Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 71
Futuro - Ele é o meu pai


Notas iniciais do capítulo

Olá, preparados?



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“As proteções da casa estão caindo, fazem algumas semanas que tenho sentido que elas vêm ficando mais fracas a cada dia que passa e isso é algo preocupante para nós e tem me obrigado a tomar medidas, que achei que não seriam necessárias até que Shara estivesse pelo menos perto de completar seus cinco anos, ela mal tem dois e isso me desespera...”

Shara parou... soltando a respiração, enquanto segurava a carta de forma trêmula em suas mãos, absorvendo cada palavra dita por ela e incapaz de conter sua crescente raiva e dor. Aquele que era apenas o primeiro parágrafo de uma carta de quase duas páginas, que ela não poderia continuar a ler... não por que ela não quisesse, mas sim por que seu estomago não deixaria, ela se levantou desnorteada, tudo aquilo a deixava doente, ela colocou uma das mãos sobre a barriga... ela precisava com muita urgência vomitar, as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, e ela numa ação involuntária apertou a carta contra o peito com bastante força, era da sua mãe, era a letra dela, aquela mulher sobre a qual, ela não sabia nada, confirmava ali aquilo que agora era óbvio, Shara era filha deles... Shara lutou para conter um soluço angustiado, seu interior gritava, e quando ela achava que nada mais teria esse potencial destrutivo, a vida vinha e simplesmente lhe tirava o chão, mais uma vez... ela deu um passo para frente, sabendo que não aguentaria segurar por muito tempo, então ela soltou a carta com certa resistência, ainda que aquilo fosse da mulher mais importante da sua vida, mas não foi escrito para ela, aquilo era dele... O pergaminho caiu aberto no chão, se juntando aos demais itens em desordem que estavam espalhados ali.

Ela caminhou até o banheiro como quem caminhava uma milha, nunca foi tão difícil fazer aquele trajeto antes, ela se apoiou contra a pia, deixando as lágrimas caírem livremente, enquanto se olhava no espelho e não se reconhecia... talvez agora ela finalmente devesse, ela tinha uma identidade e finalmente uma história... não haviam mais segredos a seu respeito, aquela era a verdade sobre o seu passado, estava tudo ali, as perguntas cessariam... e doeu saber... que por todo esse tempo, ele sabia... sim era uma dor esmagadora, e por mais que tivessem havido momentos difíceis em sua vida, nada, absolutamente nada se comparava a aquilo, nada poderia... era uma mistura de tristeza, de raiva e de traição que parecia querer sufocá-la, Shara teve que se curvar, apoiando as mãos ainda trêmulas na borda da pia. Seu estômago revirava, e uma onda de náusea veio tão forte que ela mal teve tempo de se virar antes que o vômito escapasse de sua boca. Depois de alguns momentos angustiantes ali, quando Shara sentiu que finalmente poderia controlar aquilo. Ela se ergueu um pouco, encarando mais uma vez o seu reflexo no espelho, um rosto manchado de lágrimas, olhos vermelhos e inchados que refletiam todo o vazio, foram anos... e ele sabia… como ele pode?

Ela entendia agora a fúria exasperada demonstrada por ele naquele dia, em que a havia pego com a carta na mão... óbvio, aquela era uma carta da sua mãe, ela esteve tão perto da verdade ali, e aquela não era exatamente uma carta de amor, não... aquilo mais se parecia com um pedido de ajuda, sua mãe parecia com medo ali, e pensar nisso a deixou ainda mais revoltada, já que ele não fez nada, NADA por elas... ele sabia, sim... ele sabia sobre a sua existência, talvez ele não amasse sua mãe, talvez um filho não estivesse nos planos... enfim as hipóteses podiam ser inúmeras, não importava, mas nada mudava o fato de que ele sabia… e não fez NADA - ELE SEMPRE SOUBE – ela gritou para o espelho, sentindo vontade de socá-lo, mas sendo impedida por uma nova onda de enjoos, que a obrigaram a se apoiar mais uma vez sobre a pia, ela fez, evitando um estrago ainda maior ainda ali.

—ELE MENTIU PRA MIM - Shara explodiu em um grito de raiva, assim que acabou, sua voz ecoava pelo ambiente vazio. Esse tempo todo... ele sabia... ele sempre soube. - ELE MENTIU – ela disse mais uma vez sentindo a voz falhar... Haviam tantas evidencias, como fui tola... como pude não ver? ... Ela segurou o colar com força, estava inerte e completamente frio, óbvio... ela sorriu com desgosto para aquilo, ela não poderia perdoá-lo por isso... a magia do colar podia sentir suas motivações, aquele que não era um sentimento bom.  Lágrimas de raiva e de tristeza brotaram em seus olhos outra vez, e ela as deixou cair, jurando ali que aquela seria a última noite, a última vez em que ela choraria por isso. E junto com todo aquele choro, Shara sentiu um impulso incontrolável de fugir, sim ela não podia mais ficar ali... aquele lugar não era para ela, era uma farsa, tudo ao seu redor era mentira... Seu coração batia forte e acelerado, sua mente estava uma confusão de pensamentos.

