Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 75
Futuro - Pai


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo tem uma reviravolta muito grande.
Uma sugestão, para quem gosta de sentir o clima... é ler a segunda parte dele (você vai entender a transição assim que chegar nela) ouvindo - Light up the Sky (Scott Stapp)
Por que a letra representa a confusão de sentimentos dela (Shara) e dele (Snape)

Apreciem :)



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Shara estava completamente exausta, ela não imaginava que voar pudesse cansar tanto, ela olhou para o prato vazio à sua frente, essa era a segunda vez que ela estava repetindo aquela refeição, ela também não podia imaginar que cansar pudesse dar tanta fome, ela pensou ao se servir de mais purê, arroz e frango, quando notou a aproximação de um aluno inesperado, ela suspirou.

—Harry não é uma boa ideia – ela disse de prontidão, já que ele havia simplesmente se sentado à sua frente.

—Pois eu acho que sim... – ele sorriu - já que estou tentando falar com você a dias – ele completou, não se importando com os olhares insatisfeitos, afinal não era nada comum um Grifinório sentar na mesa da Sonserina, e bem Harry não era exatamente um Grifinório qualquer – Alguma problema? – Harry perguntou de forma rude, para Flint que o encarava de uma forma nada amigável – não vi seu nome escrito no banco - ele provocou.

—Você não é bem-vindo aqui – Flint cuspiu – saia ou terei que tirá-lo a força – Harry riu de forma desdenhosa o ignorando, e para ajudar Shara notou a presença do professor Snape na mesa principal, bom momento, ela pensou, justo ele que não tinha vindo a dias, ela bufou, era sempre assim, pelo menos Draco não estava ali para piorar ainda mais as coisas.

—Harry sério – Shara alertou – melhor você sair.

—Ouviu o que ela disse cicatriz, ou além da falta de cérebro também está surdo? – Flint perguntou, ele era o capitão do time de quadribol da Sonserina e aquela rixa ia muito além da rivalidade corriqueira entre as casas, Shara sabia que aquilo poderia ficar bem ruim.

—Eu vou...  - ele disse – mas apenas se você vier comigo – ele impôs a encarando, ela notou Rony e Hermione se aproximando também, seriam apenas mais alguns segundos para que o caos se instaurasse ali e naquele ritmo eles logo estariam chamando a atenção dos professores e por Merlin ela ainda estava com fome.

—Harry que diabos - ela disse brava enquanto se levantava, vendo ele fazer o mesmo.

—Cara onde você está com a cabeça? - Rony perguntou assim que os alcançou.

—Apenas no lugar certo  - ele respondeu ao amigo - Rony se me dá licença, mas está mais do que na hora de acabar com isso - Harry disse a arrastando para fora do salão, ela estava indo mas de muita má vontade.

—O que quer Harry? - Shara perguntou assim que eles passaram a porta do salão principal.

—Tem algo que precisamos discutir - ele disse a encarando, ela estava ciente de que não voltaria mais para finalizar o jantar, ela bufou irritada - seria melhor se fosse longe das vistas dos outros alunos - ele pediu, bom ela sabia que não adiantaria mais adiar aquilo, ele tinha razão estava na hora de acabar com aquele assunto de uma vez por todas e ela conhecia um lugar.

—Me acompanhe - ela disse para ele que vinha logo atrás, ela o estava levando para a torre da astronomia, aquele foi o único lugar que ela tinha certeza de que eles não seriam interrompidos - seja breve - ela disse cruzando os braços assim que subiram, é claro que ela desejava acertar as coisas também, mas ainda assim ela tinha algo que prezava muito, o seu orgulho.

—Shara… aquilo que aconteceu na sala do professor Snape - ele começou, e sim ela estava mesmo o evitando, naqueles dias, não por que ele merecesse ser ignorado ou coisa do tipo, mas por que ela estava lidando com tantas outras coisas que simplesmente não havia espaço para lidar com mais nada, mas agora ela estava cedendo, vendo ali um menino disposto a fazer qualquer coisa para chamar sua atenção e que ideia de girico, foi aquela, sentar na mesa da Sonserina  - eu sinto muito, você estava certa… eu disse aquilo por que era exatamente o que eu pensava sobre todos vocês, sonserinos - ele estava sendo sincero - mas então naquele dia mesmo, eu me dei conta de que estava sendo um babaca e preconceituoso, não é a casa que define quem você é e será… e você Shara é uma garota incrível, é legal é divertida e aquilo que eu disse não te representa de nenhuma maneira, eu mesmo faço questão de ser seu amigo e agora eu posso ver que pessoas boas e pessoas ruins elas estão em todos os lugares, então por favor me perdoe - ele pediu, ela podia fazer isso, na verdade ela nem estava mais tão chateada assim com aquilo, sua vida era um caos completo que coisas tão pequenas não deveriam significar tanto e de certa forma ela meio que podia entende-lo, ela sabia que a maioria das pessoas pensava a mesma coisa, até conhecer alguém que valesse a pena, e as vezes na Sonserina era mesmo difícil, até por que alunos dessa casa camuflavam bastante seus sentimentos e isso os tornava em sua maioria das vezes incompreendidos.

—Harry… eu… - ela o olhou - eu entendo, e está perdoado vamos apenas esquecer… só me prometa que não vai mais tentar chamar atenção se expondo dessa maneira, não é seguro.

—Não tenho medo de Flint - ele rebateu - e se ele tentasse me azarar eu…

—Harry não é questão de sentir medo - ela o interrompeu - mas é questão de ter noção mesmo - ela sorriu de forma sorrateira – coisa que vejo que não tem – ela provocou.

—Hermione disse a mesma coisa - ele admitiu sorrindo - eu pensei que nunca mais seríamos amigos, eu não sabia mais como aborda-la ou chamar sua atenção - ele disse se aproximando dela que havia se encostado no parapeito e olhava para o lago Negro agora.

