Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 9
Capítulo 9




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Tanto ele quanto Ayame gritaram de medo no começo, mas depois acharam aquilo incrível. Dar saltos enormes assim? Só em sonhos mesmo. Enquanto ainda observavam aquele cachorro – como ele o chamou mesmo? Akamaru! – o Akamaru saltando para o alto com Haruka montada nele, o homem chamado Kiba os agarrou e pulou logo atrás o seguindo. Chegaram ao destino em poucos minutos.

- Você deve ser muito forte para dar saltos assim! – disse Ayame assim que ele os deixou no chão.

- Que nada – disse ele com as mãos na cintura – não é diferente do kinobori. É só outra forma de usar o chackra nos pés. Konohamaru vai ensinar para vocês logo. Mas não fiquem fazendo isso na aldeia sem mais nem menos quando aprenderem.

Minato estava maravilhado com aquilo. Poderia dar saltos enormes assim? Porque o sensei não tinha ensinado isso junto com aqueles outros jutsus? Bom, não importava, agora já sabia o que ia pedir para aprender quando o visse novamente. Olhou ao redor para ver onde estavam e notou que era uma parte da aldeia onde ele raramente vinha. Não havia nada muito especial naquela parte, exceto casas e mais casas. Alguns dos clãs da aldeia viviam naquela região. Pelo que se lembrava, Miyoko morava por aqueles lados.

- Para! Para! SOCORRO! – ouviram a voz de Haruka chamando desesperada. Ele e Ayame correram na direção desta e assim que pularam um pequeno muro a viram no chão com aquele cachorro enorme sobre ela, cobrindo-a de lambidas.

- Isso é perigo? – disse Ayame cruzando os braços e rindo.

- Já chega, Akamaru – disse Kiba abraçando ele pelo pescoço e o movendo para trás, para deixar a menina livre – não sei porque você acabou gostando tanto de uma desconhecida, mas ela é visita aqui, então se comporte. Se bem que agora eu duvido que ele a considere uma desconhecida – disse olhando para Haruka que observava ambos com os olhos arregalados.

- O que eu tenho que o fez agir assim? – perguntou ela.

- Nem imagino, seu cheiro não é assim especial nem nada.

- Meu cheiro?

Ele gargalhou enquanto colocava as mãos no cabelo espetado.

- Sou do clã Inuzuka, temos o olfato e a audição muito sensíveis, e usamos cães como parceiros. Posso sentir o seu cheiro da mesma forma que um cachorro. Você precisa mesmo de um banho – e ele riu novamente.

- Já dissemos isso – retrucou ela se levantando – agora estou cheia de baba de cachorro. Espero que faça bem para a pele...

Akamaru ganiu de forma chorona, e pareceu ficar acanhado quando ela disse aquilo.

- Ele entende o que eu falo? – perguntou ela.

- Parece que sim. Peça desculpas, Akamaru.

- SEM LAMBIDAS! – disse ela com as mãos na frente em posição para pará-lo quando ele se aproximou. Mas longe de fazer menção para lambê-la novamente, ele se curvou e a olhou com os olhos pedindo perdão.

- Que gracinha – disse Ayame observando a cena. Minato apenas mantinha os seus braços cruzados. Estava divertido ver Haruka naquela confusão.

- Está bem, eu te perdôo – disse ela acariciando sua cabeça. Ele deu um latido forte e ela tremeu toda de susto novamente.

- Certo, vamos entrando – disse ele chamando todos com as mãos – vou avisar minha mãe sobre vocês.

Minato seguiu com as amigas pelo grande quintal daquela casa. Como era um clã que usava cães como parceiros fazia sentido um quintal grande. Ele abriu a porta e eles entraram.

Não havia moveis no que parecia ser a sala de estar, exceto muitas almofadas nos cantos. Akamaru foi para um conjunto destas e deitou-se de forma preguiçosa. Minato observou aquilo e jogou-se em outro conjunto de almofadas, achando-os bem macios. Aquela maciez o lembrou de como estava cansado. Poderia dormir ali facilmente.

- Mãe! Cheguei com visitas – disse ele em voz alta – fiquem a vontade crianças.

