Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 73
Futuro - Ela é filha Dele




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Era sábado de manhã e aquele era o último final de semana antes do feriado de natal, o grande Salão parecia estar ainda mais abarrotado do que costumava ser, talvez fosse apenas impressão, já que fazia dias que Shara não colocava os pés ali, mas dado a data e toda a decoração que era impecável e deixava o espaço incrivelmente lindo e aconchegante, talvez pudesse haver alguma correlação. Shara entrou a passos lentos e cansados, ela sabia que a sua expressão estava abatida, refletindo ali o turbilhão de emoções que a consumiu naquelas últimas horas "não posso chamar a atenção, preciso ser discreta" ela repetiu diversas vezes para si mesma durante todo o trajeto, coisa que ela achava ser quase impossível de fazer.

Ela se sentia como uma estranha ali, e a sensação de pertencimento que uma vez experimentou agora parecia ter desaparecido, era estranho, mas era como se ela não conseguisse se conectar com lugar algum, ela torcia para que fosse passageiro e que a medida que se acostumasse a conviver com essa nova realidade, algumas coisas pudessem simplesmente voltar ao seu lugar, ela suspirou, a verdade é que ela não queria estar ali, mas ela não deveria mais adiar aquilo “se comprometa com sua decisão” ela quase podia ouvir a voz do diretor falando em sua mente, sim ela faria... olhando para as mesas, seus olhos passaram por rostos conhecidos, na mesa principal, haviam poucos professores e aquele de quem ela estava fugindo, não estava presente e isso ajudava um pouco.

Shara se sentou, na parte mais vazia, desejando profundamente ser invisível naquele momento, ela torceu para que ninguém viesse falar com ela, para que pudesse passar despercebida, pelo menos por um tempo... no entanto, e conforme ela mesmo havia previsto os seus desejos de solidão foram rapidamente desfeitos quando duas figuras se aproximaram da mesa onde ela estava e se sentaram ao seu lado. Gina e Beta, Shara não pode deixar de notar a troca de olhares entre si que ambas tiveram antes de se sentar ali.

—Oi, Shara – Gina foi a primeira a falar com ela, e pela sua voz, ela parecia mesmo preocupada - Nós estávamos preocupadas com você, bem... você desapareceu por uma semana todinha - Shara ergueu o olhar, forçando um sorriso fraco.

—Eu sei... sinto muito, eu... estive ocupada – a verdade é que Shara não havia pensado e nem elaborado algo para dizer para elas, ela estava tão exausta com todo o resto, que optou em deixar que as coisas simplesmente acontecessem.

—Ocupada... ocupada com o quê? – Beta disse se juntando a ela, era difícil... por céus como era difícil, Shara podia sentir a tensão, enquanto ela tentava encontrar palavras adequadas para explicar sua ausência sem revelar ou dar quaisquer indícios sobre o que de fato havia acontecido.

—Eu apenas...  Tive algumas coisas para lidar -  foi tudo o que ela conseguiu dizer. As duas amigas trocaram olhares novamente, Shara sabia que podia estar arruinando tudo, Beta não gostava de segredos e Gina.... Gina a surpreendeu colocando uma das mãos sobre a sua de forma carinhosa e reconfortante.

—Você pode contar conosco, Shara independente do que seja, e se algo estiver te incomodando, e se sentir à vontade para dizer... bem quero que saiba que nós estamos aqui para você – ela disse, Shara sentiu um aperto no peito, uma mistura de gratidão e de tristeza. Ela queria tanto poder compartilhar aquele fardo com elas, mas as palavras de Dumbledore ecoavam em sua mente, lembrando-a de manter sua decisão e toda a descrição necessária sobre aquele assunto.

—Eu aprecio isso, de verdade - ela disse baixo, sua voz carregada de emoção genuína - Mas é algo que eu preciso resolver sozinha – ela disse sendo sincera com elas.

—Mas... está tudo bem agora? – Beta perguntou, ela não parecia nenhum pouco chateada com a falta de informação, elas pareciam entender e respeitar o seu desejo por espaço. Shara assentiu, forçando um sorriso mais convincente desta vez.

—Sim, estou me sentindo muito melhor hoje – ela tentou soar mais animada.

—Bom sendo assim – Beta disse apoiando alguns livros sobre a mesa – o quanto você tem estudado para as provas? - ela perguntou, Shara olhou para Gina que havia arregalado os olhos para ela, como que suplicando por ajuda.

—Socorro – Gina disse devagar e em câmera lenta na sua direção – tem sido assim a semana toda – Shara sentiu vontade de rir, ela conhecia Beta e conhecia Gina... elas eram tão diferentes, mas eram incrível quando estavam juntas, e quem sabe ter a presença das suas amigas, podia mesmo lhe fazer algum bem, ela sorriu.

—Tudo bem Gina, acho que vou mesmo precisar de ajuda com isso – Shara disse com honestidade, até por que se concentrar nos estudos, era algo que ela sabia que dificilmente iria fazer, se estiver sozinha, Beta abriu um largo sorriso, como quem esperasse ansiosa por aquele comentário.