—Eu acho que exagerei um pouco - ela admitiu - podíamos ter resolvido isso muito antes, eu só estava tão ocupada… - sim ocupada chorando pela reviravolta que sua vida havia dado, mas ela simplesmente não podia dizer aquilo - é bonito aqui em cima né - ela disse pensativa.

—Sim… - ele também olhava para o lago - sabe Shara, você estava triste, mas espero que esteja tudo bem agora - ele disse - eu percebi, o seu olhar, ele era… era vazio e distante - ele explicou.

—Sim… - ela confirmou - mas está tudo bem agora - ela tentou soar o mais convincente possível, não estava tudo bem, estava longe de estar tudo bem, e sinceramente ela não sabia se um dia de fato estaria.

—Shara, aquele dia na sala do professor Snape, você mencionou sobre ouvir a voz - ele se referia a aquela voz assassina que só eles podiam ouvir - por que acha que somos os únicos a poder ouvi-la? - ele perguntou.

—Não sei - era verdadeiro - e isso me assusta, honestamente…

—Sim… as pessoas acham que sou o herdeiro da Sonserina, por ser ofidioglota, imagina se souberem que posso ouvir uma voz misteriosa - ele parecia cansado

—Também sou ofidioglota - ela informou, aquilo não era necessariamente um segredo, alguns alunos da Sonserina sabiam, além dos professores.

—O que? Você? - ele perguntou perplexo - Sendo assim… - ele pensou antes de falar - sabe Shara, às vezes penso que somos tão parecidos… sei lá como se pudéssemos ser… eu e você… algo...

—Sim e eu me identifico muito com você Harry - ela o interrompeu, sentido um certo desconforto da parte dele ali, como se ele quisesse falar algo a mais - desde quando chegamos aqui - ela concluiu, ele estava corado, mesmo com aquela pouca iluminação ela podia ver.

—Os alunos, alguns estão com medo e se afastando de mim, eles não percebem mas eu os escuto cochichar as vezes, eles acham que sou o herdeiro de Salazar, mas se você, sendo da Sonserina e sendo ofidioglota, talvez seja uma candidata muito mais apropriada e interessante para o cargo - ele pontuou - de herdeira.

—Fora de cogitação, acredite - ela sorriu com aquele comentário - e também não ouvi ninguém se referindo a você dessa maneira.

—Realmente, você precisa sair e conversar mais com as pessoas - ele apontou, sim ele tinha razão ela andava tão ocupada, tão preocupada, com tanto mais, que ela mal via pessoas estando totalmente apática a tudo que se discutia naquele castelo - e como pode afirmar isso, você não conheceu seus pais - ele também estava desatualizado, mas nesse caso, melhor mantê-lo assim.

—Harry eu não sou - ela disse séria - assim como você também não é - ela concluiu.

—Mas o herdeiro está na escola Shara, e ele tem aberto a câmera secreta e libertando a fera, nós mais do que todos os outros sabemos que é real, pois podemos ouvir a voz - ele estava divagando - talvez Malfoy… - ele sugeriu e Shara riu antes mesmo de ouvi-lo continuar aquele raciocínio.

—Fala sério Harry - ela disse - Draco não tem o menor potencial para isso, francamente.

—Mas ele deve saber de algo, o pai dele deve ter comentado - ele disse em tom incriminador.

—Pergunte a ele então - Shara brincou.

—É o que pretendo fazer na verdade - ele disse sério, e Shara estranhou, ele só podia estar brincando - Hermione, tem fermentado algo durante esses meses, poção polisuco - ele disse, abrindo o jogo.

—O Que? - ela pediu intrigada, então era isso que Hermione estava fazendo no banheiro do terceiro andar esse tempo todo- ela pensou.

—É um poção que quando ingerida…

—Eu sei o que é e o que ela faz… Harry, mas por que está me contando isso? - ela pediu.

—Quero que saiba a verdade… toda a verdade… quero que perceba o quanto confio em você, que é verdadeiro - ele disse a pegando de surpresa - nós vamos entrar na comunal da Sonserina, para interrogar Malfoy no feriado de natal - Harry contou - e Shara apreciou toda a honestidade.

—Bom, eu aprecio isso Harry e não vou tentar impedi-los acredite, desejo sorte, afinal também é do meu interesse que se descubra algo - ela foi sincera - embora não sei se Malfoy possa mesmo ajudar, mas como disse quem sabe o pai dele possa - ela concluiu, ela não duvidaria em nada que de aquele bruxo asqueroso pudesse estar envolvido em algo assim.

—Shara, poderia me ajudar com uma informação? - ele pediu.

—Baba de dragão - ela disse mantendo os olhos fixos no lago a sua frente.

—Oque? - Ele pediu confuso

—Você quer a senha da comunal não é mesmo? - ela pediu o assustando, era óbvio, afinal como mais ele entraria? Não teria poção no mundo que o ajudasse ali, afinal o quadro só abrirá se ele tiver a senha - pois bem, é disso que estou falando, a senha desse mês é baba de dragão - ela o informou, indo direto ao ponto.

—Eu… obrigada Shara - ele disse de forma sincera - de verdade, você é incrível.

—Harry se descobrir algo… me prometa que não vai me deixar fora? - Ela pediu e ele assentiu, assim estaria melhor.

—__

Shara caminhou apressadamente até a sala do diretor, ela não queria se atrasar, mas ela estava nervosa, muito mais nervosa do que pensou que poderia, não por menos ela estava com um mal presságio desde a noite anterior e ela mal havia pregado o olho em função disso, ela sabia que aquilo deveria ser motivo mais que o suficiente para fazê-la desistir da visita que faria a Catie nesta manhã, mas a ideia de decepcionar a amiga a convenceu a continuar, ela precisava aprender a lidar com aqueles sentimentos conflituosos e a lutar seja lá com o que fosse… afinal sempre haveria algo contra o que lutar.

