Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 47
Futuro - Expulsão




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Severo estava em sua folga, quando notou o alvoroço no pátio externo.

—Briga, briga, briga - ele ouviu um grupo de alunos gritando, o que aqueles arruaceiros estariam aprontando fora da sala de aula a esse horário? Ele se aproximou notando ser a turma do primeiro ano, óbvio, afinal tinha que ser sempre eles, ele suspirou ao confirmar sua suspeita, porém para sua surpresa, os delinquentes dessa vez eram dois dos alunos da sua casa, na verdade duas das suas cobras, o que o deixou imediatamente mal humorado.

Não precisava de muito mais que isso, para ele ter certeza de quem eram os alunos envolvidos ali, fato que se confirmou instantaneamente quando ao se aproximar um pouco mais ele notou Diaz caída sobre o chão de pedras, próximo aos arbustos, se debatendo e tentando  lutar de forma inútil, para se esquivar das investidas de Shara que estava sobre ela e parecia saber exatamente o que fazer, Diaz mal podia revidar, talvez ela não soubesse mesmo, enquanto Shara se mostrava bastante hábil e experiente, o fazendo acreditar que ela já teria se envolvido em brigas assim antes e mais de uma vez no passado, havia tanto sobre aquela criança que ele desconhecia.

Era evidente que nesse quesito Shara possuía vantagem, talvez ele tenha se sentindo um pouco orgulhoso por isso, mas obviamente que como professor e chefe de casa ele não poderia incentivar aquele tipo de comportamento, afinal elas estavam quebrando uma regra fundamental da escola ali, ele se aproximou, agora notando que Diaz estava sangrando, e naquele momento ele se deu conta das implicações que viriam daquilo, e isso não era nada bom, sentindo a adrenalina fluir, ele contempla a cena por apenas um instante, ciente de que os hematomas seriam o menor dos problemas a partir dali, já que o que estava em jogo mesmo, naquele caso, com aquela garota loira, era algo muito superior, aquilo seria sobre rebaixar a reputação de uma família puro sangue. Era óbvio que Shara não fazia a menor ideia de como as coisas funcionavam nesse sentido, mas ao agir daquela maneira, ela estava humilhando uma família inteira e isso traria consequências bastante ruins.

Certamente havia um bom motivo para tal, já que ela não costumava ser impulsiva, não a esse ponto, alguma provocação ou insulto, quem sabe... enfim, ele precisava agir e não pensou duas vezes, diferente do inútil do professor de defesa que apesar de parecer horrorizado com toda aquela cena que se desenrolava na sua frente, até o momento não havia movido uma pena sequer para apartar aquilo, Severo em um impulso se aproxima ainda mais das garotas, os demais alunos notando sua presença abriram espaço imediatamente, e ele separa a briga, puxando Shara de cima da loira com certa facilidade, sem ao menos precisar fazer uso de magia para isso, claro que ele precisou segura-la com força até que ela se acalmasse e percebesse que havia sido o bastante já que o estado de Diaz era de fato lastimável, a loira havia sentado, ainda no chão e estava chorando, e isso tornava tudo ainda mais impactante até mesmo para ele, uma fachada havia desmoronado ali, o estrago estava feito, ele passou os olhos pelo lugar tentando entender o que diabos teria acontecido e que pudesse ter instigado tal comportamento, quando ele viu a alguns metros de distância uma cobra morta no chão, maldição… aquela criança e seu senso falho de justiça, ela havia se colocado naquela situação por causa de uma maldita cobra.

Tudo que se desenrolou na sequência, eram a prova do quanto Shara não conseguia enxergar um palmo além do seu próprio nariz, ela havia infringido uma das regras mais importantes de convivência da escola, a vista de todos, justamente com uma das alunas mais influentes daquele lugar, ele não pode deixar de se perguntar, onde estava toda a inteligência e o bom senso que por vezes o surpreendia? Aquilo foi tolo, completamente estupido.

—Por que é tão cruel às vezes? - ela perguntou chateada enquanto passava por ele, indo até o corredor, depois dele ter se livrado daquela porção do animal que ainda restava no recinto, ele não respondeu aquilo, ela jamais entenderia, apesar de que ele estava ciente do quanto a palavra cruel podia fazer jus a quem ele era de verdade, algo do qual ele nunca se importou, não deveria ser agora.