—Claro, eu fiz um plano de estudos quer ver? – Beta perguntou animada, enquanto Gina batia sua cabeça na mesa, por repetidas vezes. Shara não aguentou a cena e começou a rir, ela achou por um momento que nunca mais poderia sorrir daquela maneira, mas sorrir era fácil, quando se tem bons amigos por perto.

Elas foram interrompidas com a chegada do correio, Shara recebeu uma carta também, era de Catie, Shara podia reconhecer aquela caligrafia a distância... ela a abriu e sentiu-se pesar com a resposta animada da amiga, com a notícia de que ela iria poder visita-la no natal, a única questão pontuada por ela ali, era de que Shara viesse um dia antes do feriado, pois exatamente no natal iria acontecer algum tipo de evento no lar, algo organizado pela comunidade local, sim tinha isso também, afinal aquela era a única época do ano em que as pessoas se lembravam de crianças como elas... Shara suspirou, não pela mudança de data, mas sim com o fato de como ela iria sustentar aquela visita agora, ela não queria e não podia decepcionar a amiga, ela teria que pedir ao diretor, aquilo era importante.

—___

Shara havia passado a tarde com as amigas, era prazeroso ouvi-las falar sobre qualquer tipo de assunto, e os estudos haviam de fato rendido, Beta era bastante organizada e ela tinha um plano de estudo muito completo, sobre o feriado de natal, Beta iria para casa, seu pai estava ansioso e empolgado esperando por ela e sua irmã, mas a amiga estava apreensiva e não conseguiu esconder o quanto pensar naquilo a incomodava, já que aquele seria o primeiro final de ano sem que a família estivesse completa, ela ainda se sentia culpada por tudo que aconteceu, já Gina, ela era a única entre os irmãos Weasley que iria para casa esse ano, por opção, ela não quis comentar muito, mas falou sobre o fato de dar um tempo da escola, ou seja... Shara estaria sozinha durante todo o feriado, ela suspirou, abrindo a porta da enfermaria, ela havia pensando muito antes de ir até lá, mas havia algo que ela precisa perguntar para Antony, algo que apenas ele saberia.

—Shara – ele disse se aproximando prontamente, assim que notou sua presença.

—Oi – ela disse sem graça – está ocupado? – ela perguntou, notando que ele estava atendendo duas garotas Lufanas do último ano.

—Ah não, elas estavam de saída – e assim que ele havia dito as meninas passaram por ela e por ele se despedindo de forma engraçada – fico impressionado como as meninas do último ano tem dor de cabeça, sabe tem sido assim quase todos os dias, devem estar estudando muito – ele comentou enquanto a porta se fechava.

—Bom, Antony se me permite a honestidade, mas acho que elas não estão com dor de cabeça de verdade – ela tentou soar de forma divertida.

—Ah claro que estão... – ele reforçou – ninguém viria a enfermaria para tomar remédio se não estivesse sentindo dor, coitadinhas...  – ele não podia mesmo ser assim tão devagar, podia? até ela que tinha 11 anos tinha percebido as intenções, ela se aproximou dele, e lhe deu um tapa na cabeça.

—Mas é lerdo heim - ela sorriu com a brincadeira.

—Ai... o que é isso? - ele perguntou indignado - Está parecendo o seu pai – ele comentou, fazendo Shara parar de sorrir imediatamente, ficando séria e rígida – já não basta ele, qual o problema de vocês - ele disse passando a mão na cabeça e não notando a sua mudança repentina de humor.

—Ele não é o meu pai... não o chame assim – ela disse séria, o repreendendo.

—Shara... eu não quis te ofender... olha, foi apenas um comentário, me desculpe... – ele tentou concertar.

—Apenas... ahhh esqueça... – ela bufou, achando melhor não continuar aquilo – vim perguntar uma coisa – ela disse indo direto ao assunto.

—Claro, se eu puder... ajuda-la – ele parecia pisar em ovos agora.

—Acho que sim, é algo sobre Medusa – ele a encarou interessado - saberia me dizer se ela era adotada ou algo do tipo? – ela perguntou, afinal se existia alguém ali que poderia esclarecer algo nesse sentido, seria ele, ou quem sabe a Hidra, mas pensando bem, talvez Shara não estivesse disposta em abordar aquela fera aquática e enfrenta-la outra vez, ainda mais quando o intuito era fazer perguntas sobre a irmã dela, alguém que elas tanto amavam, é... melhor evitar, ainda mais naquelas circunstâncias, aquele já estava sendo um final de ano bastante conturbado para o seu gosto, Antony serviria.

—Quem te disse isso? – ele perguntou surpreso.

—O diretor – ela respondeu sem ressalvas – e isso é importante, pois tem a ver com a minha magia, a magia sem varinha no caso, então se pelo menos uma vez você puder olhar nos meus olhos e me contar a verdade, bem eu meio que agradeceria sabe – ela disse cruzando os braços, demonstrando mais uma vez o quanto aquele assunto a chateava e deixava desconfortável.

—Shara... – ele suspirou – entendo que toda essa situação tenha te deixado aborrecida... e que deve estar sendo bastante difícil no momento para aceitar, mas saiba que o professor Snape…. Saiba que ele...

