança? - ele perguntou incrédulo - me chamou aqui para me entregar uma criança? 

—Lembro de ter mencionado o interesse de abrir uma casa de acolhimento infantil - ela informou – precisará de crianças para isso.

—Sim minha senhora… - ele falou sem paciência - porém quero lembrá-la de que minha esposa faleceu a poucos meses, e que esse, antes de mais nada era um sonho dela então não pense que seja fácil superar, e sem falar que preciso de uma casa maior e tem algumas burocracias… - ele estava tentando justificar

—Consegui a casa para você digamos que seja uma propriedade antiga da família, então pare de chorar e faça algo - ela estendeu o cesto para ele outra vez, Shara ainda chorava ali.

—Eu agradeço a oferta, mas… não é tão simples como parece… - ele olhou para ela no cesto, parecendo preocupado, Shara nunca o viu olhar assim para ninguém, quem dirá pra ela - por que ela está chorando? - ele pediu, aquilo estava tão fora de contexto, ele não se importaria, nunca fez - onde conseguiu essa criança?

—Apenas pegue a maldita criança - Ela disse irritada e Noah parecia assustado com aquela mudança repentina.

—Não… se insistir eu vou chamar a polícia - ele disse se virando, e assim que fez, Shara viu a bruxa lançar um feitiço, também sem varinha, ele parecia ter congelado no tempo.

—Trouxa imbecil, acha que foi fácil achá-lo para simplesmente me virar as costas dessa maneira - Elza disse se aproximando dele e colocando a mão em sua cabeça "você vai levar a menina, assim como o seu antepassado fez, você vai abrir a casa de acolhimento no lugar onde eu indicar, o mal que habitava dentro dele, será acentuado dentro de você, você se tornará o pior tutor possível, fará mal a ela e todas às crianças que cruzarem o seu caminho, não haverá apego, nem vínculo, você não será capaz de amar mais ninguém, esquecerá também que um dia amou, você será dado a bebida, fará negócios ilícitos e também estará suscetível a todas as más inclinações do coração… faça tudo isso, apenas não a mate, vou precisar dela viva… em alguns anos ela estará pronta… apenas cumpra o seu papel" ela sussurrou e assim que acabou a realidade parecia ter voltado a normalidade para ele ali, Shara viu quando Noah se virou, aquele olhar... sim era o olhar que Shara conhecia muito bem... o que ela havia feito com ele?

—Me dê a menina – ele pediu a encarando, e então saiu… enquanto a bruxa sorria, satisfeita.

—Alouuuuuu - Shara se viu com Draco acenando a sua frente. 

—Draco… eu - ela conseguiu dizer, aquilo havia sido forte demais, ela não sabia dizer do que se tratava aquilo, afinal não era como uma visão onde ela podia caminhar pelo lugar… não, e também não era como ver uma lembrança, aquilo pela primeira vez não era sobre Medusa, era sobre o seu passado, era como se algo tivesse destravado uma memória do seu próprio passado, uma memória cheia de significado e de respostas para ela… então Noah, ele havia sido bom um dia? e o erro dele, era estar na linhagem do pai adotivo de Medusa? Por que ele? Então foi assim que Shara havia sido deixada? Ela sabia da história do cesto, mas a versão era um tanto quanto diferente daquela, mas aquilo justificava o por que ela tinha tanto medo de altura... de tempestade - eu… topo – ela respondeu notando Draco a olhar de forma estranha.

—Topa o que? - ele pediu cauteloso

—Voar é claro - ela disse olhando para a vassoura da sua mãe.

—Você acabou de dizer que tem medo de altura - ele parecia confuso - você está bem? - ele pediu.