Shara era completamente inconsequente, ela agia como uma justiceira, em prol dos renegados, aquilo o incomodava embora até mesmo alguém como ele podia ver a forma inocente de como ela estava tentando fazer a coisa certa ali, mesmo que ainda de maneira completamente torta e isso o impedia de olha-la nos olhos, por Merlin havia muita ingenuidade da parte dela, mas ele apreciava isso, aqueles eram traços de Maeva, da sua mãe e era difícil julgar aquilo. O animal, por mais que fosse uma maldita cobra, era a prova do quanto ela não fazia distinção, e ela tinha razão, ela carregava aquele animal no brasão, ele suspirou, Shara ainda teria muito para aprender sobre o mundo bruxo em questão.

Antes de a acompanhar até a sala do diretor, ele chamou a varinha de Diaz, que ele notou ter sido esquecida em um dos cantos, e seguiu em silencio com ela por todo o trajeto, era melhor assim.

—Com licença Alvo - Severo pediu passando com a criança pela gárgula, o diretor o olhou desconfiado, de fato para um terça-feira de manhã, aquilo era um tanto quanto inusitado.

—Claro Severo - ele disse, sem tirar os olhos de Shara, ela parecia um pouco mais calma, talvez aquela pequena caminhada até ali a tenha ajudado a pensar com um pouco mais de clareza sobre a estupidez que havia acabado de cometer - aconteceu alguma coisa? – ele perguntou.

—Certamente - Severo respondeu mal humorado, afinal por qual mais motivos eles estariam ali, ele estava elaborando uma boa resposta sarcástica, quando Shara interveio iniciando a explicação.

—Na aula de defesa de hoje o professor Lockhart pediu para ver nossas habilidades de ataque - ela disse, passando os olhos sobre ele, apenas para ter certeza que poderia continuar dali, ele sinalizou de forma positiva já que ela havia começado - e bem fomos até o pátio externo, ele havia trazido uma cobra e pediu para demonstramos os feitiços nela - Shara ficou séria – Eu não entendo Senhor, por que? Sabendo que isso iria machucá-la? É um animal como qualquer outro... - Shara perguntou indignada, ali estava o senso falho de justiça - então eu meio que tentei intervir, mas óbvio que Carla ouviu e se prontificou a ser a primeira a atacar, ela lançou um imperdoável, um crucio - ela disse o nome do feitiço baixinho, então Shara havia visto os efeitos que aquele feitiço podia causar sobre o corpo de algo ou alguém, aquilo era bastante indigesto mesmo, nada fácil de assistir, ela não deveria ter visto uma cena assim, ele sentiu seu sangue queimar, aquela garota intragável, seria errado pensar que ela merecesse mesmo uma boa surra? Não, definitivamente ele não poderia misturar as coisas e incentivar algo assim, ele pensou enquanto sua própria mente o traia e o acusava de ter feito o mesmo, o fazendo lembrar da cena em que Noah se debatia no chão a sua frente, pelo mesmo feitiço, feitiço lançado por ele, foi prazeroso, mas não importa… eram situações diferentes, não eram? - a cobra, ela estava se debatendo de dor, foi... foi horrível – ela disse se encolhendo – e bem o professor pediu para que Carla desfizesse o feitiço, mas como ela estava me provocando com essa coisa toda de eu ser ofidioglota, sabendo que eu me importo com o animal, bem... ela não fez, confesso que a ameacei, mas ela me ignorou e simplesmente matou a cobra, com outro feitiço de explosão, foi então que eu não pude… me controlar... - ela parou constrangida, quase que pedindo para que ele mesmo continuasse daquele ponto.

—E então Epson a atacou como um animal a ferindo como se a Srta. Diaz fosse um simples saco de batatas - Severo continuou a explicação de forma sarcástica - pense a minha surpresa Alvo, quando as encontrei naquele estado deplorável, a Srta. Diaz é claro, se encontra na enfermaria nesse exato momento, já que nesse quesito ela consegue ser tão ou mais tapada que um trasgo e não soube revidar - o diretor o olhou de forma curiosa e Shara também com aquele último comentário - não preciso mencionar aqui as implicações disso tudo - ele disse sem rodeios, tirando o foco do sarcasmo usado anteriormente – certamente os pais da garota já foram acionados por ela – ele completou - quem sabe estejam a caminho.

—Srta. Epson, isso que o professor Snape acabou de relatar, corresponde ao ocorrido? – Alvo perguntou para a criança, não que o diretor duvidasse do que ele havia relatado ali, mas Severo sabia que esse era o caminho que ele usava para fazê-la falar.

