Backdoor escrita por llRize San


Capítulo 21
Lábios de metal?




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Felix despertou ao sentir o olhar carinhoso de Bang Chan sobre si, enquanto este delicadamente beijava sua mão. Ambos estavam nus, envoltos no mesmo lençol. Um sorriso bobo e espontâneo se manifestou no rosto de Bang Chan, revelando a alegria e felicidade que transbordavam naquele momento íntimo entre os dois.

— Bom dia Lix, dormiu bem?

— Depois dessa noite maravilhosa e das suas carícias, é claro que sim. Nunca imaginei que você soubesse fazer aquelas coisas na cama.  

— Sinceramente? Nem eu sabia. Confesso que foi minha primeira vez com um homem, mas… me senti tão à vontade com você que meu corpo pareceu agir involuntariamente, foi como se eu tivesse sendo guiado pelos meus desejos. 

— Uau — Felix deu risada — Só não se apaixone, tire esse sorriso bobo da cara. 

— Por que não posso me apaixonar por você? Somos duas pessoas livres e desimpedidas, e a julgar por tudo o que aconteceu nesse quarto, nós nos damos muito bem. Temos química. 

— Sim, a gente se encaixa — Felix piscou para ele. 

— Então…  

— Então que foi só pra desestressar, não seremos um casal fofinho, Bang Chan. Esse tipo de vida não combina comigo.

— Felix, o que você fez ou deixou de fazer é coisa do passado. Podemos recomeçar nossa vida agora. 

— Acho que esse cenário atual não é uma boa maneira de começar uma nova vida — Felix se levantou e Bang Chan o seguiu com o olhar, ele pegou a roupa do chão e a vestiu — Olha Channie, o que aconteceu entre nós foi maravilhoso mas é só isso, não tem nada além, isso não vai evoluir. Tudo o que mais quero é que as coisas acabem bem, mas eu me forço a acreditar nisso, pois não temos certeza de nada. 

— Mas se ficarmos juntos, nós…

— Sem esse papo, Channie. Não quero destruir sua visão positiva das coisas, mas nós estamos enfrentando a porra de uma Inteligência Artificial, que não descansa, não tem dúvidas, não tem fraquezas e tem um exército de androides a sua disposição. O que nós somos? Um grupo de humanos desesperados para resgatar seus familiares. Desculpa, Channie, mas isso acaba aqui. Não complique as coisas. 

Felix saiu do quarto, deixando Bang Chan solitário com seus próprios pensamentos. 

Enquanto isso, na Cidade do Futuro, Hyunjin fazia de tudo para matar seu tédio. Dessa vez sugeriu para I.N 02 jogarem algo diferente. Estava cansado de perder, jogar xadrez com uma Inteligência Artificial não era uma boa ideia. 

— Verdade ou Desafio? — Perguntou I.N, procurando em seu banco de dados sobre o que seria aquele jogo retrógrado proposto por Hyunjin. 

— Sim, meus bisavós brincavam disso na escola. Era divertido. Confie em mim, Latinha. 

— Eu só preciso falar a verdade? Mas você sabe que eu não minto nunca. 

— Não mente e não fala a verdade, o que adianta? 

— Tem coisas que você não precisa saber. 

— Pipipopo — Hyunjin remendou fazendo careta — Vamos jogar, vou caprichar nas minhas perguntas. 

— Tudo bem. Mas não precisamos de mais pessoas para jogar? — Perguntou I.N, já que segundo seu banco de dados as pessoas jogavam em grupos. 

— Vai chamar quem? Marvin, o Androide Paranoide? R2D2? Wall-E? Robocop? 

— Senhor Hwang, não é possível chamá-los, são androides da ficção que os humanos criaram, eles não existem.

— Eu estava sendo sarcástico. 

— Ainda não fui atualizado com o Pack de sarcasmo humano.

— Sério que existe isso? 

— Não, eu estava sendo sarcástico — I.N forçou sua risada de Serial Killer de Lata.  

— Muito engraçado — Hyunjin revirou os olhos — Um robô com senso de humor e sarcasmo. Enfim, não precisamos de mais ninguém, só nós dois é o suficiente pra jogar. Eu começo. 

— Por que você começa? Não seria mais justo usarmos par ou ímpar, o método de decisão humana, para decidirmos quem começa? 

— Você é um chato, mas tenho que concordar. 

