Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 46
Futuro - A briga




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Snape estava folheando o profeta diário daquela manhã, sem conseguir absorver qualquer conteúdo que fosse, não que houvesse algo de útil de fato, aquele jornal a cada dia se tornava mais manipulável e imprestável, a criança, ela ainda dormia no seu sofá, e ali estava algo que ele nunca em vida ousou imaginar, e não definitivamente não era algo que ele almejasse como um objetivo ou algo assim, mas havia se tornado real.

Ele havia pensado muito durante o restante daquela noite, e tomado uma decisão, uma decisão importante, depois de todos aqueles anos de lealdade, ele decidiu pela primeira vez, manter o diretor fora de algo, ele não iria contar sobre o ocorrido naquela madrugada, da mesma forma que ele havia omitido partes daquilo que a ave havia dito no dia anterior, em especial sobre Shara acessar memórias de Medusa, ele não queria que Alvo usasse isso, ou usasse a garota para algo, pois o conhecendo bem o suficiente, seria exatamente o que ele faria, certamente que não agora, ela ainda era uma criança, mas em tramas futuras, Alvo usava quem quer que fosse para atender seus ideias, obvio que Severo reconhecia que muitas vezes o velho estava certo, ele era de longe o bruxo mais sábio e mais poderoso que ele já conheceu, mas ele usava as pessoas, era um fato, assim como ele havia usado Maeva e ele certamente tinha algo em mente sobre Shara também, e mencionar a voz, seria como antecipar algo que ele não gostaria, já que era obvio que o que a garota havia ouvido tinha relação completa com a câmera secreta, o diretor tinha recém mencionado suas preocupações naquele sentido e ele estava certo sobre isso também, era mesmo real, não eram apenas coincidências e ela de alguma forma podia ouvir a besta, ele tinha suas suspeitas, o contexto não podia ser mais claro, ele finalizou o café, amassou o jornal, escreveu um bilhete, o deixando sobre a mesa e saiu.

—_

Shara acordou ainda se sentindo cansada, mas ela estava de certa forma muito mais leve naquela manhã, as cobertas eram tão quentinhas e ela não estava com vontade alguma de se levantar, havia cheiro de café da manhã no recinto, e isso a motivou a sair da cama, ela estava com fome, ela percebeu quase que imediatamente que estava sozinha, o professor havia deixado ela ali em seus aposentos pessoais? Shara sorriu internamente, justamente ela a “garotinha estupida” que era, mas na mesa havia um bilhete.

“Epson, a porta ao lado direito é um banheiro, esse é o único acesso liberado aqui, entenda que se entrar em qualquer um dos demais ambientes, eu saberei, não mexa em absolutamente nada, eu também saberei, tome o café da manhã e coma razoavelmente bem, mais uma vez eu também saberei – Shara revirou os olhos – e não revire os olhos – ela leu, se assustando, como ele fazia isso? Caramba, ela continuou se sentindo acuada – quando finalizar, volte a sua sala comunal, amanhã falaremos a respeito, importante, você não tem permissão para mencionar com ninguém sobre o que aconteceu durante essa madrugada, se for esperta também não mencionará onde dormiu, são instruções simples Epson, tenho certeza de que conseguirá cumpri-las. Salvei momentaneamente sua assinatura magica na porta, ao colocar a mão no centro ela abre, não se anime, ela só abre por dentro e não se esqueça de se corresponder com sua amiga trouxa. S.S”

Ela riu, ele conseguia usar o mesmo tom ameaçador de sempre até mesmo quando estava redigindo um simples bilhete. Shara comeu, bem até, seguindo todas as recomendações, e passando bem longe dos demais ambientes, os aposentos do professor eram em sua totalidade muito bem decorado e aconchegante e por alguma razão isso a surpreendeu, talvez por que o chamavam de morcego das masmorras, vampiro ou coisa assim, ela tinha meio que idealizado imagens nada parecidas com aquelas em sua mente. Ela segurou o pacote de presente da amiga, aquilo havia sido surreal, ela voltaria para sua sala comunal e mandaria uma correspondência hoje mesmo, ela sentia tanto a falta de Catie.