—Bom… sim, mas… ela meio que mereceu - Shara disse admitindo aquilo – ela estava me provocando, e bem não só por isso, eu posso lidar com provocações e tudo mais, mas ela estava machucando um animal indefeso na minha frente isso para me atingir e ela conseguiu – Shara disse seca – não tenho sangue de barata.

—Entendo - Alvo parecia pensar em algo, ele estava sentado, com as feições carregadas - é uma infração muito grave Srta. e que exigem altas penas, é uma decisão que infelizmente não caberá somente a mim, mas principalmente a parte prejudicada que nesse caso poderá recorrer para que haja o cumprimento das penalidades, se for esse o caso, e penso que sim, talvez tenhamos que afastá-la por alguns dias - ele disse sério, pegando tanto Severo como ela de surpresa, ele havia cogitado inúmeras outras implicações, mas não aquela, afastá-la? Sim era isso que as regras diziam, ele não havia visto tal implicação em prática ainda, mas isso por que na maioria das vezes que brigas assim ocorriam, elas não costumavam ser tão agressivas, não envolviam os pais dos alunos, não eram com alunos influentes e no geral podiam ser facilmente contornadas entre os próprios alunos, ele suspirou.

—O que quer dizer? - Shara olhou para ele como que pedindo ajuda… - afastar como? - ela estava nervosa agora, e parecia tentar encontrar algum sentido ali – sair da escola?

—Alvo, talvez possamos contornar de alguma maneira… - Severo argumentou, percebendo o quanto aquela possibilidade também não o agradava, o que ele estava fazendo? Afinal ele deveria incentivar e validar o cumprimento das regras, isso nunca foi um problema para ele antes, afinal ele era o chefe da Sonserina, ele era temido, inflexível, era rígido e exigente... e agora ele estava tentando encontrar brechas em algo sólido, soando de forma imprudente tal qual um Grifinório, Minerva certamente aprovaria aquilo.

—Pela gravidade do que está sendo relatado aqui, vejo ser apenas questão de tempo, como muito bem foi pontuado pelo professor Snape, para que os pais da Srta. Diaz estejam na escola - Alvo explicou para Shara -  e eles conhecem as diretrizes e regras de Hogwarts muito bem, tal qual suas consequências, e nesse quesito as regras são bastante claras, agressão física é algo intolerável, por mais que haja motivos… por mais que esses motivos sejam nobres - Alvo disse com certa dificuldade, ele também não parecia aprovar aquilo.

—Espera - Shara se aproximou um pouco mais da mesa do diretor -  o senhor está me dizendo que eu serei expulsa? - Shara estava indignada – Expulsa por tentar proteger um animal que estava sendo machucado… e isso depois de tudo que aquela garota me fez esse tempo todo aqui, eu… Eu serei expulsa? Isso não está certo - ela disse visivelmente aborrecida – bom… é claro que ela tem quem lute por ela, ela tem dinheiro, tem influência e isso muda tudo não é mesmo? ... independente se ela age como uma completa idiota o tempo todo – ela cuspiu, lá estava aquele temperamento áspero e defensivo outra vez, eram águas que ele já havia navegado, e aquilo não o surpreendia mais.

—Epson, seria bom controlar o que sai da sua boca, não queremos um novo feitiço de trava a língua, não é mesmo? – ele esbravejou chamando sua atenção, ela o encarou brava, aquilo era quase como se olhar no espelho, e ver seu próprio reflexo de anos atrás.

—Controlar? Em que sentido? – ela perguntou – por chama-la de idiota, sendo que é isso que ela é, e também mimada, além ser falsa, ser prepotente, uma completa arrogante e egoísta - Shara completou - deixa eu ver se esqueci mais algum adjetivo? - ela disse fazendo sinal como se fosse pensar a respeito, ele a fuzilou com o olhar, e estava prestes a responder a altura quando, Alvo ergueu as mãos, intervindo.

—Basta – ele disse levantando e olhando para os dois - como eu ia dizendo, o afastamento é decorrente a agressão - ele explicou com paciência outra vez - infelizmente nesse caso, é o que diz nosso estatuto.

