Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 8
Capítulo 8




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Ainda tentava se acostumar com o vento roçando em sua barriga. A camisa que Ayame tinha lhe emprestado era curta, deixando seu umbigo – e uma parte considerável da barriga – a mostra. Além disso, aquele tom de vermelho não combinava nada com sua calça preta.

Claro que podia ter usado sua camiseta branca que tinha mais como uma roupa “civil”, mas queria que ela pagasse pela ousadia. Cortar sua camisa para distrair o sensei... e o Minato-kun! Ainda sentia suas bochechas ficarem quentes quando se recordava. Mas ela ia se vingar mais cedo ou mais tarde. Só não ia fazer agora porque sem dúvida a safada estava esperando por isso.

Nada de pressa, não faltariam oportunidades. Por ora era melhor aproveitar ela e Minato para lhe comprarem umas camisas novas. E já que seu visual temporário parecia estar atraindo a atenção dos garotos com os quais cruzava na aldeia, ia querer uma mais ou menos como a que usava, mas preta! E considerando como o Minato tinha ficado vermelho antes, ele com certeza pensou no que ela queria que pensasse. Agora era só se insinuar mais um pouquinho para cima dele. Já fazia alguns meses que o estava achando bem mais fofo do que um mero companheiro de time e de traquinagens. Claro que colocar uma barata no seu cabelo esfriou o seu interesse. Mas a forma como ele foi prestativo nesses últimos dias...

- Certo crianças – disse o sensei parando e voltando-se para eles – ainda é meio cedo para jantar, então vão tomar banho que encontro com vocês no Ichiraku. Vocês sabem onde fica, certo?

Se sabiam onde ficavam? Já tinham tido o prazer de ficar trabalhando ali por um dia inteiro para pagar pelo prejuízo que deram a dona do lugar. Era incrível como quase sempre que estavam fugindo de algum ANBU acabavam trombando com alguém que estava indo fazer entregas de ramen do local. Infelizmente em uma destas vezes não conseguiram desviar, e voou macarrão para todos os lados.

- Sabemos sim – disse ela – e muito bem – ela deu uma ênfase especial quando disse aquilo – e acho que o senhor também!

- Só confirmando – ele sorriu para eles – então vejo vocês depois do banho. E aproveite e compre suas camisas, Haruka-chan.

Ele começou a andar e os três ficaram parados no mesmo lugar com as bocas semi abertas. Konohamaru percebeu isso e parou depois de dar cinco passos. Ficou observando eles tentando descobrir qual era o problema.

- Alguma coisa errada? Se não têm dinheiro para comprar as camisas eu posso emprestar.

Eles ficaram um pouco mais em silencio, se entreolhando e um esperando o outro falar.

- Onde vamos tomar banho? – disparou Minato com os olhos arregalados.

- Ora... opa! – foi quando ele percebeu o pequeno detalhe. Eles não tinham para onde ir. Não moravam mais no orfanato, e não sabiam onde iam ficar agora – não podem ficar um tempo no orfanato até a hokage decidir isso?

- Yuko-sama talvez concorde, mas... eu... – Haruka estava encabulada, mas tinha vergonha de voltar para o orfanato - sensei, se nossos amigos nos virem lá de novo vão pensar que fracassamos! Eu não quero que eles pensem isso. Não podemos ir falar com a hokage agora?

Ele coçou a cabeça um pouco, mantendo um sorriso levemente amarelo.

- Tudo bem, vamos resolver isso agora. Só espero que ela não reclame de estarmos cheirando a terra e mato.

- Não precisava me lembrar disso – bufou Ayame pondo-se a andar.

Seguiram pelas ruas andando devagar. Depois de tanto tempo fora era até interessante observar a aldeia vindo pelo portão principal, coisa que raramente faziam. Apesar de haver muitas pessoas nas ruas não tinham dificuldade em manter a marcha e observar tudo ao redor. Enquanto andava, Haruka pensava em qual seria a primeira missão deles. Com certeza algo simples, mas não conseguia imaginar o que poderia ser. Mas depois de pensar por algum tempo lembrou-se de outra coisa, algo que não só ela, mas seus amigos haviam esquecido.

A hokage também iria avaliá-los.

