Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 13
Futuro - Beco Diagonal parte II




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A menina não era muito de falar, obviamente que o olhar revelava muito, muito mais do que palavras poderiam expressar, e era notável como aquele lugar a havia deixado impressionada, ele se lembrou da primeira vez que ele mesmo visitou o Beco Diagonal com a sua mãe a muitos anos atrás, ele também tinha crescido no mundo trouxa assim como ela, embora sua mãe nunca houvesse omitido quem ele era, ele sabia de Hogwarts, sabia de suas habilidades, sabia de quadribol ou de qualquer outro tema que uma criança bruxa pudesse se interessar, sua mãe sempre foi muito amorosa, as lembranças eram boas, ela supria todas as lacunas que seu pai tinha deixado, já seu pai era um trouxa, alguém que ele não gostava muito de lembrar, era um dos piores tipos de trouxa que poderiam existir e era uma das razões pelo qual Snape odiasse tantos os trouxas em sua juventude, contribuindo em muito a sua adesão as causas de lord das trevas, seu pai foi alcoólatra e se tornava violento com frequência, ele também não gostava de magia e em casa sua mãe fazia tudo a maneira tradicional, sua mãe sofreu calada por anos e Severo não se sentia nenhum pouco constrangido em pensar que a morte dele foi uma das melhores coisas que lhe ocorreu em vida.

—Professor, esse jogo… – a voz dela o afastou daqueles pensamentos ele notou que ela estava apontando para uma das vitrines de uma loja de trajes esportivos enquanto eles passavam apressadamente sentido a loja de varinhas – É quadribol certo? É bem, ele é mesmo disputado nas alturas? Tipo é que não tem nenhum cinto de segurança nas vassouras – Nada mal para uma criança trouxa, ele pensou, fazia um certo sentido, mas Severo segurou a vontade de revirar os olhos, era tudo que ele precisava no momento, ter que explicar o óbvio para uma criança de 10 anos, mas se advertindo que tinha sido ele que no final quem se ofereceu para terminar aquela empreitada, com certeza ele não deveria estar em suas exatas faculdades mentais quando considerou aquilo, ele suspirou lembrando que ela estava ali esperando por uma resposta.

—Vassouras são um meio de transporte bastante comum no mundo bruxo, não apenas para esportes, e sim usamos no alto como você sabiamente notou, já que são feitas para voar – obviamente que ele estava sendo irônico, mas ela parecia não notar, ou não se importar – vassouras não são perigosas se forem usadas da forma adequada, e é para isso que você fará aulas de voo srta. Epson, vassouras são meios legais, algo bem diferente de um carro trouxa voador por exemplo, algo que foi adaptado de forma irregular, sendo que não foi feito para essa função – ele disse fazendo alusão ao episódio da semana passada e captando imediatamente o olhar dela - agora respondendo sua pergunta sobre o jogo, sim é quadribol é um jogo perigoso e agressivo e costumam ocorrer algumas mortes de vez em quando, mas os bruxos já estão familiarizados com isso - ele disse notando a expressão apavorada que havia se formado no rosto dela, ele teve plena vontade de rir, mas achou prudente manter a linha, se ela estivesse assustada, quem sabe ele a conservasse longe das quadras, ela já causava problemas o suficiente no chão, imagine voando

—Não gosto de altura – ela disse simplesmente, curioso ele pensou, Severo havia gostado bastante de voar quando era mais novo e pelo que se lembrava Maeva também, eles tinham acabado de chegar, e não havia mais motivos para continuar aquele assunto, ele resolveu ignorar.

— Agora Epson controle sua curiosidade e entre, chegamos, a intenção aqui é finalizar isso o mais breve possível, está me ouvindo? - Ela seguiu o olhar para a loja que ele havia apontado, seus olhos brilharam ainda mais – e tente não parecer tão vislumbrada – ele sugeriu, ela se impressionava fácil.

—Com licença – Severo disse anunciando sua chegada depois que a porta se fechou atrás deles.