—Eu não vou ficar aqui. Não vou ficar nesse lugar nenhum minuto a mais - Shara disse a si mesma, tentando se acalmar, mas os lábios estavam trêmulos, sem se importar com o horário, sem pensar em o que fazer e onde poderia ir... ela só precisava sair dali, daquele lugar, e precisava fazer isso agora, ela saiu do banheiro convocando suas coisas e colocando a capa por cima do pijama, ela estava de meias... um par de meias verdes, que ela sentiu vontade de queimar, mas ela não faria, ela ainda precisava das meias, então ela calçou os sapatos, enquanto todas aquelas vozes gritavam na sua mente.

Eram as vozes dos seus amigos... a voz de Gina dizendo que ela se parecia com ele, a voz de Beta dizendo que ela se comportava como ele as vezes, Draco dizendo que ela lembrava ele em alguns comportamentos... como ela não havia notado, como ela havia sido tão cega? Até mesmo a carta da sua mãe que indiretamente se referia a ele desde o início, tudo, absolutamente tudo apontava para uma única direção, e ela que sempre foi tão atenta, não havia visto... como? ela sendo classificada para a Sonserina, a reação do diretor naquele dia, Antony dizendo que o temperamento dela era difícil como o do pai... Elza dizendo que esperava mais dela, já que ela era filha de um bruxo brilhante... Pomfrey mudando com ela e deixando ela ficar nos aposentos dele, ao invés da enfermaria, a professora Minerva agindo estranho, a moeda que ele havia dado... era evidente agora, tão lógico, esse tempo todo... ela deu dois passos para trás... não se importando com toda aquela bagunça que havia deixado no quarto, ela estava com raiva, raiva dele, da situação, da vida, de tudo... ele havia mentido, escondendo dela a coisa mais importante... ela era sua filha.

Shara pensou em todas as vezes que ela ansiava pela verdade, todas as vezes que ela se sentia sozinha e desamparada, de como ela havia aberto tudo isso para ele... se expondo, de como ele a conhecia agora e ainda assim, ele optou por deixá-la sofrer às cegas, sabendo o quanto aquilo significava, que tipo de pessoa ele era? Como ele podia ser tão frio e tão cruel? ... com um grito de raiva, Shara se virou, erguendo uma das mãos, e buscando a magia ancestral, magia sem varinha que agora ela controlava muito bem, sentido ela fluir pelos seus dedos, ela apontou uma de suas mãos em direção ao armário de bebidas, ele prezava por aquilo e havia algumas boas garrafas ali, ela realmente queria fazer aquilo e com o poder da sua mente todas elas explodiram quase que de uma única vez, aquilo era uma pequena amostra de como ela se sentia por dentro e à medida que o líquido escorria pelo móvel, ela sentiu prazer e alívio por poder extravasar um pouco da sua raiva ali... era um presente especialmente reservado para ele, aquilo certamente acabaria com a tapeçaria, deixando manchas que por sorte seriam tão profundas como as que ele havia deixado em sua vida... então ela saiu, abrindo a porta dos aposentos dele, pela última vez e a batendo com força atrás de si, ela correu... deixando para trás todo aquele caos... ela correu sem um destino.

Shara passou pelos primeiros corredores, sem se importar com o barulho que seus passos pesados faziam, ecoando pelo corredor completamente vazio. Ela precisava de um lugar agora, um lugar que lhe desse espaço para pensar, para chorar e que fosse longe o suficiente das masmorras, ela caminhou sem rumo, parando em frente às escadarias da torre de astronomia, ela nunca havia subido ali antes, era convidativo e era uma opção... ela não queria pensar muito, então ela subiu, seus olhos vermelhos faiscavam de raiva, ela mantinha seus punhos cerrados, se houvessem outras estantes de bebidas, ela certamente destruiria todas sem exceção. A brisa fria balançava seus cabelos, enquanto ela avançava os degraus, um por um finalmente, chegando ao topo onde o ar sereno da noite a acolhia, estava frio, mas ela não se importava, já que por dentro ela estava fervendo.

A torre de astronomia era um lugar tranquilo, com amplas janelas que ofereciam uma vista deslumbrante do lago e também do céu estrelado. Shara caminhou até a beirada, apoiando-se no parapeito frio enquanto observava o céu, aquilo era familiar, afinal quantas vezes no passado ela já havia subido no sótão, no lar, e feito exatamente o mesmo, era para lá que ela ia, quando estava triste e queria se esconder da realidade, era lá que ela ia quando queria chorar longe das vistas dos outros, aquele era o seu esconderijo perfeito e aquela torre remetia um pouco isso, pelo menos ela havia achado o lugar certo, ela suspirou... fechando os olhos por um momento, e lutando contra todas as memórias, agora sua mente parecia querer lembrá-la de todas as vezes em que ela havia questionado sobre a sua identidade para ele, e de como ele evitava o assunto ou fornecido informações vagas sobre aquilo... ela sentiu uma pontada de amargura enquanto percebia o quão cega ela havia sido diante de todas as evidências, ele não queria que ela soubesse…. por fim ele tinha razão em algo, ela era mesmo uma garota estúpida.