—Antony não – ela o interrompeu – eu preciso que você pare... – ela sinalizou com a mão – entenda... eu vim até aqui, com apenas uma motivação e eu gosto de você, de verdade... então por esse motivo eu peço por favor que pare, eu não quero discutir esse assunto, principalmente com você... eu não quero ter que brigar com mais ninguém, e me desgastar com isso... já que vamos discordar, eu sei... então não – ela suspirou cansada – eu vim, por que quero saber um pouco mais sobre a história dela, Medusa pois automaticamente isso também é sobre mim, apenas isso... e será o suficiente acredite  – Shara disse numa tentativa de fazê-lo entender, que aquele não era o momento apropriados para esse tipo de discussão, havia tantas outras coisas em jogo, a vida de pessoas por exemplo... o fechamento da escola, o afastamento do diretor... não à toa que ela estivesse tão cansada, sempre havia tanto em suas costas, e ainda assim, nada daquilo anulava o fato dela ser a guardiã predestinada a ter que fazer aquele ritual macabro, quebrar a maldição, trazendo Medusa sabe-se lá como dos mortos, e pensando também por esse lado, saber um pouco mais sobre ela não era de todo ruim.

—Certo – eu respeito seu pedido – e estou a suas ordens princesinha – ele disse sorrindo porem de forma discreta e usando aquele que parecia ser seu novo apelido – mas saiba que não vai poder fugir disso pra sempre, ele é seu pai Shara e você é filha dele, nada muda isso – ela fechou os olhos, ele estava tudo menos respeitando, ele era mesmo muito devagar para algumas coisas, e ela simplesmente não queria ouvir, ela não queria ser lembrada sobre aquilo, já não bastava ter que reviver a cena em loop na sua mente... aquilo não havia sido uma boa ideia, talvez a Hidra fosse de fato a melhor opção... ela pesou os pés caminhando até a porta, decidida a deixá-lo ali, falando sozinho se fosse o caso, Antony não era como o diretor então com ele, ela meio que podia.

—Sim, ela era adotiva – ele respondeu e Shara parou onde estava, ainda de costas para ele – não é uma história muito comum, e também não é nada bonita, mas a verdade é que Medusa, bem, ela foi comprada no comércio local, como se fosse um animal, foi comprada por Teles, aquele que passou a ser o seu pai adotivo, Teles não era um homem bom Shara, bem pelo contrário, ele bebia muito, ficava exaltado e tinha uns negócios um tanto quanto ilícitos... Teles tinha duas filhas e sua esposa, ela havia fugido com outro homem, um escândalo para a época, então talvez para esquecer suas mazelas, ele passava a maior parte do tempo bêbado do que sóbrio, Medusa era uma criança diferente, de beleza ímpar e isso certamente chamou sua atenção, então ele a resgatou de um Mercadante que estava de passagem, pagando por ela, e foi então Medusa passou a viver com aquela família, num regime quase escravo, ela era apenas uma criança quando tudo isso aconteceu, o mais estranho é que Medusa, ela não se recordava do que havia acontecido antes disso, do seu passado... dos seus pais, da sua história...  Era como... se não existisse nada antes daquilo – ele parecia tentar encontrar as palavras para explicar – ninguém sabe o que aconteceu de fato – ele finalizou e ela se virou... era uma história em tanto, e Shara sentiu um aperto no peito por Medusa,  não era justo que crianças sofressem tanto assim.

—Como se tivessem apagado a sua memória – Shara disse por fim, agora um pouco mais familiarizada com esse feitiço.

—Sim, algo assim – ele respondeu – eu fui o único a quem ela se abriu sobre isso, claro que suas irmãs também sabiam, mas ela não gostava de falar no assunto, era difícil para ela,  mas sabe a lição que tiro disso - ele falou a encarando - que as vezes fugir de assuntos difíceis pode parecer a melhor solução... mas acredite Shara que não é – ela entendeu o que ele estava tentando dizer... mas optou em ignora-lo.

—Interessante – Shara disse pensando sobre aquilo – então o diretor estava mesmo certo sobre isso – ela olhou para as mãos – magia ancestral, isso é algo que corre em minhas veias, eu possuo o sangue de Medusa e ela certamente era filha de algum tipo de divindade que desconhecemos... quem foram os pais dela? - Shara perguntou mais para si mesma, vendo Antony balançar a cabeça de forma negativa, ele não sabia... aquilo havia se perdido no tempo, pelo menos foi o que ela pensou... quando...

“Shara não sabia dizer onde estava, mas havia muito barulho e caos… ela caminhou pelo espaço, tentando encontrar algo ou a razão de ter sido trazida até aquele lugar… foi quando ela notou a criança, era uma menina pequena, de aparentemente 5 anos de idade... ela estava se escondendo em um recanto de pedras, seu rosto estava completamente marcado pelas lágrimas, e Shara sabia exatamente quem ela era, era Medusa… Shara se aproximou dela, agora sabendo bem como as visões funcionavam e se sentindo mais à vontade em caminhar pelo cenário desconhecido, Medusa estava com medo, completamente encolhida a fazendo se lembrar do seu próprio passado, ela entendia o medo de uma criança nessa idade, então Shara olhou pelo entorno, não havia ninguém por perto... o lugar era um tanto quanto assustador, parecia ter sido recém devastado e haviam pessoas gritando a uma certa distância... então Shara entendeu, aquele era um ataque, uma guerra ou algo assim… aquele povo, aquele lugar estava sendo atacado… sim aqueles entulhos todos, eram na verdade escombros, ela sentiu vontade de acolher a menina, mas não funcionava assim...