Era meio da tarde quando Shara saiu da sala comunal, ela ainda não havia visto Carla, Alana e nem Draco circulando por lá, na verdade bem poucos alunos estavam por ali, e os poucos que restavam a olhavam de uma maneira estranha, pareciam com receio, ou algo assim, ela era ofidioglota e isso os assustava, mas não deveria? Ela não entendia, por que afinal eles carregavam uma cobra em seu brasão então?… enfim, ela não se importava, talvez ela preferisse mesmo à distância.

—Gina, o que está fazendo aqui? – ela perguntou vendo a amiga rondando a entrada do salão comunal, não era muito comum um grifinório por ali.

—Por Merlin, até que em fim… – ela disse pulando no seu pescoço e a checando – você, olhe só você! – ela parecia emocionada.

—Eu... estou bem, agora... eu acho – ela disse sem graça, faziam dias que elas não se viam.

—Eu procurei você em toda parte ontem, onde esteve? – Gina perguntou preocupada – madama Pomfrey disse que você saiu logo depois do almoço.

—Ah eu precisava descansar, passei o dia dormindo – ela mentiu – mas eu ia procurar você hoje – isso era verdadeiro – obrigada, eu soube das visitas e tudo mais.

—Sentimos sua falta e eu estava tão preocupada – Gina a olhava de forma afetuosa – bem, Shara eu preciso que venha comigo... é importante – ela disse a puxando – vamos até a casa do Hagrid.

—É... ok, mas algum motivo especifico? – Shara perguntou sem entender muito bem aquilo.

—Digamos que eu preciso da sua ajuda para algo, mas não faça perguntas ok? – Gina disse com pouca informação, Shara estranhou, mas ela queria mesmo sair um pouco, fazer algo com os amigos, com os que restavam, elas caminharam até o local, Gina estava bastante animada, e Shara amava ouvi-la falar, mesmo que fosse de quadribol, o primeiro jogo da temporada seria no próximo final de semana e a ruiva estava tão animada que parecia que era ela quem iria jogar – Chegamos – ela disse alto o suficiente para acordar toda a floresta atrás da casa.

—Por que está gritando assim? – Shara disse levando um susto com a reação da amiga, mas Hagrid abriu a porta na sequência, ele sorria animado em ve-la, Shara espiou para dentro da casa e ele abriu a porta um pouco mais.

—SURPRESA! – gritaram todos juntos, o que era aquilo, alguma espécie de festa? Shara paralisou na porta, mas Gina foi mais rápida a puxando para dentro com um largo sorriso no rosto, ali estavam todos os seus amigos, Gina, Ron, Hermione, Harry e Hagrid. Havia um bolo confeitado sobre a mesa e alguns balões coloridos também, ela não estava conseguindo acreditar, aquilo era mesmo para ela? ela nunca havia comemorado daquela forma antes, nunca houve uma festa, o que eu faço agora? ela não sabia, sentindo seu coração acelerar, era uma sensação boa, ela sentiu uma lagrima singela descer por sua bochecha, era involuntário, ela estava feliz, sim ela estava, era bobo demais chorar numa situação assim?

—Feliz aniversário Shara – era Harry – eu sei como você se sente – ele se aproximou dela um pouco mais e sussurrou para que apenas ela ouvisse – sobre fazer aniversários - Harry entendia de todos eles, era o único que entendia exatamente como era aquela data sem ter seus pais por perto.

—Vamos Shara, fizemos um bolo e queremos comemorar com você mesmo que atrasados – Gina parecia animada – e tem presentes, ah eu amo essa parte dos presentes – ela disse batendo palmas. Certo, aquilo foi especial, todos foram tão legais com ela, e ela iria lembrar com tanto carinho desse momento, seu primeiro aniversário com amigos, ela sorri.