—Isso é completamente injusto diretor, foi ela que começou… foi ela... – era evidente o quanto Shara estava chateada, e por que ele se importava tanto com aquilo? Mesmo ela sendo tão atrevida ali, ele se importava...  ela havia infringido as regras e ponto final, aquelas seriam as implicações, nada a discutir, mas ele não se sentia assim, pelo contrário, ele queria preservá-la, protege-la, o que estava acontecendo com seu modo rígido de controle e zelo pelas regras? Onde estava sua superioridade? Seu desdém?

—Alvo, entendo a gravidade, mas existe alguma forma de evitarmos isso? – Severo pediu novamente, a verdade é que ele não queria sequer imaginar ela voltando para aquele lugar horrível de onde veio, nem por um único dia, pelo menos não nesse momento, Noah deveria estar sedento por vingança agora, já que era tudo muito recente ainda e lá ela estaria longe dos seus olhos e da sua proteção, estaria vulnerável, ele não... não iria permitir isso, ele iria pensar em algo, por Merlin, garota estúpida e sua falta de controle de impulsos, ele tinha dito para ela ficar longe de problemas e dessa vez ela tinha conseguido um dos grandes, pelo menos ela parecia ter entendido aquilo.

—Única maneira de evitarmos algo assim é se os pais dela não fizerem a queixa, você os conhece melhor do que eu Severo, diga você mesmo se isso é possível – Alvo devolveu, se olhar por aquela ótica, aquela não seria uma opção viável, não vindo de Edmundo Diaz, ele costumava ser bastante inflexível e intolerante a menos que houvesse algo em jogo, algo para usar contra ele, algo para chantageá-lo.

—Achei que Hogwarts fosse diferente, mas pelo visto não é, eu já deveria saber, já que essa não seria a primeira vez, então faça o que tem que ser feito diretor - Shara disse se levantando - me expulse, prefiro que seja decidido assim, antes que seja por que eles tenham pedido - ela disse de forma ousada.

—EPSON - ele elevou a voz por mais disposto que ele estivesse em pleitear por ela, ele não poderia tolerar aquela falta de respeito perante o diretor, mais uma vez - melhor não ir por esse caminho - ele disse ríspido - quem sabe assim você possa compreender que é pra isso que as regras existem, para serem cumpridas, e quando elas não são, existem CONSEQUENCIAS – ele elevou a voz - eu deixei isso bem claro desde o início do ano letivo quando eu percebi que você seria um poço de problemas para mim, então tente usar a cabeça já que foi a sua estupidez que a colocou nessa situação - Severo a lembrou, ela o encarou triste, seus olhos marejaram no mesmo instante, ele havia dito algo errado ali? Ela baixou os olhos, e ele sentiu um aperto no peito, sim ele podia ser bastante cruel as vezes.

—Shara, eu posso ver sua frustração, tenha a certeza de que faremos aquilo que estiver ao nosso alcance – o diretor interveio de maneira afetuosa, ela apenas assentiu, sem dizer mais nada, ele apoiou as duas mãos sobre a mesa do diretor, ele havia encontrado algo, algo que quem sabe funcionaria.

—Alvo, acredito ter um ponto aqui - ele disse se dando conta de que sim, ele possuía a carta certa na manga, ele não era do tipo que se desculpava, mas quem sabe aquilo ajudaria, e como imaginado seu comentário despertou o interesse da criança que levantou a cabeça o olhando com surpresa, ele cruzou os braços antes de continuar, se sentindo vitorioso – algo que certamente poderemos usar– ele explicou, enquanto devolvia o olhar, aquela garotinha estúpida tinha muito mais sorte do que juízo, Diaz havia usado um imperdoável e eles estavam simplesmente deixando passar esse fato, aquilo era muito mais sério do que aquilo que Shara havia feito ali, a loira cometeu um erro, um erro grande ao escolher entre tantos, justamente aquele feitiço – um imperdoável – ele disse sorrindo com ironia, enquanto tirava a varinha da garota de suas vestes e a colocava sobre a mesa a frente do diretor - o feitiço, você sabe, pode ser facilmente rastreado e lido pela varinha de quem o lançou e ter um imperdoável na conta, não seria nada apropriado para uma família de renome como a de Diaz, talvez não seja o ideal, mas tenho certeza que com o seu poder de persuasão eles vão preferir prezar pelo encobrimento de algo desse porte, então... barganhe Alvo – Severo os conhecia bem, eles dariam a vida para que aquela fachada de perfeição não desmoronasse, um imperdoável, era o suficiente, sim aquilo certamente serviria, pura sorte, dessa vez.