—Bom dia – Olivaras disse de forma animadora enquanto descia de uma escada, onde aparentemente ele estava organizando algo, o velho Olivaras era o mesmo de sempre, exatamente da forma como ele se lembrava, Severo nunca substitui sua varinha, então o tinha visitado apenas uma vez no passado, ele estava sorrindo de princípio, mas Severo percebeu que sua fisionomia bastante receptiva havia sumido completamente assim que ele os reconheceu, era como se ele estivesse vendo um fantasma a sua frente, aquele dia estava ficando cada vez mais estranho e Severo se perguntou em oque poderia vir agora?

—Professor Severo Snape – ele sussurrou – como é possível? Como pode ser isso?... eu bem me perdoe eu estou sem palavras – ele se apoiou na bancada como que buscando equilíbrio.

—Como é possível o que? – Severo perguntou desconfiado, fazendo uma varredura sobre todo o lugar e pairando seus olhos sobre a criança, que aparentemente estava apática em relação ao que quer que fosse ou estivesse acontecendo ali.

—Eu... peço desculpas pelo meu comportamento, só achei que não fosse acontecer – ele disse quase para si mesmo – mas sim é claro hoje é 04 de setembro, exatamente a um mês atrás, bem como havia sido premeditado.

—Você está soando demasiadamente confuso Olivaras – Severo disse sério o avaliando, talvez fosse hora de uma aposentadoria antecipada, ou do contrário aquele velho estava escondendo algo e Severo não gostou nada disso, ele não gostava de enigmas, principalmente os enigmas que o envolviam de uma certa forma - Aguardo uma explicação - ele disse já sem paciência.

—Me desculpe, tentarei explicar – Olivaras se recompôs analisando a criança, que não havia dito uma palavra sequer até o momento, e Severo achou ótimo assim - há um mês atrás eu recebi uma cliente aqui na loja, uma mulher muito mais velha eu diria e ela me pediu uma varinha em específico, uma varinha rara, não era para ela é claro, era um presente – ele disse enquanto tirava uma caixa embrulhada em papel colorido de baixo do balcão – bem é claro que eu tentei explicar que não era assim que as coisas funcionavam, embora pela sua idade era algo que ela já deveria saber.

—E como as coisas funcionam? – ali estava ela, era evidente que ela não estava desatenta como ele ponderou que estivesse, ela era esperta, e Severo lançou um olhar de repreensão, mas Olivaras pareceu não se importar.

—Bem minha pequena jovem, eu expliquei que o bruxo ou a bruxa teriam que vir até a loja e experimentar sua varinha antes, algo bastante óbvio, sabe por que? – ela gesticulou de forma negativa – Por que é a varinha que escolhe o bruxo e não o contrário – Severo notou que a garota ergueu umas das sobrancelhas tentando processar aquilo – pois bem, mas aquele senhora me ignorou completamente, pagando por essa varinha aqui e me encarregando de entrega-la ao seu destino - ele disse oferecendo a caixa para Epson que nem sequer hesitou, estendendo os braços para pegá-la e Severo fez o movimento antes dela, pegando a caixa no seu lugar.

—Nunca, ouça me bem – ele disse encontrando o olhar dela - pegue ou aceite algo de um desconhecido sem antes ter certeza de que é seguro - ele disse chamando a atenção dela que o analisava confusa.

—É uma varinha do meu estabelecimento, feita pela minha família, posso te garantir que é segura - Olivaras respondeu parecendo ofendido com aquele comentário.

—Dado por um total desconhecido, e você consegue garantir também as intenções do presente? - Severo refutou.

—Não, bem... de acordo professor – Olivaras cedeu – contudo, aquela mulher disse que eu deveria entrega-la a garota que viria acompanhada pelo mestre de poções de Hogwarts exatamente no dia de hoje, você pode explicar isso? – Snape congelou naquele momento.

—Um presente pra mim? – ela disse dessa vez sem a intenção de pega-lo – é e nem é meu aniversário nem nada, e bem como isso é possível? Eu sou um pouco nova nesse negócio de magia ainda, mas como alguém sabia o que iria acontecer hoje? Como alguém poderia saber sobre mim e o professor? Isso é algo comum professor? – ela fez a última pergunta totalmente direcionada para ele, não isso não era nada comum, Severo sentiu um frio percorrendo sua espinha, mais alguém sabia sobre a garotinha e sabia também sobre ele, mas isso ainda não era o suficiente, como poderia prever com um mês de antecipação acontecimentos tão precisos.

