Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 15
Futuro - Caldeirão derretido




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—Só pare de olhar ok? com o tempo você se acostuma é sério - Beta disse para Shara que não conseguia tirar os olhos do professor desde o momento que elas pisaram naquela sala de aula, não era uma visão tão corriqueira assim para se acostumar, não numa primeira aula.

—Ele é um fantasma… - Shara apontou - tem simplesmente um fantasma me dando aulas, como posso me acostumar com isso? - sim era chocante, ela já tinha visto de tudo naqueles dias que passou imersa em magia, então ter um professor com essas peculiaridades não era algo para se estranhar, mas ainda assim era chocante.

—Você está aqui a alguns dias, não é possível que não tenha cruzado com nenhum fantasma até o momento - Beta disse como se fosse algo comum – eles simplesmente estão por todos os lugares.

—Eu certamente teria percebido - Shara disse ainda o encarando com aquela expressão duvidosa no rosto - ele é transparente... - Shara conseguia ver através dele, era uma matéria transparente e flutuante.

—Óbvio, ele é um fantasma - Beta disse revirando os olhos, mas não era bem assim que Shara havia imaginado ou visto em filmes.

—Como ele corrige trabalhos e provas? … tipo se ele sequer pode tocá-los? - somente não fazia o menor sentido.

—É Shara… esqueça isso, você quer ou não quer saber sobre você sabe quem, comensais e a guerra? - Beta disse a lembrando de por que elas se sentaram tão no fundo da sala quase isoladas dos demais colegas.

—É sim… - Shara disse olhando para sua nova amiga ao mesmo tempo que seus olhos passavam mais uma vez pelo professor Binns "curioso, muito curioso" ela pensou, mas logo sua atenção estava completamente voltada em Beta e tudo que ela tinha pra dizer.

E foi assim que a aula de História da magia daquela segunda feira foi incrivelmente produtiva para ela, pelo menos o nome da matéria fazia jus a todo o conteúdo que Shara estava recebendo e tentando absorver naquele pequeno espaço de tempo que elas tinham e não pela aula em si, já que a mesma se provou um tanto quanto entediante, bem pelo menos foi o que Shara pensou ao se comparar com os fatos que Beta estava lhe apresentando, elas poderiam tranquilamente passar horas naquilo.

Shara havia ficado completamente envolvida com tudo que ouvia, deixando seus pensamentos vagarem por aquele período sombrio da história nem a presença daquele fantasma pairando sobre a sala de aula foi o suficiente para distrai-la, Beta era muito eloquente e estava animada para atualizá-la sobre o passado e responder suas perguntas, e ela tinha várias afinal aquele era o passado dos seus pais, em algum lugar em tudo aquilo, eles se encaixavam, ela sabia, Beta explicou sobre a noite em que os pais de Harry morreram e Shara finalmente entendeu por que Harry era famoso e conhecido por todos no mundo bruxo, é claro ele era o menino que sobreviveu, era realmente um milagre que ele tenha sobrevivido daquela forma, e aquilo não era algo para se alegrar, ele havia perdido os seus pais naquela noite, assim como ela em algum momento da sua vida, claro em situações diferentes, mas de certa forma eles tinham algo em comum, e infelizmente não era algo bom, a guerra tinha sido um período duro, com inúmeras mortes, inclusive de trouxas, e Shara teve que concordar que ela realmente não agiu de forma consciente ao enfrentar um comensal da morte sem saber do que se tratava, como ela havia feito naquele dia, era muito sério e perigoso, ela nunca seria páreo o suficiente para aquilo, e ela passou a entender e também respeitar as razões pelas quais Gina nutria aquele tipo de medo, afinal como Beta bem mencionou possivelmente a família Weasley tinha perdido alguém nas mãos de um comensal durante a guerra, já que a família dela foi importante e muito ativa, lutando em lados opostos.