—Eu… precisava ajudá-la – Shara disse deixando uma lágrima descer - a cobra... de certa forma eu sei como ela se sentia, prestes a ser machucada ali exposta assim – era evidente que ela estava falando de si mesma, Severo não queria, mas aquilo o afetava, maldita Maeva – eu não me arrependo pelo que fiz, eu não posso me arrepender por algo assim, posso? Eu sei que agi por impulso por que estava com raiva... mas por favor senhor, eu não quero voltar para aquele lugar, Noah ele vai me matar, e eu não estou brincando – ela estava com medo de encarar aquele trouxa, isso era algo que precisava ser melhor trabalhado, mas antes disso haviam outros alinhamentos a serem feitos, em especial ao seu senso de justiça que era completamente antagônico, ele a faria entender que não valia a pena militar por todas as causas que ela julgasse injustas, não daquela maneira.

—Apesar de ser uma infração grave, ainda assim seu revide foi bastante nobre Srta. e eu prezo isso e afirmo que não me sentiria nada confortável em ter que afastá-la nessas condições – ele a analisava agora com ainda mais resignação – vejo que o professor Snape tem razão – Alvo sorriu de maneira singela para ela – temos algo em mãos com o que argumentar e daremos um jeito – ele concluiu.

—Severo... – Alvo o chamou, mas foi interrompido pelo patrono de Madame Pomfrey que invadiu a sala, com uma mensagem, Shara olhou para aquele animal brilhante de forma curiosa.

—Alvo, desculpe a intromissão, mas venho informar que os pais da Srta. Diaz estiveram na enfermaria agora a pouco, e no momento se encaminham até o seu escritório para uma audiência, por Merlim quero alertá-lo para se preparar para o pior humor que já vi, sim acredite isso consegue ser ainda pior do que o humor do professor Snape em dia de Halloween – Severo arqueou a sobrancelha com aquele comentário completamente supérfluo, a bruxa certamente sabia que ele estaria ali e estava o provocando - aproveito para agradecer mais uma vez pela ajuda de Antony, ele tem sido de grande valia, agora mesmo acaba de derrubar um frasco de acônito virgem em cima do terno impecável do Sr. Diaz, e bem você sabe como essa substância pode ser pegajosa e fedorenta, por fim, não há feitiço que ajude, ele está terrível - ela informou de forma divertida, aquilo certamente teria colaborado para piorar ainda mais o humor de Edmundo, Severo precisou controlar o riso, ave esperta  – A Srta. Diaz ficará em observação até amanhã, mas nada grave, apenas algumas contusões e cortes, diga a Shara que ela se mostrou habilidosa, certamente tem potencial – Severo revirou os olhos, notando Shara baixar os dela – no demais, tudo sob controle, desejo sorte – ela finalizou, enquanto o animal sumia do recinto.

—Antes mesmo do que imaginei – Alvo disse sério – bom, pelo menos ganhamos tempo e estamos alinhados – ele suspirou voltando a se sentar.

—Como ela conseguiu avisá-los de forma tão rápida? – Shara perguntou curiosa - os pais dela no caso.

—É costume entre familiares de linhagem tradicional, disponibilizarem um objeto que serve como ligação entre si, certamente foi assim que ela os alertou do ocorrido – Alvo explicou com naturalidade, aquilo o deixava bastante desconfortável, Alvo não sabia que ele havia a presenteado com uma moeda.

—Famílias de sangue puro? - ela perguntou e Alvo assentiu - por que? E as outras famílias? - ela perguntou, certamente não entendendo a lógica ali.

—São objetos muito raros e, portanto, muito valiosos o que os torna nada acessível para as demais famílias - Alvo disse, Severo sentiu o olhar dela indo diretamente em sua direção, mas ele não esboçou qualquer reação sobre aquilo.

—Você já viu um desses? - Alvo perguntou, ele era esperto no mínimo havia notado que havia algo a mais ali.

—Não - ela mentiu, aquilo era curioso ela estava mentindo, sem que ele tivesse pedido que ela o fizesse, Alvo o encarou por um segundo mudando de assunto.

—Bom Severo, esteja preparado pois certamente eles irão requerer a sua presença - Era evidente que sim, e ele teria que colocar todo o seu poder de atuação em prática mais uma vez, era sobre isso que Alvo estava se referindo, Severo sabia muito bem como agir nesses casos, ele certamente teria que tomar partido e para o bem da causa maior teria que ser justamente por aquele lado do qual ele não gostaria, mas fazia parte do jogo, ele sabia como jogar e Alvo sabia bem.