"Ele é o meu pai…" ela chorou ao ouvir seus próprios pensamentos "ele estava vivo esse tempo todo, era ele… ele que sempre esteve ali… " Ela estava uma bagunça, ela balançou a cabeça compulsivamente como se pudesse expulsar todos aqueles pensamentos da sua mente daquela forma… ela queria um pouco de silêncio, havia tanto barulho ali… inclusive a voz de Noah, outra vez, ela que havia silenciado aquela voz dentro de si… agora estava ali novamente  "você é uma aberração, nem seus pais querem alguém como você" não era mentira… ela fechou os olhos com força…

—Eu o odeio - ela disse em voz alta, declarando o que sentia… aquelas palavras ressoavam no ar, ecoando pela torre vazia. Shara se deixou cair no chão frio da torre, as lágrimas ainda desciam com bastante facilidade – EU O ODEIO PROFESSOR SNAPE - ela repetiu gritando, ele não representa nada, NADA.

—___

Severo, estava virando o último corredor, antes de chegar em seus aposentos privativos, quando estranhou o cheiro forte de bebida alcoólica que havia ali, parecia estar empregnado por todos os lugares, era bastante tarde, e ele não seria em nada piedoso se pegasse qualquer aluno bebendo, ainda mais a esse horário e justamente ali nas masmorras, será que o estavam desafiando? Mas à medida que se aproximava da porta de entrada do seu aposento o cheiro aumentou consideravelmente, desconfiado ele abriu a porta imediatamente, notando o caos que havia se transformado sua sala de estar... ele precisou de alguns longos segundos até se situar do que poderia ter acontecido ali, suas alas certamente eram uma das mais seguras do castelo, aquilo não era nenhum tipo de ataque... ele saberia, ele entrou, ciente de que apenas uma pessoa poderia ter sido capaz de causar tudo aquilo, sentindo seu sangue esquentar ele notou a porta do seu quarto aberta, ele estreitou o olhar naquela direção.

—EPSON - ele gritou a chamando - Não tente se esconder de mim – sua voz era arrastada porém fria, ele estava tudo menos calmo - você está com sérios problemas – ele rugiu, sua voz ecoando pelas paredes de pedra, e sua raiva pulsava em cada palavra... então por se sentir frustrada com aquilo que teria que fazer, ela resolve em sua total falta de controle de impulsos, simplesmente destruir os seus aposentos, sim ele estava com vontade de matá-la ali, ele mesmo e naquele exato momento, garota estúpida a onde é que ela havia se enfiado? Ele pensou enquanto adentrava no seu quarto, prestes a arrancá-la de lá a força... mas o que ele viu ali, não era nem de longe algo que ele esperava encontrar, ele paralisou naquela cena, sentindo a raiva se dissipar aos poucos, dando espaço para outros tantos sentimentos, mas pânico certamente era o principal deles, era óbvio agora, ela havia descoberto, descoberto toda a verdade ao seu respeito... E pelo que tudo indicava ela havia recebido muito mal a novidade, isso não deveria ter acontecido, como? Ele piscou algumas vezes apenas para ter certeza de que aquilo não era nenhum tipo de alucinação pela falta de descanso apropriado, ele passou o dedo pelo anel... ele fazia isso muito pouco ultimamente, já que ela vinha se comportando e na maior parte das vezes, ela estava com ele... “torre da astronomia” ele sussurrou... ele não lembrava dela ter ido lá alguma outra vez, ela estava uma bagunça, mas raiva era algo que ele pode ver nitidamente ali, ele deu mais uma boa olhada pelo lugar, de certa forma se sentindo traído, não por ela... mas por suas próprias circunstâncias, algo borbulhava dentro dele, uma mistura de ressentimento pela intromissão de outros em sua vida pessoal o deixando exposto daquela maneira e o temor do que isso poderia significar para o futuro agora... aquilo estava errado, não deveria ter acontecido… NÃO! ele precisava agir, ele precisava pensar...

Snape fechou os punhos com força, suas mãos tremendamente resistentes, se ela não tivesse destruído sua estante de bebidas, talvez ele mesmo o fizesse e pensar nisso o assustou, como eles podiam ser tão parecidos nesse sentido. Ele não podia simplesmente ficar e ignorar o que havia acontecido, ele sabia que algo precisava ser feito, sim… ele precisava ir até ela mesmo sabendo o que iria encontrar, havia algo se formando em sua mente, se fosse necessário ele faria, mesmo que isso significasse enfrentar suas próprias inseguranças e medos… Ele saiu de seu escritório com passos decididos, suas vestes negras fluindo atrás dele enquanto avançava pelo corredor mais uma vez naquela noite.