—Medusa.... Medusa – ela ouviu alguém chamar, alguém que parecia bastante desesperado em encontrá-la.

—PAI – a menina saiu de trás do esconderijo onde estava, e Shara viu um homem se aproximar, estava um pouco escuro também, mas assim que ele se aproximou da criança... Shara congelou, sentindo todo o seu corpo enrijecer, não era possível… simplesmente não podia ser... – pai... – a menina disse novamente confirmando qualquer dúvida que pudesse ter havido, e então correu até ele se jogando em seus braços e ele a recebeu, a apertando com força contra si, ele era o pai dela... Poseidon.... Poseidon, Shara repetiu.... Ele era o pai de Medusa... como? Ele a beijou diversas vezes, parecia aliviado por tê-la encontrado.

—Você é a menina mais corajosa que eu já conheci – ele disse para ela, enquanto a segurava com bastante força como quem pudesse segurar um tesouro, era nítido e Shara podia sentir, de alguma forma o quanto ele a amava... Shara ainda estava tentando processar aquilo, como? Podia simplesmente tudo estar errado... a história, os livros... a lenda, até mesmo o julgamento de Atenas?

—Forcis – um homem bem mais velho apareceu – precisamos da sua ajuda a baía está sucumbindo, só a sua magia poderá detê-lo.

—Sim... Caius, eu já vou – Poseidon respondeu... mas ele havia respondido por outro nome... Shara estava confusa, quem era Forcis? Por que ele estava sendo chamado assim?

—Pai... por favor, não vá embora, estou com tanto medo – a criança se agarrou em seu pescoço com força – onde está a mamãe? – ela perguntou aflita, a menina não havia notado mais Shara sim, havia uma expressão de dor no rosto dele, e Shara sabia exatamente o que havia acontecido, com a mãe dela, ela havia morrido...

—Escute querida, papai precisa ir... aqui não é mais seguro para você, preciso que confie em mim está bem? – Medusa gesticulou positivamente – eu prometo que assim que eu puder eu vou atrás de você, eu vou te encontrar está bem? – ele parecia emocionado ali.

—Caius ... – Poseidon chamou

—Sim meu rei - o homem mais velho respondeu.

—Chegou o momento que te falei… leve minha filha, até a costa, encontre o primeiro vilarejo e a deixe lá – ele orientou

—Senhor... mas... – ele parecia confuso

—Caius, você tem sido meu servo mais leal, estou confiando minha filha a você – o homem mais velho parecia desconfortável com aquilo – apenas faça - Poseidon pediu

—Sim, farei – ele havia dito, fazendo uma reverência.

—Medusa – ele chamou, se voltando para ela, a menina o soltou, entendendo que deveria ir, ela o olhou com um olhar triste – eu vou te encontrar está me ouvindo, onde estiver... eu vou te encontrar, mas pra isso papai precisa fazer uma coisa – ele disse encostando a ponta do nariz dele com o dela – eu fiz uma promessa a sua mãe, e eu vou cumprir... eu vou protege-la Medusa, até meu último dia de vida, nem que pra isso eu seja obrigado a tomar decisões difíceis, como a que vou tomar agora... mas quero que saiba que eu faço e farei qualquer coisa por você – a menina sorriu, mas Shara não... aquilo não podia ser possível, por que Poseidon estava repetindo praticamente as mesmas palavras ditas pelo professor Snape na noite anterior... aquilo era algum tipo de piada? Shara sentiu um aperto no peito, e falta de ar... aquela visão, bem agora... então ela viu uma luz azul saindo da mão dele, o que ele estava fazendo? Era magia sem varinha, e então a menina dormiu de forma desajeitada em seu colo – Medusa - ele sussurrou no ouvido dela - você se lembrará de mim apenas em seu subconsciente, você me encontrará lá sempre que precisar, saberá que sou seu pai e saberá que estou fazendo isso para protegê-la de algo que é mais forte e muito maior do que eu, lembre-se de que é amada, muito amada e nunca se esqueça de sua essência, por que eu jamais me esquecerei de você... minha menina, você foi a melhor coisa que nos aconteceu - ele disse enxugando uma lágrima e Shara notou que estava fazendo exatamente o mesmo, aquilo era uma despedida e parecia estar sendo muito difícil para ele ali - eu e sua mãe… nós sempre estaremos com você, a onde estiver… a verdade estará aqui dentro, isso é algo que seguirá você e toda sua descendência... mas enquanto esse mundo não for seguro para uma criança como você, você se esquecerá de todo o resto – ele assoprou, assim como Shara o havia visto assoprar na capsula do colar - é melhor que as coisas sejam assim, sua memória será apagada... faço isso para o seu bem, faço isso por que te amo... até breve minha filha – ele disse entregando a menina para o senhor mais velho.