Minato sentiu que as almofadas em que estava moveram-se um pouco. Quando abriu os olhos viu Ayame perto dele totalmente relaxada assim como ele. Mais dez segundos e ouviram um novo grito de susto de Haruka. Quando se levantou para ver o que tinha sido agora, viu um outro cão, talvez ligeiramente maior que Akamaru olhando fixamente para ela. Tinha o pelo cinza escuro, quase preto, embora dependendo de como o olhava parecia que ficava levemente azulado. Seu focinho era mais afunilado que o de Akamaru, lembrando muito um lobo. O interessante era que usava um tapa-olho, e parecia não ter a orelha esquerda. A parte de baixo do corpo era branca.

- Vai gritar toda vez que ver um cachorro aqui? – ralhou Ayame com as mãos na cintura – o que esperava de um clã que tem cachorros como parceiros?

- Eu sei, mas... não sei explicar. É como se eles aparecessem do nada! – explicou ela se recompondo.

- Que grito foi esse? - disse uma voz um pouco estridente de mulher entrando na sala – ah, visitas? – ela sorriu mostrando seus caninos pontiagudos. Era mesmo a mãe de Kiba, Minato não tinha duvidas. Tinha as mesmas marcas de presas na face, provavelmente uma marca de nascença do clã ou uma tatuagem.

Ela ficou olhando para as meninas atentamente, com um sorriso que parecia de safadeza.

- Até que enfim arrumou outra garota, Kiba. Ou duas, apesar de talvez serem muito novinhas para você. Elas não sentem ciúmes uma da outra não?

As duas olharam para ela com os olhos arregalados, e mesmo Minato não entendeu aquilo direito.

- Não é nada disso, mãe! Eles são alunos do Konohamaru. Ele está preso lá com a hokage e me pediu para tomar conta deles enquanto isso.

- Que pena – lastimou ela o olhando torto – está com trinta anos e está solteiro ainda, que desperdício.

- Vamos deixar para falar disso outra hora? – ele estava visivelmente encabulado com o rumo da conversa – Haruka, esse aqui é Kuromaru – ele indicou o cão que a tinha assustado antes – é o parceiro de minha mãe.

- Oi... – disse Haruka acenando a mão para ele ainda demonstrando medo.

- Prazer em conhecê-la – disse ele, fazendo agora tanto Haruka quanto Ayame soltarem gritos de surpresa. Minato o olhou com os olhos bem abertos.

- Você fala?! – exclamou Ayame surpresa.

- Qual a surpresa? Você também sabe falar.

- Eu sou humana!

- Ninguém pode ser perfeito – disse ele ignorando-a e observando Haruka novamente – seu chackra é agradável – disse para ela.

- Meu.. chackra?!

- Nossos parceiros podem sentir chackra – disse a mulher se curvando e abraçando o cão com carinho – são excelentes para se rastrear ninjas.

- Por isso que Akamaru agiu daquele jeito comigo?

- Deve ser – disse Kiba olhando o companheiro relaxado na pilha de almofadas - Bom mãe, eu disse a eles que podiam tomar banho aqui, vou acender o fogo e já volto.

- Fogo? – perguntou Minato curioso.

- Para visitas temos uma banheira tradicional, com água aquecida por fogueira – respondeu a mãe dele – e também porque gostamos das coisas mais de uma forma rústica. E como vocês se chamam?

- Meu nome é Haruka, estes são Ayame-chan e aquele é o Minato-kun.

- O terror mirim aqui na minha casa? – ela gargalhou – então são visitas especiais. Podem me chamar de Tsume.

Minato ficou envergonhado quando ela disse aquilo. Verdade que até o primeiro ano na academia ainda eram conhecidos daquela forma, mas conforme cresciam e aprendiam mais coisas foram mudando, de sorte que raramente faziam arte. Menos no ultimo ano em que foram reprovados e mais para descarregar a frustração foram aprontando em um lugar ou outro, especialmente com o jutsu erótico daquele que era seu sensei agora.

- Somos o time seis agora – disse Ayame que também estava um pouco ruborizada – somos genins, aquela vida se foi...

- Mesmo porque os ANBUs estão loucos para porem as mãos na gente se fizermos alguma coisa agora – completou Haruka.

- Que pena – ela fez mais alguns carinhos na nuca de Kuromaru – gosto de quem segue seus instintos. Vão ficar para o jantar, certo?

Eles se entreolharam. Decerto não iriam querer fazer uma desfeita agora que ela os convidou – ou melhor, os intimou – a jantar. Minato não estava mesmo interessado em ramen, mas já tinha comido apenas carne, frutas e raízes por toda a semana. Um pouco de grão seria bem vindo.