—Obrigada pessoal, me desculpe, eu meio que fiquei sem reação. Vocês são incríveis, de verdade – ela disse limpando as lagrimas com as vestes, certo o professor Snape não estava ali monitorando isso, ela lembrou de Beta que não estava ali também, isso não mudava a importância de tudo aquilo que eles fizeram, mas poderia ter sido ainda mais completo.

—Dê um tempo a ela – Gina disse segurando sua mão, como quem pudesse entender o que ela estava pensando, ela assentiu positivamente para aquilo.

Eles ficaram ali por um tempo, enquanto comiam o bolo e falavam animadamente dos planos da próxima semana, Shara estaria de volta e por um momento ela havia se esquecido de todas as lembranças ruins do passado, foi incrivelmente bom, ela sabia que essa também era uma forma de resinificar aquela data, de entender de uma vez por todas que aquilo tudo que Noah dizia para ela e ao seu respeito nunca foram verdades sobre ela, aquilo dizia mais sobre quem ele era do que sobre qualquer um.

E sim, tinha os presentes, ela mal havia ganho presentes em toda a sua vida e agora haviam tantos, novamente ela não sabia como agradecer aquelas demonstrações de afeto adequadamente, aquilo foi muito atencioso da parte deles. Gina e Ron lhe deram um suéter verde com a inicial do seu nome, que sua mãe havia feito a mão era lindo e parecia ser bem quentinho, com certeza ela usaria muito no inverno, Hermione lhe deu alguns livros, ela explicou que seria ótimos para complementar os estudos e como ela mesma também gostava de ler, seriam com toda certeza muito úteis, já Harry lhe surpreendeu, ao pegar algo de dentro de uma caixa e pedir para que ela fechasse os olhos.

—Pode abrir os olhos – ele pediu bastante animado, enquanto segurava um gato, um filhote, sim um lindo filhote de gatinho na cor branca apenas com algumas manchinhas bem pequenas, da cor preta espalhadas pelo corpo – é seu – ele sorriu, e ela estava completamente sem palavras, ela havia ganho um animal de estimação, ela sorriu e de forma involuntária ela pulou em sua direção lhe dando um abraço bem apertado em agradecimento, ela nem sabia o quanto deseja ter um animal assim, até ter ganho um, e foi assim que pela primeira vez ela havia deixado o famoso Harry Potter completamente sem graça na sua presença, foi engraçado.

—Ele combina com a cor dos pelos de Edwiges – ele disse completamente corado.

—Hummm vou chama-lo de Flocos – ela disse sorrindo

—Flocos? ... Flocos de neve – Rony perguntou curioso

—Na verdade não... – ela sorriu – bom, meu sorvete preferido é sorvete de flocos, e ele se parece com um – ela explicou olhando para o gato.

—Sorvete, o que é isso? – Gina perguntou.

—Uma sobremesa trouxa – Hermione explicou – é uma iguaria.

—Quem sabe um dia, a gente possa sair pra tomar um sorvete juntos – Harry disse alegre, ficando sem graça novamente segundos depois de ter dito, ao notar Rony nada discreto cutucar Hermione e rir de forma suspeita.

—Claro – ela disse tentando não deixa-lo sem resposta na frente dos amigos, o que estava acontecendo com os garotos daquela escola?

A tarde tinha voado, era impressionante como o tempo podia voar quando estamos com pessoas que gostamos, logo iria escurecer e Shara achou por bem voltar antes disso, afinal ela não queria se envolver em mais nenhum problema, não tão cedo, Gina a acompanhou, enquanto o trio havia decidido passar um pouco mais de tempo na cabana com Hagrid, Gina ajudou com os presentes enquanto Shara levava o gato no seu colo

—Quem te deu esses brincos? – Gina pediu, depois de um tempo – não pense que não notei, são de muito bom gosto por sinal e destacam ainda mais a cor dos seus olhos – ela disse um pouco sem graça.

—Gina... por favor prometa não ficar brava? – Shara não queria perder a amizade dela, assim como havia perdido a de Beta.