—Tem certeza disso Fórcis? – ele perguntou ajeitando a criança em seu braço – talvez esse dia nunca chegue.

—Sim... Eu sei que vai chegar, tenha fé… e Ceta esperaria que eu fizesse – ele disse triste – eu sei que Medusa nunca vai me perdoar por isso, ela nunca poderá entender algo assim... Mas prefiro que ela me odeie e possa viver, do que perdê-la como acabo de perder sua mãe, eu não suportaria carregar mais essa dor – ele disse, Shara sentiu o impacto daquelas palavras – Caius, quando ela acordar não se lembrará de mais nada, entregue-a a um aldeão, deixemos que o destino se encarregue do resto – ele disse, então um barulho alto foi ouvido e a visão se dissipou... o destino, sempre o destino, o destino podia ser cruel, Shara pensou... se dando conta de que a visão havia mudado e ela estava agora em uma encosta, próxima a um lago, ela se aproximou... vendo Medusa logo a frente, agora alguns anos mais velha, era assim que Shara se lembrava dela, da última visão, ela havia mesmo se tornado uma mulher muito bonita, ela estava chorando.

—Olhe pra mim - Poseidon pediu, ele sequer havia envelhecido, de onde ele havia surgido?

—Como ousa…. Voltar, agora… depois de tanto tempo? - ela pediu, havia ódio naquelas palavras, Shara podia sentir aquilo.

—Eu prometi que voltaria - ele disse para ela.

—Você... você me abandonou… me deixou aqui… como pode fazer isso comigo? - ela pediu, Shara se viu naquelas palavras… sim, ela sabia o que Medusa estava sentindo… por que ela estava vendo aquilo? Shara queria fugir, aquilo era sobre Medusa ou era sobre ela? Mas Shara ainda não havia descoberto como sair de uma visão, e aquilo a obrigava a ficar e assistir.

—Foi uma escolha difícil, mas necessária - ele sequer havia elevado a voz… Shara fechou os olhos... ela entendia ele... mas ela não queria entender ele, não... Shara queria entender ela… apenas ela.

—Eu te odeio, vá embora – ela disse para ele, ela estava chorando, visivelmente abalada - eu não preciso de você, não agora – Shara gesticulou negativamente sua cabeça, Medusa se sentia traída... Shara se sentia assim... mas como ela podia dizer palavras tão duras para ele... depois do que ele havia feito por ela, ele não merecia, não... Shara estava chorando, aquilo estava confuso.

—Eu sei que jamais poderá entender o que fiz, mas saiba que não foi fácil para mim – ele estava tentando explicar.

—Não... eu não posso entender isso, suas escolhas egoístas me trouxeram a esse lugar horrível, com essas pessoas horríveis... você não tem ideia do que passei, eu não posso te perdoar pelo que fez comigo, apenas vá embora – ela disse completamente decidida.

—Você é minha filha, apenas me permita concertar – ele tentou se aproximar dela.

—NÃO OUSE TOCAR EM MIM, nunca mais... eu o odeio e odeio tudo que representa - ela gritou para ele, Shara o encarou, apesar de tudo ele estava calmo... e ele não estava calmo por que não se importava com ela, Shara sabia que ele a amava, mas ele estava calmo por que sabia que não havia o que fazer... aquilo era o destino? - espere só quando sua mulherzinha possessiva souber quem eu sou... espere até Atenas souber que eu existo e souber o que fez... agora vá embora, eu já sofri demais… - ela se referia a Atenas, Shara entendeu isso -  agora eu estou tentando reconstruir algo aqui – ela disse passando a mão pela barriga, ela estava grávida de Crisa... a filha de Antony, Shara ouviu um barulho na mata, e ela notou Antony lá, ele estava escondido atrás de uns arbustos, certamente havia escutado a última parte daquela discussão e então Shara entendeu o que havia acontecido, não…. Aquilo era um equívoco, um grande equívoco... Antony havia entendido errado… Poseidon não era uma espécie de amante ou algo do gênero – saiba que o que fez comigo, a forma como me tocou, deixou marcas terríveis no meu corpo... você me machucou! – ela disse virando as costas para ele e saindo - aquilo soava ainda pior, ele não havia tocado nela, não da forma como Antony havia deduzido.

—Medusa... – Poseidon chamou enquanto ela se afastava – eu sei como se sente, mas tudo que fiz foi por amor – ele disse comovido, mas Medusa não podia ver e nem sentir... – e saiba que apesar de tudo eu nunca vou deixar de amá-la - Shara suspirou… e foi assim que ela e sua descendência acabaram sendo amaldiçoadas… um equívoco, tudo estava mesmo errado, os livros, a lenda… Antony, Atenas… tudo, até mesmo ela.

—Shara está tudo bem? – Antony perguntou preocupado.

—Não – ela disse, sentindo que estava chorando ali.

—Eu sei que é uma história difícil... – ele elaborou, sim era uma história difícil, muito difícil… como ela poderia explicar o quão difícil era para ele?

—Antony – ela se aproximou da maca mais próxima, ela precisava de um lugar para se apoiar – Medusa... ela era a filha de Poseidon - ela disse sem rodeios, revelando a verdade para ele.