Shara aprendeu um pouco sobre “aquele que não se deve nomear” era estranho chama-lo assim, e Shara teve uma certa dificuldade em conseguir um nome, mas depois de muita relutância Beta finalmente disse, Voldemort esse era o nome dele, era estranho pensar que ele tinha sido aluno de Hogwarts a muitos anos atrás e sentados naquelas carteiras sendo da Sonserina, frequentado sua sala comunal, enfim assim como praticamente todos os comensais da morte e era por essa razão que a fama da sua casa não era tão boa nesses últimos tempos e o motivo pelo qual Harry e Rony tinham dito aquilo para ela no primeiro dia de aula, eles tinha razão e Shara se deu conta de que ali na Sonserina ela convivia basicamente com toda a nova geração, os filhos dos antigos comensais, e pensar nisso trazia a tona a probabilidade de que seus pais também tivessem sido um deles, afinal poucos eram aqueles que não se envolveram, Shara costumava sonhar com a sua mãe, onde elas caminhavam pela praia, havia sol e a areia fofinha, mas depois do que Beta contou, naquela semana Shara passou a ter sonhos sombrios onde o mar se transformava em sangue e ela acordava assombrada no meio da noite.

Entre todas aquelas recém descobertas o que mais chamou sua atenção, embora fosse meio óbvio agora é de que o professor Snape havia sido um seguidor de Voldemort, que mudou de lado, pelo que Beta relatou ele era um comensal da morte respeitado e muito influente, certamente feito coisas horríveis para chegar naquele estagio e machucado muitas pessoas inocentes, ele sentava a mesa de Voldemort e participava das principais decisões e estratégias, um dos braços direitos daquele do seu mestre, e foi então que Shara entendeu que era por isso que os alunos da sua casa tinham tanto respeito por ele, e os das demais na verdade pânico. Beta contou também que haviam rumores, muitos por sinal sobre o fato dele nunca ter se reconciliado de verdade e que havia um plano por trás de sua suposta rendição, que ele estava ali esse tempo todo a pedido de Voldemort e enganando e espiando o diretor Dumbledore mas Shara não podia acreditar nisso, por mais terrível que ele pudesse ter sido um dia, ele mudou, era como se ela pudesse sentir, havia algo bom nele, e entre todos os adultos que ela já conviveu ele tinha sido o único com o qual ela teve esse tipo de pressentimento.

Shara ouviu algumas histórias sobre o diretor Dumbledore de como ele era o líder da oposição, de como ele dominava feitiços como nenhum outro fez, ele era muito poderoso e fez coisas grandiosas e ela passou a admirá-lo ainda mais, sem sombra de dúvidas ele era o maior bruxos de todos os tempos e era uma honra estudar naquela escola abaixo dos seus cuidados. Shara saiu daquela sala de aula de uma forma diferente naquele dia, era como se agora ela pudesse se sentir um pouco mais pertencente a aquele mundo, e ela agradeceu imensamente por ter conhecido Beta e pela sua boa vontade em compartilhar tudo aquilo com ela, foi importante.

Os próximos dias haviam passado relativamente rápidos, até a aula de defesa naquela quarta, a matéria do livro era muito interessante ela ponderou, porém o professor lhe causava repulsas fato que ela teve ainda mais certeza depois da sua segunda aula com ele naquele dia, e Shara se perguntou honestamente como um bruxo tão poderoso como o diretor Dumbledore, contrataria um bruxo como o professor Lockhart para lecionar esse tipo de matéria? e o mais difícil era entender que os demais alunos pareciam realmente gostar dele, quer dizer não todos, mas especialmente as garotas, mas Shara não, primeiro que ela achava que ele se vestia e se portava de forma ridícula, além de que ele era bastante atrapalhado com os feitiços, e sem mencionar que ele passava a maior parte do tempo falando apenas de si mesmo, e de como ele era bom em tudo que fazia, e para piorar o professor Lockhart de alguma forma havia simpatizado com ela, ela sentia o olhar dele com frequência sobre ela durante as aulas e fora delas nas refeições, era algo bastante desconfortável a ponto de faze-la querer simplesmente estar invisível ali, aquele olhar a lembrava do olhar de outra pessoa, e dentro dela isso soava meio que como um alerta, e para piorar ele a havia chamado no final daquela aula, e de forma sorrateira solicitado sua presença na próxima sexta-feira no final do dia em seu escritório particular, para algo que ela considerou extremamente fútil, autógrafos, sim ele havia dito que ela tinha uma boa caligrafia e que sendo assim seria útil para ajudá-lo com os autógrafos, ela tentou negar, mas a verdade era que ela não tinha nada e nenhum bom argumento para isso, e ele era insistente e prometeu pontos extras, pelo menos o professor Snape ficaria satisfeito, ao invés de perde-los ela estaria ganhando, a programação e companhia seria horrível ela sabia, mas ela tinha decidido que deveria pelo menos tentar, afinal o que de tão temível poderia haver em meros autógrafos, não é mesmo? E assim o resto da semana se arrastou.