—Olha só Shara, não vou dizer que entendo, por que eu não o faço – Gina disse parando para encarar a amiga – eu vi como você abraçou o professor Snape aquele dia no treino de quadribol, os meninos, eles ainda acham que você estava enfeitiçada ou algo assim, mas bem, não precisa dizer eu sei que não, e também não vou e não posso julgar isso nem qualquer outro vinculo de amizade que você escolha ter além de nós, mas é tão contraditório sabe?  – Gina parecia nervosa – sobre o brinco, foi o Malfoy não foi?

—Sim – Shara respondeu cabisbaixa, ela podia entender o desconforto da amiga e dos demais, o professor Snape era em  sua totalidade muito ruim com todos eles e Draco por mais gentil que a pudesse tratar, no geral ele era de fato um garoto mimado que vivia os provocando e humilhando, ela não via isso com bons olhos e ela não entendia por que eles agiam assim... então sim, ela podia entender Gina – eu sinto muito, eu não quero perder sua amizade, ela é muito importante pra mim, mas eu quero dizer que entendo, sabe eu não concordo com o modo do professor agir em sala de aula e não concordo com o que Draco diz na maioria das vezes, eu sei que eles agem como completos idiotas – ela sorriu com o canto da boca – mas é tão complicado.

—Ei... – Gina chamou – eu sei, e.... está tudo bem ok? – ela sorriu – eu acho que vamos dar um jeito de lidar com isso e por mais estranho que seja, eu já disse o professor Snape te trata diferente, e o Draco... não vou nem comentar – ela sorriu com malicia.

—Mesmo? – Shara alargou um sorriso – Obrigada Gina... muito obrigada – Era tão verdadeiro que Shara nem se importou com as investidas da amiga.

—Sim, acredite e os brincos eles são lindos, dignos de uma senhora Malfoy – ela disse a provocando outra vez, agora ela estava constrangida – me diz Shara como é ser disputada pelos dois meninos mais populares do seu ano? – Gina piscou para ela.

—Dois? – Shara a olhou de forma estranha.

—Me poupe né... é obvio que Harry está tentando chamar sua atenção – Gina disse enquanto puxava a amiga para dentro do castelo – olha esse gato, e o que foi o convite para quem sabe um dia, tomarem um... como é mesmo o nome? Forvete?

—É sorvete – Shara riu – eu não me sinto disputada, na verdade, mas foi estranho – ela admitiu – Gina riu.

Era segunda-feira de manhã, e Shara havia mesmo conseguido relaxar e dormir aquela noite, Carla e Alana não haviam trocado uma palavra sequer com ela até o momento, o que era ótimo, Shara sentou ao lado de Goyle no café da manhã que a olhou assustada, aqueles eram os olhares que ela vinha recebendo dos alunos da sua casa, ela suspirou, talvez com o tempo ela se acostumasse.

—Relaxa, eu não mordo – ela disse rude, Draco se aproximou sentando na frente deles.

—Não ligue – ele disse para Shara, e olhando de cara amarrada para Goyle, as corujas como de costume entraram no grande salão para entregar as correspondências daquela manhã, e Shara ficou surpresa ao receber um envelope, aquela era a primeira vez que ela recebia algo e obviamente chamou a atenção de Draco – que papel estranho – ele disse olhando para o envelope.

—É um envelope, é assim que os trouxas guardam as correspondências – ela explicou, notando a letra bem desenhada de Catie, como isso poderia ser possível, ela havia escrito a carta após o almoço de ontem, como poderia ter vindo tão rápido? – eu mandei uma carta logo após o almoço de ontem, como posso ter recebido uma resposta tão rápido? – ela olhou para Draco, era uma dúvida genuína, ele arqueou a sobrancelha.