- Provavelmente – disse ele – ah! Ainda temos que comprar sua camisa, Haruka-chan.

- Então vão fazer isso – tornou ela ficando em pé novamente – vai demorar um pouco para a água ficar aquecida de qualquer forma. Vou fazer um bom pedaço de porco para vocês.

As duas fizeram uma estranha expressão no rosto ao ouvirem aquilo, provavelmente pensando que aquilo iria engordá-las. Mulheres... se bem que ele tinha que concordar que estavam em boa forma assim, e não gostaria que ganhassem peso.

- Então vamos aproveitar enquanto ainda está claro – disse Ayame.

- Podemos deixar nossas mochilas aqui?

- Estejam a vontade – disse Tsume.

Os três soltaram suas mochilas e as colocaram em um canto da parede, próximo a onde Akamaru estava cochilando. Quando estavam indo em direção a porta, Haruka soltou mais um grito de susto. Minato apenas pensou em qual tinha sido o cão que a assustou daquela vez.

Quando olhou, viu um pequeno cão preto que abanava o rabo com alegria para Haruka. Devia ser um filhote. Era bem parecido com Akamaru, mas totalmente preto.

- Oi cãozinho – disse Haruka movendo a mão lentamente para a cabeça do canino – está cheirando o meu chackra também?

Diferente dos outros dois, este não a assustava, principalmente por ter um tamanho mais normal para cães.

- O nome dela é Shiromaru – disse o grande cão negro que usava tapa-olho.

- Então você é uma mocinha? – ela disse de forma melosa enquanto massageava a barriga dela – que fofinha. Eu tenho que ir agora mas eu volto mais tarde, está bem?

Ela não esperou uma resposta, mesmo porque se outro cão falasse, até Minato iria gritar ali. Mas enquanto caminhava pelo quintal daquela casa, ficou imaginando se esse clã que tinha como característica os companheiros caninos, também não devia ter outra, a de serem daltônicos. Os nomes dos cães nada tinham a ver com suas cores.

- Finalmente vou ter uma camisa decente!

- Ei! Está fazendo pouco caso da minha camisa é?

- Se eu tivesse suas calças também não estaria reclamando. Acha que esse vermelho fica bem com essa calça preta?

Minato tampou os ouvidos com as mãos e seguiu em silencio enquanto as duas matraqueavam sobre moda até uma área de comercio da aldeia, onde os shinobis costumavam fazer compras diversas. Roupas, utensílios para acampamento ou viagens eram comuns ali, e a concorrência fazia os preços ficarem bons. Só esperava que Haruka não comprasse algo muito caro, pois ainda tinham apenas uns poucos ryou que na verdade tinham recebido depois de se formarem na academia, como um prêmio pela conquista.

Entraram em uma loja e as duas ficaram um bom tempo olhando e experimentando roupas – Ayame estava aproveitando apenas para curtir o passeio, uma vez que com certeza não sobraria nada após pagarem as camisas de Haruka – e Minato aproveitou e experimentou algumas também, mas nada lhe caiu tão bem quanto a que estava usando no momento.

Foram para outra loja em seguida e depois para uma terceira. No fim Haruka voltou para a primeira e comprou duas camisas curtas que só tinham o braço direito e uma luva para usar no esquerdo. Ela ficou com um visual muito bom com aquela, muito bonita mesmo. Ele se pegou a olhando com olhos um pouco alem dos de um amigo observando a amiga com roupa nova. Quando ela o olhou ele desviou os olhos rapidamente, tentando disfarçar que a observava.

Estava um pouco confuso com relação a Haruka, e Ayame também. Conforme ele amadurecia, começava a ver as antigas companheiras de traquinagens com outros olhos, mas duas de suas tênues investidas no ano anterior foram imediatamente cortadas. Ele chegou a pensar que elas o viam mais como um irmão, e resolveu deixar por isso mesmo. Mas nos últimos dias tinha notado alguma coisa de diferente nelas para com ele. Não conseguia explicar ou definir, mas parecia que elas o estavam tratando de uma forma sutilmente diferente. Será que devia tentar de novo? Estava na duvida. Eram de um mesmo time ninja agora, e se fizesse algo errado e uma ou até ambas ficassem irritadas com ele?