—Que? – ele a olhou com desconfiança – Shara, Poseidon foi amante dela, acho que está confundindo – ele explicou para ela.

—Não Antony, eu não estou – ela disse se sentando na maca e se jogando para trás, encarando o teto de pedras da enfermaria, algo que ela já havia feito tantas outras vezes no passado.

—Por que está dizendo isso? – ele se aproximou, Shara sentiu que até o tom de voz dele havia mudado agora.

—Eu tive uma visão – ela explicou.

—Shara... está errada... eu vi, eu estive lá... – ele afirmou.

—Viu o que Antony? – ela perguntou, sim ele havia visto… mas era um equívoco.

—Eu vi... quer dizer eu os ouvi conversando, ele a tocou, ele a machucou.... Ele fez... – Antony parecia confuso... – ele a tocou como não devia – ele repetiu – esse não é o tipo de coisa que eu gostaria de discutir com uma menina de 11 anos – ele disse sem jeito.

—Eu não sou tão inocente como pareço Antony – ela disse, ela havia entendido muito bem o que ele estava insinuando ali, a vida dela no lar a permitia quem sabe compreender coisas que não deveria na sua idade - eu sei o que você pensou sobre isso, mas não... ele não fez, pelo menos não da maneira como acha que ele tenha feito.

—Shara, eu os ouvi conversando, e ele meio que estava obcecado por ela, ele já havia vindo várias outras vezes... e Medusa era encantadora, ele a olhava de forma diferente – ele admitiu – nós, eu e ela estávamos tentando construir algo, finalmente estávamos nos dando bem, e então ela mudou, se tornou distante, estava sempre triste e isso aconteceu logo depois que ele apareceu, então naquele dia eu a segui... eu sei que é errado, mas eu precisava fazer eu queria entender o que estava acontecendo com ela... foi quando eu os vi conversando, eu posso não me recordar com exatidão as palavras que eles usaram lá, mas eu me lembro do olhar dela... havia tanta dor naquele olhar Shara, ele a havia machucado... ele fez – Shara fechou os olhos, sim o destino poderia mesmo ser cruel – e eu o ouvi se declarando para ela, eu... não entendo, como ele… pode ser o pai…

—Eu vi… - ela o interrompeu - Poseidon, com ela... na visão – Shara explicou com os olhos fechados, sentindo as lágrimas quentes descerem pelo seu rosto e molhar o lençol - ela deveria ter uns 5 anos de idade mais ou menos, e eu vi ela o chamar de pai, eu vi ele a segurando no colo, a beijando com ternura e eu também vi quando ele apagou a memória dela... – ela disse devagar, podendo ouvir a respiração pesada dele preencher todo o silêncio daquele lugar – então a visão mudou e eu a vi agora mais velha, eu também os vi conversando e vi você Antony, a espreita atrás dos arbustos... Poseidon havia prometido que iria encontrá-la um dia e foi o que ele fez... ele cumpriu a promessa, ele sabia que ela não entenderia, que não iria perdoá-lo, mas ainda assim ele foi até ela, ele estava tentando consertar algo, mas ela... estava irredutível, foi quando ele se declarou para ela, dizendo que a amava, mas ele Antony... era o pai dela – ela disse  - o pai - ela sussurrou.

—Ele era tão jovem Shara… ele era nobre... tinha pompa, e ele tinha magia, assim como ela – ele disse triste e inconformado – por que ela não me contou? ... eu perguntei... eu fui até ela, eu tentei, eu quis entender, mas ela... simplesmente não me disse nada…

—Talvez ela só não quisesse falar sobre o assunto – Shara podia entendê-la, e pensar nela a fazia pensar também nele… Shara respirou fundo, por que essa visão justo agora? – talvez ela também não pudesse falar sobre ou... talvez ela precisasse de um tempo – Shara não sabia se estava falando de Medusa ou se dela mesmo ali.

—Eles eram tão jovens ali, ambos... o que ela queria que eu pensasse? Então eu deduzi… simplesmente deduzi que havia algo a mais e que o filho fosse dele… eu não confiei nela – ele disse com dificuldade – afinal Poseidon, ele estava lá gritando que a amava, ela estava chorando… eu apenas... – Shara abriu os olhos, Antony também estava chorando agora, aquilo certamente não era fácil para ele e aqueles dias estavam mesmo insanos para ambos, ela se reclinou na maca, para observa-lo, ele merecia ter tido uma vida melhor e diferente daquela.

—Não se culpe – ela disse para ele – foi um equívoco... E você não tinha como saber, e sim ele era jovem… fica difícil assim… tudo bem que ele era um Deus e quem sabe não pudesse envelhecer – ela tentou soar mais descontraída – assim como você que tem a mesma cara a mais de mil anos, mas como você iria saber disso na época – ela sorriu, era verdadeiro, Antony definitivamente não merecia aquilo e muito menos carregar mais essa culpa, estava no passado agora – pelo menos sabemos a verdade, ela suspirou – toda a verdade.