—Não – ela admitiu, obviamente que ela não podia se abrir com ele, ela queria correr para alguém... chorar, havia tanto a ser dito, o seu passado, era tão… tão nebuloso, sua mãe havia sido morta, pelo que tudo indicava por Elza, sua avó, e Shara, ela havia sido raptada? Bem isso ela não sabia, mas parecia que sim, ela havia sido levada até Noah, antes mesmo do lar existir... - eu não a conheci, ela é uma estranha pra mim - Shara disse olhando para a vassoura, sabendo que Draco esperava que ela elaborasse algo dali - a minha história, o meu passado é algo… tão difícil - ele não entenderia, era o máximo que ela podia dizer - às vezes você não se sente deslocado, como se não pertencesse a lugar algum? - ela pediu… era assim que ela se sentia, ele estava silencioso - esqueça, você é um Malfoy como poderia…

—Sim - ele disse a interrompendo - o tempo todo na verdade - ela o encarou, ela não imaginava - Meus pais esperam que eu seja como eles, digo como meu pai mais precisamente… ele ainda é devoto a causa é devoto dele….

—Dele? - ela perguntou - Voldemort?- ela arriscou.

—Não diga o nome - ele repreendeu - sim… é questão de tempo até que ele volte... e é esperado de mim que eu o siga, que eu seja como meu pai, fiel à causa… na verdade Shara, você se torna uma exceção aqui, por não ter família, pai… mãe que te obriguem a isso mas a maioria dos alunos da nossa casa, são filhos de comensais… não existe muita opção para nós... mas eu não sinto que pertenço a isso, talvez muitos também não sintam… Pansy por exemplo, eu sei que ela é uma chata insuportável, mas a família dela tem sido horrível a anos… e isso é o que nos une.

—Voce… ela, digo todos vocês, ainda podem escolher… 

—Voce não entende Shara, não existe escolha para pessoas como nós… como eu… - ele olhou para o vazio do campo – meu pai espera que eu encontre o colar e o entregue – ele disse voltando ao assunto – posso facilmente enrolá-lo agora, mas quando o lorde das trevas retornar, eu não poderei então eu vou cair Shara – ele disse colocando um peso enorme naquelas palavras. 

—Sempre existe escolha Draco - ela disse acompanhando o olhar vazio que ele lançou.

—Não quando somos condicionados a algo - ele revogou, estava sério.

—Bom, pode até ser mais difícil… talvez pareça impossível, mas dependerá apenas daquilo que queremos de verdade e da intensidade em que queremos - ela segurou a vassoura da sua mãe com firmeza subindo nela.

—O que está fazendo? - ele perguntou

—Provando algo…   - ela devolveu.

—Vai voar? - ele a encarou - Shara não precisa provar nada pra mim, se tem medo é melhor que fique…

—Draco, não é pra você que quero provar, eu fui condicionada a ter medo de altura, você mesmo disse que nenhum bruxo o tem, então eu escolho… eu decido não ter mais medo algum - ela disse, olhando pra frente e impulsionando a vassoura para o alto nenhuma bruxa velha iria ditar o que ela sentia nem determinar o seu futuro, isso acabaria ali, ela havia decidido, ela fechou os olhos e subiu, sentindo o vento frio bater no seu rosto, e balançar os seus cabelos, ela não podia acreditar que estava mesmo fazendo  aquilo "isso é por você mamãe" ela sussurrou.

—Shara... – ela ouviu a voz de Draco logo atrás – já pode parar aí, está alto o suficiente e está quase passando dos limites do campo – ele informou, ela não havia aberto os olhos ainda, mas decidida ela fez, sentindo algo destravar dentro de si, ela olhou para o horizonte, olhou para baixo, olhou para ele e ela sorriu, sim… enquanto sentia as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, ela se sentia tão livre ali – que magia é essa? – ele perguntou se aproximando.

—Magia?  - ela perguntou intrigada.

—Uma coisa azul, saiu... meio que saiu de você enquanto subia – ele disse e aquilo comprova o que ela havia sentido, uma ruptura havia acontecido, ela tinha certeza disso - Está chorando? – ele perguntou preocupado.

—Sim... – ela olhou para o horizonte, ela estava mesmo voando, e voando na vassoura que havia sido dela um dia, da sua mãe – mas não se preocupe Draco - ela sorriu outra vez - eu nunca me senti tão livre assim antes - e ele parecia ter entendido aquilo.

