Bruce apreciou o momento que teve com a filha, o primeiro momento que teve com ela, até o seu fim repentino. Selina os observou, sua família, o que ela mais queria em tanto tempo, estava bem ali diante de seus olhos, e seu peito estava cheio de felicidade por isso. Mesmo sentindo isso constantemente ao estar com Bruce, ainda assim isso a surpreendia.

Ela viu o marido franzir a testa, olhando pela janela. Parecia proposital, mas ela sabia que não era. Estavam em Gotham ainda, afinal de contas, e a cidade ainda precisava de seu justiceiro. O Bat Sinal resplandecia ao longe, destacado em meio aos prédios e o clima esfumaçado da cidade.

—Eu sei que tem que ir - ela murmurou, entendendo o que estava acontecendo.

—Eu sei, não quer dizer que eu queira exatamente - ele respondeu, olhando para Helena e depois para a esposa - confesso que estou dividido entre os dois, eu... são identidades demais pra uma pessoa, eu acho.

—Bruce, não pense nisso agora, isso é um trabalho em andamento no qual ainda estamos trabalhando - Selina explicou calmamente, ainda se sentindo um pouco cansada - nós vamos ficar bem, você pode ir.

Ele suspirou profundamente, decidindo entregar Helena de volta à mãe, não sem antes beijar a testa da filha, fazendo a promessa silenciosa de que voltaria para ela e o que fazia era para garantir que ela crescesse em segurança. Agora, era também por Helena que saia todas as noites, inspirando uma luz à cidade e trazendo justiça.

—Eu te amo - ele disse a Selina mais uma vez e saiu, entrando mais uma vez nas sombras, na sua missão como Batman.

Alfred as buscou no dia seguinte e voltando à torre, ele não conseguiu conter o sorriso ao ver a pequena Wayne, uma menina forte, saudável, um tanto curiosa com os arredores do que seria o seu lar.

—Bem vindas de volta, espero que tenha corrido tudo bem - ele cumprimentou.

—Estamos, foi tudo muito rápido e de repente, mas estamos bem - Selina assegurou.

—Tem alguma coisa que possa fazer por vocês? - ele ofereceu.

—Acho que um bom descanso é o que precisamos - ela decidiu.

—Certo, vou deixá-las à vontade - Alfred compreendeu.

—Obrigada, Alfred, obrigada por tudo - ela agradeceu mais uma vez e se retirou com Helena.

Observou a menina mais uma vez no seu colo, se acostumando à sua presença muito real agora. As coisas ficariam bem afinal de contas, Selina faria seu melhor para que fosse assim. Elas adormeceram logo, realmente precisando descansar mais um pouco.

Bruce chegou uma hora depois, depois também de anotações no seu diário, arquivar informações importantes e um bom banho. Sabia que Selina chamaria a atenção dele se viesse vê-las completamente desleixado. Ele encontrou a esposa acordada, com Helena adormecida nos braços dela.

—Oi, Bruce - ela o cumprimentou, muito contente ao vê-lo - como foi? Você está bem?

—Eu estou, temos um caso novo, mas eu posso te contar os detalhes depois, quero saber de vocês - ele respondeu, observando a filha - como está a Helena?

—Bem, dormiu bastante até agora, o que é surpreendente - ela comentou - acho que a maioria das crianças recém nascidas não dormem tão bem assim.

—Vamos ver então até quando dura nossa sorte - ele se sentou ao lado dela, beijando sua têmpora, se aproximando mais.

Como se entendesse seu pai, Helena acordou naquele momento e começou a chorar. 

—Pronto, você falou cedo demais - Selina se permitiu rir da situação não tão adequada assim.

Como uma boa mãe, ela fez o seu melhor para acalmá-la, a balançando levemente, tentando fazê-la se acalmar. Ela sentiu a mão de Bruce sobre a dela, apoiando a menininha. Ela sentiu que seus pais estavam ali, ela estava segura e tudo estava bem.

—Parece que ela escolheu você como favorito - Selina teve que comentar, curiosa como Bruce, tão discreto e cauteloso, era capaz de despertar alguma atração nas pessoas, ainda mais bebês, podia ser o simples fato de que Helena era sua filha e ele a amava muito, mesmo antes de conhecê-la.

—Eu não sei, muito cedo pra dizer isso - ele refletiu - vamos esperar um pouco, e me parece meio injusto pensar que ela tenha que escolher entre nós, ela pode gostar igualmente de nós dois.

—Sim, tudo bem, não quer dizer que ela entenda isso agora - ela argumentou - mas não se preocupe, acho que ela deve pensar como eu, que é bom ter você aqui por perto, são e salvo.

—Eu sei, faço o máximo pra que isso aconteça - ele assegurou a ela mais uma vez, a ela e a Selina.

Ter um bebê na casa certamente mudou a rotina dos Wayne. Selina passou um bom tempo com Helena nos primeiros meses, se habituando a ser mãe de fato. Bruce também fez questão de estar mais presente, era claro que ele não podia deixar o manto de Batman totalmente, porém o CEO da Wayne Enterprise tinha o direito de passar mais tempo com a família. 

Não demorou muito também para que a mídia soubesse do nascimento de Helena. Coube aos representantes da Wayne Enterprises declararem uma pequena nota sobre o assunto. Não ouviriam nada diretamente de Bruce e Selina se quisessem saber alguma coisa. Para a família Wayne, estava bem melhor assim, um pouco de sossego e privacidade enquanto viviam uma vida relativamente tranquila em família.