Enquanto andavam viram que ainda tinham luz do dia e resolveram ver algumas outras lojas. Apenas ver, pois o dinheiro tinha acabado totalmente, restando poucas moedas para todos. Ele observava um conjunto de peças de louça bem pequenas que podiam ser facilmente guardadas na sua mochila e que podiam também servir de panela para um acampamento quando ouviu mais uma vez Haruka gritar de susto.

Já estava ficando monótono aquilo...

- O que foi agora? – perguntou ele correndo em sua direção e olhando aturdido para a cadela que cheirava os pés dela. Como ela tinha chego até ali?

- O que a Shiromaru está fazendo aqui? – perguntou Ayame assim que se aproximou deles.

- Não sei – respondeu Haruka a olhando com os olhos bem abertos – acho que ela me seguiu. Eu gritei porque me assustei quando senti seu focinho frio tocando no meu pé.

- Seu chackra deve ter gosto de mel, ou de ração – Ayame riu divertida.

- Muito engraçado – retrucou ela de cara feia.

Haruka pegou a pequena cadela e a segurou no colo. Parecia um bicho de pelúcia em suas mãos.

- Será que Tsume-sama ou Kiba estão por aqui nos procurando? – perguntou Minato olhando ao redor por sobre as prateleiras de produtos.

- Eu não sei, mas é melhor sairmos daqui antes que o dono da loja comece a brigar conosco. Acho que cachorros não podem entrar aqui – comentou Ayame já andando em direção a saída da loja.

Olharam ao redor da rua, mas não viram nenhum sinal dos membros do clã Inuzuka. Por fim decidiram voltar, principalmente porque o Sol já estava se pondo e ainda queriam aquele banho. Quando chegaram – após se perder no caminho por duas vezes - bateram na porta da casa e após alguns momentos esta se abriu, mostrando Kiba que os olhou surpreso.

- Então Shiromaru estava com vocês? – ele sorriu – fico aliviado. Ela nunca saiu de casa sozinha.

- Acho que ela me seguiu – disse Haruka colocando o filhote no chão – me desculpe.

Ele olhou para a pequena cadela que ficou sentada do lado de Haruka, coçou o queijo por alguns minutos e sorriu em seguida.

- Sem problemas. Venham, a água já esta quente. Vão tomar banho juntos? – perguntou ele provavelmente mais em tom de brincadeira.

Minato olhou para elas sentindo-se corar e ficou absurdamente vermelho em seguida quando viu que ambas pareciam pensar muito naquele assunto. Tudo bem que até os oito anos tinham tomando banho juntos algumas vezes, mas eram apenas crianças então. Agora era um pouco diferente.

Uma diferença de cinco anos a mais de maturidade, para ser mais preciso.

- Seria indelicado – disse Ayame por fim empinando o nariz, mas Minato não sentiu muita firmeza naquela afirmação – nós vamos primeiro, Minato-kun pode ir depois. Mesmo porque ele toma banho rápido e não vai apreciar a hospitalidade como a gente.

- Certo, eu mostro o caminho para vocês.

Os três entraram na casa, e Minato seguiu com elas pela sala e alguns cômodos até saírem em um outro quintal, este do lado de dentro. E era muito maior que o que viram do lado de fora. Akamaru estava neste quintal, parecendo se divertir correndo rente ao muro que delimitava o jardim. Shiromaru correu em sua direção e em seguida pareciam que estavam brincando.

- Faz muito tempo que não vejo Shiromaru tão alegre assim – comentou Kiba observando a cena – ela costuma ficar sentada em um canto tristonha. Ainda sente a falta da mãe.

- A mãe? O que houve com ela?

- Ela morreu, Minato – Kiba estava mais seco agora – ficou doente e morreu. Já faz dois anos, mas ela ainda sente a falta dela.

Ouviu suas amigas murmurando sons de tristeza ao ouvir aquela história. Ele ficou observando a pequena cadela ali e era estranho. Apesar de não duvidar do que Kiba tinha dito, não parecia que aquela cadela – naquele momento ao menos – estivesse triste.Parecia na verdade muito mais alegre que o que seria de se esperar de um cão. E parecia também que ela e Akamaru estavam tendo algum tipo de conversa.

- É aqui – disse Kiba parando do lado de uma grande bacia de concreto cheia de água soltando vapor. Do lado estava um fogareiro. Ambos faziam fronteira com uma parede de madeira em que havia uma janela com vidro fosco, do tipo usado para deixar a luz passar mas não ser possível ter uma imagem clara do interior. Minato chegou a pensar que era uma sauna.