Começou a andar mais devagar, sentindo seu coração palpitar. Nem reparou que os outros já se afastavam dela enquanto ficava perdida em pensamentos. E se fossem reprovados por ela?

- Haruka-chan! – chamou Minato olhando para trás – o que foi?

Ela parou de andar e olhou para ele. Sentia que estava tremendo dos pés a cabeça.

- Algum problema? – perguntou o sensei se aproximando dela.

- A hokage... – murmurou com o olhar fixo – o senhor disse que ela também vai nos aprovar... ou não!

Os outros dois arregalaram os olhos quando ouviram aquilo. Decerto também se lembraram das palavras do sensei no primeiro dia, a de que tinham de ter a aprovação do sensei e da própria hokage.

- Verdade – disse ele sério – mas eu não acredito que você está preocupada com isso. Vocês foram muito bem e tenho certeza de que vão superar qualquer teste que a Sakura-neechan der para vocês.

- Neechan?! – exclamou Ayame surpresa.

- É só uma maneira como a chamo. MInato-kun chama a Hinata-chan de mama e ninguém fica surpreso com isso.

- È diferente, quer dizer – Ayame ficou um pouco pensativa – a gente sabe que é só uma forma de carinho... ta bom, é a mesma coisa! Mas porque a chama de neechan?

- Porque se eu a chamar de baachan, ela me mata! – disse ele rindo e voltando a andar.

Os três se entreolharam, tentando entender a piada. Mas não perderam muito tempo com isso. Voltaram a acompanhá-lo até o prédio da hokage.

Dez minutos depois subiam as escadas e Haruka e seus amigos observavam bem o interior. Nunca tinham estado ali antes – com exceção de Minato que fora lá algumas vezes quando a hokage cuidava dele por um dia – e estava impressionada com a quantidade de ANBUs lá dentro.

- Não tem ANBU demais aqui? – cochichou Minato para o sensei. Este apenas acenou que sim com a cabeça, mas não disse nada.

ANBU demais? Tinha dois na entrada, um no começo das escadas, um para cada andar em que as escadas terminavam e no corredor circular que estavam agora já tinha visto cinco. Como nunca tinha estado ali não sabia se tinha muito ou não. E nem teve tempo de perguntar algo para o Minato pois chegaram a uma porta em que dois ANBUs estavam de guarda, um de cada lado.

- Lamento – disse um deles – a hokage-sama está em uma reunião agora e não pode ser interrompida.

O sensei cruzou os braços e franziu o cenho.

- Visitas? – perguntou ele.

- Não posso dizer mais nada – foi a resposta do mascarado.

- Alguma previsão para quando vai acabar?

Ele apenas maneou a cabeça indicando que não sabia. Konohamaru olhou para baixo e fez uma careta.

- A Shizune ou Shikamaru estão disponíveis?

Demorou um pouco para ele responder, provavelmente devia estar pensando se podia dizer aquilo.

- Estão com a hokage – foi a resposta dele.

- O Assunto é sério – murmurou – tudo bem, avise ela que estivemos aqui. Vamos crianças, vou deixar vocês usarem minha casa por enquanto – em seguida ele olhou para o ANBU que tinha lhe respondido – a menos que você saiba quem mais além da hokage ou Shikamaru poderia dizer onde esses três genins que antes moravam no orfanato vão viver agora.

Ele moveu a cabeça mascarada dando a entender que observava os três, e eles sentiram calafrios. Sempre achavam que esses mascarados os olhavam feio devido as mascaras, por isso que sempre aprontavam com eles.

- O chefe da ANBU também está ai dentro – disse ele agora com uma voz mais amigável – provavelmente eles vão ficar em um dos quartos que temos pela aldeia, mas não tenho autorização para definir isso, e qualquer um que possa fazê-lo está ocupado agora.

- Vamos ficar na rua então? – perguntou Ayame já com o rosto demonstrando seu nervosismo.

- Ayame-chan – a voz do sensei estava agora com uma autoridade que dava medo – ele já nos disse muita coisa que não podia ter falado. Seja mais educada.

Ela ficou quieta e olhou para baixo. Mas ainda mostrava irritação no rosto. Depois de vários dias entre as árvores treinando e ficando em desespero pela possibilidade de ser reprovada, sua personalidade impulsiva estava evidente novamente. Haruka tinha pensado que a amiga tinha mudado de vez. Bom ver que era apenas temporário.