—Ainda aqui fora? - Antony perguntou esbarrando com ele - ou já estava com saudades de mim? - ele perguntou divertido.

—Shara está na torre de astronomia - ele disse empurrando o pássaro que havia parado na sua frente, sem qualquer paciência para seus comentários imbecis - saia do caminho, estou indo até ela.

—O que? Por que? E por que agora? - Antony estava confuso e correu atrás dele, já que ele não iria parar para dar quaisquer explicações ali, não havia tempo para isso - olha se for por minha causa… pelo que aconteceu, eu sei que por mais que seja difícil e que ela vai mesmo superar em algum momento, mas se preferir eu posso subir e falar com ela, tentar pelo menos… - a ave estava tentando encontrar algum sentido, mas não dessa vez… ele não sabia se Shara iria mesmo superar aquilo e na verdade nem ele… algo precisava ser feito naquele sentido.

— Pode te surpreender ave… - ele disse irritado para ele - mas nem tudo aqui gira em torno do seu bico - ele sabia que estava sendo ríspido além do necessário, principalmente por que eles haviam acabado de ter uma conversa bastante produtiva sobre tudo lá fora - ela descobriu a verdade - ele contou abrindo o jogo - ela sabe sobre mim e sobre ela agora - ele disse embora ainda soasse frio, hostil e intimidador

—Como? - Antony perguntou… isso era algo que ele também gostaria de saber, era impossível que ela simplesmente tivesse achado aquilo e sem falar que haviam proteções naquele sentido em seu armário, mas de qualquer forma estava feito, nada mudaria o que havia acontecido, a menos que…. Sim, ele faria.

—Fique aqui - Severo parou brutalmente, ele não precisava de ninguém se intrometendo, aquilo seria entre ele e ela,  enquanto encarava o alto da torre de astronomia que agora se projetava à sua frente, aquelas escadas pareciam um desafio a ser seguido, mas que ele estava disposto a enfrentar, sim... era necessário - não interfira - ele ordenou, começando a subir.

—O que vai fazer? Vai tentar explicar para ela? - ele pediu ficando na parte de baixo e não o acompanhando, seguindo enfim sua recomendação… Severo parou no degrau onde estava apenas para o encarar dali de cima.

—Vou apagar sua memória - ele admitiu, sem esboçar qualquer emoção, Antony o encarou assustado, mais uma vez de forma previsível.

—Oque? - ele pediu se movendo - Não… não posso deixar que faça isso… não com ela… ela é sua filha PORRA! - ele xingou, tentando correr ao seu encontro.

—Petrificus totalus - Severo disse, vendo Antony ficar pelo caminho.

—___

Shara estava ali a algum tempo agora, tentando recuperar o controle das próprias emoções, era difícil se regular naquele estado, ela havia se encolhido contra o parapeito, puxando as pernas contra o próprio corpo numa tentativa vã de se sentir amparada… e pensar que todo aquele tempo, sempre foi sobre ele, o temido e assustador professor de poções, o chefe da casa Sonserina, ele era o seu pai, um bruxo, um ex comensal da morte, que havia se relacionado com sua mãe no passado, ele… justamente ele, aquele que dentre tantos outros ela havia escolhido para confiar, aquele a quem ela havia se afeiçoado o deixando ocupar espaços em seu coração, onde nenhum outro adulto havia adentrando, ela nunca se sentiu tão desapontada como se sentia agora com ele ali, por que tinha que ser justamente ele? A vida parecia gostar mesmo de lhe pregar peças… ela nunca havia ido tão longe com ninguém ao mesmo tempo que nunca havia descido tanto, ela foi literalmente do amor ao ódio.

Ela repousou a cabeça sobre os joelhos, fechando os olhos por alguns segundos, tirando as circunstâncias difíceis e completamente desfavoráveis, aquele até que era um bom lugar para se esconder e ficar, era silencioso e também solitário, e ela lamentou não o ter encontrado antes… mas toda aquela tranquilidade que ela parecia apreciar, foi interrompida ao ouvir o som de passos, aquele barulho ecoou por todo o local, anunciando a chegada de outra pessoa, Shara estremeceu, ela não queria ser encontrada. Ela levantou os olhos de onde estava, encontrando os do professor Snape que subia os últimos degraus... Não podia ser… não ele, seu coração acelerou, impossível, como ele a havia achado ali? Aquela mistura de emoções ressurgiu novamente. Ela o encarou com uma mistura de raiva, tristeza e uma dose de desafio. Já a expressão dele era inabalável e fria como sempre, talvez estivesse chateado pela estante de bebidas, mas certamente ele sabia agora, o quanto ela sabia sobre ele.

—Shara – ele disse o seu primeiro nome, mas sua voz carregava um tom gelado - Há algo que precisamos discutir – ele afirmou, e aquelas palavras a atingiram como um feitiço, a realidade da situação se estabelecendo ainda mais profundamente. Shara cerrou os punhos, seus nós dos dedos ficando brancos enquanto lutava para conter a tempestade de emoções que a dominava, ele não deveria ter vindo, como ousava falar com ela depois de tudo?