Era sexta-feira e Shara acordou com todo o barulho e movimentação no quarto, não que alguém se importa-se em acorda-la, ela sabia desde o dia que tinha colocado os seus pés naquela casa que as coisas seriam unicamente por sua conta, a semana estava acabando e para sua satisfação, sem nenhum problema aparente, talvez as coisas estivessem começando a se ajeitar ela pensou, ela se levantou preguiçosamente, a aula daquela manhã, era poções e ela sentiu seu estomago embrulhar, ela não tinha mais visto ou falado com o professor Snape depois do último final de semana, ele parecia evitá-la e no fundo ela queria se sentir aliviada por isso, mas não era bem assim que ela estava se sentindo.

Poções tinha tudo para ser sua matéria preferida, e isso deveria ser o suficiente para deixá-la animada, já que de certa forma poções lembrava bastante química na sua antiga escola tradicional, e era essa a matéria que ela mais se destacava, mas em Hogwarts o professor Snape era muito mais exigente e criterioso, e ela decidiu que não seria bom se animar tanto assim, quem sabe existir e apenas respirar naquela sala de aula, já seria mais que o suficiente.

Shara havia combinado com Gina de que elas se sentariam juntas já que as carteiras eram todas compartilhadas, e isso era bom, ela, Gina e Beta tinham engatado uma amizade e todas as noites depois do jantar elas meio que passaram a sentar juntas para conversar e revisar as matérias do dia, ambas de casas diferentes, mas elas tinham muito em comum.

Shara chegou mais cedo, e sentou numa das carteiras do meio da sala de aula, nem tão a frente para não chamar tanto a atenção e nem tão atrás, já que ela também não queria perder nada, Gina chegou apenas alguns poucos minutos depois, se acomodando ao seu lado, dava pra sentir a tensão no rosto da amiga.

—Shara, tem certeza disso? – Gina perguntou pela milésima vez, ela achava que o professor Snape poderia não gostar e ficar zangado com ao ver uma Sonserina sentada e trabalhando juntamente com uma grifinória, Shara sabia que Gina tinha razão, mas sinceramente gostando ou não, ele teria que se acostumar, afinal Gina era a única amiga disponível ali e ela não abriria mão disso, ainda mais por uma intriga ridícula entre as casas.

—Sim, não me faça repetir – Shara disse revirando os olhos.

—Depois não diga que não avisei – ela reforçou, retirando o livro da sua mochila.

—Eu me disponho a correr esse grave e terrível perigo– e Gina sorriu de forma irônica.

—Sabe você é mesmo diferente - era um alívio ouvir aquilo.

—Quer saber? acho ótimo – Shara disse, se entristecendo em pensar mais uma vez o quanto seus pais poderiam ser parecidos com todos aqueles alunos da sua sala, por que ela nunca se enquadrava? nem com o seu laço de sangue?

—Abram seus livros na página 48 – a voz fria disse vindo da parte de trás da turma, enquanto ele se dirigia através do corredor até a parte da frente da sala de aula sem olhar diretamente para ninguém, ele tinha presença, era algo que não dava pra negar, e ela sentiu Gina enrijecendo do seu lado, sim ela sabia que era intimidador e que ele causava esse efeito nos alunos, principalmente nos das outras casas – reforço que não tolerarei conversas e brincadeiras inúteis nessa sala de aula, o preparo de poções exige concentração total, os ingredientes de hoje podem ser pesados nas balanças que ficam na bancada do meu lado direito, agora... o que estão esperando? Comecem – e o barulho das páginas do livro sendo abertas, e cadeiras se arrastando tomou conta de todo o lugar.