—Bom, a coruja deve ter se agradado de seja lá quem você tenha mandando isso e esperado pela resposta, não é algo comum, quando a coruja não é um familiar seu – ele disse dando de ombros, Shara abriu o envelope, além de uma carta, haviam algumas fotografias, era imagens de uma câmera de segurança, não eram lá muito legíveis, estavam em preto e branco, era de alguma das câmera internas do museu, Catie havia feito um bom trabalho ido atrás de informações sobre o bruxo que havia retirado o livro, obviamente Shara não saberia dizer quem ele era, já que ela não conhecia ninguém no mundo Bruxo, mas aquilo a ajudaria a identifica-lo caso o visse, ciente de que aquele não era o lugar para expor aquilo, ela guardou na sua bolsa imediatamente, ela não havia lido a carta ainda, ela faria mais tarde, Shara notou um monitor chefe se aproximando dela.

—Epson – ele chamou mantendo uma boa distância – professor Snape pediu para te entregar – ela pegou o bilhete, novamente sentindo os olhos de Draco sobre si, o professor não estava na mesa dos professores aquela manhã e receber um bilhete assim, aquilo não era algo muito comum.

—Da forma como estão me tratando, começo a achar que posso mesmo morder– Shara disse aborrecida enquanto abria o bilhete – no mínimo a escola toda já sabe não é?

—Você sabe pouco sobre os sonserinos – Draco disse com certo orgulho – nós não falamos do que acontece na nossa sala comunal para os outros, somos discretos e nos protegemos, então não a escola não sabe sobre o seu dom.

—Impressionante – Shara disse – enfim algo bom – ele cerrou os olhos – estou brincando ok? – ela riu, não esqueça que também sou sonserina – ele relaxou.

—O que ele quer? – Draco perguntou apontando de forma curiosa para o bilhete, enquanto ele mesmo abria sua própria correspondência, ele recebia cartas da sua casa todas as semanas, era quase uma regra.

—Ele desmarcou minha detenção de hoje à noite – Shara disse analisando o bilhete – que estranho.

—Que sorte – Goyle disse com a boca cheia, pela primeira vez desde que ela sentou ali.

—Quadribol – Draco disse – teremos um jogo importante no sábado – ele informou - o professor Snape tem reuniões e estará nos treinos durante toda a semana, certamente desmarcou por isso, o jogo você sabe é contra a Grifinória – Sim, ela sabia digamos que Gina, Harry e Rony falaram disso a maior parte do dia ontem.

—Eles... os professores, se importam com isso tanto assim? – ela perguntou surpresa – a esse ponto? – era só um jogo, era tão estranho.

—Ah certamente – Draco disse perdendo a cor, enquanto lia sua carta de forma silenciosa.

—Não quero ser intrometida – Shara disse de forma audaciosa – mas como você também é – ela provocou, fazendo Goyle rir alto e Draco a olhar sem nenhuma expressão – mas aconteceu alguma coisa? – ela perguntou olhando para a carta – sua cara está péssima, desculpe.

—Droga – Draco disse amassando a carta com força na sua mão – meu pai, ele vem para o jogo deste final de semana.

—E por que isso é tão ruim? – ela perguntou tentando entender o porquê aquilo o havia afetado tanto assim.

—Por que é meu pai – Draco disse sério, se levantando em um salto, e saindo apressadamente, Shara o olhou passar pela porta principal, eles não eram uma família perfeita? Aquilo tinha sido completamente inusitado, então ele não gostava da presença do pai?

—O Sr. Malfoy é assustadoramente exigente – Goyle disse ainda de boca cheia – se Draco já estava nervoso com a partida antes, isso com certeza torna tudo ainda mais difícil para ele – Shara assentiu, a verdade é que todos tinham suas lutas e não existia uma família que pudesse beirar a perfeição, ela sentiu vontade de ir atrás de Draco e dizer que entendia, mas ela sabia que muitas vezes respeitar o espaço do colega  é igualmente importante do que tentar resolver algo ali, ela voltou seus olhos para o bilhete do professor que ela segurava na mão, ele havia deixado breves instruções de quais atividades ela deveria se ocupar durante cada noite da semana, ela suspirou, havia muito trabalho a ser feito, ela se levantou caminhando para sua primeira aula.