—Estarei - Severo disse sério e sem nenhuma emoção – não seria adequado que a Srta. Epson participe dessa conversa – ele olhou para ela, que praticamente agradeceu com o olhar, pegando sua bolsa que estava no chão.

—De acordo – o diretor disse - pena não podermos evitar um encontro, já que não estamos mais sozinhos - ele informou e ambos olharam para a gárgula em movimento, ali estava Edmundo Diaz e Louise sua esposa, faziam alguns anos que Severo não os via, eles tinham muita classe, faziam bem o estilo aristocrata, Louise ele notou, havia mudado muito pouco desde que a viu pela última vez, curiosamente ela foi por um certo espaço de tempo, amiga próxima de Maeva, já que ambas eram do mesmo ano, mas com aquela guerra em curso, muito estava em jogo, e elas acabaram se separando.

—Um ABUSRDO Dumbledore o que vem acontecendo nesse lugar - Edmundo disse se sobressaindo, o cheiro do acônito era mesmo ruim, impregnando quase que de imediato  todo o lugar, Severo havia se posicionado ao lado do diretor, ficando de frente para Shara, foi quando ele notou uma mudança brusca na expressão e no olhar da criança, ela estava com o olhar vidrado no homem que acabará de entrar, aquilo era difícil de interpretar, mas algo havia acontecido, ela o encarava como se estivesse olhando para um fantasma, de forma bastante discreta ele passou o dedo anelar pelo anel, que emoção era aquela? era medo, um medo diferente, ela estava com medo dele? o que poderia ter ocasionado essa mudança repentina? ele notou que ela havia dado um passo para trás, recuando, o ritmo da respiração também havia mudado, ele podia ler aquilo - EU EXIJO explicações - Edmundo gritou o tirando de seus devaneios, ele precisava tirar Shara dali.

—Claro, claro… Sr. e Sra. Diaz por gentileza sente-se, estarei providenciando um chá - o diretor disse formalmente – Shara por hora está dispensada - ele piscou para ela, que parecia desejar aquilo, aquela era a deixa certa.

—Espere - Edmundo não parecia tê-la notado até aquele momento - então… veja só o que temos aqui, aí está a causadora de todo esse caos - ele se aproximou da criança, que recuou um pouco mais, Severo sentiu vontade de intervir, mas ele não podia, Alvo colocou a mão em seu braço, era um sinal, mas Shara estava agindo de forma estranha, Severo não deixou passar o sorriso malicioso que havia se formado no rosto de Edmundo, ele certamente havia percebido o medo dela também – me diga, Srta. Epson não é mesmo? Interessante esse seu sobrenome, nunca o ouvi antes – ele disse de forma esnobe – então você achou que poderia enfrentar alguém da minha família e sair completamente impune? – Shara recuou um pouco mais – RESPONDA – ele gritou a assustando, ela não respondeu – ela fala? Ou só sabe bater? – ele perguntou, olhando para os dois, Severo segurou com firmeza sua varinha dentro das vestes, não seria bom perder o controle naquele ponto, Alvo interviu bem em tempo.

—Sr. Diaz – Alvo chamou sério – vamos resolver a questão entre adultos, como deve ser – Severo, encaminhe Shara até o seu próximo compromisso, estarei iniciando por aqui, retorne assim que possível – ele assentiu sentindo os olhos de Louise sobre si, maldição o que seria aquilo agora? – Ah, Severo sobre sua dúvida, apenas 4 batidas no centro e 2 na parte superior resolverão – Severo arqueou a sobrancelha, do que aquele velho maluco estava falando agora? mas achou por bem não questionar, ele puxou Shara pelo braço, demonstrando um certo autoritarismo, isso ajudava na encenação. Assim que eles saíram, e que a gárgula se fechou novamente, ela parou e ele a soltou, ele estava preocupado.

—Epson.. – ele chamou, notando que ela havia colocado a mão por dentro da blusa, a marca... era isso, ele a viu tirar a mão que agora estava coberta de sangue vivo, certamente ela havia sentido muita dor, ela se encostou na parede, buscando um apoio, ele se aproximou analisando o sangue em sua mão, enquanto afastava um pouco as vestes e o cabelo da menina, ela não se opôs, a camisa branca que ela usava por baixo das vestes estava completamente vermelha, ensanguentada naquela região – Shara – ele a chamou pelo primeiro nome – ainda está doendo? – que pergunta ridícula, era obvio que sim.