—Eu pego os ingredientes e peso, e você se concentra na preparação e fica com a parte do corte enquanto posso ajudar a controlar os tempos, já que eu notei que você corta infinitamente melhor que eu – Gina disse um pouco mais relaxada – acredito que ganharemos tempo assim.

—Tudo bem – Shara concordou enquanto Gina se levantava e saia e Shara passava o olho no livro e no passo a passo de execução daquela poção, aparentemente fácil.

—Veja só, quanta audácia, a garotinha esquisita da sonserina, sentando com uma aluna suburbana da grifinoria, o professor Snape deve estar adorando ver isso – Diaz disse, com desdém, infelizmente ela havia sentado perto o suficiente para que Shara conseguisse ouvir a sua voz, ela pensou.

—Eu não me importo – Shara deu de ombros, ela não iria comprar aquela provocação.

—Se eu fosse você se, eu me importaria, principalmente depois que o seu caldeirão explodir – ela disse com um sorriso malicioso no rosto - não diga que não avisei.

—Talvez você devesse se preocupar mais com o seu caldeirão Diaz do que com o meu – ela disse em tom de grosseria, chamando a atenção e o olhar do professor, que a encarou apenas mas não disse nada, dessa vez passou ela teve sorte.

—Ele favorece os sonserinos – Diaz disse dessa vez quase sussurrando – isso é claro, você já deve saber, mas não se sinta segura o suficiente Epson, sonserina ou não, digamos que ele não reage tão bem a um caldeirão derretido – Shara não gostou da forma como ela tinha dito aquilo pela segunda vez, mas resolveu ignorar Gina havia retornado com os ingredientes e elas tinham muito a fazer, Shara iniciou os cortes, a sala estava em completo silêncio, todos os alunos trabalhando e o professor caminhava entre as carteiras de tempos em tempos, analisando os trabalhos e fazendo considerações e principalmente descontando pontos dos grifinórios, Diaz tinha razão ele favorecia os sonserinos, era tão injusto.

Os cortes eram bem precisos, Shara sabia pois era a segunda vez que o professor passava pela sua bancada e não fazia absolutamente nenhum comentário, ele também não era do tipo que reconhecia o trabalho de ninguém mesmo que fosse feito por alguém da Sonserina, mas o fato de não haver nenhum comentário depreciativo por si só já era um bom sinal, Gina estava entretida com o cronômetro, quando Shara notou de relance Diaz virando astutamente e lançando algo que ela não conseguiu identificar no caldeirão a sua frente, onde ela e Gina estavam trabalhando, Shara também não pode deixar de notar o sorriso de escárnio no rosto daquela garota que passou em câmera lenta diante dos seus olhos, na verdade todo aquele momento passou lentamente, Shara segurava uma faca afiada e com aquela distração ela sentiu o sangue jorrando em suas mãos, ela havia se cortado, segundos depois a poção começou a borbulhar e Shara mal conseguia pensar devido a dor, mas teve tempo de empurrar Gina com força apenas momentos antes de tudo aquilo explodir e lançar gosmas verdes corrosivas por toda a sua bancada e o pouco de material que havia sobrado dentro daquele caldeirão o tinha feito derreter completamente e também parte da bancada de trabalho, era assustador, alguém poderia ter se machucado gravemente, Shara nunca tinha visto nada assim, os alunos mais próximos se afastaram, igualmente assustados a sala estava em silencio e por muito pouco Gina não tinha se ferido.

—Afastem-se todos - o professor estava gritando enquanto se aproximava e lançava um feitiço que fez sumir todo aquele material pegajoso, pelo olhar que ele lhe lançou ela sabia que ele devia estar fervendo por dentro.