—Não, isso é impossível – Severo disse enquanto lançava um feitiço de inspeção sobre a caixa verificando se haveria algum traço de magia desconhecida, magia negra talvez, mas não havia nada, se houvesse teria sido detectado - qual é o truque aqui Olivaras? o diretor Dumbledore mandou você me dizer isso? - Essa era a única explicação, que Alvo desconfiasse de suas intenções nessa manhã e quisesse pregar-lhe uma peça.

—Dumbledore? Oh não o vejo a tempos e não há truque algum, é exatamente o que estou dizendo professor quer você acredite ou não – Severo não queria parecer tão surpreso na frente da criança, mas aquilo havia sido completamente ilógico, primeiro por que a um mês atrás, nem Alvo e nem mais ninguém sabiam da existência daquela criança, porém devido aos fatos, agora era evidente que isso não era verídico, existia alguém que sabia, Maeva havia contado para mais alguém? Sim ela havia, alguém com habilidades o suficiente para predestinar aquele momento para ambos, e uma ponta de preocupação o dominou, ele não gostava de ficar as escuras, Alvo certamente teria alguma explicação para tudo isso, ele sempre tinha.

—Qual o núcleo da varinha? – Severo perguntou entregando o pacote nas mãos da criança, depois de averiguar e estar convencido de que não havia nada de errado nele, mas ela não o abriu.

—Água – Olivaras sorriu

—Água?

—Sim professor, apenas uma gota, mas não uma água qualquer, é uma gota de água da fonte de Medusa – Olivaras disse dessa vez mais baixinho, como se estivesse contando um segredo – é uma varinha muito, mas muito antiga, feita pelos meus antepassados, muitos bruxos já a testaram no decorrer dos anos, mas nas mãos erradas pode ser devastador – Aquilo estava ficando cada vez pior, por que não podia ser simples, por que nada com aquela criança era.

—Sabemos que a fonte de Medusa é uma lenda do folclore bruxo, portanto não é real – Severo insinuou tentando acabar com aquela alegoria, não existe a tal da fonte, ninguém nunca conseguiu provar.

—Ah professor, não é apenas uma lenda – Olivaras olhou para a menina que estava segurando o pacote, ouvindo com atenção tudo aquilo que estava sendo dito por eles – Vamos abra criança, vamos ver como a varinha reage a você, precisamos testar não é mesmo – ele piscou para ela - confesso que em anos, eu não ficava tão empolgado e ansioso para vender uma varinha como hoje e Severo segurou a vontade de revirar os olhos naquele momento.

—Posso professor? – ela perguntou olhando para ele e Severo apreciou a pergunta assentindo – e se for devastador? – ela estava preocupada.

—Garanto que vamos saber lidar com isso – ele respondeu e então ela removeu o pacote cuidadosamente retirando a varinha de dentro da caixa e assim que ela a tocou, as luzes do estabelecimento começaram a oscilar de uma forma anormal– Incrível – ela disse sorrindo.

—O que é incrível? – Olivaras perguntou animado

—Eu posso sentir... a magia – ela estava pensando – é estranho, mas é quase que como uma conexão, como se fosse parte de mim – e Olivaras bateu palmas empolgado.

—Aquela velha bruxa estava mesmo certa não é mesmo? – ele disse olhando para ele – bem minha jovem, você sabe quem foi Medusa? e o que o nome dela significa? - Shara sinalizou negativamente.

—Olivaras não vamos enfiar caraminholas... – Era só o que lhe faltava, mas ele o interrompeu antes que pudesse concluir.

—Me permita professor, pois bem, Medusa foi uma bruxa grega que se relacionou amorosamente com o Deus da Água, Poseidon e bem a história é trágica, por que Poseidon já era comprometido, complicado, complicado eu sei – Olivaras estava se divertindo com aquilo - o nome Medusa significa guardiã, Medusa ganhou de presente do seu amante uma fonte de água sagrada, a fonte de todos os desejos, onde ela passou a ser sua única guardiã, Medusa estava esperando um filho, na verdade uma menina e reza a lenda que a partir dela, nasceu uma nova linhagem de mulheres bruxas muito mais fortes do que qualquer outra que já existiu na terra, as guardiãs da água, claro não se tem registros a respeito e por isso acredita-se que seja apenas uma lenda, como seu professor pontuou, mas não é, eu lhe garanto – Olivaras finalizou olhando para Severo que estava verdadeiramente perturbado com todas aquelas referencias, era evidente de quem quer que fosse aquela mulher idosa, ela sabia muito sobre aquela criança, ela sabia sobre o passado dela, ela sabia quem ela era de fato, o segredo de Maeva, algo estava errado, muito errado, quem era aquela mulher? Era isso que ele precisava descobrir.