Os últimos dias haviam passado muito mais rápido do que ela podia imaginar, a escola estava vazia agora e era estranho ter tão poucos alunos circulando por lá, Shara passava a maior parte do seu tempo com Antony na enfermaria o ajudando a organizar as coisas, era impressionante como sempre havia tanto para fazer e rotular, mas ela gostava e a mantinha ocupada, Antony havia se tornado uma parte muito importante da sua vida e era prazeroso ouvi-lo falar, ela aprendeu a respeitá-lo também, e a considerar seu julgamento, até mesmo quando ele parecia preocupado ou tentava alertá-la sobre algo ruim ou que ele não aprovava, como aquele longo sermão pontuando o quão desrespeitosa ele achava que ela tinha sido com o professor Snape ao provocá-lo com Draco daquela forma, certo, então nem sempre Antony tinha razão, mas ela normalmente ouvia e acatava, indiferente, afinal era legal ter alguém se importando daquela maneira, embora ela tenha deixado ciente de que não podia simplesmente deixar que o professor Snape ditasse as regras da sua vida dali em diante, mas Antony a lembrou, que antes de mais nada, ele era o seu professor e chefe de casa, então talvez Antony tivesse alguma razão naquilo, mas era difícil separar as coisas agora.

Shara havia saído algumas vezes com Draco para praticar o voo, mas infelizmente o frio restringia bastante aquela atividade, eles haviam combinado de voar mais vezes durante o verão, era estranho mas ela meio que gostava de Quadribol agora, Shara também passou um tempo de qualidade na companhia de Hagrid na cabana, junto com Harry, Rony e Hermione, e assim as coisas pareciam estar adquirindo uma certa normalidade em sua vida, exceto por…. Apesar de tudo isso ela ainda se sentir tão sozinha.

Shara se sentia solitária, a torre de astronomia havia se tornado o seu lugar preferido naquela escola, e em tão pouco tempo era como se aquele lugar já conhecesse todas as suas dores e os seus segredos mais profundos, ela costumava se sentar para admirar o céu, enquanto tentava esquecer todos os pesares em sua vida, esquecer aquilo que teria que ser feito por ela e daquilo que aconteceria com Antony depois de que fosse feito, esquecer da ausência de um adulto em sua vida, alguém que ela pudesse confiar, contar suas últimas descobertas, pedir conselhos, um abraço ou ser acolhida no meio da madrugada, esquecer que não haveria alguém que contasse histórias para ela antes de dormir e que se importasse com ela de verdade, seu coração doía quando ela pensava em quão perto ela havia chegado de tê-lo... e que esse alguém, era justamente ele… era tão injusto, assim como também era de admitir que no fim ela sentia a falta dele, ele obviamente não, já que havia simplesmente sumido da sua vida, ok talvez ela tivesse exigido... mas ele não aparecia em nenhuma das refeições coletivas, eles literalmente não se viam mais, era estranho pensar que antes ele estava praticamente em todos os lugares e agora não mais, a última vez que ela esteve na sua presença, foi durante a prova de poções da semana anterior, ela queria surpreendê-lo principalmente por saber que ele a achava incapaz, e então ela havia se esforçado e sido a primeira a terminar as questões, ela podia se lembrar do olhar gélido que ele havia lançado sobre ela, era completamente inexpressivo, ela deixou a prova sobre a mesa, enquanto corria, tentando se afastar o máximo possível dali e assim mais uma vez ela chorou, como ele podia ser tão frio e tão vazio? Como ela pode se iludir ao achar que ele pudesse apenas por um momento ter se importado… aquele homem que quisera o destino e que era o seu pai, ela suspirou, não querendo chorar novamente.

Ela passou pela gárgula se sentindo completamente angustiada, ela levou a mão até o colar e o empurrou com força contra o peito, buscando ali alguma forma de conforto, ela queria muito ir, para aquela visita que havia sido autorizada inicialmente por ele, talvez num ato isolado de compaixão... Ele, o professor Snape, e por mais difícil que fosse toda aquela situação agora, algo dentro dela desejava fazer aquilo com ele, era para ele estar ali, era para ele a acompanhar, então ela temia pela falta da presença dele, mas ele não estaria... obviamente não, ela parou por um segundo antes de entrar, algo ali lhe dizia que ela não deveria ir, na verdade algo gritava dizendo que ela deveria recuar e voltar atrás… mas ela não podia dar ouvidos para aquilo, ela não podia decepcionar Catie daquela maneira, então ela entrou.

—Com licença - ela disse notando que o diretor não estava sozinho.

—Entre, estávamos justamente alinhando sobre as atividades do dia – o diretor pediu, e ela fez notando ali um rosto conhecido, era o mesmo bruxo que a havia acompanhado na oportunidade anterior, e isso não era tão ruim, afinal para Catie ajudaria o fato daquele bruxo não ser um completo estranho - acho que não preciso apresentá-los novamente, mas caso não se recorde esse é o Sr. Grengas e ele fará mais uma vez a gentileza de acompanhá-la nesta manhã - Shara assentiu, ela ainda segurava o colar com bastante força ali, e aquilo certamente não passou despercebido por eles, já que ela notou aquela troca suspeita de olhar a fazendo soltar a peça imediatamente a guardando e escondendo dentro de suas roupas, eles ainda estavam em silêncio e aquele silêncio a constrangia, será que havia algo de errado? era estranho mas a impressão que ela tinha, era de que eles podiam conversar mesmo sem comunicar nenhuma palavra - Shara querida, existe algo que queira nos contar? - o diretor repetiu aquela mesma pergunta de sempre, e ela se sentiu desconfortável por ter que mentir novamente ali, mas nesse caso se ela contasse a verdade sobre como ela de fato se sentia, certamente que aquela visita não iria prosperar.