Era terça-feira, e ela não tinha mais visto Draco desde então, ela havia acabado de se sentar ao lado de Gina na aula de defesa, quando o professor entrou na sala avisando que faria a aula no pátio externo do castelo hoje. Os alunos caminharam empolgados até a parte externa e Shara ouviu Gina e as outras meninas comentando sobre o rapaz lindo que havia começado na enfermaria no dia anterior, ela sentiu vontade de rir, ela sabia de quem se tratava, mas ela mal havia notado a aparência dele naquele dia, ela estava ocupada demais passando vergonha, certamente que ela tinha deixado uma péssima impressão a seu respeito para ele, motivo mais que suficiente para evitar qualquer contato, ela pensou, eles chegaram até o pátio quando Shara notou que o professor estava tirando uma cobra de dentro de uma gaiola e a colocando no chão, ela se aproximou, alguns alunos da sua casa a olharam de maneira estranha, sim ela teve vontade de revirar os olhos.

—O que quer estranha? – Harper disse a encarando e ela retribuiu o olhar fazendo o menino recuar.

—Agora, quero a atenção de todos – o professor disse em voz alta – sabemos que o intuito dessa disciplina é aprendermos a nos defendermos magicamente contra criaturas das trevas, portanto hoje nós vamos aprender a atacar – ele olhou para a cobra a incitando – façam uma fila, todos vocês, quero ver o que sabem – ele disse e a cobra sibilou o assustando, enquanto os alunos faziam fila conforme orientado pelo professor, Shara congelou, sim ela podia entender o animal, ela era a única ali que podia, ela olhou para a cobra que havia acabado de pedir ajuda, ela sabia que iria sentir dor, ela não podia permitir aquilo.

—Oque? ... não! – ela interveio – por que vamos machuca-la? – Shara pediu aflita, enquanto encarava o professor, ele a evitava era evidente, mas dessa vez ele não teve muita opção, tendo que encara-la de volta.

—Srta. Epson não tumultue a aula está bem? para trás da fila – ele orientou, sinalizando com as mãos.

—Vem Shara, o que está fazendo? – Gina disse a puxando.

—Não podemos fazer isso – ela olhou para a amiga – ela vai sentir dor.

—É uma cobra – Gina disse desconcertada

—É um animal que sente dor como qualquer outro – ela não podia acreditar, qual era o problema daquelas pessoas?

—Posso ir primeiro professor? - Diaz perguntou enquanto lançava um olhar debochado em sua direção.

—Claro Srta. Diaz, muito bem, ao meu sinal – mal o professor havia dito aquilo e Diaz elevou a varinha em direção ao animal.

—CRUCIO – a loira disse, e o animal começou a se debater de dor instantaneamente ali na sua frente, aquela era uma cena terrível, Shara paralisou completamente, sentindo o ar faltar, como aquela garota repugnante podia sentir prazer em algo assim?

—Apenas feitiços simples – o professor disse igualmente horrorizado – nada de imperdoáveis, desfaça imediatamente Srta. Diaz – ele pediu para ela, mas a garota não obedeceu, se virando para ela e sorrindo com frieza.

—DESFAÇA não está vendo que ela está sofrendo – Shara gritou, chamando toda a atenção para si.

—Ou o que? – a loira sorriu, Shara olhou para a cobra se debatendo de forma violenta ali, sentindo suas mãos pinicarem, era sua magia ancestral, ela precisava se regular, controlar aquilo.

—Ou eu mesmo vou te machucar – Shara a encarou de forma séria.

—Já chega meninas, desfaça Diaz isso é uma ordem, ou terei que leva-la até o diretor – Diaz olhou para o professor o acatando dessa vez, a cobra caiu cansada no chão, Shara queria ir até o animal, mas encarou a loira outra vez, que parecia entender o que ela queria fazer.

—O senhor disse feitiços simples? – Diaz sorriu com malicia – Bombarda – ela exclamou em direção ao animal, que pegou fogo na frente de todos.