—Shara... – ele a encarou, limpando as lágrimas – tem algo, que você ainda não sabe – ele disse para ela, ela se sentou estranhando – algo sobre mim – ele explicou – você quer toda a verdade não é mesmo? – ele perguntou e ela sentiu seu coração acelerar, do que ele estava falando agora? - quero olhar nos seus olhos e te contar a verdade – ele disse parecendo vulnerável ali, e ela assentiu, sim era o que ela queria… era difícil dizer se algo ainda poderia surpreendê-la naquilo tudo – preparada? – ele pediu e ela mal teve tempo de responder, em tempo ela o viu mudar e se transformar em um pássaro grande, ele tinha os pelos negros nas costas e brancos na parte do dorso, olhos negros e profundos que a encaravam, Antony ele era... era o pássaro da sua mãe?...  então era ele... Antony havia trazido a carta dela para Shara naquele dia tão corriqueiro, quando ela sequer podia imaginar no tanto que a sua vida mudaria a partir dali ... ela o encarou e ele fazia o mesmo, foi Antony, ele… que havia a acompanhado na floresta Perdida daquela vez, era estranho mas ela tinha mesmo notado a falta dele, o pássaro havia simplesmente sumido mais ou menos desde quando Antony chegou em sua vida, então como num flash algo lhe ocorreu, ele o pássaro também estava no seu berço  “Tom Tom”... Ela lembrou, era assim que Shara o chamava.

—Você é o pássaro – ela disse ainda chocada, quando ele voou pela enfermaria e voltou para o chão, se transformando novamente no rapaz que ela conhecia – esse tempo todo – ela disse - Antony era você…

—Sim... então corrigindo, eu não tenho essa cara a mil anos... – ele parecia querer lhe contar a história – eu fui amaldiçoado também, isso você sabe... mas vivi todos esses anos como uma ave, foi assim que me tornei o guia de todas as guardiãs, foi assim que passei despercebido esses anos todos... não como um homem que não envelhece, mas como um pássaro – ele disse finalmente - ninguém liga para um pássaro - ele concluiu.

—Eu... sinto muito – ela o encarou – então é por isso... eu me lembrava de você, por essa razão, eu reconheci a sua voz aquele dia, eu sabia... sabia que te conhecia, era você – ele assentiu positivamente – Tom Tom? – ela chamou... ele foi até ela, sentando ao seu lado na cama e inevitavelmente ela se jogou em seus braços, e ele a recebeu... aquele era um colo familiar, era um abraço conhecido... de alguém que sempre esteve lá – Antony – ela o soltou – como você... voltou a ser você? – ela pediu.

—Hummm - ele a olhou - Severo Snape – ele disse o nome, ela suspirou, é claro que tinha que ser ele, isso explicava pelo menos a conexão que eles pareciam ter... ela pensou, enquanto se jogava para trás deitando na cama outra vez e dessa vez Antony fez o mesmo deitando ao seu lado – foi ele que quebrou minha maldição e bem Atenas é bem judiciosa na escolha dos critérios acho que você já sabe disso, e ele, Severo os cumpriu – Antony disse sem reservas – ele não é uma pessoa ruim, e sou grato a ele por isso – ela fechou os olhos... optando pelo silêncio – Shara, por que Poseidon abandonou Medusa? – ele perguntou.

—Na verdade… ele não a abandonou, ele a estava protegendo - Shara disse sentindo o peso de suas próprias palavras.

—Protegendo – ele repetiu – interessante - ele parecia pensar naquilo - como o destino tem umas coisas engraçadas, às vezes ele simplesmente insiste em repetir algumas histórias.

—Eu sei o que está tentando fazer Antony – ela disse se aninhando mais perto dele, ela estava tão cansada – Mas não tente comparar, Poseidon, ele fez o que era preciso... é diferente e ele não... ele me deixou lá naquele lugar terrível quando ele sim podia ter feito diferente – ela disse convencida, ela estava tão magoada com tudo aquilo.

—Shara por que acha que ele fez isso? – Antony perguntou

—Ele fez... – ela disse bocejando – eu li a carta da minha mãe, ela estava pedindo ajuda lá, e ele, simplesmente optou em não ajudar… ele nos abandonou de verdade - ela concluiu.

—Shara, ele não fez... a carta que você leu, foi entregue a ele apenas a algumas semanas atrás – Antony explicou... ela sentiu seu coração disparar... mas a carta era antiga, e ela pedia ajuda para ele... não fazia sentido... como assim só agora, por que só agora? – pelo menos não sou o único que cometo equívocos aqui – ele disse, também bocejando, não podia ser um equívoco? Podia? ... mas ainda assim, ele não a queria, ela sabia… ele tinha mentido a seu respeito e iria apagar sua memória... “estava protegendo” uma voz dentro dela gritou, mas ela estava tão cansada agora, que ela mal podia ouvir.

—Antony? - ela chamou depois de um tempo

—Hummm - ele murmurou

—Elas… as meninas, bem elas não estão com dor de cabeça exatamente… elas estão interessadas em você - Shara disse sentindo que devia explicar - e a dor de cabeça, digamos que seja apenas um pretexto para te ver, todos os dias - ela bocejou mais uma vez, sentindo os olhos pesarem.

—O que? - ele parecia mesmo chocado, era divertido ouvi-lo - todas elas… tem certeza? - ele pediu

—Sim… só não seja presunçoso quanto a isso - ela disse e ele riu.

