Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 6
Futuro - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Um capitulo só de Snape :)
Confesso que pensei muito em como seria essa descoberta, Pai? Snape tem uma filha!



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—O que significa isso Alvo? - Desde que Severo havia posto os olhos naquela garotinha mais cedo, ele sabia que havia algo de muito familiar nela, era como se sua mente estivesse pregando uma peça e o mandando de volta para o seu passado, visitando lembranças e revendo uma menina apenas um pouco mais velha do que ela de anos atrás.

—Na minha idade, confesso que poucas coisas ainda são capazes de me surpreender e essa com certeza foi uma delas - Alvo disse pensativo – quem diria, que esse tempo todo era sobre isso – ele suspirou cansado.

—Não faça rodeios, o que havia naquela carta? ou você acha que não percebi o quanto ela te afetou – Severo disse, o forçando a ir direto ao assunto, aquele já não tinha sido um início de ano letivo tranquilo, era apenas a primeira noite e ele já se sentia exausto e com uma forte enxaqueca se aproximando, maldito Potter que desde que botou os pés naquela escola, havia transformado os seus dias em verdadeiro inferno, e agora para tirar ainda mais a sua paz, ele tinha uma comparsa, dentro da sua própria casa, é claro que Severo não iria permitir que aquele vinculo de amizade prosperasse.

—Eu me perguntei, durante anos a fio, qual a razão que a levou de fugir de nós? – Alvo disse pensativo – agora eu entendo.

—Ela? – Severo perguntou impaciente - Ela quem?

—Maeva... claro que você se lembra dela – Severo sentiu seu coração acelerar, de certa forma ele sabia onde tudo isso ia chegar, ela era a menina do passado que hoje assombrava parte dos seus sonhos e que ele se esforçava para esquecer, ela havia partido sem motivo, eles haviam tido um relacionamento curto, mas bastante intenso durante os percalços da guerra, óbvio que aquilo nunca iria dar certo, eles eram opostos em praticamente tudo, assim como a água é do vinho, ele a havia decepcionado de diversas formas possíveis, ele era completamente cego naquela época e fazia qualquer coisa que seu mestre pedisse.

—Sim - como ele poderia negar – e o que exatamente isso tem haver com ela? – ele não sabia se queria mesmo ouvir aquela resposta.

—Shara Epson a menininha que acabamos de conhecer é filha de Maeva Lowell, todo esse tempo, e eu nunca desconfiei, mas é claro, agora eu entendo e faz sentido… – Ele havia ido direto ao ponto, como Severo tinha pedido e aquilo foi um golpe certeiro no seu estômago, e era evidente que Alvo estava fazendo diversas conexões mentais.

—Não é possível – Severo disse enfático, mas ele sabia que era sim possível e ele estava começando a ficar sem ar também, a menina de fato era muito parecida com ela, ele tinha notado desde o momento que a viu pela primeira vez, os olhos verdes eram exatamente os mesmos da mãe, a fisionomia, formato do rosto, haviam muitas características, exceto pela cor do cabelo que era escuro como carvão e pelo tom de pele, o da criança era mais pálido - Maeva não teve filhos - ele afirmou, tentando se convencer que aquilo era mesmo absurdo.

—Ela fugiu Severo, não podemos afirmar isso, agora faça as contas, Shara vai completar 11 anos esse ano, e Maeva partiu antes da derrota de Voldemort, ela não tinha outra razão para fugir naquela época, então pelo que tudo indica ela fugiu após descobrir a gestação – Alvo tinha razão, por Merlim que aquilo não podia estar certo, ele sentiu o mundo desmoronando embaixo dos seus pés.

—Gravida? Você está me dizendo que Maeva fugiu grávida - Impossível, ela não estava grávida, ele tinha se encontrado com ela semanas antes dela fugir… ele ofegou se lembrando dos cabelos escuros da criança e da cor da pele pálida, isso não podia estar acontecendo com ele, que maldição, isso era alguma brincadeira insana do destino, por todos os crimes que ele havia cometido no passado, simplesmente não podia ser possível.

—Pois é exatamente o que estou dizendo – ele reforçou – ela não queria que soubéssemos da existência da criança, ela fugiu e a escondeu de todos nós, ela abriu mão da sua própria vida e segurança ao nosso lado na Ordem, pela vida do bebe que ela estava gerando.

—Não, não, NÃO - ele vociferou, batendo com força o punho na mesa e ele sentiu os olhos analíticos do diretor sobre si, não podia ser verdade, Maeva não seria capaz disso, como ela ousa ter levado algo assim a diante, ela sabia muito bem que ele não aprovaria aquilo, e num impulso ele pegou o tinteiro com a tinta vermelha que estava sobre a mesa o arremessando contra a porta de entrada, espalhando tinta por todos os lugares, ele passou a mão no cabelo, inconformado com o rumo que aquilo havia tomado, ele não pediu por nada disso.

—Severo – Alvo disse em tom neutro – você está me fazendo pensar que...

—Eu e Maeva tivemos um relacionamento amoroso, no auge da guerra, e como jogávamos para lados distintos, prometemos que nunca falaríamos a respeito, está satisfeito? – e de repente Severo se viu confessando ali para o diretor um dos últimos segredos que ainda o consumia, era inacreditável como a vida podia dar voltas, e virar do dia para noite.

—Você e Maeva? – Alvo estava sério – curioso, e isso foi antes dela partir eu suponho?

—Sim – Severo apenas concordou.

—Agora vejo o porquê do chapéu seletor nem sequer oscilar – o diretor disse andando pela sala - é obvio, não acha? ambos os pais são da Sonserina e o PAI dela é o atual diretor da casa, não tinha mesmo como ser diferente.