- Uma hora esta reunião acaba – disse ele – não deve ser nada muito excepcional ou nem teríamos chegado perto da porta.

Ele colocou a mão em sua nuca e na de Ayame para induzi-las a andar de volta pelo corredor. Minato que estava um pouco afastado os acompanhou.

- Konohamaru-san – chamou o ANBU logo após derem alguns passos.

Ele se voltou e o observou um pouco.

- Esperem aqui, crianças – disse ele.

Viram ele se aproximar dos guardas da porta e trocaram cochichos. Haruka franziu o cenho quando viu seu sensei demonstrar preocupação. Depois disto ele olhou para eles e apertou os lábios. Ficou olhando-os por um tempo enorme, e Haruka imaginou que tinha alguma coisa errada e que tinha a ver com eles. Mas o que podia ser? Ficaram apenas alguns dias fora e sob a tutela do sensei o tempo todo. Não podiam ter feito alguma coisa errada.

A situação ficou mais estranha quando um dos guardas fez sinal para o outro  e este abriu a porta e entrou. O sensei cochichou outra coisa com o ANBU e este balançou a cabeça concordando. Logo depois ele andou até eles.

- O que houve sensei? Fizemos alguma coisa?

- Não Minato-kun. É que... bom, não tenho tempo para explicar, mas vou ter que entrar lá dentro daqui a pouco. Um jounin amigo meu vai vir para tomar conta de vocês. Quando o outro ANBU sair ele irá escoltá-los até o lado de fora do prédio e aguardar até meu amigo chegar. Não façam arte, está bem?

Agora tudo ficou estranho de vez! Não tinham onde morar e estavam sem sensei também? O que estava acontecendo?

- Mas...

- Sem “mas” – disse ele pondo o dedo nos lábios de Ayame – usem isso como lição crianças. Se não tivéssemos encerrado nossa avaliação hoje, eles teriam ido até o campo de treinamento me buscar.

- Konohamaru-san – disse o ANBU que tinha entrado e já estava de volta – estão aguardando-o.

- Aguardem meu amigo chegar. Ele não vai demorar.

Assustados, os três o olharam entrar pela porta, e deram involuntariamente um passo para trás quando o ANBU com mascara de macaco ficou diante deles.

- Vocês não podem aguardar aqui – disse ele de forma impessoal – eu os acompanho para fora e ficarei com vocês até que alguém venha pegá-los.

- E quem vai fazer isso? – perguntou Ayame.

- Um amigo de seu sensei.

Sem dizer mais nada, os três andaram de volta até ficarem do lado de fora do prédio. O ANBU ficou do lado deles de braços cruzados aparentemente os observando. Não parecia que ele tinha gostado muito da idéia, mas o mesmo acontecia com eles.

- Porque está nos vigiando? – perguntou Ayame que já estava ficando fora do sério – parece que não confia na gente.

- E não confio – disse ele – especialmente em vocês três.

- Em nós três? – agora Minato estava demonstrando estar ficando nervoso também – você nem conhece a gente!

- Todos os ANBUs conhecem vocês, seus pirralhos.

Pirralhos?

- Pirralhos nada! – Ayama ficou na ponta dos pés – somos genins! Somos ninjas como você agora.

- E que Deus tenha piedade do mundo por isso... – disse ele com sarcasmo – deviam ter se contentado em ser apenas pestes, agora que são genins têm de obedecer ordens. E eu adoraria sugerir missões para os três. Já esta na hora do prédio da ANBU ser pintado de novo...

Os dois ficaram quietos repentinamente, e Haruka engoliu em seco.

- Você... – começou ela gaguejando – quer dizer... as vezes que aprontamos com um ou outro ANBU... v-você não foi um deles... foi?

Ele virou a mascara de forma a encará-la, e apesar de não ver os seus olhos, tinha a certeza de que deviam estar expressando raiva.

- Termas da aldeia, área feminina... no dia que a hokage estava lá!