Após perder no par ou ímpar, Hyunjin escolheu desafio e teve que fazer uma dancinha de robô. A expressão de I.N não mudou vendo ele vergonhosamente dançar, mas segundo ele foi muito divertido, ele até gravou e guardou em sua memória. 

— Minha vez — Disse Hyunjin com empolgação — Verdade ou desafio? 

— Verdade. 

— Diga-me. Você foi projetado a partir de um humano de verdade? 

I.N travou por alguns segundos, focando o nada, então voltou a focar no rosto de Hyunjin e sorriu sutilmente. 

— Não. Fui criado a partir de um programa. RAM 01 é meu criador. 

— Você sabe que está mentindo. Tenho a mais plena certeza que você foi feito a partir de um humano, ou ele morreu ou ele está por aí em algum lugar. Você disse que não mente mas está mentindo. 

— Eu não minto. Eu falo o que eu acredito ser verdade. Para mim, essa é a minha verdade. 

Hyunjin ficou pensativo sobre aquilo, se perguntando se I.N não tinha lhe dado um sinal. 

— Então você quer dizer que…

— Minha vez, Senhor Hwang — I.N o interrompeu — Verdade ou desafio? 

— Verdade. 

— Você já se apaixonou? 

— Já, algumas vezes. Mas por que um robô sem sentimentos iria querer saber disso? Huum, você tem um crush em mim? 

— Segundo os padrões humanos, o senhor é dotado de grande beleza. Talvez algo dentro de mim tenha algum tipo de interesse, não sei, provavelmente deve ser um erro semântico. Mas a minha pergunta não foi exatamente essa, eu não soube formular porque não entendo os sentimentos humanos. O que quis perguntar foi sobre amor verdadeiro. Você já sentiu isso?  

Hyunjin ficou pensativo. 

— Amor verdadeiro? Mesmo pros humanos isso não é tão simples assim. Nós temos medo de amar.

— Por que teriam medo de amar? O amor não é bom? 

— Meu caro Latinha, essa é uma pergunta difícil. O amor é bom, mas te deixa vulnerável, sem defesa. 

— Então o amor é um vírus?

— Quase isso. Mas agora não adianta enrolar, é a minha vez de jogar. Verdade ou desafio? 

— Desafio. 

Hyunjin sorriu, vitorioso. 

— Essa era a resposta que eu queria. Te amo, Latinha. 

— Não farei nada que envolva você sair daqui. 

— Droga. Tá, então vou escolher outra coisa — Hyunjin o olhou pensativo — Já sei. Tem algo que estou curioso a muito tempo… Eu te desafio a me beijar, não um beijinho sem graça, mas um beijão, igual os de cinema, se quiser procure aí no seu banco de dados, deve ter milhões de vídeos de beijos. 

I.N de fato ficou alguns minutos em silêncio conferindo os milhares de beijos em filmes que os humanos produziam. 

— Nova atualização, beijo. Pronto Senhor Hwang, já posso beijá-lo, sei como fazer. 

— Uau, isso soou muito mecânico — Hyunjin deu risada — Mas fazer o que né. 

I.N se aproximou lentamente e Hyunjin sentiu uma mistura de apreensão e curiosidade. Não era algo comum beijar um robô, mas a beleza e semelhança humana de I.N despertavam uma certa atração em Hyunjin. À medida que seus lábios se encontraram, Hyunjin ficou surpreso ao descobrir que os lábios de I.N eram suaves e quentes, semelhantes aos de um humano. Ele fechou os olhos e se entregou ao beijo, deixando-se envolver pela sensação inesperada e fascinante.

De repente I.N o empurrou, tinha uma expressão confusa no rosto, o que era muito raro para um androide. 

— I.N, o que houve? 

— Acho que tem algo tentando me controlar. 

— Como assim? Tipo um vírus? 

— Não. Não é isso. Não tenho resposta para o que seja. Não está na minha programação. Estão tentando invadir meu sistema de alguma forma — De repente I.N parou, ficou imóvel, com os olhos vidrados, Hyunjin o olhava assustado, então I.N o olhou novamente, com uma expressão facial indecifrável — Hyunjin, eu preciso de ajuda. Estou preso. 


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Notas finais do capítulo

Hyun beijou o Latinha, digo, o I.N :O

E agora, quem será que está tentando controlar o I.N?



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