Backdoor escrita por llRize San


Capítulo 27
Base Secreta




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— Han? — Lee Know sentiu seu corpo todo estremecer — É você mesmo? 

Ao contrário de suas roupas confortáveis em tons pastéis que Jisung costumava usar, agora vestia roupas pretas gastas e desbotadas. Seu amado All Star azul havia sido substituído por coturnos com solas tratoradas. Contudo, o aspecto mais notável era a metralhadora que carregava nas costas, uma visão completamente inusitada para o antigo Han Jisung. A verdade era que a persona de Zero Um se assemelhava muito mais ao antigo Jisung do que verdadeiro Jisung. Ele parecia uma pessoa completamente diferente, até mesmo seu olhar havia se transformado.

— Não reconhece o próprio noivo? — Perguntou Jisung com frieza. 

— Hannie? — Os olhos de Lee Know se encheram de lágrimas — Você é o meu Hannie mesmo? — Lee Know segurou sua mão e lágrimas caíram de seus olhos — Eu senti tanto a sua falta. 

Lee Know o abraçou, lágrimas escorrendo sem parar pelo seu rosto. Ele roçou o nariz no pescoço de Jisung, apreciando o aroma que tanto sentiu falta. Enquanto Jisung manteve a mesma postura, não retribuindo o abraço, mas também não o afastando.

— Fico feliz que esteja bem — Disse Jisung, afastando Lee Know delicadamente. 

— Como você está? Onde esteve? Está machucado em algum lugar? — Lee Know começou a examiná-lo mas Jisung segurou seus ombros para que parasse e olhasse para ele. 

— Estou bem, depois explico como sobrevivi e onde estive esse tempo todo. Mas agora preciso levar vocês para um lugar seguro. 

— Hannie, por favor, eu estive louco atrás de você, mas parece que você não está feliz em me ver. 

— Ainda me fala isso depois de ficar semanas beijando outro cara? — Jisung virou de costas mas Lee Know segurou seu braço. 

— Hannie, não, espera! Eu achei que fosse você, era idêntico a você, e não era outro cara, era um robô. 

— Isso não muda o fato de que você me traiu — Jisung revirou os olhos — Não temos tempo pra discutir isso agora, se continuarmos aqui seremos pegos. Vamos, depois conversamos. 

Lee Know abriu a boca para dizer algo mais, mas Felix fez um gesto negativo com a cabeça, silenciando-o.

— O que nos garante que você é mesmo o Han Jisung? — Perguntou Seungmin — Você pode ser Zero Um novamente, querendo nos enganar e nos levar pra uma armadilha. 

— Se eu fosse Zero Um, estaria agindo como o Eu idiota de antigamente. Foi assim que ele me leu na época em que me capturou. Mas você tem razão, eu não sou mais aquele Han Jisung. Bem, não posso abrir meu abdômen pra provar que meus órgãos são orgânicos, então, vocês decidem se querem confiar em mim ou não. 

— O que acha Lee Know? — Perguntou Seungmin.

— Vamos confiar nele, ele é o verdadeiro Jisung. Sei que fui enganado uma vez, mas sei que esse homem parado na minha frente, é o verdadeiro Han Jisung. 

Lee Know queria abraçá-lo, mas Jisung não estava com uma expressão muito convidativa, especialmente com ele. Jisung os levou rapidamente ao esconderijo secreto da resistência, onde estavam os poucos humanos que conseguiram fugir. Seus passos eram silenciosos, e seu olhar afiado, pois precisava evitar encontrar qualquer androide pelo caminho.

Entraram nos esgotos da cidade e desceram pelos dutos. Nas paredes, insetos rastejavam, e no chão, ratos corriam assustados de um lado para o outro. O lugar tinha um cheiro insuportável, por isso precisaram cobrir o rosto com as mangas de suas blusas. Andaram apressadamente, ansiosos para sair o mais rápido possível daquele lugar, embora Jisung e Felix fossem os únicos que não pareciam incomodados em caminhar pelos esgotos.