—Eu namorei a filha de Poseidon… me desculpe mas não tem como simplesmente não ser presunçoso - ela abriu um amplo sorriso, fechando os olhos… ela estava cansada e então ambos dormiram.

—_

Severo havia optado em não fazer suas refeições no salão principal naquele dia, não que aquilo fosse algum tipo de fuga ou algo assim, mas ele não gostava muito da algazarra dessa época do ano, o salão costumava ficar mais cheio e dessa maneira mais barulhento e sem falar que ele tinha muito para fazer e pouco tempo para realizar, pois além das malditas provas... haviam também as poções que ele supria para a escola, e esse ano, havia um pedido elevado para as poções de dor de cabeça, parecia que toda a escola havia tido um surto coletivo de enxaqueca... ele bufou ao deixar outra remessa pronta, certo, ele precisava admitir que aquilo não era tão ruim, pelo menos ele se mantinha ocupado já que fermentar o mantinha distraído,  ele encarou os frascos na sua frente, ele queria ter os despachado mais cedo, e agora estava começando a ficar tarde... ele consultou o anel mais uma vez, surpreso em ver que Shara estava dormindo, dormindo na enfermaria... já fazia um tempo que ela estava lá... maldição, ele apoiou as mãos na bancada, ele não queria mais nenhum conflito, não com ela, ele não queria chamar a atenção sobre eles… era óbvio que ela não estava lidando bem com tudo isso e não que ele estivesse, mas ele atuaria se fosse o caso, mas ela... ele achava que não, mas agora ela estava dormindo... não havia como ter conflitos com uma criança dormindo e por que ela estava dormindo na enfermaria? a menos que estivesse machucada ou doente, uma ponta de preocupação o alarmou... Pomfrey o avisaria... não avisaria? Ele se lembrou que Pomfrey estava em St Mungus certamente ainda não havia voltado... e Antony era um cabeça oca e sendo assim ele não avisaria, Severo pegou as poções e saiu, melhor averiguar.

Severo não podia acreditar na cena que via a sua frente, Shara estava mesmo dormindo, e definitivamente ela não estava doente, Antony dormia também e ele parecia tê-la acolhido ali, já que ela estava encolhida ao seu lado, enquanto ele passava os braços em torno dela, ambos deitados e ocupando uma maca, ele apoiou as poções na bancada, Antony as guardaria no dia seguinte acionando uma coberta, o cabeça oca não havia pensado nisso e a temperatura costuma cair bastante durante a noite… Severo passou os olhos mais uma vez sobre ela que dormia tranquilamente, aquela criança o desestabilizava e havia se tornado aquilo que ele mais temia, seu elo fraco, ele os cobriu… era estranho cobri-los, mas ainda assim ele fez… até mesmo Antony que apesar de ser aquela ave tagarela e metida que tanto o irritava, mas agora ele havia se tornado tudo que ela tinha… e que bom que ela o tinha… pelo menos por um tempo, ela o teria, com uma pontada triste ele contemplou a cena uma última vez, e então ele saiu, a passos apressados, suas vestes esvoaçantes acompanhavam o ritmo, ocupando assim todo o corredor, como Antony costumava dizer… sorte seria se nenhum aluno cruzasse o seu caminho essa noite.


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Notas finais do capítulo

Sim, como diz o titulo desse capitulo... sim... Ela (Medusa) é filha dele (Poseidon)
E aqui desato mais um nó, talvez o ultimo, sobre essa história difícil e emocionante... quem foi Medusa, quem eram seus pais...
Lembro de quando comecei a contar um pouco sobre a história dela, de ler o comentário de uma das queridas que sempre comenta aqui (amooo) pedindo para contar um pouco mais sobre o que tinha acontecido entre eles no passado, e o que Poseidon era para ela, se era amante, irmão.. PAI. Fiquei chocada e pensei "será que to dando tanto na cara assim?" hahaha mas é isso mesmo, ele foi o pai.

Eu estava esperando esse momento "pós revelação da paternidade de Snape" para trazer a tona esse passado, por que agora, vai fazer toda a diferença no julgamento de Shara, algo que acho que já deu pra notar né... afinal existe uma grande semelhança entre a história delas, e ver os dois lados da história (sempre existem dois lados) fez ela perceber... (ou fará) que ela não esta fazendo isso com Snape, já que está cega por estar chateada (o que é compreensível também)... Mas Shara é diferente de Medusa, isso já sabemos :)

Sobre o momento do Antony revelando para Shara que ele era a ave da mãe dela, achei tão bonito como ele fez, ela se lembrando do apelido dele "Tom Tom" sério... vamos ter apelidos carinhosos nessa história, vamosssss hahaha

E as menininhas dando em cima do Antony heim e o coitado nem se ligando, vai nessa que o nosso mestre de poções não vai dar conta de suprir tanta poção pra dor de cabeça, espera só até ele descobrir... Mas tem como não amar o Antony? Não tem né, garotas eu te entendo!

Eles adormecendo juntos, e SEVERO SNAPE cobrindo eles, sim... te garanto, nenhuma FIC te entrega isso kkkkkk

Obrigaduuuu



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