Tremeu dos pés a cabeça. Tinha que ser logo este ANBU? Ele até que mereceu por que era o único que os perseguia por qualquer coisa, e pelo jeito depois do incidente trocou a máscara de porco pela de macaco. Lembrava-se de que tinham armado uma para ele do lado das termas, no alto de um pequeno monte de terra. Ela o atingiu com uma bola de lama e fugiu para aquele local. Quando ficou no lugar certo, aguardou ele a agarrar e Minato soltou um sapo que estava preso em um alçapão debaixo dos pés dele. Com o susto e as sensações estranhas que ele sentiu nas pernas, perdeu o equilíbrio e rolou pelo barranco derrubando a parede de bambu e  caiu na fonte quente do lado da área feminina.

Não esperavam que ele caísse nas termas. Tinham escolhido o local porque era o ideal para abrir um buraco e deixar um sapo escondido lá. E outra coisa que ninguém esperava era que a hokage estivesse ali naquele dia. Eles foram castigados tendo de pintar o prédio da ANBU por dentro e por fora, mas ele com certeza não saiu impune porque não era admissível um ANBU ser enganado por crianças de nove anos, sem contar que ver a hokage sem roupa devia ser uma indiscrição daquelas...

- Ela ficou muito brava com você? – perguntou Haruka ainda com medo. Os outros dois já estavam atrás dela, no mais absoluto silencio.

Covardes!

- Tive que convidá-la para um encontro – ele disse de forma irritada – e até saímos juntos algumas vezes.

- E esta bravo por causa disso? – Ayama subitamente recuperou sua coragem – quem mais pode dizer que paquerou a hokage?

- Você não faz idéia de como é sair com alguém que pode derrubar prédios com as mãos! Fiquei com tanto medo dela que estraguei tudo. Mas o problema não foi ela, foi meu chefe! Por ter sido enganado por vocês, ele me deu tarefas de nível “D” por um ano! Virei piada para todos os meus colegas! Agora que são genins... – podia jurar que estava vendo a própria máscara sorrir – a ANBU pode até solicitar seus serviços para uma ou outra tarefa maçante...

Eles voltaram a ficar empertigados e preocupados. Não tinham pensado nisso quando se formaram genins.

- O shinobi que vai cuidar de vocês chegou – disse ele olhando para a direita – espero não vê-los tão cedo. Para o bem de vocês mesmos.

Sem dizer mais nada ele entrou no prédio e eles olharam o ninja que tinha acabado de chegar. Haruka achou que já o conhecia, mas com certeza nunca tinha visto alguém montado em cima de um cachorro antes. Ainda mais um cachorro enorme como aquele.

- Então vocês são os alunos de Konohamaru – disse ele descendo de cima do cão branco – eu sou Kiba.

- Err.. prazer – disse Minato apertando a mão dele esticada, mas logo em seguida ele o agarrou e ficou esfregando o punho dele na sua cabeça.

- Cumprimente como homem! – disse ele alegre – bom, ele não me deu detalhes, apenas me disse que estavam aqui sozinhos e que ele não podia ficar com vocês agora. Podem me dizer o que está havendo?

Haruka nem prestou atenção nele, ficava olhando aquele cachorro enorme que parecia a estar farejando. Já tinha dado dois passos em sua direção e estava ficando mais assustada do que quando o ANBU os estava encarando.

- Bom, a gente precisa de um banho... – começou Ayame deixando o shinobi com um olhar estupefato. Decerto ele devia estar se perguntando se tinha sido chamado ali para dar banho neles.

- Banho? – perguntou ele confuso.

- É, banho – completou Minato – não temos onde tomar banho.

O homem coçou a cabeça demonstrando sua confusão, e Haruka apertou os lábios por ver que seus colegas estavam mais preocupados com o banho em si do que em explicar o porque de precisarem tomar banho.

- Me deixe explicar – disse ela – é que nós éramos do orfanato, e uma vez que viramos genins, tivemos de sair de lá. Acho que era alguma coisa sobre termos equipamentos perigosos para os outros. Só que ainda... AI! – gritou ela apavorada quando o grande cachorro cheirou a sua perna. Tinha ficado tão assustada com a presença furtiva dele e o seu tamanho que deu um pulo e se agarrou em Minato que estava mais próximo, de forma que quase ficou no seu colo tentando se proteger.

- Akamaru! – disse ele olhando feio para o cachorro – tenha modos! Mal conhece a moça é já vai agindo com estas intimidades?