—Shara você é a menina mais estranha e confusa que eu já conheci - ele pontuou - mas isso que você fez… - ele parecia procurar as palavras ali - bem, talvez você tenha razão e quem sabe exista mesmo alguma escolha para cada um de nós - ele concluiu.

—Draco, você que não percebeu, mas já fez a sua - ela disse para ele - agora… é sua vez de provar algo - ela o encarou de forma provocativa - prove que é mesmo rápido como costuma se gabar por aí e tente me pegar - Shara disse, impulsionando sua vassoura para baixo, enquanto ria o deixando para trás.

—Vai se arrepender disso Shara - ela o ouviu gritar, e ela gargalhou alto, com a convicção de que ela havia vencido, não dej Draco, ele certamente a alcançaria, mas ela havia vencido aquela batalha contra Elza… aquela vadia que se prepare pois Shara estava disposta a vencer também a guerra.

—__

Num lugar não tão distante dali, Elza arremessa com força um copo de vidro contra a parede, enquanto solta um brado de puro ódio. Aquilo não deveria estar acontecendo, não... Maldição algo estava errado.


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Notas finais do capítulo

Os capítulos estão ficando compridos sorry

Então aqui temos bastante informação,
Começando com uma vingança bem articulada do Severo e agora temos uma Pansy Parkinson metida a importante cheia de furúnculos na pele na enfermaria (maravilhoso) haha direto no ponto fraco.

E uma notícia feliz, Shara vai poder visitar Catie no feriado, coincidentemente isso a leva até a enfermaria também onde ela e Snape tem seu primeiro grande embate, a bichinha não ia deixar por baixo, sendo filha de quem é né gente kkkkk não sabemos o que Snape achou disso mas conhecendo bem, deve ter odiado, e Draco certamente deve estar na sua lista negra de pessoas que ele deseja matar.

Agora o grande ponto alto desse capítulo (meu ponto de vista é claro, ciente de que pode ser bem diferente de quem lê) é o entrosamento de Shara com Draco, e a informação que ele trouxe sobre sua mãe, entregando a vassoura de Maeva para ela no campo de quadribol, cara... isso é algo tão cheio de significado para ambos.

E bem como vemos isso destrava alguns acontecimentos muito importantes apartir dali, primeiro uma memória do passado dela (sei que não consegui deixar claro no capítulo mas explicando aqui, quando Poseidon declarou que a verdade estaria dentro de Medusa no seu subconsciente e de que isso seguiria sua geração, enfim é sobre isso...)
Essa memória nos traz respostas a perguntas feitas desde o início dessa história, de onde vem o medo de Shara por altura, da tempestade (meio que já sabíamos) e então conhecemos um pouco do passado de Noah também, personagem não esquecido (isso aqui é meio Dark gente, se vc assistiu essa série... É tipo o passado liga o presente que liga o passado kkkk loucura total) e vemos como Elza desenrolou a trama, e Noah não era simplesmente um cara aleatório na história, ele é descendente do tal do pai adotivo de Medusa... Elza reproduziu o passado ali, e entendemos que Noah estava sob o efeito de um feitiço (sem passar pano pelo que ele fez é claro)

Então Shara meio que se dá conta do que Elza fez com a sua mãe e com ela mesma (quer dizer mais ou menos) cada personagem sabe um pedaço da história agora, se juntar dá certo kkkk, mas o que importa aqui é que ela decide quebrar aquilo, enfrentando o medo que foi imposto e provando que uma condição pode sim ser mudada, ela tinha a vassoura da mãe dela agora, que foi fundamental para impulsiona-la a ter coragem de fazer o que fez, então ela voa (uhulll) provando para ela mesma que é capaz de fazer suas próprias escolhas e determinar o seu futuro, e não mais Elza e de lambuja ainda traz significado para o dilema que Draco enfrenta ao achar que não terá escolha no futuro, quando na verdade, como diz Shara, ele já escolheu. Fantástico

E pelo que tudo indica... As coisas parecem mesmo estar fugindo do controle de Elza aqui...

Gente sem spoiler, mas o próximo capítulo é muito forte e emocionante. Eu disse que teriamos fortes emoções então é isso que vamos ter.



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