—Sim – ela respondeu com bastante dificuldade – muito.

—Vamos, precisamos ir até a enfermaria – ele disse sério – consegue andar? - se fosse o caso ele a levaria no colo, ela iria detestar, mas eles não tinham muito tempo e nenhuma outra opção.

—Não... a Carla, ela está lá, eu... não quero que ela me veja, assim, e eu... estou bem – Shara disse, sim havia isso, de fato não seria um bom lugar naquele momento, mas ela não poderia ficar naquele estado, sem nenhuma assistência, ela deu um passo para frente, perdendo um pouco o equilíbrio, ele a segurou.

—Eu posso ver – ele disse a contra gosto, ele não podia dispensa-la assim, ela precisava ser medicada, mas ele precisava voltar, a enfermaria não era uma opção, voltar para a sala de aula também não, a sala comunal muito menos, era ótimo quando ele não sabia o que fazer, ele precisava pensar e agir rápidamente, ele a olhou por um instante, droga... – Você irá me esperar nos meus aposentos pessoais – ele informou, mal acreditando que havia dito aquilo, eles não teriam como ir andando, já que não era tão perto, por flu era a opção mais viável, a lareira mais próxima e acessível era justamente a dos aposentos pessoais do diretor, já que eles estavam praticamente na porta dele, mas não havia simplesmente como entrar lá sem ele... espera, aquele velho era mesmo cheio de truques, velho senil – venha Epson, ele fez menção em segura-la.

—Eu... consigo – ela disse, se recuperando, ela estava branca, ele bateu 4 vezes no centro e duas na parte superior, e obviamente a porta se abriu, Severo revirou os olhos, ele jamais conseguiria acompanhar o raciocínio daquele velho, como ele havia premeditado aquilo? – Professor – ela chamou puxando a manga das suas vestes – antes de ir, preciso que veja algo, é importante  – ela disse parecendo se sentir melhor e mais segura ali, embora ela estivesse tremendo, ele notou enquanto ela tirava um envelope da sua bolsa, haviam algumas fotografias dentro – é de uma câmera de segurança – ela explicou - Catie me mandou, da biblioteca onde ela trabalha, esse é o bruxo que comentei, que estava atrás do livro, sobre a lenda – ela disse o encarando, ele reconheceu de imediato, então era por isso que ela havia travado daquele jeito e ficado com tanto medo dele assim o bruxo em questão... - é o pai da Carla – ela disse completando seus pensamentos e passando a mão no colar – o Sr. tinha razão quando me disse que deixei o colar na mão do inimigo, bom, ele certamente não deve ter compartilhado todo o plano com a sua filhinha pois do contrário eu já o teria perdido – ela segurou o colar com ainda mais força – enquanto uma lagrima escorria pelo seu rosto – eu sou tão, tão estupida, o senhor tem razão sobre isso também – ela disse –  e agora eu o trouxe direto pra mim – ela começou a chorar – eu sou mesmo um poço de problemas – ela repetiu aquilo que ele havia dito minutos atrás.

—Shara, precisa se acalmar, tem minha palavra que ele não poderá encostar em você, enquanto estiver aqui – Severo disse tentando acalma-la.

—Ele não... mas Carla, ela meio que já tem feito, não tem? e se eu for expulsa, ele... ele poderia vir atrás de mim – Shara disse desesperada, fazia algum sentido, ele precisava pensar melhor a respeito – como posso ser tão idiota? – ela pediu – eu detesto tudo isso, detesto ser quem sou... por que eu não posso ser normal? – ele se aproximou, segurando uma de suas mãos.

—Não repita isso, nunca mais, você é normal – ele disse enquanto a acolhia contra si, a levando até a lareira, a única certeza que ele tinha no momento é que não poderia deixa-la sozinha lá, honestamente ele tinha receio que ela pudesse se machucar como fez da vez anterior, tudo era tão recente e ela tinha de fato muito para lidar, assim que eles chegaram, ele passou por cima de qualquer protocolo que mantinha sobre não trazer ninguém em seus aposentos pessoais, mandando uma mensagem para madame Pomfrey, ela não poderia ser realocada da enfermaria já que havia demandas ali, mas Antony sim, não era o correto, era completamente irracional, mas ele estava sem nenhuma opção e o seu tempo estava se esgotando, ele precisava voltar, ou os pais de Diaz poderiam desconfiar de algo ali, mas a menina precisava ser medicada, acolhida e de forma nenhuma deveria ficar sozinha.