—Não - ela disse baixando os olhos - não… senhor.

—Muito bem - ele disse ao colocar uma varinha sobre a bancada a empurrando na sua direção - Shara preciso que deixe sua varinha comigo, apenas hoje e por motivos especiais, irá substituí-la por essa daqui - Shara estranhou - todos estão ciente do perigo que corre saindo da escola, se houver algo, algo que precise se defender, preciso lembrar que bruxos da sua idade não podem fazer magia fora da escola, sua varinha é rastreável então antes que pergunte, sim estamos infringindo o sistema aqui, sendo essa uma varinha clandestina - ele disse e Shara olhou para o funcionário do Ministério presente na sala, o diretor estava mesmo dizendo isso na frente dele? - Ah não se preocupe o Sr. Grengas está ciente do que faremos aqui e de completo acordo - o ministério era mesmo corruptível ela pensou - Shara - ele a chamou – reforço que apenas magia com varinha será tolerado - sim ela sabia muito bem, isso também podia ser dito na frente de alguém do ministério? Ela achava que não, afinal não era justamente esse o segredo que ele tanto temia e insistia em proteger? enfim, ela achou por bem não comentar, afinal aquele era Alvo Dumbledore e certamente ele sabia o que estava fazendo – lembre-se de honrar sua decisão.

—É o que estou fazendo, diretor - ela soou rude, mas não gostava de ser lembrada o tempo todo.

—E saiba que tem se saído muito bem – ele sorriu de forma amável – continue assim – ele reforçou vendo ela erguer a manga e tirar sua varinha do coldre a substituindo por aquela oferecida por ele ali – eu sinto pela cicatriz criança – aquele era o braço com o corte, mas ela não ligava mais.

—Não me importo com as marcas que são visíveis – ela disse quase como num desabafo - não quando a pior delas não pode ser vista – ela concluiu, sabendo que estava sendo observada de forma analítica pelo Sr. Grengas e aquilo era igualmente desconfortável – podemos ir? – ela pediu, tentando não perder mais tempo com assuntos inoportunos.

—Claro, claro... vocês estarão usando o flu, vão chegar numa das casas da rua, o restante do trajeto farão a pé – ele orientou – tenham bastante cautela, e Shara você deve seguir todas as ordens e recomendações do Sr. Grengas, tenho certeza que poderei confiar em você nesse sentido – ela assentiu olhando para ele, assim ambos partiram, eles saíram numa sala bem aconchegante, ela se lembrava daquela casa, era onde morava um casal de velhinhos, eles eram bruxos? Ela pensou.

—Trouxas, estão de férias, a chaminé foi encantada para nos receber – ele respondeu quase como quem pudesse ler seus pensamentos, ele estava se recompondo, ela notou, retirando o excesso de fuligem das suas roupas quando Shara observou um detalhe curioso, algo que a fez paralisar por um momento, o anel que ele usava, era um anel com uma pedra de ônix no centro, não era um anel qualquer, não... aquele anel ela conhecia muito bem, era exatamente o anel que o professor Snape sempre usava, ela desviou o olhar, tentando não chamar a atenção sobre aquilo, mas ela tinha certeza, era mesmo o anel dele, o Sr, Grengas... era na verdade ele, seu coração acelerou, polisuco obviamente, Shara não sabia dizer se o que ela sentia era alívio já que estava tão aflita a ponto de desejar aquela companhia, e agora aquilo era real, e ele  estava mesmo ali com ela, ou se sentia raiva pelo fato dele estar tentando enganá-la uma outra vez, e então algo lhe ocorreu, ele já havia feito isso antes, é claro... e isso justificava  o fato do diretor falar sobre tudo de forma tão aberta na frente dele, o que ele estava fazendo ali? Ele a estava “protegendo” a voz disse outra vez, certo... ele estava atuando, e ela optou em simplesmente fazer o mesmo, eles caminharam em silêncio pela rua, até chegarem em frente ao seu destino, era difícil voltar lá depois de tanto tempo, mas havia Catie e o fato de poder revê-la valeria qualquer esforço desprendido, ainda mais agora ao saber que ela não estava sozinha, Shara bateu na porta, sendo rapidamente recepcionada pela amiga.

—Shara – Catie, exclamou ao vê-la, ela estava tão feliz, mas algo estava errado, pois assim que a porta foi aberta Shara sentiu instantaneamente a dor em sua cicatriz explodir, ela não podia demonstrar aquilo, ela sabia o que aquilo significava, era um alerta de perigo... mas agora antes de qualquer outra coisa ela precisaria mesmo atuar, ou do contrário poderia arruinar tudo, ela sorrateiramente passou os olhos por todos os lugares, aparentemente não havendo nada fora do lugar, a dor era insuportável, mas ainda assim ela sorriu.

—Catie esse é o Sr. Grengas acho que você se lembra dele, da outra vez – Catie assentiu positivamente os deixando entrar, todos se sentaram no sofá, sim Catie estava mesmo feliz e Shara sentia tanto a falta dela, mas estava difícil se concentrar naquilo que a amiga estava dizendo, quando o alerta de perigo passava a ecoar interiormente cada vez com mais intensidade, havia algo de errado, e ela precisa descobrir.

—Estou feliz que tenha conseguido vir Shara, senti tanto a sua falta – ela disse.

—Sim, bem eu tive uns contratempos mas também estou feliz que tenha dado certo – aquela dor a estava matando, Shara tentou sorrir, pensando que não só ela mas todos ali podiam estar correndo perigo, será que o professor Snape havia notado algo de errado? Era difícil saber, ele era muito bom em disfarçar o que sentia, Catie estava falando algo, mas era estranho, seu sexto sentido estava apurado ali, e ela estava focada em não demonstrar nenhuma dor, não sabendo se poderia sustentar aquilo por muito mais tempo.