—Espera, eu já ouvi esses nomes antes, eu li sobre isso na minha aula de história – Epson disse – mas não era assim, Medusa não é aquela que tinha cobras no cabelo? Ela encantava os homens e os matava... isso é mitologia grega.

—Sim serpentes no cabelo, tem isso também, uma maldição, eu disse que a história era trágica – Olivaras concluiu pensativo – e agora você é a portadora dessa varinha cheia de história, tornando tudo isso ainda mais encantador não é mesmo? Acredito que poderemos esperar grandes feitos de você jovenzinha!

—É – Shara olhou para ele outra vez, ela tinha feito isso bastante até ali, era como se ela estivesse buscando suas referências com base nas dele – talvez sim – ela respondeu com cuidado, Severo notou.

—Bom agora já chega de baboseira – Severo disse tentando mudar aquele assunto, ele não queria que ela passasse a acreditar em tolices como essas tão facilmente – Epson teste a varinha, se funcionar aceitaremos o presente, e assim poderemos voltar para a escola imediatamente, ainda tenho muito o que fazer... – e a garota agiu como se soubesse o que fazer apontando a varinha para a janela que dava até a rua, sem dizer qualquer palavra, a varinha irradiou um faixo de luz brilhante, provando assim que tinha mesmo a escolhido, aquilo era completamente surreal, mais uma longa história para ele e Alvo se debruçarem e tentarem desvendar, aquela criança era tudo menos uma criança normal, era tudo menos uma criança que ele pudesse ignorar, havia uma trama montada que ele ainda desconhecia, mas que o fazia pensar que a criança pudesse mesmo estar correndo sério perigo, ele não queria mas ele sabia que já estava mais do que envolvido.

—Olivaras, como era essa bruxa? – Severo perguntou antes de sair, qualquer informação ajudaria.

—Eu não vi seu rosto muito bem, ela estava de capuz e mascara que o cobria parcialmente – ele respondeu de forma sincera – sinto muito em não puder ajuda-lo com isso – Era evidente que ela não queria ser reconhecida, um mistério cheio de referências a um passado desconhecido para aquela criança, uma varinha com tanto significado, quem era aquela mulher misteriosa? ele precisava saber mais a respeito – Mande considerações minhas ao diretor Dumbledore – Olivaras disse e Severo acenou em sinal afirmativo.

—Epson, me acompanhe – Ele disse saindo antes dela, e ele ainda conseguiu ouvi-la agradecendo e os sons dos passos dela o acompanhando logo atrás, eles andaram alguns metros, e Severo entrou em uma rua lateral, buscando um local adequado para aparatar – Srta. Epson tudo que aconteceu hoje é confidencial, posso confiar isso a você? – ele perguntou, tudo que ele não queria era aquela criança espalhando informações tão importantes a seu respeito por ai, só pioraria as coisas – ela assentiu simplesmente – ótimo, já aparatou alguma vez?

—Desculpe professor, eu não sei o que significa – ela disse com dúvidas.

—Certamente que não, estaremos em Hogwarts em menos de um minuto, segure firme em meu braço – ele ordenou e ela se aproximou sem hesitar, fazendo exatamente o que lhe havia sido ordenado, nenhuma criança teria reagido assim, todas hesitariam pois tinham medo dele, ele se concentrou no que tinha que fazer e então tudo girou até que pisaram em solo firme, em frente ao portão principal da escola, Severo pousou de forma impecável, enquanto ela se soltou se abaixando, ela estava enjoada, prestes a vomitar, algo comum para quem experimentava a sensação pela primeira vez – Respire Epson é natural sentir desconforto nas primeiras vezes - ele disse enquanto caminhava até a entrada principal – me acompanhe antes de dispensa-la estaremos passando na enfermaria.