—Como ela pode fazer isso comigo? – Ele vociferou, enquanto era forçado a reconhecer o que agora era óbvio, a verdade estava ali na sua frente, ele, Severo Snape era o pai daquela garotinha estupida – COMO? – ele estava com falta de ar, ele poderia destruir toda aquela sala em tamanha demonstração de desacordo, apenas estava mantendo o controle perante a presença do diretor – O que ela pensou que estava fazendo? Eu nunca teria concordado com isso Alvo, NUNCA! – Ele gritou enquanto buscava equilíbrio se apoiando com as duas mãos sobre a bancada.

—Está feito e não há nada que possa ser mudado Severo.

—Ela arruinou a vida daquela criança, e me colocou um fardo do qual eu não tenho nenhuma pretensão de carregar – estava difícil respirar.

—Ela sabia que íamos encontrar a criança – e aquilo chamou a atenção dele, ele bufou.

—Eu não sei você Alvo, mas eu nunca estive e nem sequer estou buscando por nenhuma criança.

—Talvez sirva de consolo, saber que ela não queria que a encontrássemos – Alvo disse

—Ela diz isso naquela maldita carta? – ele disse cerrando os dentes.

—Algo assim, ela diz que fez o possível para isolá-la do perigo e que a afastou até onde pode da sua origem, no caso o mundo bruxo, mas ela sabia que certas coisas não estariam ao seu alcance e que quando ela estivesse prestes de completar 11 anos de idade ela não passaria despercebida por nós.

—Sim, santa Maeva não é mesmo – ele riu com sarcasmo - sempre tão idolatrada por todos, a redenção da casa sonserina, não era assim que Minerva costumava dizer? Espere até ela saber que Maeva teve um caso com um bastardo de um comensal da morte em plena guerra e que depois fugiu grávida dele, decidida de que apenas ela detinha o direito de opinar sobre aquilo, e que mesmo sabendo que ia morrer em breve, por que não me venha dizer que foi um acontecimento lastimável, por que ela era uma guardiã, era por isso que a ordem estava tão interessado em sua segurança, e uma guardiã com a maturidade que ela tinha, consegue prever certos acontecimentos, principalmente esse e ainda assim ela optou em manter e esconder seu precioso segredo de todos, para depois abandonar a criança num orfanato trouxa.

—Entendo que esteja chateado Severo, mas ela escondeu a criança do mundo bruxo justamente por causa da marca, já que infelizmente passou a ser conhecido por todos a sua natureza como guardiã.

—Não tente defendê-la para mim – Severo disse de forma áspera.

—Não se trata apenas de defende-la, mas se a criança passou a carregar a marca, ela se torna também o próximo alvo, então quanto menos pessoas soubessem da sua existência, menor o perigo que ela iria correr, esse foi um raciocínio bastante lógico que Maeva fez – Sim, que esse foi o raciocínio, era evidente, porém ele seria facilmente descartado se não houvesse uma criança.

—Não espere que eu me posicione sobre isso, eu nunca fui consultado sobre o tema e portanto me abstenho desse problema – Ele disse levantando as mãos, era exatamente isso que Severo iria fazer, ele nunca quis ter filhos, e ele não iria se comprometer com nenhuma criança, ele decidiu que não se importava se aquela garota carregasse seu sangue, já bastava ter que proteger o filho de Lilian a cria idêntica de Tiago Potter contra sua vontade, o lembrando todos os dias de Lilian, aquela menina estupida muito bem se virou até aqui e se viraria sem ele e sem qualquer informação do seu passado.

—De acordo Severo – Alvo disse o surpreendendo de certa forma e ele ergueu as sobrancelhas demonstrando confusão – concordo, devemos preservar a vontade de Maeva, ela estava certa, e Shara não deve saber da verdade e nem ter acesso a qualquer informação que possa lhe aproximar disso, será melhor assim, para todos, e principalmente para ela.

—Da minha parte, ela nunca saberá – ele não se importava mesmo, e nada iria fazer isso mudar, ele estava convencido disso.

—Bom de qualquer forma ela precisa ser assistida, amanhã cedo estarei providenciando uniforme e material didático provisório para que ela possa iniciar e acompanhar o ano letivo com os demais alunos, também solicitarei para que Misty a acompanhe até o salão principal, a mostrando o caminho, assim ela fará seu primeiro café da manhã lá, na sequência sem mais delongas ela deve se hospedar normalmente no seu dormitório na Sonserina, importante que você informe um dos monitores para assessorá-la pois ela certamente irá precisar nesse início, afinal tudo isso não é inédito apenas para ela, mas também para a casa Sonserina receber um aluno sem nenhum conhecimento mágico e acredito que os demais alunos possam não aceitar isso muito bem - Severo assentiu, era o que seria feito por qualquer aluno naquela situação, e não tendo nada a mais a ser dito, ele acompanhou Alvo até a porta e agradeceu por aquele momento de silêncio que veio depois, ele passou lentamente as mãos pelo rosto, ainda absorto em tudo que tinha acabado de acontecer, Maeva tinha ido longe demais ao passar por cima das suas convicções dando continuidade a uma gestação não desejada, quando ela podia muito bem ter encerrado aquilo, era inconcebível.

Mas ele jurou para si mesmo, que nada mudaria e que aquela informação não teria relevância alguma na sua vida, ele seguiria os dias como se nada tivesse acontecido, ele era muito bom nisso, afinal aquela garota jamais saberia a verdade, e ele a trataria como qualquer outro aluno, ele suspirou pensando em como um banho quente e uma dose de whisky de fogo lhe cairiam bem, ele saiu da sala lançando um feitiço de reorganização naquele lugar e caminhou em silencio até os seus aposentos, o ano letivo tinha acabado de começar e ele sabia que seria uma bagunça.


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