—Sua cretina – Shara gritou, elevando uma das mãos e fazendo Diaz voar pelos ares e cair a alguns bons metros de distância dali, Shara não havia usado sua varinha e ela notou que os demais alunos estavam assustados e cochichando a seu respeito, ela não se importava, ela correu em direção a loira que estava caída no chão, o professor e alguns alunos fizeram o mesmo – eu vou te ensinar uma lição a moda trouxa – Shara disse com bastante raiva, jogando seus pertences no chão e sentando em cima da garota que a olhava agora de forma assustada, Diaz havia perdido a varinha com a queda, Shara estava em vantagem dessa vez, ela sentiu toda a frustração e a raiva dos últimos dias, dominando o seu corpo, ela não podia controlar aquilo, ela deu um soco com bastante força no rosto da loira que estava tentando se esquivar, e depois outro e mais outro.

—Briga, briga, briga.... – Shara ouviu alguns alunos gritarem

—JÁ CHEGA – o professor estava nervoso – meninas PAREM, parem já com isso.

—Saia de cima de mim seu animal – Diaz disse entre os dentes tentando se desvencilhar – eu vou chamar meus pais, você não sabe com quem está se metendo – Shara não tinha medo de ameaças.

—Shara... para... PARA – Gina estava tentando intervir.

—Isso é por me atacar pelas costas aquele dia – Shara disse vendo a loira sangrar na sua frente, a golpeando mais uma vez – e isso por todos os insultos, e isso por pegar meu colar... e esses pela floresta... – Shara sentiu a mão forte e rompante a puxar a movendo com força dali, ela não iria parar se ela não tivesse sido interrompida daquela forma brusca, e isso a assustou de certa maneira, ela normalmente não respondia a insultos daquela forma, ela estava tolerando demais nos últimos meses, e agora ao olhar para Diaz naquele estado ali no chão, a garota estava chorando, estava sangrando, ela tinha sido humilhada, machucada, mas ela mereceu não mereceu?... sim ela mereceu, Shara não sentiu nenhum pouco de pena.

—Levem a Srta. Diaz até a enfermaria – ela não precisava ser informada, e ele não precisava ser anunciado, ela sabia que era o professor Snape que estava ali, ela sabia que havia sido ele que a havia puxado daquela forma de cima da sua adversária no chão – os demais, o que estão esperando, todos para a sala de aula, AGORA – ele ordenou, os alunos se moveram rapidamente, menos Gina, a amiga foi até ela.

—Olha em qualquer outra ocasião eu diria, que essa foi uma bela briga, a mais incrível que vi  – Gina disse baixinho, piscando para a amiga – mas eu não entendi, o que deu em você? Por que agiu assim? – Shara olhou para a amiga e correu até a cobra, se abaixando do lado do animal, mas era tarde demais ela estava completamente sem vida ali no chão – Shara é só uma cobra – Gina disse sem entender.

—Não... não é, ela pediu ajuda – Shara disse, chorando - ajuda GINA – Shara gritou – e agora ela está morta, MORTA – Gina a olhou sem entender muito.

—Gilderoy tenho certeza que terá uma boa explicação para isso – ela ouviu o professor Snape dizer de forma fria e assustadora.

—Sev... Severo... fugiu do meu controle, eu estava... apenas... – o professor Lockhart estava mesmo gaguejando? Ele era tão patético.

—Não me interessa, guarde suas justificativas ao diretor, irá precisar delas – o professor Snape disse de forma ainda mais fria e com total indiferença – agora acredito ter uma sala de cabeças ocas esperando por uma explicação, apenas tenha uma, fora - ele ordenou.

—Cla.. claro – ele disse saindo as pressas.

—Professor, Diaz lançou um imperdoável – Gina disse acusando a loira, tentando ajudá-la de alguma forma.

—Srta. Weasley, não me recordo de ter pedido sua opinião, e muito menos para ficar, agora FORA – ele brandou, Shara olhou para a amiga que a encarou com olhar de solidariedade e saiu com a cara fechada.

—Eu sinto muito por isso, por não ter conseguido te defender... – Shara disse olhando para a cobra e se levantando para encarar a fúria do seu professor.