—O que?... Enfermaria? Por que? – Ela disse assustada, mudando completamente o comportamento – eu estou bem, até já passou as náuseas, veja – ela disse se levantando e mantendo uma postura.

—Nós não estamos indo a enfermaria por que você se sentiu nauseada após aparatar, isso seria tolice, mas nós vamos a enfermaria averiguar se está tudo bem já que você teve um forte acesso de dor e desmaio, além de outros motivos – ele andava rápido, ele já havia perdido praticamente a manhã toda com ela, e antes de devolve-la de forma adequada, ele achou que seria prudente que Madame Pomfrey desse uma boa olhada nela, não seria ajuizado da parte dele deixar passar, e havia a marca em seu ombro, além das marcas nos pulsos, que certamente ainda estavam lá, esse era outro assunto que eles teriam que rediscutir mais tarde.

—Outros motivos?... é está tudo bem professor, não precisa... eu estou bem – ela disse apressadamente.

—Pare de choramingar Epson e eu não te dei uma opção – ele disse e ela passou a segui-lo em silencio, ele agradeceu, aquele dia já tinha ido longe demais, eles chegaram na ala hospitalar, que estava completamente deserta, e Madame Pomfrey se aproximou sorindo.

—Bom dia professor Snape – ela disse – algum problema? acidente em poções?

—Na verdade Pomfrey, eu trouxe a Srta. Epson pois ela teve um episódio de desmaio mais cedo, e gostaria que desse uma boa olhada nela, para verificar se está tudo bem, entre outras coisas que quero discutir.

—Mas é claro professor, ah olá criança qual o seu nome? – ela disse de forma simpática

—Shara Epson senhora – ela respondeu nervosamente – eu estou bem, honestamente não há necessidade... – ela ia dizendo, enquanto ele lançava um olhar de repreensão, ele sabia que a maioria das crianças não gostavam da ala hospitalar, mas avaliar a situação seria importante nesse caso, e o deixaria mais aliviado em saber que não tinha acontecido nada de errado com ela, enquanto estavam fora.

—O professor Snape tem razão, é sempre bom atestarmos a situação, pois existem muitos fatores silenciosos por trás de um episódio de desmaio – ela explicou – sente-se isso vai ser bem rápido e você não vai sentir absolutamente nada, eu prometo – e ela se sentou na maca, enquanto esperava para ver o que iria acontecer, Pomfrey lançou um feitiço de diagnostico, que diferente do dele, estava muito mais completo, algumas páginas por sinal e ele notou a mudança de expressão no rosto dela a medida que ela ia lendo, então havia mesmo algo de errado, não restavam dúvidas.

—Querida quem são seus pais? – Poppy havia perguntado de forma natural, mas ele sabia que ela não costumava fazer esse tipo de pergunta pessoal para seus pacientes e ele estranhou.

—Não os conheci – ela disse – estão mortos – ela afirmou.

—Oh sinto muito criança, e com quem você mora atualmente? – Realmente ela não estava agindo normalmente, que diferença aquela informação faria? A menos que...

—Eu cresci em um lar para crianças abandonadas, e lá meu responsável era o Noah, o diretor – ela disse baixando os olhos – era um lugar bom sabe – ela havia tentando, e isso estava diferente do que ela tinha relatado anteriormente para ele, ela estava mentindo, omitindo a verdade por alguma razão, sim ela estava.

—Entendo – ela respondeu olhando de forma diferente para Severo, tentando comunicar algo que agora ele sabia muito bem o que era.

—Poppy poderia dar uma olhada em sua marca de nascença também, Epson irá mostra-la ela comentou que estava doendo mais tarde, logo antes de desmaiar, acredito que a dor tenha sido o motivo do desmaio – ele disse olhando para a criança que o olhava com incerteza e com medo, mas mesmo assim ela tirou a capa, e abaixou um pouco a blusa, a marca ainda estava muito avermelhada, saltando da pele quase que em carne viva, eram como pequenas gotas de água, exatamente como a marca de Maeva e ele suspirou, naquele estado possivelmente a dor teria sido insuportável.

—Minha nossa isso está bem feio hein – ela comentou enquanto passava uma pomada cicatrizante, a mesma que Severo também havia passado antes, mas achou bom não comentar, Pomfrey não era muito adepta sobre outros colegas interferindo no seu trabalho – o que aconteceu? ela costuma ficar sempre assim?