—Limpem o resto da bagunça imediatamente – ele esbravejou – e 20 pontos a menos para a Grifinoria por sua total falta de atenção Srta. Weasley vejo que puxou a todos os outros seus irmãos – ele disse com sarcasmo, enquanto Gina recolhia as coisas nervosamente, Shara segurou a sua mão com força, estava coberta de sangue e não pode deixar de ouvir alguns grifinórios reclamando que isso só tinha acontecido por causa dela, e isso a incomodou e pelo visto o professor não iria mesmo descontar pontos dela, mas Shara não queria prejudicar Gina assim, ela esperou alguns segundos apenas para ter certeza e como ele não disse mais nada, ela criou coragem e se manifestou.

—Com licença Senhor – a sala ainda estava em completo silêncio e ela sentiu o olhar dos alunos todos sobre si, mas principalmente o dele e era de profundo ódio, ao se virar em sua direção, mas ela não se deixou intimidar, agora que tinha começado não tinha mais como voltar a trás e criando coragem ela disse  – o senhor não vai descontar pontos da Sonserina também já que somos uma equipe? – ela sentiu que o clima na sala havia mudado drasticamente, Diaz a estava encarando e fornecia um sorriso de vitória no seu rosto, e os outros grifinórios que estavam a acusando apenas alguns minutos atrás agora estavam lhe desejando sorte com o olhar, e uma morte menos dolorosa possível, Gina tinha segurado seu braço em apoio, o professor se aproximou lentamente, puxando um banco próximo e sentando bem a frente da sua bancada, naquele momento parecia inclusive que todos os outros alunos tinham parado de respirar e que haviam caído uns dez graus na sala de aula.

—hummm... vejam o que temos aqui, se não é a nova justiceira de Hogwarts – ele disse em tom de zombaria – que interessante  – alguns alunos da sonserina riram baixinho, mas ela se manteve séria, sua mão estava pulsando – bom srta. Epson já que é do seu agrado ser castigada, peço que aguarde o término desta aula para saber qual será o seu tão almejado castigo, espero que esteja se sentindo melhor agora – e lá estava a ironia outra vez, o olhar dele era penetrante e fez seu coração acelerar, mas ela manteve a postura – e por que vocês não estão finalizando a poção, quero vê-la engarrafada na minha mesa em exatos cinco minutos – ele disse, e o barulho do trabalho nas bancadas recomeçou novamente, ele ainda lançou um último olhar mortal sobre ela antes de se levantar.

Fato é que aqueles cinco minutos nunca demoraram tanto para passar, ela havia cortado um dos dedos com a faca, foi um corte profundo e havia sangue por todos os lado, ela estava tentando estagnar com o próprio tecido das suas vestes, o professor nem sequer havia notado, e ela não iria anunciar, afinal em hipótese alguma ela gostaria de ser encaminhada para a enfermaria, ela já tinha se machucado várias vezes no passado, estava acostumada a lidar com isso sozinha, mas Gina tinha percebido, e apenas por medo ela não havia dito nada, mas Gina lançava um olhar de preocupação sobre ela a cada trinta segundos, e quando o último aluno saiu da sala de aula seguido pela amiga, e a porta se fechou com forças atrás de si, que ela se deu conta do problema que tinha se envolvido, mas ela não se arrependeu, ela não teria feito diferente, ela apenas queria que as coisas fossem justas para ambos, e falando em justiça  o seu caldeirão havia sido sabotado, então pra começar elas nem mereciam sofrer qualquer tipo de penalidade.

—Detenção – ela o ouviu dizendo, interrompendo seus pensamentos, ele mal a olhava, e mais uma vez ela estava sendo ignorada, ela detestava ser tratada assim, e isso havia se tornado algo dele com ela desde que ela fugiu da enfermaria naquele dia, eles não tinham mais conversado, ela sabia que tinha se comportado mal fugindo daquela forma, mas ele jamais entenderia, ela não podia ficar lá, e então ele passou a ignorá-la como castigo e bem ele tinha um passado sombrio e ela deveria estar agradecendo pela distância que tinha se formado entre eles, mas por que ela não estava? Por que ela se importava tanto?