—Epson, volto assim que puder – ele informou - as regras do lugar permanecem as mesmas, são aquelas ditas nas minhas recomendações de domingo de manhã, entendido? – ela assentiu, ela estava segurando o colar contra o peito.

—Por favor professor, não deixe que me expulsem – ela pediu – por favor... – Alvo daria um jeito, disso ele não tinha a menor dúvida, ele assentiu, não havia nada a ser dito.

Severo sentiu Antony passar pela lareira atrás de si, Poppy era boa, ela havia entendido a urgência no seu comunicado, ele trazia alguma medicação também, Shara olhou tudo aquilo sem entender o porquê o professor estava agindo daquela maneira, talvez nem ele pudesse explicar aquilo, ela havia se sentado no sofá, apenas observando.

—Uauuu – Antony disse sorrindo para ele, enquanto analisava o lugar a sua volta, maldita ave ele pensou, e pensar que ela era sua melhor opção ali – olha só esse lugar, agora entendo por que não queria dividi-lo comigo, quanto egoísmo – ele sorriu e Severo o fuzilou com o olhar, enquanto percebeu Shara arquear uma das sobrancelhas com aquele comentário inusitado.

—Escute – ele disse com rispidez, o puxando para um canto para que Shara não os ouvisse - não encoste em nada aqui, não derrube nada e não fale nada que possa comprometer algo, como o que acaba de dizer seu traste – Severo disse entre os dentes – mas o mais importante e é por isso que está aqui, medique a criança e não tire os olhos dela, isso é uma ordem AVE – Antony o olhou com surpresa.

—Ok, digamos que eu posso fazer isso – ele disse desconfiado – aconteceu alguma coisa, digo além dela ter nocauteado aquela loirinha irritante? – ele perguntou animado sem entender a gravidade do que ele havia dito, mas não havia tempo para isso agora, Severo precisava sair – aliás ela manda muito bem, que orgulho da sua garotinha – sim ele estava quase arrependido.

—Agora não – ele esbravejou - se preocupe em fazer apenas aquilo que pedi – ele sinalizou – e não... e de forma alguma, incentive esse tipo de comportamento selvagem – ele disse caminhando até a lareira enquanto mentalmente torcia para que aquilo não fosse uma má ideia, havia muito em jogo ali, se Maeva que conviveu com a ave por tanto tempo, não confiava nele para guardar o seu segredo e portanto o havia enfeitiçado por todos aqueles anos, o que esperar? Se tudo desse certo, ele não levaria mais que uma hora fora dali e assim estaria de volta, era apenas uma hora, o que poderia dar errado em apenas uma hora?

—_________

—Olá - Antony disse notando a garotinha abatida no sofá, ok ele teria que medica-la e ficar de olho nela, sem falar nada comprometedor, aquilo não poderia ser tão difícil, mas aquela era a filha de Maeva, ele sentia tanto a falta de Maeva e ele ainda era o responsável pela vida dessa guardiã, ele conhecia tanto sobre ela ao mesmo tempo não conhecia nada, ela era tão pequena... - posso ver o machucado? - ele pediu se aproximando, segurando uma das medicações, ela assentiu, enquanto tirava aquelas vestes pesadas da escola, ele notou imediatamente o sangue, não havia como não notar e então ele se deu conta do que tinha acontecido, a marca, era ela que estava sangrando, ele podia curar aquilo, era uma das poucas coisas que ele podia fazer, já que não tinha habilidades mágicas - o ferimento ele é da sua marca, não é mesmo? - ele perguntou se aproximando um pouco mais – com sorte não irá precisar de medicação - ele informou animado, ela estava abaixando a blusa no ombro quando ela o olhou séria, ela levantou e recuou, ele também parou a encarando - aconteceu alguma coisa? - ele perguntou preocupado.

—Sim - ela disse séria - eu nunca falei da marca, ainda mais para você, como você sabe sobre isso? - ele a encarou assustado, droga ele era mesmo muito ruim nisso.


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Notas finais do capítulo

O que poderia dar errado em apenas uma hora?
hummm querido SEV, eu conto, ou vcs contam... acho que muita coisa heim...
Complicado... agora podemos entender um pouquinho as razões de Maeva kkkk

Ainda não superei Shara batendo na DIAZ desculpem, onde dá o replay?
Espero que estejam gostando :)



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