—Discutir? Você quer mesmo discutir? - ela estourou, se levantando rapidamente do chão, sua voz carregada de sarcasmo, algo que era dele, ela podia reconhecer agora - depois de todo esse tempo e de todas as suas mentiras? – ela perguntou, se mantendo firme, embora não houvesse estabilidade alguma ali, ela estava em ruinas. Ele acompanhou seu movimento, mas sua expressão continuava impassível.

—Entendo que isso pode ser difícil de aceitar – ele disse pausadamente para ela  - Mas há circunstâncias que você não entende – ele completou.

—Não entendo? claro… e você acha que posso entender alguma coisa agora? depois de descobrir que tudo aquilo que me disse foi uma mentira? Quer dizer... talvez seja o que você não me disse – ela cuspiu – um pouco tarde não acha? professor – ela disse aquele título com certo desgosto, professores deveriam ser o exemplo e alguém para se espelhar, ele era tudo menos isso.

—Existem razões para as minhas ações Shara - ele a cercou - não é tão simples como parece e espero que leve em consideração tais razões... - Ele se mantinha firme também, parecendo muito à vontade com seu primeiro nome agora, ela queria gritar sobre aquilo... mas a voz dele era baixa e controlada, e surtar ali a deixava em desvantagem.

—Razões? Que tipo de razões podem justificar algo assim? - Shara perguntou dando um passo à frente tentando soar de forma intimidadora, mas a verdade é que era ele que a intimidava, até mesmo agora e depois de todo esse tempo, mas ela não queria e não podia demonstrar fraqueza, não naquelas circunstâncias, não para ele - Eu confiei em você, professor... o senhor me disse que podia confiar, e eu... – ela olhou para o chão, ela estava oscilando, droga era muito difícil - eu pensei que você fosse diferente dos outros, alguém que eu pudesse olhar nos olhos e acreditar – era difícil admitir aquilo agora, doía muito mais quando dito em voz alta. Ele desviou o olhar por um momento, sua expressão era de tristeza, ela conseguiu ler aquilo, mas não importava mais - eu nunca estive tão enganada - ela completou.

—Entendo que esteja com raiva, e tem o direito de estar... mas a verdade nem sempre é algo simples, e não espero que compreenda isso agora – ele disse sério para ela - não pense que foi uma decisão fácil para mim, mas essa era a decisão certa – Ele a encarava, e ele estava simplesmente justificando aquela mentira, não havia arrependimento ali, nenhum da parte dele… ela não podia acreditar naquilo… e quem era ele para falar algo a respeito de decisões? Ele que não havia decidido nada, ele que se absteve de tudo e agora parecia querer soar como se não o fizesse.

—Decisão fácil? Você acha que foi piedoso comigo, esse tempo todo ao não me contar a verdade, a verdade sobre quem eu realmente sou? A verdade sobre quem você é, sabe… isso é egoísmo! Você me chamou de egoísta mais cedo... dizendo que minhas ações, com Antony eram meramente pautadas em mim mesma e em como eu me sentia com aquilo... mas você, você é o verdadeiro e o grande EGOÍSTA AQUI – ela gritou para ele, ela não tinha mesmo controle de impulsos e ela não se importava com o que ele pensava sobre isso, enquanto ele parecia lutar internamente com suas próprias emoções. Ele se aproximou um pouco mais dela, seus olhos fixos, se ele se aproximasse mais, ela o empurraria e sairia correndo.

—Sei que levará um tempo e leve o tempo que for necessário, não quero que aceite, mas quero que entenda – ele estava calmo e não parecia ter nenhuma dificuldade em formular aquilo, ele agia como se estivesse preparado para essa conversa, e isso a deixava ainda mais desconfortável e com raiva - fiz péssimas escolhas no passado e para protegê-la desse passado obscuro e de um legado que poderia colocá-la em perigo, eu tive que fazer escolhas ainda mais difíceis e omitir a verdade faz parte disso - ela não ia aceitar e muito menos entender…

—Suas escolhas difíceis... – ela sentiu que o ar podia lhe faltar a qualquer momento, ela sabia que estava respirando com dificuldades agora – suas escolhas difíceis – ela repetiu, ironizando, sentindo uma lágrima escorrer pelo seu rosto – transformaram a minha vida num inferno – ela desabafou – entendo que não… que não me quisesse… eu acho que posso entender isso – era ainda pior quando dito e ela teve que desviar o olhar ali, era impossível sustentar aquilo – mas pelo menos... me deixasse em qualquer outro lugar... não lá… qualquer outro lugar – ela disse, sentindo o quão pesado eram aquelas palavras, quando pequena ela sonhava em encontrar sua família para ter um lar, mas à medida que ela foi crescendo e entendendo o que podia ter acontecido com ela ali, ela sonhava em encontrar sua família apenas para vomitar toda dor e a frustração que sentia sobre eles, aquela dor do abandono, achando que isso a faria se sentir melhor, e agora que ela estava de fato fazendo, não era assim tão bom como ela achou que seria - e eu não preciso da sua proteção, não é o seu passado que me faz correr perigo aqui… se não notou, eu… tenho o bastante e eu posso lidar com isso SOZINHA foi assim antes e pode ser assim agora - ela estava sozinha outra vez, novas lágrimas correram ali. O professor Snape a olhou confuso, ele parecia não ter entendido aquilo muito bem - Vá embora - ela disse com a voz fraca…

