Selina tinha se adaptado ao seu novo status social à essa altura, ainda mantendo sua presença ativa no orfanato e apoiando Bruce em suas aparições públicas. Adicionando a isso, havia dois fatores, voltar a ser uma vigilante gradualmente e ser a mãe de Helena.

Era impressionante como os primeiros anos tinham passado rápido. De um bebê a uma garotinha falando e dando seus primeiros passos, suas primeiras descobertas, até o primeiro dia de aula. Helena estar pronta para ir para a escola era algo que deixava claro aos seus pais o quão crescida ela estava agora.

Uma coisa era certa, Selina não gostava nada da ideia da filha ir para um colégio interno. A ideia, claro, tinha vindo de Bruce inicialmente e tinha recebido um pouco do apoio de Alfred nisso, seu argumento era que como uma Wayne ela tinha direito a uma educação de qualidade e na escola ela poderia estar mais segura em relação a possíveis perigos que poderiam surgir.

—Eu sei que se preocupa e eu sei que seria bem mais fácil manter nosso segredo dela com ela passando mais tempo na escola do que conosco, mas é esse o problema justamente - a sra. Wayne tentou contrapor a ideia - eu não quero que a Helena cresça longe de nós, com a ideia de que nós vamos nos livrar dela porque não a amamos.

—De onde você tirou isso? - Bruce se assustou com o argumentou, mas precisava de mais detalhes para entender por completo.

—Você pode imaginar de onde eu tirei isso - ela cruzou os braços, um tanto indignada - você cresceu sozinho, eu cresci sozinha, é essa a impressão que eu tenho das crianças ricas, eu sempre fui uma mãe presente e apesar de voltar a ser vigilante e entender os riscos, eu quero a Helena próxima de nós, afastá-la para guardar um segredo não é a melhor opção.

—Eu sei, compreendo o que quer dizer, é uma questão que nunca chegamos a pensar e ela sempre nos assombrou - ele respondeu, pensativo - sobre quando contar para a Helena sobre sermos vigilantes e se deveríamos contar.

—Certo, isso é uma questão importante, mas não é o que está em jogo agora, temos que pensar nisso, concordo, mas estou falando sobre a escola da Helena - Selina retornou ao que a preocupava nesse momento - ela pode estudar numa boa escola de Gotham, contando que volte pra nós ao fim do dia, por favor, Bruce.

—Tudo bem, concordo com você, pra falar a verdade, sentiria a falta dela de qualquer forma - ele concordou, não tão relutante quanto sua esposa esperava.

Com todo conflito resolvido, quem ficou preocupada agora foi Helena. Ela era uma menina curiosa, mas talvez reservada em certas ocasiões. Se quisesse saber algo não hesitaria em perguntar, mas também não era exatamente espontânea ou extrovertida. Ela ficou pensando quietamente sobre uma conversa que teve com os pais sobre ir à escola, tudo parecia assustador e gigante, porém havia um lado bom nisso, ela poderia fazer amigos e descobrir coisas novas.

—Não se preocupe, Helena, eu sei que coisas novas são difíceis de encarar, mas vai ficar tudo bem - Selina a aconselhou, já a caminho da tal escola.

—E não tem problema você perguntar se tiver alguma dúvida, você vai ver que pode ser interessante ir descobrindo as coisas ao longo do caminho - Bruce completou.

—Tudo bem, vou tentar - ela prometeu aos pais.

Saindo do carro, se misturaram à multidão de outras famílias fazendo o mesmo que eles, levando os filhos à escola no primeiro dia de aula. Até então, estava tudo relativamente calmo. 

Helena deu um suspiro profundo, deixando de segurar a mão dos pais num ato de coragem. Selina a deixou ir relutantemente, entendendo que era o melhor a se fazer, era um processo natural de crescimento. Bruce quis segurar a mão dela por mais um tempo. Ele suspirou profundamente ao vê-la partir.

—Boa sorte, Helena! - desejou ele uma última vez.

—Nós amamos você! - Selina acrescentou ligeiramente.

Sua filha olhou rapidamente para trás, sorrindo e acenando para eles, voltando a caminhar bravamente escola a dentro, tudo que eles puderam ver então eram os cachinhos saltitantes dela. 

—Isso não foi fácil - Bruce comentou quietamente, enquanto perdia Helena de vista, até ela entrar nos corredores.

—Nem me diga, imagina a faculdade - sua esposa comentou, automaticamente se aproximando dele, precisando de um abraço claramente.

—Não, não fale nisso, uma emoção forte de cada vez - ele achou melhor se conterem nas imaginações sobre o futuro.

—Como nós ficamos tão moles desse jeito? Nós vamos vê-la em 6 horas de novo - Selina percebeu.

—É uma mudança e tanto na vida de nós três, é normal sentirmos tudo isso - Bruce achou uma explicação.

—Posso ter reclamado de estarmos moles, mas isso combina com você, te faz mais humano - eao elogiou sinceramente.

—Eu não sou o morcego o  tempo todo - ele cochichou ao ouvido dela, o que arrancou uma risada de Selina.

O momento divertido ajudou a aliviar a tensão de qualquer forma e, 6 horas depois, Helena Wayne estava com os pais novamente, cheia de novidades.

—Foi melhor do que eu esperava, eu fiz amizade com uma garota chamada Rose, ela parecia com medo, mas eu resolvi ajudar ela, ficamos perto uma da outra - Helena contou.

—Isso é muito bom, acho que o seu pai ter te desejado sorte no primeiro dia de aula pode ter ajudado com isso - opinou sua mãe.

—Eu não sei, pode ser que sim, mas foi tudo muito legal - ponderou a menina.

—E você gostou da sua professora?- Bruce quis saber.

—Sim, ela foi muito boazinha com todo mundo - Helena confirmou - acho que estou pronta pra amanhã e pros outros dias todos.

Ouvir isso trouxe todo alívio que os Wayne precisavam para um dia tão importante e tenso.