—Meu caldeirão foi sabotado – ela afirmou, apertando ainda mais o tecido contra o seu dedo dolorido.

—É uma acusação bastante grave e acredito que tenha alguma prova, não é mesmo Srta. Epson? – ele se levantou ainda sem olhá-la.

—O Senhor sabe que estou falando a verdade, por que o senhor viu todos os ingredientes que foram cortados antes mesmo de coloca-los no caldeirão, acompanhou parte do processo, não havia nada de errado para a poção apresentar aquele comportamento explosivo, não como aqueles ingredientes e eu teria provas se o senhor não tivesse sumido com todo o material como fez – ela nem acreditou no que ela tinha acabado de fazer, ela tinha respondido ele, e então ele estreitou o olhar se aproximando dela, ela estava verdadeiramente encrencada, muito encrencada, ela deu alguns passos para trás se encolhendo e levantando as mãos em direção ao seu rosto em sinal de defesa, obvio que ele iria bater nela pela sua ousadia, era sempre assim, ela estava esperando a agressão, o tapa que viria a qualquer momento, afinal ela merecia, mas não tinha vindo e estava ficando constrangedor, ela abriu os olhos e ele estava ali parado a poucos centímetros do seu rosto a encarando.

—O que pensa que está fazendo Epson? – ele perguntou, ela estava se defendendo, afinal era isso que ele iria fazer, ele iria bater nela... não iria? o meu Deus ela se deu conta de que ele não iria bater nela, ele não era como o Noah, ele podia ser quem fosse no passado, ou ser difícil e injusto, mas ele não batia em crianças, ela estava constrangida, era assim que ela estava acostumada a ser tratada, e ele tinha notado, era evidente já que ela havia revelado ali de forma tão ingênua o seu passado e revelado inclusive o sangue na sua mão.

—Eu... – ela não sabia o que dizer, ela olhou para a porta dando mais uns passos para trás, era tão vergonhoso.

—Não! - ele disse devagar - você não vai fugir, não dessa vez – e ela o ouviu lançando um feitiço mantendo a porta trancada.

—Epson – ele massageou as têmporas – preciso admitir que ambos estamos precisando nos acalmar no momento e embora eu não tenha nenhuma intenção de agredi-la fisicamente – ele disse respirando forte – ainda assim esse não é o melhor momento para termos esse tipo de conversa, sua detenção começa hoje as 19hrs, não se atrase e falaremos sobre o ocorrido, eu também não quero mantê-la trancada aqui, mas antes que fugisse, sabendo da sua aversão a enfermaria eu peço que pelo menos me alcance a sua mão – ela digeriu cada uma das palavras que ele havia dito e estendeu a mão de forma constrangida - você deveria ter comentado que tinha se cortado – ele disse lançando um feitiço que limpou sua pele instantaneamente, é claro como se ele tivesse deixado espaço para isso, ela pensou – não é um corte superficial, o correto seria ir até a ala hospitalar – ele disse enquanto analisava o seu dedo, e ela negou com a cabeça repetidamente o fazendo suspirar – sabe Epson você não vai conseguir fugir de madame Pomfrey para sempre – ela iria conseguir, ela teria que conseguir, ela só precisava parar de se machucar assim – use isso – ele disse convocando uma pomada – é cicatrizante, use também nos pulsos já que posso ver que as marcas ainda não sumiram completamente – ela assentiu – esta dispensada – ela ouviu o feitiço na porta a liberando.

—Obrigada – ela agradeceu pela pomada, mas então ela se lembrou do compromisso que tinha com o professor Lockhart, também era mais tarde, droga ela teria que dizer... – professor - ele se virou cansado - tem como ser outro dia? – ele ergueu a sobrancelha, mal sinal, ela começou mal - quer dizer, eu... o professor Lockhart me pediu para ir até a sala dele nesse mesmo horário – dito isso ela viu a expressão do rosto dele ficando mais fria – é claro que posso cancelar – ela disse rapidamente, ele não tinha gostado, ela notou.