—Não senhora – ela disse sem prolongar o assunto.

—Srta. Epson, erga as mangas, temos também um machucado recente decorrente de um feitiço que foi lançado por outro aluno no início da semana – ele disse mais com o intuito de aproveitar o momento e o creme cicatrizante que Pomfrey já estava aplicando.

—Não precisa professor – ela disse assustada, mas por Merlin o que havia de errado, as marcas foram causadas por outro aluno, não havia nada para esconder ali.

—Aqui querida - Popy estendeu as mãos para ela pedindo que ela estendesse os braços para que ela pudesse avaliar melhor, mas a garota gesticulou de forma negativa.

—Epson não me faça estender os seus braços a força – ele disse em tom ameaçador.

—Me desculpem, mas não...- ela disse saltando da cama, pegando todos de surpresa e os encarando enquanto eles a olhavam sem entender o que exatamente ela estava tentando fazer – só me desculpem – ela disse mais uma vez dando uns passos sentido a porta.

—EPSON – Severo esbravejou – pare onde está... AGORA!

—Não, eu não posso... - e então ela correu o máximo que pode em direção a saída, deixando inclusive sua capa esquecida em cima da cama e desaparecendo no corredor, Severo estava sem palavras, aquela garota simplesmente havia fugido deles daquela forma, aquilo não fazia o menor sentido, nenhuma criança tinha reagido assim até então.

—O que há de errado com essa maldita criança? – ele perguntou mais para si mesmo.

—Abuso infantil – ele ouviu Poppy respondendo com a expressão vazia.

—O que disse Pomfrey? – Por Merlim Severo sabia, ele perguntou apenas para ter certeza de que havia ouvido corretamente.

—Sim, é isso que você ouviu, abuso, agressão física – ela suspirou devagar – essa criança teve diversas fraturas e ossos quebrados no decorrer da sua vida, ela ainda tem muitos dos hematomas, confirmando que foram mal curados, foi isso que eu vi no diagnostico, ela sofreu maus tratos e de alguma forma ela quer esconder, algo bastante comum Severo, penso que os braços devem ser uma região vulnerável, ela ainda deve ter muitas marcas lá e ela não quis que eu as visse para não descobrirmos, certamente ela não deve ter se dado conta de que isso não passaria despercebido no relatório de diagnostico, pois me surpreende que ela tenha vindo até aqui de boa vontade, já que estava com tanto receio a ponto de fugir de nós – ele estava atordoado, suas suspeitas eram mesmo reais, ela não tinha ido de boa vontade, ele o havia obrigado, mas agora fazia sentido, muito sentido, o medo da enfermaria, o próprio bicho papão que ela havia reproduzido, ele era o seu agressor, aquele trouxa pagaria caro, ela tinha comentado sobre enfrentar coisas piores que um dragão, ela se referia a sua vida, ao seu histórico naquele lugar com aquele trouxa terrível.

—Por que uma criança iria esconder isso? – ele simplesmente pergunto, ele não entendia, ela estava protegendo seu agressor o encobertando dessa forma.

—Por medo, por vergonha... existem tantas razões Severo – ela disse – ela não é a primeira criança bruxa que passou por aqui com um histórico assim, e bem eu te conheço, ela é da sua casa, não a castigue por ela ter fugido, ela não está fugindo de nós, ela está fugindo da dor do seu passado e da exposição, dê um tempo a ela – Poppy tinha razão, Severo pegou a capa que ela havia esquecido sobra a cama, e sem dizer qualquer coisa ele saiu, ele precisava respirar, aquele tinha sido demais pra ele, sim definitivamente era seria a máxima daqui pra frente.


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Notas finais do capítulo

É muito triste escrever sobre crianças que sofrem abuso, li muitas fics assim, mas confesso que fica tenso ter que procurar as palavras adequadas para descreve-lo, nos próximos capítulos falarei mais a respeito, e colocarei uma nota quando acontecer, pois eu sei que da mesma forma que possuo dificuldades em escrever, muitos a tem em ler algo do tipo, se você foi uma criança que sofreu abuso eu sinto muito.

Sobre a trama, ela está começando a ganhar corpo... muito suspense e mistério na história dessa menina heim!



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