—Eu pensei ter dito, LONGE de problemas – havia mesmo fúria naquele olhar.

—Eu não me arrependo do que fiz, portanto não vou pedir desculpas pelo que fiz a Carla, não dessa vez – ela disse seca, e aparentemente aquilo o pegou de surpresa, ele a encarou cruzando os braços.

—Acho melhor reformular suas palavras Epson – o professor disse – pois esse comportamento animal que eu e outras tantas testemunhas presenciaram aqui essa manhã, certamente irá depor contra você.

—Não me importo – ela o olhou – faria de novo... e dessa vez será um prazer ser castigada por algo que eu acho ter sido justo, espero apenas que ela também seja castigada por matar um animal indefeso, da forma como ela fez... e por usar um imperdoável, que até onde eu sei é proibido e leva a Azkaban – Shara cuspiu.

—Garota insolente – ele se aproximou dela – você não enxerga mesmo um palmo a frente do seu nariz – ele a segurou pelo braço com força, para arrasta-la dali.

—Espere... – ela pediu – eu posso pelo menos enterra-la? – Shara olhou para o que restou do animal que ainda estava ali.

—Epson, isso é uma maldita cobra – o professor disse sem paciência – cobras são animais traiçoeiros.

—Não – ela se desvencilhou dele – por que ninguém entende? Ela me pediu ajuda, ela não queria sofrer, sentir dor e muito menos morrer assim... ninguém quer, ela era uma cobra, sim, mas ainda assim um animal como qualquer outro – ela notou que ele a estava encarando de maneira nada receptiva.

—Uma maldita cobra – ele disse outra vez, agora entre os dentes – um animal perigosamente traiçoeiro.

—E ainda assim levamos esse animal como símbolo da nossa casa, talvez por que sejamos tão traiçoeiros e perigosos quanto ela? – Shara sabia que estava indo longe demais com aquele discurso, mas ela estava irritada.

—BASTA – ele gritou - não me obrigue a enfeitiça-la outra vez Epson – ele disse com frieza enquanto apontava sua varinha até o animal imóvel no chão, fazendo o corpo dele sumir dali – Shara olhou aquilo, mal acreditando no que havia visto, por que ele era tão cruel as vezes? Como ele podia ser tão frio? Ele simplesmente havia se livrado daquilo, como se livraria de um pedaço de lixo qualquer.

—NÃO! – ela exclamou vendo a cena se desenrolar na sua frente – eu só queria enterra-la – Shara chorou – só isso – ela soluçou.

—Chega – ele estava frio – agora tente não piorar mais as coisas - ele disse enquanto apontava para o corredor - quero que caminhe até a sala do diretor em completo silencio – ele pediu, não podendo encara-la. Shara percebeu que agora ele desviava o olhar - AGORA ou irei arrasta-la por todo o caminho - ele elevou a voz percebendo que ela não se movia, ela ainda não podia acreditar naquilo que tinha acabado de acontecer, ela limpou o rosto nas vestes, fez questão e caminhou em direção ao corredor, teria que encarar o diretor, ela sabia que estava infringindo regras brigando daquela maneira, mas foi incontrolável e Carla bem, ela mais que mereceu.

—Por que? – ela pediu curta – por que é tão cruel as vezes? – ela disse enquanto passava por ele, ele não respondeu.


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Notas finais do capítulo

Desde que comecei a escrever sobre as interações de Shara com seus colegas de casa, eu contava os dias para chegar esse momento, uma surra, uma surra bem a moda trouxa, e enfim o dia chegou! e percebam que Shara não se arrependeu nenhum pouquinho, e bem vamos lá né, nada que umas medicações na ala hospitalar não resolvam, mas a humilhação essa foi garantida!

E agora Shara tem as imagens do bruxo que pegou o livro, ela ainda não sabe quem é... e ai alguns palpites?

E nossa linda garotinha sendo disputada por Draco e Harry, quem será que leva essa? para desespero do nosso amado e FRIO professor de poções hahaha



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