Kiba abriu a porta para eles e as duas expressaram sons de que ficaram maravilhadas. A banheira era enorme, cabia facilmente umas quatro ou cinco pessoas lá dentro deitadas. A área para se secarem também era grande, e até havia duchas em um canto da parede, talvez com água fria.

- Estejam a vontade, meninas – disse ele.

- É para já, vamos pegar as toalhas, Ayame.

As duas saíram correndo pelo caminho de volta até onde estavam suas mochilas, e Minato aproveitou para observar bem o interior. O mais próximo que esteve de um banho de banheira fora quando se lavava no riacho durante estes dias em que esteve na área de treinamento. Mas como a água era fria, não aproveitou muito.

Não demorou para ambas voltarem com toalhas, roupas, xampus e outras coisas para se cuidarem. Pelo jeito iriam esticar o banho o máximo possível. Minato se afastou e as viu fechando a porta. Quando começou a andar, ouviu sons de batidas atrás de si, ao se virar viu a cadelinha preta batendo a pata na porta. Esta se abriu e ela entrou correndo, causando um pequeno grito de susto das meninas lá dentro. Ouviu Haruka comentar se ela queria tomar banho também e um latido foi ouvido como resposta. A porta foi fechada em seguida.

- Realmente Haruka deve ter um chackra agradável para os ninkens – comentou Kiba enquanto voltava com Minato para a casa principal – é a primeira vez que vejo Shiromaru querer tomar banho com uma pessoa. Na verdade é a primeira vez que vejo um cão daqui querer tomar banho!

- Eles não gostam de banho? – perguntou Minato.

- O pelo molhado os incomoda – respondeu ele – e geralmente eles não precisam. É mais agradável para eles quando há um pouco de poeira entre os pelos para os manterem secos.

Quando voltaram para a sala de estar, tiveram uma surpresa. Seu sensei estava lá fazendo um carinho na cabeça de Kuromaru.

- Oi Minato-kun – disse ele – e olá Kiba. Eles deram trabalho?

- Que nada!

- Só Haruka-chan que gritou a cada cão que encontramos aqui – disse Minato.

- Foi mesmo? Interessante – comentou ele.

Minato olhou para o grande cão – ou seria lobo? – que estava ali o encarando. Agora que estava na mesma posição que Haruka tinha ficado, estava sentindo um certo medo dele. Ele se aproximou um pouco e o farejou por algum tempo. Na verdade, o fez por longos minutos. Por fim, dando-se por satisfeito ele se afastou, deixando os três a sós na sala.

- Fiquei com medo – murmurou ele olhando a porta onde o cão tinha saído.

- Ele devia estar curioso contigo, Minato-kun, só isso. Bom Kiba, já que cuidou dos meus alunos, e como Moegi-chan ainda vai demorar para voltar da missão com a sua equipe, que tal eu te apresentar a amiga dela para você esta noite?

- Esta noite? Não acha muito cedo?

- Cedo? Ela falou desta amiga já faz dois meses! Antes ainda de eu sair naquela missão que me ocupou por cinco semanas.

- É que assim... eu não estava preparado...

- Amanhã a noite então, e sem desculpas – disse ele por fim.

- Olha...

- ACEITE LOGO SEU IDIOTA, OU EU VOU ARRUMAR UMA ESPOSA PARA VOCÊ! – ouviram a voz da mãe de Kiba que gritava da cozinha.

Minato viu Kiba ficar branco de medo. Pelo jeito a mãe dele devia ser assustadora. Não era um mero comentário aquilo de que o clã tinha audição acurada. Provavelmente ela ouviu tudo o que falavam desde o momento em que chegaram na casa.

- Certo, amanhã a noite então...

Viu que ele estava suando frio, e tentava arejar a camisa puxando a gola. Se estivesse no lugar dele teria feito o mesmo. Seu sensei tentava segurar uma risada.

- Ah, sim Minato-kun, amanhã depois do almoço vamos no escritório da hokage onde saberemos onde você e as outras duas vão morar. Esta noite vou hospedá-los na minha casa. Se bem que minha casa é pequena. Vamos ter que nos espremer um pouco.

- Tem espaço aqui – disse Kiba – as meninas podem ficar no antigo quarto da Hana-neechan.

 - Não vai ser incômodo?