—Do que se trata o seu compromisso com o professor de defesa Epson? – Snape estava perguntando, e parecia haver algo a mais por trás do que apenas uma pergunta qualquer, ela sentiu seu coração acelerar como se ela estivesse fazendo algo de errado, ela odiava essa sensação, era assim que ela se sentia sempre com Noah, ela sentia todo o peso sobre si, mas nesse caso eram só autógrafos, não eram?... eram, ela estava nervosa e ele deve ter notado, ele estava a analisando – Epson eu te fiz uma pergunta.

—É... eu nem quero ir... eu não quero, ele tem agido estranho – ela disse nem acreditando que ela havia conseguido dizer o que ela realmente estava sentindo pela primeira vez ela conseguiu externar, ela estava nervosa obviamente e portanto gaguejando, e ela sentiu uma pequena lágrima escapar, pronto agora ela estaria chorando feito um bebe outra vez, o que havia de errado com ela na presença dele? Ela se lembrou de como Noah a olhava as vezes, ela se sentia mal, ele era um monstro, mas o professor Lockhart não tinha feito nada, era só o olhar, aquele mesmo olhar, ele não tinha a desrespeitado em nenhum momento, não ainda, mas ele havia marcado um compromisso a sós, mas eram só autógrafos, não eram? ela estava vendo coisas, não estava? ela não estava fazendo sentido, aquele território era delicado.

—Não foi o que perguntei Epson, mas o que você define como estranho? – aquilo estava começando a ficar cada vez pior, droga ela não tinha como explicar aquilo sem soar confusa, era sempre assim, ela queria muito fugir agora, e se Noah descobrisse que ela contou, não... espere isso não era sobre Noah, era sobre Lockhart, ela respirou fundo.

—Autógrafos, ele quer que eu o ajude com autógrafos, ele disse que tenho boa caligrafia, eu tentei evitar, mas ele foi insistente...  – ela não estava soando convincente ela sabia, ela nunca podia contar o que aquilo tinha desencadeado dentro de si, ele não tinha feito nada, mas ela sentia que não soava natural, era como com Noah, mas ao mesmo tempo, não havia nada real, e ninguém nunca acreditaria nela – ele me deixa desconfortável – ela conseguiu dizer, foi honesto, mas ela estava se sentindo culpada por ter dito e com vergonha e ela sentiu náuseas – e eu sei que uma detenção deve ser ruim, mas eu acho que prefiro... eu vou desmarcar professor – ela disse enquanto ele a observava, ela limpou a lágrima que escorreu.

—Não Epson – ele a pegou de surpresa - você não vai – ele disse em alto e bom som, e se aproximou mais, agora segurando o seu queixo para que ela não pudesse desviar o olhar, era uma sensação estranha, mas não era ruim – eu mesmo farei... apenas esteja aqui as 19hrs conforme instrui.

—Sim, senhor – ela quase podia respirar aliviada.

—Epson, mais uma coisa, e quero que você se comprometa com isso, caso o professor Lockhart te procure fora ou dentro da sala de aula, requisitando qualquer outro compromisso, mesmo que seja uma detenção por motivos óbvios, se por acaso ele te deixar desconfortável de alguma forma, você não irá mas sim me acionará imediatamente? – ele disse e ela sentiu as outras lágrimas descerem pelo seu rosto, ele tinha acreditado nela? Naquilo que ela tinha dito? ele tinha entendido, ele nem sequer tinha a repreendido pelo que ela disse, nem a chamado de mentirosa, gritado com ela como outros professores e assistentes sociais no passado já haviam feito, afinal quem se importava com uma criança como ela? mas ele a estava protegendo, de alguma forma, ele estava, era diferente, ela assentiu, não havia nada mais a ser dito além de...

—Obrigada professor – ela disse saindo às pressas, e encontrando Gina que a esperava do lado de fora no corredor, ainda mais assustada, Shara estava uma bagunça não seria por menos, aquilo seria difícil de explicar.


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Notas finais do capítulo

Sentimentos em conflito, sabe Shara eu sei bem como você se sente :(



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