—Eu não vim aqui para me justificar… - ele a rodeou, ela sentiu seu coração acelerar - eu vou embora, se é o que quer… mas antes preciso fazer algo… Shara - ele disse seu nome, ele parecia lutar contra algo agora - tudo tem um preço… e o que eu fiz e o que eu farei, me custará muito - Shara cerrou os dentes, sua raiva fervendo mais uma vez.

—Custou? Custou o quê? Você acha que é o mártir aqui? Você mentiu para mim, foi VOCÊ que me abandonou… e depois mentiu pra mim esse tempo todo aqui, você é cruel… é  egoísta, é mal - ela disse em meio às lágrimas… espera ela seu deu conta de algo, ele havia dito, "o que fiz… e o que farei" estava falando no futuro, ela o encarou, ele segurava a varinha agora… ela rapidamente tateou para pegar a sua, mas ele tirou uma das mãos do bolso, mostrando que ele estava em posse da sua varinha também… como ele havia feito aquilo? O professor Snape respirou fundo, como se tentasse conter suas próprias emoções.

—Eu sei que isso pode ser difícil. Mas não pense que suas emoções estão sendo ignoradas aqui… acredite elas não estão… Eu só quero que você saiba que há muito mais do que parece… e que a conta é alta - ele disse sério - principalmente para mim, já que isso… - ele olhou para ela - é algo que eu me lembrarei para sempre - ele a olhava de forma profunda - eu fiz uma promessa - ele ainda a encarava, havia dor ali naquelas palavras e naquele olhar - e eu vou cumprir… eu a protegerei Shara, até meu último dia de vida nem que pra isso eu seja obrigado a tomar decisões ainda mais difíceis para você, para mim e para nós, eu quero que saiba que farei qualquer coisa por você - ele disse, empunhando a varinha em sua direção, ele iria enfeitiça-la a qualquer momento agora, Shara ficou em silêncio, seus olhos agora pequenos fixos nos dele, não havia o que ser feito ali… ela se deixou cair, se ajoelhando na frente dele, em prova total de rendimento e submissão, ela não iria resistir e sabe se lá  por alguma razão aquilo o incomodou, mas o que ele esperava? ela não iria lutar, simplesmente não tinha forças para isso, enquanto deixava as lágrimas escorrerem livremente, ela sabia o que ele ia fazer.

—Faça de uma vez professor - ela pediu soluçando - vai apagar minha memória não vai? - ela perguntou, ele a encarava sério - faça… mas veja se faz direito e apague a sua lembrança toda da minha vida por favor - ela pediu tentando o provocar, o que ele estava esperando afinal de contas? - vamos… apague a minha memória… PAI - ela disse aquela pequena palavra, aquela que ela achou que nunca diria um dia para ninguém, ele parecia em choque… ela fechou os olhos apenas esperando por algo… enquanto lutava contra a torrente de sentimentos conflitantes dentro de si, suas mãos tremiam, talvez fosse de tristeza, ou talvez de frio mesmo, por que ele estava demorando tanto? Ela ouviu o barulho de passos, agora sutis se distanciando, ela abriu os olhos… ele havia baixado a varinha, e deixando a sua no chão do lado de onde ele estava parado segundos atrás, ele estava se afastando agora… e ela ficou ali o observando partir, até que ele desapareceu de sua visão, então ela se apoiou com as duas mãos no chão e chorou, soluços angustiantes. As emoções que haviam sido reprimidas por tanto tempo agora transbordaram, inundando-a como uma enxurrada avassaladora. Ela comprimiu-se de sua capa, apertando-a com força enquanto as lágrimas molhavam o tecido….

—"Sim… eu cresci naquele lar", ela murmurou entre soluços, suas palavras quebradas pela intensidade de suas emoções. "E… ele sabia... ele sempre soube e nunca... nunca fez nada por mim..." Cada pensamento sobre sua infância difícil naquele lugar, a voz de Noah… era como uma punhalada em seu coração. Ela se lembrou das muitas noites solitárias, dos dias intermináveis, das lágrimas derramadas em segredo naquele colchão surrado, no sótão vazio. Shara esperava tanto por um sinal de alguém que se importasse com ela, de alguém que a libertasse daquele lugar terrível, e o professor Snape sabia o tempo todo, ele podia… mas ele havia escolhido não agir… a deixando lá e sozinha, ele sequer havia demonstrado arrependimento.