Finalmente, chegaram a uma grande porta. Jisung deu três batidas e recitou algumas palavras que pareciam aleatórias, então a porta se abriu.

O galpão era uma cápsula do tempo, com sua estrutura enferrujada e paredes de concreto rachado. A luz era escassa, o ar era carregado com o odor de mofo e umidade, e o som constante da água pingando ecoava pelos corredores apertados. O chão de concreto irregular estava repleto de poças d'água. As paredes eram revestidas com lonas rasgadas, oferecendo uma vaga sensação de privacidade nas áreas designadas como dormitórios. Colchonetes finos e cobertores surrados eram os únicos confortos em meio à dureza do ambiente. O espaço limitado significava que cada canto era aproveitado ao máximo, com caixas empilhadas servindo como mesas improvisadas e prateleiras para os poucos suprimentos que tinham.

Haviam algumas portas que davam em outros cômodos. No centro do galpão, uma pequena área era designada para refeições e reuniões. Ali, Han Jisung, o líder do grupo, tentava manter o espírito da comunidade vivo, encorajando todos, mesmo quando as circunstâncias eram desoladoras.

Apesar do ambiente sombrio e dos desafios diários, aqueles que encontraram abrigo no esconderijo de Jisung permaneciam unidos por uma determinação feroz de sobreviver, mantendo a chama da esperança acesa nos cantos mais escuros do mundo que havia se tornado a superfície da cidade. Era uma luta constante, mas, por enquanto, eles eram uns dos últimos vestígios da humanidade, determinados a resistir contra a invasão implacável das máquinas.

Lee Know e os outros olhavam ao redor, impressionados com o que encontraram. Changbin estava desesperado, procurando freneticamente por suas irmãs.

— Hyunjin está aqui? — Perguntou Lee Know a Jisung. 

— Não, ainda não consegui encontrá-lo. 

— E minhas irmãs? — Perguntou Changbin — Sabe onde elas estão? 

Antes que Jisung pudesse responder, Nayeon apareceu diante deles, segurando uma lona preta nas mãos. Ela deixou a lona cair no chão assim que viu o irmão mais velho.

— CHANGBIN! — Ela pulou no colo do irmão e o abraçou. 

— Nay — As lágrimas desciam pelos olhos de Changbin — Graças a Deus encontrei você — Changbin a afastou para que pudesse examinar seu rosto, ela estava muito mais magra, mas parecia bem — E suas irmãs? Cadê elas? Estão aqui também? 

— Estão todas aqui, conseguimos sair de lá graças a Dahy, ela nos salvou e salvou outras pessoas também. 

— Preciso vê-las — Changbin chorava de alívio e alegria — E nossa pequena Tzuyu? 

— Ela está bem, demorou para se adaptar, mas agora se acostumou a isso. 

— Vou tirá-las daqui e vamos reconstruir nossas vidas. 

— Venha, irmão — Nayeon segurou em sua mão — Vou te levar até elas. 

Todos olhavam emocionados o reencontro de Changbin com suas irmãs. Seungmin sorriu, seu coração pareceu mais tranquilo, pois acompanhou os momentos mais aflitivos de Changbin, quando ele frequentemente perdia as esperanças de encontrá-las. Por isso, aquele momento tinha um grande significado para ele, mesmo não fazendo parte daquela família.

Jisung mostrou a eles toda a base secreta e explicou como as coisas funcionavam ali, além de compartilhar como conseguiram sobreviver naqueles meses roubando suprimentos da cidade. Durante todo o tempo, Lee Know não tirava os olhos de Jisung, desejando abraçá-lo e beijá-lo, ansiando por tocar seu rosto. Porém, algo nele parecia diferente, não pelo fato de ser um robô disfarçado; Lee Know sabia que aquele era o verdadeiro Jisung. No entanto, algo dentro dele tinha mudado.