- Claro que não, pelo menos tiramos um pouco da poeira do quarto. Na verdade – ele abaixou a voz – é difícil eu entrar lá desde que ela morreu.

Observou Kiba sentindo-se solidário com ele. Ele estava mesmo sentido pela morte da irmã pelo que parecia.

- Isso já faz quatorze anos, Kiba – disse seu sensei.

- Eu sei, mas ainda sinto como se fosse recente.

Minato achou educado se afastar e deixá-los ali conversando um pouco, mesmo porque não se sentia apto a tentar animar alguém que mal conhecia, apesar dele agir de forma tão expansiva para com ele. Inclusive parecia que ele sabia seu nome antes que tivessem lhe falado.

Andando a esmo pela casa, acabou seguindo o cheiro de comida sendo preparada e achou a cozinha. Talvez pudesse ser útil ali. Ao entrar ficou surpreso ao ver um grande pedaço de lombo de porco sendo assado em uma churrasqueira bem no meio do local. O cheiro ali estava ótimo e ali estava o grande cão com forma de lobo observando aquela carne com provavelmente água na boca, assim como ele.

- Desculpa – disse ele quando Tsume se virou ao sentir sua presença ali – não queria interromper.

- Não está interrompendo. Daqui a uma hora vai estar no ponto – disse ela espetando a carne com um garfo grande de duas pontas.

- Tem algo que eu possa fazer para ajudar? É que está chato ficar sem ter o que fazer, e aquelas duas vão ficar um bom tampo no banho.

- Já que se ofereceu, me ajude a regar a carne com tempero – ela indicou uma panela com um liquido oleoso cheio de temperos picados. Só o cheiro daquilo já era delicioso. Pelo jeito o jantar naquela casa ou era especial por causa das visitas ou talvez fosse comum sempre assar carne, uma vez que ele não conseguiu ver um fogão ou coisa similar na cozinha, só a churrasqueira.

Por meia hora ele ficou regando a carne ocasionalmente, se deliciando com aquele cheiro que invadia suas narinas e até fazia o seu estomago doer de tanta vontade que tinha de experimentar um pedaço. Tsume aproveitou a presença do ajudante e cuidou de outras detalhes do jantar, como preparar um suco com frutas e alguma coisa a mais que ele não conseguiu ver o que seria, mas era uma garrafa com liquido vermelho. Ela fez duas grandes jarras daquilo e deixou em cima da pia.

- Minato – disse Kiba que tinha entrado na cozinha – hum... que delicia! Parece que esta mais suculento que o de ontem, mãe.

- Esse ajudante é bom – disse ela rindo.

- Ah sim, Minato, você pode ir tomar banho agora. E sem querer apressá-lo, se demorar muito talvez não sobre nada – ele sorriu enquanto sentia aquele odor de porco assado.

Ele correu ate a sua mochila e lá na sala de estar viu suas amigas já usando algumas roupas mais soltas e enxugando os cabelos com mais determinação. Pelo jeito saíram antes do banho para que ele pudesse tomar o dele antes do jantar. Reparou que Haruka enxugava com delicadeza o pelo da pequena cadela preta que parecia estar adorando o tratamento. Mas não perdeu muito tempo observando esses detalhes. Pegou sua toalha, uma calça e uma camisa para vestir e correu para onde a banheira estava. Teve que voltar em seguida quando percebeu que tinha esquecido o sabão, fato este comentado pelas suas amigas com leves risadas.

Ele até que tentou tomar banho rápido, mas estava tão relaxante ficar deitado na banheira – que mais parecia uma piscina – que não resistiu a ficar algum tempo a mais só para relaxar bem. Chegou mesmo a se deixar flutuar na água quente e reconfortante, imaginando quando teria oportunidade de fazer aquilo novamente. Por fim precisou de uma considerável força de vontade para se levantar e se enxugar. Felizmente o delicioso cheiro do assado lhe adicionou forças para a tarefa.

Quando voltou com sua toalha molhada e roupas usadas para deixar na mochila, passou pela cozinha e viu que o lombo não estava mais ali. Deixou suas coisas dentro de sua mochila, mas depois se lembrou que sua roupa ia ficar cheirando a mofo se deixasse a toalha lá dentro. Tirou-a de lá e correu para o quintal interno novamente. Em um canto viu as tolhas de suas amigas e pendurou a sua do lado destas, depois entrou na casa indo para onde achava ser a sala de jantar. Acertou em cheio. Mas não era uma sala comum, era mais rústica e clássica, o assado estava no centro da sala, e todos se sentavam ao redor. Não havia mesa ali, apenas uma grande pedra de granito polida e que devia ser aquecida por uma fogueira por baixo para manter o assado quente.