A ideia de que alguém que ela havia considerado como uma figura fraterna, alguém que ela pensava que podia confiar, havia virado as costas para ela em seu momento de necessidade mais profunda. A dor a consumia, e Shara chorava amargamente, seu corpo tremendo com a intensidade de sua raiva e também pelo frio…

"Eu não era importante... para ele…" ela murmurou entre soluços. "Ele não se importava..." Suas palavras eram um grito de dor, um lamento por todas as vezes em que ela havia ansiado por afeto, por uma conexão, por um vínculo que agora parecia ter sido negado a ela por aquele homem que ela havia aprendido a amar e havia descoberto ser seu pai biológico, o destino podia ser mesmo cruel… As lágrimas continuaram a cair, sua angústia preenchendo o ar ao seu redor. Ela soluçou alto, seu peito doendo com a intensidade de suas emoções… e em meio a todo aquele caos um novo pensamento parecia se formar ali, era uma nova pergunta "por que ele havia desistido de apagar sua memória?... Por que?"


—Vamos… apague a minha memória… PAI – ela disse... o desestabilizando, a verdade era que ele se importava com ela, muito mais do que ele jamais poderia admitir em voz alta, afinal ela não acreditaria, não mais... e ele estava ali sim, ela estava certa, para apagar sua memória, era necessário… a única forma de consertar aquele erro, ela não podia saber a verdade e ele a enfeitiçaria num esforço de protegê-la de quem ele era e do que ele representava para ela, ele a enfeitiçaria para guiá-la em outra direção, mesmo que isso significasse afastá-la da sua vida, era uma decisão difícil… certamente muito mais para ele e ela não entenderia, qualquer esforço despendido nesse sentido, não funcionaria, afinal como explicar que as marcas do seu passado o assombravam, os erros que ele havia cometido, as escolhas que o levaram a aquele caminho sombrio. Ele não queria que Shara trilhasse os mesmos passos e muito menos que sofresse as consequências daquilo que não lhe pertencia. Severo fechou os olhos por um momento, suas mãos ainda apertadas e com a varinha em punhos, ela havia dito pai…  ele cedeu.

O que tinha dado errado ali? Por que ele estava cedendo daquela forma? Ele repassou sua performance mentalmente, ele havia começado bem, sendo frio e soando de forma mecânica, ele sabia que as coisas seriam mais fáceis se ele seguisse por aquele caminho, já que era um caminho conhecido por ele, Shara sequer se lembraria, portanto não faria diferença, e então ele apagaria as memórias dela, pelo menos era assim que deveria ter sido, e por mais que aquilo não fosse o que ele sentisse de fato sobre ela, e mesmo ciente de que omitir seus sentimentos estava ficando cada dia mais difícil, ainda assim… ele sabia atuar, e ele atuava muito bem, era assim que ele havia passado a maior parte dos seus dias como comensal no passado, ele atuava e era isso que ele estava fazendo ali, atuando. A verdade era algo que não os pertencia, e a colocava em perigo eminente, então não deveria ser uma decisão tão difícil... ele estava fazendo isso por ela e ele só tinha que fazer, mas ele recuou, dando um passo para trás e deixando a varinha dela ali no chão, ele recuou mais dois passos... o que ele estava fazendo? Nem ele sabia… ele se retirou.

Severo desceu as escadas com bastante urgência, se sentindo completamente derrotado, aquilo nunca havia acontecido antes, ele estava mesmo perdendo o juízo, não havia outra explicação para o fato dele estar se tornando tão miseravelmente fraco… sim, fraco! aquele era um simples feitiço, a porcaria de um simples feitiço, ele murmurou para si mesmo... ela sequer sentiria dor ou qualquer coisa do tipo, havia razões para isso e ele apenas precisava conjurá-lo, apenas..  ele deveria ter feito... ele havia ido até ela com essa missão, e independente do que isso pudesse custar, ele faria, pelo menos era assim que as coisas costumam funcionar, mesmo que o preço fosse alto, ele faria sem objeções... mas então ela o chamou de pai… embora não fosse fraternal, não naquelas circunstâncias, ele sabia... mas ainda assim ela havia dito aquela pequena palavra que ele nunca achou que pudesse ouvir um dia, e como uma onda inesperada, aquilo chegou, levando consigo todas as suas forças e por melhor que fossem, as suas intenções… ele estava preparado para tudo, mas não estava preparado para isso, ela o havia chamado de pai... e ele havia recuado, aquilo não poderia ser um ponto fraco? Poderia?... ela era de fato a sua filha, uma criança não esperada, não planejada que entrou na sua vida, sendo a única pessoa capaz de fazê-lo recuar, nem Maeva havia conseguido, nem Lily… nem ninguém importante do seu passado, mas ela sim… Antony estava certo sobre isso, ele simplesmente não podia fazer aquilo.