—Shara... então pensando nisso, que achei que fosse gostar – ela dizia, enquanto sorria de maneira descontraída... mas ela sorria de uma forma diferente, Shara não havia prestado atenção em nada daquilo que ela havia dito ali, gostar do que? Ela notou que Catie estava esperando uma resposta.

—Desculpe... – ela disse tentando se recompor - eu estava pensando no Noah... eu não o vi desde que cheguei, então acabei não prestando atenção na última parte – ela se desculpou, notando um olhar diferenciado do professor Snape na sua direção, ele simplesmente não combinava com aquele corpo, não mesmo, e havia algo de errado com Catie também, a menos que ela... não fosse ela, Shara sentiu um pavor tomar conta de si... “atuar” “atuar” ela precisava ser mais convincente – sabe como me sinto na presença dele – ela disse como se fosse natural – ele está por ai? – ela perguntou meio que sussurrando, mas pela primeira vez aquilo não era sobre o Noah, ou sobre qualquer receio que houvesse nesse sentido, afinal se aquela na sua frente não fosse Catie, assim com aquele não era o Sr. Grengas, onde estava Catie afinal de contas? mal sinal... ela precisava pensar rápido, testar sua teoria sem chamar a atenção... mas como?

—Noah precisou sair, entendo Shara, ele assusta todos nós – Catie disse aparentemente aquilo soava normal, soava como algo que ela diria – então estamos bem à vontade aqui – ela sorriu novamente, aquele sorriso, simplesmente estava errado.

—Fico mais aliviada em saber – Shara soltou o ar, fingindo se sentir aliviada de verdade, quando aliviada era tudo menos o que ela sentia naquele momento – Ele consegue mesmo estragar o clima, mas sendo assim...– ela havia pensado em algo, aquilo funcionaria, sim… – sendo assim, você podia ter feito uma fornalha dos meus biscoitos favoritos né? – ela cobrou de forma divertida “atuar” sim ela estava atuando - você sabe o quanto eu gosto de quando você cozinha – ela sorriu para a amiga, talvez falsa amiga, ela não sabia – aqueles biscoitos de nata com chocolate são simplesmente inesquecíveis, Hogwarts não tem nada assim – ela soltou, ela odiava nata, Catie sabia, e sorrateiramente Shara percebeu um leve movimento de cabeça do professor Snape na sua direção mais uma vez.

—Ahh sinto muito Shara, mas na correria com toda a organização desse evento de amanhã, não consegui sequer sair para comprar os ingredientes, estamos em falta de chocolate e nata, mas Noah tem ficado em cima das meninas, ele quer que tudo seja impecável e você sabe como ele é, quando algo não está do seu agrado, então precisei ficar – ela disse fazendo o coração de Shara acelerar, Catie não erraria aquilo, jamais... não a sua amiga, ela sabia que além de não gostar de nata, o seu biscoito preferido era o de canela, e aquilo era algo que o professor Snape também saberia, já que aquele era o biscoito preferido dele também, e antes mesmo que Shara pudesse virar o rosto para ele, tentando comunicar algo, ele mesmo já havia levantado e impulsionado Catie contra a parede colocando a varinha contra o seu pescoço, Shara recuou assustada, ele era incrivelmente rápido, Shara aproveitou a oportunidade para levar a mão até o ombro, aquela dor era insustentável, Shara odiava aquela marca.

—Louise – ele disse prendendo as mãos dela para trás, Shara não podia acreditar, Carla estava mesmo certa sobre aquilo, uma prova do quanto ela poderia ser confiável, afinal ali estava a sua mãe, no corpo da sua melhor amiga, e se ela estava ali... onde Catie estaria? Shara sentiu o pânico tomar conta dela ali.

—Olá Severo – ela disse sorrindo – ninguém nunca me segurou como você, uma pena que esse corpo não te valorize – ela gargalhou, Shara precisava pensar... ela olhou para a escada, o lar estava mesmo silencioso demais para aquela época do ano, será que ela havia prendido Catie? Onde estavam as demais meninas? Noah e Mancha.

—Achou mesmo que poderia me enganar ? Que sairia daqui ilesa? – ele também sorriu, outra coisa que não combinava ali era o sorriso dele, naquele rosto – achei que fosse mais esperta, será um prazer manda-la daqui direto para Azkaban – ele disse a provocando.

—Quanta violência – ela ainda sorria – Shara sentiu seu estomago revirar, vendo aquela bruxa ali, no corpo da sua amiga – sabe... poderia aproveitar toda essa violência em um lugar muito melhor, na cama é claro... comigo – ela disse de forma provocativa, certo Shara não merecia ficar ali para ouvir coisas tão pejorativas, não quando a sua Catie e todos os outros poderiam estar correndo sério perigo, então Shara retirou a varinha do coldre e se moveu, ela precisava achá-los, ela correu em direção a escadaria a subindo com certa urgência.

—Onde pensa que vai querida? – ela ouviu a voz de Catie, completamente fria agora, sentindo algo prender seus pés e a derrubar com brutalidade contra o chão, ela completamente sem tempo de reagir, bateu com o rosto contra um dos degraus, sentindo uma nova dor eclodir daquilo, ela sentiu o gosto de sangue dentro da sua boca, ela havia cortado algo, mas ela não se importava, tudo que ela precisava era levantar e subir novamente, mas aquilo era um pouco difícil quando se precisava lutar contra algo que prendia seus pés – não com tanta pressa – ela ouviu a bruxa dizer, aquilo era uma armadilha, e Shara simplesmente havia se jogado nela, sem averiguar… mas aquele era o indício do qual ela precisava, Catie estava mesmo lá em cima do contrário por qual razão ela teria enfeitiçado as escadas.