Estavam todos muito cansados após a longa viagem, e Jisung fez o possível para acomodá-los da melhor maneira. Bang Chan dividiu um colchão com Felix, enquanto Changbin e Seungmin ficaram na área das crianças. Seungmin tentou disfarçar sua felicidade por conhecer a família de Changbin, mas era difícil resistir à doçura de Tzuyu e às palhaçadas de Nayeon. A única que estava mais retraída era Dahyun, mas sua atitude mudou completamente quando Changbin revelou o que Seungmin fazia no antigo mundo. Dahyun encheu-o de perguntas, uma vez que conhecia o famoso Minnie Mitnick e o achava incrivelmente inteligente e ousado por desafiar o governo em busca de informações.

Lee Know olhou ao redor e percebeu que todos já estavam devidamente acomodados, exceto ele. Jisung se aproximou com as mãos nos bolsos, exibindo um olhar frio e desinteressado.

—Tem algum lugar onde eu possa dormir? — Perguntou Lee Know, um pouco receoso. 

— Não tem lugar pra você, lamento — Respondeu Han, Lee Know o olhou com uma expressão lastimável e Jisung deu risada — Estou brincando. Você vai dormir com seu noivo, isso não é óbvio? 

— Eu vou dormir com você? 

— Você tem outro noivo além de mim? Zero Um não conta, ok? 

— Ele não é meu noivo. É um impostor. 

— Hum — Jisung o olhou com deboche — E vocês…?

— Nós o que?

— Você sabe. Como é fazer isso com um robô? 

— Meu Deus! Hannie, não, eu não fiz nada disso. Por alguma razão não me sentia à vontade perto dele. A cada dia que passava eu sentia que não era você. 

— E você sentiu minha falta? — Na medida do possível Han tentava parecer indiferente. 

— Você não imagina o quanto. Me dói te ver tão perto e não poder te beijar.

Han sorriu e segurou sua mão, puxando-o em direção ao seu quarto. Quando entraram, ele trancou a porta e empurrou Lee Know contra a parede.

— Agora você vai sentir o que é um beijo de verdade. Um beijo com todo amor, carinho e tesão que sinto por você. Um beijo com calor humano. 

Eles se encararam intensamente, seus olhos transmitindo um misto de desejo, saudade e alívio por finalmente estarem juntos novamente. A tensão no ar era palpável, e ambos sabiam que não poderiam mais esperar.

Jisung tomou a iniciativa, movendo-se suavemente na direção de Lee Know. Suas mãos se encontraram, dedos se entrelaçando, como se quisessem assegurar que aquele momento era real. E então, seus lábios se aproximaram, quase hesitantes no início, como se testasse a realidade daquilo.

O beijo foi lento, profundo e cheio de significado. Jisung colocou toda a sua paixão e amor naquele ato, seus lábios se movendo de forma suave e apaixonada contra os de Lee Know. Era um beijo que carregava meses de saudade, de anseio, de todos os sentimentos que tinham sido mantidos escondidos durante tanto tempo.

Lee Know, por sua vez, sentiu um turbilhão de emoções enquanto beijava Jisung. Antes, ele havia sido enganado por Zero Um, o robô que se passara por Han, e aquilo tinha mexido com sua confiança e emoções. Agora, ao beijar o verdadeiro Han, ele pôde sentir a diferença imediatamente.

O beijo com Han era cheio de calor humano, de amor genuíno, de paixão e carinho. Cada toque dos lábios de Han parecia um lembrete de que ele estava ali, real e palpável. A sensação de beijar alguém com sentimentos, com desejo genuíno, era avassaladora e profundamente emocionante.

Enquanto se entregavam ao beijo, todos os receios e dúvidas de Lee Know se dissiparam. Ele sabia que estava com o verdadeiro Han, e aquele beijo era a confirmação de que o amor deles era real e inabalável. 


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