A medida que ele descia a escadaria, ele chutava o ar a sua frente, como se pudesse chutar seus próprios pensamentos ali, ele que já havia feito tanto, coisas das quais ele se arrependia, coisas cruéis... e ela era apenas uma criança, uma criança completamente rendida, o que tornava tudo ainda pior... ela havia se ajoelhado à sua frente, uma entrega de quem não desejava mais lutar... e ele havia prometido protegê-la, ele havia falhado... o que aconteceria agora? ele não sabia, ele não gostava da ideia de trabalhar com improbabilidades e incertezas, e o fato de ter as coisas fugindo do seu controle daquela maneira, o perturbava, e para ajudar não havia sobrado sequer uma maldita garrafa de whisky de fogo para fazê-lo esquecer pelo menos por aquela noite, o bruxo imprestável que ele havia se tornado, agora ele era dado a sentimentalismo, ele bufou inconformado. Ele alcançou o térreo e parando por um momento, encarando a ave petrificada ali no chão, ele desfez o feitiço...

—Você foi longe demais dessa vez - Antony disse se recompondo ao se levantar do chão e partindo em sua direção em defensiva, ele não se moveu, e Antony chegou perto o suficiente para encará-lo, Severo podia sentir sua respiração - O que você fez com ela? - ele perguntou com raiva… Severo apenas o encarou, ele havia falhado - DIGA - ele gritou o chacoalhando.

—Não pude - ele respondeu vagamente, Antony o soltou, ele parecia mais aliviado agora.

—Vou subir - ele disse, pisando no primeiro degrau, mas ele o impediu.

—Não…  - Ele disse quase sem voz - ela vai precisar de você mais do que qualquer outro daqui pra frente, mas se fizer isso agora… ela vai achar que foi porque mandei e ela vai te odiar tanto quanto me odeia - Severo olhou para Antony, foi difícil dizer aquilo - precisa agir com sabedoria - ele orientou – do contrário vai afugentá-la - Antony acatou.

—Está certo – ele disse - mas ainda assim não podemos deixar ela lá sozinha… não nesse estado - Antony disse preocupado, olhando para cima, Severo o encarou, ele era mesmo uma boa pessoa e ele tinha mais uma vez razão sobre aquilo.

—Vá buscar Minerva - Severo orientou – ela saberá o que fazer, conte a verdade para ela, ela sabe sobre mim e sobre ela – Severo confessou – assim ela entenderá a urgência e a gravidade disso - Antony assentiu, aquilo era o mínimo que eles poderiam fazer por ela, essa noite.

—E você? – ele perguntou com um tom de preocupação, antes de partir, ninguém nunca se preocupava com ele.

—Ficarei bem – ele mentiu, se virando e fazendo menção em sair.

—Severo – Antony chamou, o fazendo parar, agora de costas para ele – ela não te odeia – ele disse, sim ela odiava, ele havia visto aquele olhar, ele conhecia todas as suas expressões, aquele era um brilho diferente, era algo novo, algo que ela nunca havia manifestado antes, era ódio… ele podia entender aquilo, ser odiado não era uma novidade para ele e as acusações dela, gritadas daquela maneira ecoavam em sua mente "você é cruel, é egoísta, é mal…" alcançando algo que ele achava não possuir, um coração. Mas ela estava certa sobre aquilo, era assim que ele era.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo foi revisado 200 mil vezes...
Eu sei que quando a história fica muito longa, pode ser maçante e é normal muitos desistirem dela (como leitora entendo já fiz isso também e muito) então quem acompanha e esta aqui, meu muito obrigada!

Então vamos lá... esse capitulo não terminou muito bem, para ajudar, Shara não leu a carta toda, e como ela tem bem menos informação sobre isso do que a gente, ela deduziu que ele sempre soube sobre ela, e obvio que ela esta chateada, quem não? Complicado.

A ideia do confronto entre eles, já logo depois do ocorrido era justamente para gerar uma tensão, eu escrevi tensa, espero que tenham sentido.
A escolha da torre da astronomia foi proposital, sabemos que aquele lugar é emblemático para ele, o lugar onde ele faz escolhas difíceis, uma marca registrada. Com sorte aqui, ele não fez... eu não ia fazer isso com eles (deu medinho? hahaha), li algumas fanfics onde quando acontece a "revelação" alguém perde a memória e báh! voltar a estaca zero dos personagens e perder tudo que construíram até aqui... não dava né!

A cena de Shara destruindo a estante de bebidas, cara em tudo nesse capitulo, essa cena eu consigo ver... sério, se fosse um filme, seria a cena perfeita... uma musica de fundo e a destruição, é tão forte, por que Shara se reprime muito e ali ela estravassa a raiva, a frustração... Sorry Severo deve ter dado um preju

Outra cena, é o Antony chingando e Severo petrificando ele... ele não merecia, mas essa também é apenas uma demonstração do que Snape faria, sim ele faria qualquer coisa para cumprir um objetivo, afinal ele fez uma promessa, protege-la até o final dos seus dias... e ele dizendo isso pra ela... CARA enfim, espero que tenham curtido.

Aguardem que capítulos muito emocionantes os esperam...



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