—Me SOLTA - Shara gritou, enquanto tentava desarmar os pés – Onde, ONDE está Catie? O que você FEZ com ela? - Shara pediu, sentindo que aquilo que a prendia se afrouxar, era um contra feitiço, ela notou que foi dito por ele, era quase como magia sem varinha, já que ele sequer havia removido a varinha do pescoço dela ali, ele era bom nisso.

—Nunca mais - o professor vociferou – ouse tocar nela, está me ouvindo - ele disse frio, e Shara gostou de ouvi-lo dizer, ela olhou as escadas novamente ela precisava subir.

—Por que se importa tanto com essa piralha Severo? – a mãe de Carla pediu para ele, e ao ouvi-la perguntar Shara parou, no meio da escadaria, exatamente onde estava, já que aquilo era sobre ela, e ela queria saber o que viria dali… ele não teria uma resposta para aquilo, no fundo Shara podia entender que de fato ele se importava, afinal ele estava ali por ela, e nada poderia desmerecer o que ele fez… mas aquilo não podia ser dito – dificuldade em encontrar as palavras Sev, ou talvez suas intenções sejam tão ruins ou até mesmo piores do que as minhas – ela disse sorrateiramente – é claro que você já a testou, não é mesmo? e está reservando-a para entregá-la ao mestre, recebendo assim todo o mérito para você? Quer se redimir... entendo - ela dizia em tom de provocação - Diga Severo…  já que você e Lúcios falharam miseravelmente, afinal era essa a sua missão, não era? Ambos imprestáveis como são não foram capazes de encontrar a mamãezinha dela - Shara podia sentir seu sangue esquentar - era tão simples… e agora está com medo de perder o seu posto, não está?... Vamos me diga como foi ser punido por Milorde? ouvi boatos de que quase morreu... – Shara fechou os olhos, ele havia se sacrificado por ela.

Ele havia protegido sua mãe, o diretor havia dito isso, ele deveria ter entregue ela, e ele mentiu para Voldemort sofrendo duras penas, Shara entendeu naquele momento o por que ninguém podia saber sobre ela... sim, ela entendeu o motivo do segredo, principalmente ao ver aquela cena que se desenrolava à sua frente ali embaixo, ele havia falhado propositalmente naquela missão, e se descobrissem que ele teve uma filha... justamente com a guardiã, independente do quanto ele sabia sobre a existência da criança, ele seria considerado um traidor, seria perseguido e sem qualquer piedade, morto… e algo pior aconteceria com ela, eles usariam seu sangue, Shara olhou para ele e naquele momento tudo fez sentido... ele atuava o tempo todo, para todos... será que alguma vez ele conseguiu ser ele mesmo? Ela achava que não, sim ele tinha razão sobre o preço ser alto, ela já havia entendido aquilo quando soube o que o pai de Medusa fez por ela, aquilo a havia tocado, mas agora ela entendeu… sim ele a estava protegendo de algo muito maior, e novamente assim como Poseidon, ele também preferia que ela vivesse mesmo que o odiando do que expô-la, e expor a verdade quando ela poderia ser morta, Shara sentiu uma lágrima descer pelo seu rosto, e aquilo a impulsionou a continuar de onde parou... ele era simplesmente o bruxo mais corajoso que ela já havia conhecido e talvez por essa razão ela também sentia que podia ser, então ela subiu, ela precisava encontrar Catie, aquilo era sua prioridade agora.

O corredor da parte superior era longo haviam diversos quartos, Shara foi abrindo um por um, escancarando as portas e se desesperando ao notar que todos os ambientes haviam sido revirados, o que havia acontecido ali? Onde estavam todos? mas a cena que a chocou, foi quando na porta do último quarto, ela viu Noah se arrastando no chão, ela correu até ele, se aproximando, haviam cortes profundos em seu pescoço e ele estava agonizando, quantas vezes Shara desejou em sua mente que ele morresse, quantas vezes ela idealizou aquele momento, mas vê-lo naquele estado mudava tudo, e pensar que ele não havia sido aquele homem ruim, não antes dela, a maldade havia sido incutida nele, ela se desesperou, puxando o lençol da cama mais próxima e tentando estancar o sangue que jorrava daqueles cortes, ela nunca tinha visto tanto sangue assim antes.

—Não... não morra agora, não na minha frente, NÃO NOAH! – ela implorou, gritando para ele, enquanto segurava o lençol encharcado com força, ela estava soluçando – NOAH – ela gritou na tentativa de que aquilo o fizesse reagir, ele olhou para ela, um olhar que ela não conhecia… era tão humano, aquilo era demais para ela, quem era Noah afinal de contas? Ela não o conhecia

—Shara, não eu... não… – ele disse enquanto cuspia sangue – salve-a... salve ela – ele pediu.

—Não fale, não se esforce tanto... apenas olhe pra mim – ela não queria que ele morresse, não mais... as lagrimas estavam embaçando sua visão, suas mãos estavam cobertas de sangue, talvez o dela, ou talvez o dele... talvez de ambos, ela não sabia – eu vou... buscar ajuda – ela disse, estava tremendo, quando o sentiu segurar o seu pulso com força.