- Sirva-se, Minato-kun – disse seu sensei que aproveitou para filar bóia ali, ou tinha sido convidado também – e não se preocupe, aqui se come com as mãos sem problema nenhum.

Ele não ficou nem um pouco encabulado, e apostava que o mesmo ocorreu com suas amigas. Nos últimos dias tinha sido assim que comeram, de forma que para eles era como ainda estar na floresta, só que com um teto sobre a cabeça. Ele também reparou que os três cães estavam ali, Akamaru, Kuromaru e Shiromaru. E quanto pegou a faca e cortou um pedaço para si, viu que Kiba e Tsume davam pedaços para seus parceiros. No caso de Shiromaru era Haruka quem fazia aquilo, depois da cadela olhar para ela com os olhos implorando por um pedaço.

- Está uma delicia, Tsume-sama – comentou Ayame.

- Sem formalidades aqui – disse ela mastigando a carne com gosto – pode me chamar apenas de Tsume mesmo.

Ela pegou uma das jarras que tinha preparado antes e deixou em uma pequena mesa com vários copos para todos se servirem. Minato pegou um copo na sua vez e realmente era delicioso aquilo. Sentia-se bem relaxado naquele ambiente, mesmo com três cães do lado dele compartilhando a mesma comida.

- Bem mãe, o que acha de hospedarmos as meninas aqui por esta noite? Estava pensando se podiam usar o antigo quarto da neechan.

- O quarto está vazio a anos, seria bom ele ter um pouco de vida de novo, especialmente porque você ainda não me arrumou um neto.

Pelo jeito, a matriarca ali queria que o filho cuidasse logo da próxima geração, Minato não pôde deixar de sorrir ao pensar nisto. Será que se tivesse uma mãe ela ficaria em cima dele para arrumar uma namorada?

- Não queremos incomodar – disse Haruka tentando ser educada.

- Incomodam nada, podem ficar a vontade, os três, se bem que vamos ter que limpar aquele antigo quarto de hospedes para ele não ficar com as meninas – ela disse pensativa.

- Eu cuido do Minato-kun – disse seu sensei – já estão fazendo bem mais do que eu esperaria dada a situação, não precisam ter mais trabalho por minha causa.

Kiba e Tsume acabaram concordando, e ele próprio também. Sentiu que passar a noite ali talvez não fosse muito tranqüila com aqueles cachorros provavelmente uivando para a Lua durante a madrugada. Continuaram comendo com vontade e conversando assuntos diversos, sendo o que mais lhe chamou a atenção foi sobre os alunos de Kiba, o time três. Pelo que ouviu eles tinham começado sendo considerados completos fracassados pelo Kiba, mas depois que mostraram que tinham capacidade ele acabou aprovando-os. Mas também teriam de ser aprovados pela hokage. Não conseguiu disfarçar sua falta de jeito quando seu sensei comentou como eles se portaram sozinhos na mata, já demonstrando saber caçar e preparar comida, bem como um acampamento. E os três ficaram corados quando Tsume comentou que não esperaria menos do terror mirim. Pelo jeito ficariam conhecidos por aquele nome por muito tempo ainda.

Já era bem tarde da noite quando Minato seguiu para a casa de seu sensei, estava praticamente cochilando enquanto andava, e mal prestava atenção no que o sensei dizia sobre Haruka parecer ter se dado muito bem com os cães do clã Inuzuka. Ele só queria um lugar macio para largar o seu corpo. Sentia-se bem exausto da luta para proteger a bandeira durante o dia e mais a caminhada de volta a aldeia, sem contar o jantar animado. Ficou mesmo impressionado de não ter sobrado nada do lombo de porco. Também mal pensava sobre ser um genin agora, ou sobre como seria seu futuro, ou ainda se teria que fazer mais um teste para ter a aprovação da hokage.

Tudo o que sabia era que seus olhos queriam se fechar por varias horas. Coisa que conseguiu alguns minutos depois. Chegaram a casa do sensei e ele mal notou como ela era, deitando-se no sofá macio que ele tinha indicado e literalmente desabando no mundo dos sonhos.


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