Hyunjin olhava confuso para I.N, sem entender o que estava acontecendo. Não era a primeira vez que I.N apresentava aqueles bugs no sistema, mas agora estava passando dos limites. Ele começou a se preocupar com a segurança e integridade do robô, questionando se algo mais sério estava acontecendo por trás dessas falhas aparentemente aleatórias. A incerteza pairava no ar, deixando Hyunjin com uma sensação desconfortável e inquieta.

— I.N? O que está acontecendo? Como assim você está preso? 

I.N olhou os arredores como se fosse a primeira vez que estivesse naquele quarto. 

— Estou tentando falar com você há muito tempo. Não sei muito bem como explicar isso, mas eu não sou o I.N, quer dizer, tecnicamente eu sou. Ele foi criado com base em mim, tem a minha aparência e futuramente terá a minha personalidade e as minhas lembranças. Hyunjin, eu sei que isso pode parecer loucura, mas não é, sou um ser humano e estou preso em algum lugar desse prédio. Preciso de ajuda, pois muito em breve eles vão apagar minha memória e colocá-la no I.N. Será o fim da minha existência como humano. Eu to com medo, não sei o que fazer.

— Espera… deixa eu digerir isso — Hyunjin fechou o cenho e fitou o chão, tentando organizar seus pensamentos — Você está me dizendo que é um humano e está controlando o I.N nesse momento? Como você tá fazendo isso? 

— Na realidade eu fui induzido ao coma, tecnicamente estou desacordado, mas de alguma forma minha mente está ativa e está conectada com o processador do I.N. Zero Um é a Inteligência Artificial que fez isso comigo, o objetivo dele é inutilizar completamente o uso do corpo humano orgânico e substituí-lo por andróides resistentes, que não morrem, não adoecem e não envelhecem. Consegui me conectar com você quando… — A expressão de I.N era indecifrável para Hyunjin. Jeongin fez uma pausa, mesmo não estando em seu corpo, sentiu vergonha. 

— Quando? — Perguntou Hyunjin, curioso. 

— Quando você me beijou, quer dizer, quando beijou o I.N. Quando seus lábios tocaram o dele, eu consegui me conectar. Foi como se as defesas dele tivessem sido enfraquecidas e por isso consegui assumir. 

— Então você… sentiu? — Hyunjin estava um pouco desconcertado. 

— O beijo? De certa forma eu sinto que senti. Mas pra mim é como se tivesse sido um sonho distante já que eu não estava no meu próprio corpo. 

— Isso é surreal — Hyunjin não conseguia encarar o rosto de I.N — A propósito, como você se chama? I.N mesmo? 

— Não. Meu nome é Yang Jeongin. Minha aparência é exatamente a que você está vendo agora, sou o I.N e o I.N é o Jeongin, basicamente. 

— Jeongin — Hyunjin repetiu seu nome, não conseguindo deixar de associar ao nome de I.N — Sobre o que você tinha dito antes, que Zero Um vai transformar os humanos em androides. O que ele vai fazer com os verdadeiros humanos? 

— Isso não é óbvio? Ele vai exterminá-los. Por isso estou com medo. Sinto que minha hora está próxima. Você deve estar vendo por si mesmo que o projeto de Zero Um foi um sucesso, quer dizer, em partes, porque não era pra eu ter conseguido acessar a unidade central de processamento de I.N. O objetivo dele era fazer essa transição sem que nós percebêssemos. Iríamos ser androides e isso iria parecer ser normal. 

— Isso é horrível. Não podemos deixar isso acontecer nem com você nem com os outros que estão presos nesse lugar. Mas como vamos fazer isso? E se I.N tomar o controle novamente? Ele é programado pra ser fiel a Zero Um, isso seria um problema. 

— Acho que consigo continuar no controle, o problema é que minha mente cansa. Pode ser que eu apague. Mas caso isso ocorra, aja naturalmente, você saberá quando I.N tomar o controle. Ele não é um inimigo, ele está do meu lado, só não consegue se livrar do domínio de Zero Um. Mas eu sinto que consigo mudar isso, não sei ao certo como, ainda estou um pouco confuso e cansado. 

— Jeongin — Hyunjin segurou sua mão, Jeongin conseguiu sentir seu toque levemente, como se estivesse em um sonho —, vou te ajudar, vou te procurar nem que eu tenha que vasculhar todo esse lugar. Vou salvar você e o I.N. 

Hyunjin não tinha certeza que I.N estava de fato sendo controlado por um humano em algum lugar próximo dali, isso parecia ser impossível, mas nada ali parecia coerente. Começou a pensar no assunto quando I.N pareceu desligar, provavelmente o suposto humano tinha perdido conexão ou algo do tipo. Hyunjin examinava cada detalhe do rosto de I.N, ele era idêntico a um humano, até mesmo o calor e a textura de sua pele. I.N estava com os olhos fechados, mas se mantinha de pé com uma postura ereta. Hyunjin suspirou, e imaginou I.N, fraco e debilitado, inconsciente e deitado numa maca, preso em algum lugar sozinho no escuro. 

Por mais que a situação fosse estranha, Hyunjin não tinha outra opção senão confiar em I.N, no caso em Jeongin. Precisava averiguar se Jeongin realmente existia ou se não era um teste que I.N estava aplicando seguindo o que foi programado. Mesmo com algumas incertezas e temores, Hyunjin resolveu confiar naquele enigmático e doce androide parado na sua frente. 

…

A confiança entre Seungmin e Changbin crescia a cada dia que se passava. Depois do beijo que compartilharam, queriam cada vez mais estar ao lado um do outro e conhecer mais um ao outro. Changbin não se cansava de ouvir as histórias de Seungmin, de como ele se arriscou diversas vezes em missões perigosas tanto dentro quanto fora da rede. Como por exemplo quando ele precisou ir pessoalmente numa empresa invadir seu sistema, pois não conseguia fazer de forma remota devido a segurança da empresa. Seungmin, por sua vez, se encantava e dava boas risadas com as histórias que Changbin contava sobre suas irmãs, a cada dia que se passava queria ainda mais conhecer as meninas. 

Entretanto, nem todos os casais estavam com a confiança alimentada. 

Bang Chan se sentou ao lado de Lee Know quando percebeu que o amigo estava solitário e pensativo. 

— Está tudo bem com você? — Perguntou Bang Chan, preocupado. 

Lee Know suspirou, parecendo um pouco melancólico. 

— Estou bem fisicamente, mas estou me sentindo inquieto, e devido a essa inquietação me sinto horrível, um verdadeiro merda. 

— Como assim, Lee Know? Aconteceu alguma coisa? Quer conversar? 

— Sabe Channie… eu sei que eu deveria estar feliz, e to tentando na medida do possível transparecer isso, mas… tem algo errado. 

— O que está errado? — Bang Chan colocou a mão em seu ombro. 

— Hannie — Lee Know olhou para Jisung a alguns metros de distância, ele parecia conversar seriamente com Felix — Eu devo ser um grande babaca por não estar totalmente feliz por meu noivo ter voltado pra mim. Estou feliz que ele voltou e que esteja bem, mas parece que tem algo errado com ele. Não sei explicar ao certo. Mas Hannie esta muito diferente. 

— Diferente como? 

— Não sei explicar. Mas é como se ele fosse outra pessoa. Algo nele está mudado.