—Não... eu, me deixe morrer... Me deixe ir pro lugar que mereço, o inferno – ele disse – será melhor que aqui – à medida que ele falava, mais sangue expelia, ela nunca se esqueceria daquilo, nunca... – salve-a... salve minha filha – ele disse com dificuldade, filha? Que filha? ele não tinha nenhuma filha, Shara pensou... ele não estava fazendo nenhum sentido, será que estava delirando? “deixei minha filha sozinha em casa” ela se lembrou do que ele havia dito naquela memória... espere, então havia mesmo uma filha? Havia? ela o encarou confusa – Catarina – ele disse engasgando, Shara o soltou... não, não podia ser... ela se afastou, Catie... a sua Catie – sótão – ele disse com ainda mais dificuldade – diga... diga a ela que eu a amei, eu apenas... me esqueci – ele concluiu, ficando em silêncio, Shara colocou as duas mãos no rosto, não podia... Catie era filha dele, por isso que ela ficava, por essa razão ela se mantinha presa a ele, a aquele lugar, mesmo... mesmo depois de tudo, ele era o pai dela, ela era filha dele... quantas mais histórias como aquelas Shara se depararia? E Noah estava quieto agora, Shara sabia... ele havia morrido, ela se aproximou novamente, apenas para  fechar os seus olhos.

—Sinto muito – ela disse chorando – eu realmente sinto... sinto muito Noah, não devia ter sido assim... – ela disse, se lembrando de como ele havia sido enfeitiçado naquele dia, na noite em que ela chegou em suas vidas... Shara se levantou, ela precisava encontrar Catie agora, o alçapão para acessar o sótão ficava no depósito, ela chegou até ele com bastante dificuldade, ela estava visivelmente abalada com aquilo que tinha acabado de acontecer ali, Noah estava morto agora, não havia mais nada a ser feito nesse sentido e ele havia morrido de forma brutal, bem na sua frente, aquilo era tudo… absolutamente tudo… sua culpa, Shara pensou em Catie, no seu sofrimento durante todos esses anos a amiga nunca havia dito nada sobre aquele parentesco…  Shara encarou o acesso do depósito, ela estava com medo do que poderia encontrar lá em cima e dependendo do que fosse ela não se perdoaria nunca mais, ela puxou a escada e subiu com urgência, alcançando o topo, pensar que aquele havia sido no passado o seu lugar preferido naquela casa... então ela viu Catie, ela estava caída no chão, Shara correu até ela, se jogando de joelhos ao seu lado.

—Catie… por favor – Shara chamou a amiga… ela parecia ter acabado de convulsionar, mas estava viva, Shara a analisou, não localizando nenhum ferimento que fosse visível – Catie... eu vou te ajudar, por favor diga que pode me ouvir, estou aqui… – Shara segurou a sua mão, repetindo algo que ela havia assistido uma vez na televisão – se puder me ouvir, aperte minha mão… por favor – ela pediu, sentindo um aperto leve, mas era tão sutil – eu vou te tirar daqui... eu vou… vai ficar tudo bem, eu prometo…  – Shara disse enquanto olhava por todos os lados tentando encontrar uma forma de alertar alguém, ela precisava ser racional agora.

—Shara – ela ouviu a voz fraca da amiga, que abriu os olhos com dificuldade – que bom que você veio, estava te esperando – Catie tentou sorrir – Não se preocupe comigo... como você está? – não, não... Catie não estava entendendo a gravidade daquilo, ela havia sido azarada, machucada sabe-se lá com qual feitiço, ela devia ter sofrido, ou estar sentindo muita dor, como ela podia ainda assim ser tão boa…  Shara aproximou o ouvido do peito da amiga, os batimentos pareciam fracos e irregulares, e Catie parecia tão cansada.

—Não... não ouse fechar os olhos – Shara disse desesperada, notando a intenção dela em fazê-lo, aquilo não era bom, nada bom – não... você não, Catie, você tem que ficar aqui... comigo, ouviu? NÃO se atreva a me deixar… – ela chacoalhou a amiga – Lembra quando eu caí do balanço aquela vez e bati a cabeça no chão, você me manteve acordada... é a mesma coisa, só que agora é ao contrário, entendeu?... – Shara mal sabia o que estava dizendo, ela só precisava dizer qualquer coisa, quando ela ouviu um barulho, alguém estava subindo as escadas de madeira, ela ergueu a varinha assustada se posicionando na frente da amiga e tentando protegê-la, ela não deixaria mais ninguém machucá-la, não a sua Catie, mas  aquele era o professor Snape, que agora estava sem o efeito da poção, embora ainda fosse estranho, já que ele não estava em suas vestes habituais e sim naquelas roupas esquisitas, Shara soltou a varinha a deixando cair no chão e se virando para amiga novamente, agora se debruçando sobre ela, ela havia fechado os olhos… não!

—Catie... Catie.... CATIE – ela chamou, a chacoalhando com ainda mais força, enquanto chorava ali, Catie estava completamente imóvel agora – NÃO – Shara sentiu ele se aproximar.

—Precisamos ir – ele disse para ela, ir? Ir pra onde?... não... ela não podia ir… não tinha como ir e deixá-la naquele estado.

—Ir? Não… – ela respondeu – eu não vou... não sem ela... ela tem algo… o que ela tem? - Shara pediu desesperada, visivelmente não havia nada de errado com a amiga.

—Cruciatos – ele respondeu, parecendo muito familiarizado com os efeitos colaterais daquilo - trouxas são mais sensíveis feitiços de dor, principalmente se foram submetidos a ele mais de uma vez - sim, aquele era um dos imperdoáveis, ela havia lido sobre aquilo, era o mesmo que Carla havia lançado naquela cobra, aquele dia… isso poderia ser ainda pior do que ela pensava, só de cogitar pelo que Catie havia passado, por sua causa.

—Isso... é ruim – ela sussurou, segurando a mão da amiga - Catie… - ela suplicou…. - eu sinto muito, eu vou te ajudar…

—Shara, precisamos voltar agora… aqui não é seguro mais - ele pediu mas ela não se moveu… ela não iria -  isso é uma ordem – ele tentou impor, ele estava usando o seu primeiro nome, mas ainda assim ele soava frio e apático, quase que alheio a toda aquela situação, por que ele não podia pelo menos uma vez na vida demonstrar qualquer senso de compaixão?

—NÃO  eu não vou obedecê-lo – ela o desafiou - ela... é minha melhor amiga – Shara chorou - eu não POSSO deixá-la aqui- ela gritou para ele  - você não entende… por que não entende?

—Não podemos levá-la – ele disse por fim.

—Não vê que ela está morrendo – Shara disse chorando – Madame Pomfrey... ela saberá o que fazer... ela sempre sabe, por favor – ela pediu  - não a deixe morrer.

—Não há nada que podemos fazer, sua amiga não vai aguentar a viagem – ele disse com pouca emoção - não nesse estado - ela sabia que era ruim… mas ela nunca superaria aquilo, como ela iria embora sabendo do estado em que a deixou… ainda mais ao perceber que ela era a responsável por arruinar a sua vida, jamais… Shara gesticulou negativamente.

—Eu vou ficar – ela abraçou Catie no chão.

—Shara… Não me obrigue a levá-la comigo a força... - ele disse elevando a voz, isso não a assustava mais…-  não seja tão estúpida, como disse… ela não irá sobreviver a viagem, quer matá-la? Ou prefere ficar para vê-la morrer aqui? – ele perguntou completamente rude – não acha suficientemente ruim que ela morra, mas quer assistir independentemente de onde seja? – aquelas palavras eram duras, duras demais e ele fez menção em se aproximar dela novamente.

—Não… NÃO se aproxime de mim - ela reagiu - Eu não vou com você, eu não sou como você… frio, completo insensível e eu NÃO VOU ABANDONÁ-LA - ela disse, vendo ele  recuar ali - Vai embora - ela se viu repetindo aquilo que havia feito da outra vez, mas dessa vez era diferente, pois não era isso que ela queria… ela precisava dele mais do que qualquer coisa no mundo, e isso doía… por que ele estava agindo assim? Por que ele era sempre tão frio?

—Eu não… - ele ia responder algo, mas não pode concluir… Shara fechou os olhos, sentindo o peso do que havia dito ali, o peso do que estava sentindo, talvez o peso que ele carregava, mas por que ele tinha sempre que ser tão terrível? … Ela sabia agora, bom… talvez fosse isso, ele estava sempre atuando… talvez ele não tenha percebido que não precisava atuar o tempo todo… não ali… talvez… fosse isso, ela sentiu as lágrimas descendo pelo seu rosto.

—Ela é forte… - Shara disse tentando outra abordagem - uma vez… ela arrancou a unha do pé e ela nem chorou – Shara sorriu, ao se lembrar da cena, não por que fosse uma lembrança boa, mas ela se lembrou de como havia achado a amiga tão forte naquela época, Catie devia ter a sua idade ali, Shara se levantou, ele a encarava confuso, com a sua mudança repentina de humor, talvez ela se parecesse ainda mais com ele do que ambos imaginavam que fosse possível, era estranho, ela sabia… – não precisa atuar agora, não aqui na minha frente - ela disse para ele - eu… sei que não… - era difícil dizer aquilo - que não me abandonou… - ela respirou fundo - eu sei o que fez… o que fez pela minha mãe no passado, eu sei também que estava me protegendo - ela se lembrou de Poseidon - e sei que se importa comigo – ela podia sentir as lágrimas quentes limparem sua bochecha – afinal, você veio… aqui hoje - ela respirou fundo - então, não a deixe... a leve… faça por mim – ela pediu - por favor.

—Shara – ele olhou para a menina deitada no chão, parecendo pensar naquilo - Hogwarts não comportaria…. E seria arriscado demais…

—Por favor – ela se aproximou – eu falo com Dumbledore, eu… faço o que for preciso… mas por favor a leve...  Por favor - ela se aproximou um pouco mais dele para encará-lo bem de perto - por favor - ela pediu sussurrando uma última vez - Pai - ela o chamou, sim, afinal era exatamente aquilo que ele era para ela, ele era o seu pai.


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Notas finais do capítulo

Surtem! Apenas hahaha
SURTEM!

Bom, então sempre foi sobre isso, e Shara entendeu, de uma vez por todas, o modos operandi dele, sim ele é frio e é cruel, e é difícil desassociar daquilo que ele aprendeu a ser, tendo que incorporar aquele papel sombrio de alguém sem coração por tantos anos, mas como todos sabemos ele se importa, ele estava lá... quem não surtou quando percebeu quem era o Sr. Grengas/Snape na sala com o diretor?... e agora ela entendeu!

E pra isso, precisou de um contexto, precisou que algo acontecesse, como ouvir a mãe da Carla falar com ele daquela maneira, e o que ela disse trouxe a tona essa realidade muito mais do que mil pessoas dizendo isso pra ela o tempo todo.
E vamos lá né... que mulher mais vaca essa Louise (ela tem uma obceção sexual por ele, até ai a gente entende hahaha mas... ela é muito vulgar)

Shara ver Noah morrendo, uma cena muito forte... Com aquela revelação de que ele é o pai da sua amiga, também trouxe muito significado, e também mais culpa né... "foi minha culpa" "quando entrei na vida deles"

E o amor que ela sente pela amiga... surreal, o que será que vai acontecer agora com ela?

Mas de tudo isso, eu não espero nada menos que SURTOS hahaha afinal ela disse, enfim o tão esperado, aclamado - PAI!
Prometo que no próximo capitulo teremos um pouco do Snape aqui... mas como será que foi para ele ouvir aquilo? afinal dessa vez foi dito com o coração, e ele que já se derretia todo apenas com o olhar dela hahaha

Agora segura esse coração de PAI. Severo você merece, estou vibrando por você... eu e com certeza mais alguns aqui :)



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