Intimidades? O que ele quis dizer com isso? Olhou para o cachorro – na verdade, ele mais se parecia com um pequeno cavalo de tão grande que era – e este ganiu duas vezes para ela. E o mais absurdo, ela tinha a impressão de que ele estava sorrindo...  devia estar ficando louca.

- Ele gostou de você – comentou ele rindo – não se preocupe, meu companheiro não vai lhe fazer mal.

Ficou olhando com os olhos arregalados para aquela enorme criatura branca enquanto relaxava os braços ao redor do pescoço de Minato e com isso o permitiu respirar mais aliviado. Ela ainda deu um salto de susto quando o cachorro latiu novamente, parecia que ele tinha feito de propósito.

- Agora, o que você dizia? – tornou ele novamente.

- Eu... – ela ainda observava o cachorro preocupada com o que ele iria fazer. Não entendia porque parecia tão interessado nela – dizia... – o que ela estava dizendo mesmo? Ah, sim – do banho, quer dizer – maneou a cabeça – do porque precisarmos de banho... AH – gritou – resumindo, éramos do orfanato e não podemos morar mais lá porque somos genins e temos armas perigosas para as outras crianças... – ela fez um bico – se bem que nossos colegas lá usavam nossas kunais para desenhar nos troncos das árvores... será que era por isso? Bom, não podemos ficar lá. Fomos conhecer o nosso sensei e ficamos uns dias com ele e agora voltamos. Fomos ver a hokage-sama para saber onde íamos morar e quando chegamos lá nosso sensei entrou em uma reunião secreta e ficamos do lado de fora, aí o senhor apareceu. Acho que eu disse tudo agora. Alias... como foi que ele te avisou para vir aqui?

Ele riu um pouco e olhou para os três com os braços cruzados.

- Um ANBU apareceu em casa para me dar o recado. Mas eu fiquei curioso sobre como ele soube que eu tinha terminado o teste com meus alunos ontem a noite. Vou perguntar a ele depois.

- Alunos? – perguntou Minato com os olhos arregalados.

- Sim – ele o olhou divertido – na verdade pode-se dizer que eu quase fui o sensei de vocês. Estou na liderança do time três. Então vocês foram aprovados já que não vão morar mais no orfanato.

- É... – disse Haruka quase em um murmúrio. Não quis falar a questão de serem aprovados porque sentia-se ainda injustiçada por isso. Ainda mais que tinha de ser aprovada duas vezes.

- O sensei tinha nos convidado para comer ramen – comentou Minato – e disse para nos encontrarmos depois de tomarmos banho.

- Bom, ele pediu para eu tomar conta de vocês. Vamos para a minha casa. Podem tomar banho lá e dependendo de como for, talvez até jantem ali. Minha mãe gosta de cozinhar para visitas, isso se vocês não tiverem nada contra carne.

- Contanto que desta vez eu não tenha que tirar as entranhas – disse Minato – por mim tudo bem.

- Não tem ramen na sua casa? – perguntou Haruka. – quando o sensei disse que ia nos pagar um ramen eu fiquei com vontade.

Ele olhou para ela com um olho mais aberto que o outro.

- E você, Minato? – ficou surpresa dele saber o nome do colega – prefere um ramen também?

- Eu gosto de ramen, mas não sou desesperado por um como a Haruka-chan.

- Ninguém é desesperado por ramen como a Haruka-chan – completou Ayame.

- Ei! – reclamou ela – eu gosto, qual o problema?

O homem começou a rir divertido. Como ele se chamava mesmo? Kiva? Kiba! Sim, era esse o nome dele.

- O que é tão engraçado, Kiba-sama?

- Nada não Haruka, e não precisa ser formal, chamo todo mundo pelo nome mesmo, a única exceção é a hokage, e isso quando tem visita junto com ela. Bom, vamos indo? Pelo menos banho eu posso oferecer.

Eles se entreolharam e concordaram. Era um lugar para ficar até o sensei resolver a situação com a hokage. Foi quanto novamente ela gritou de susto pois o grande cão começou a tocar o focinho nas suas costas, quase a empurrando.

- Acho que ele farejou a carne que você deixou guardada na sua mochila – disse Ayame rindo da situação da colega.

- Que nada – Kiba estava com os braços cruzados olhando fixamente para Akamaru – ele quer é lhe dar uma carona. É um grande sinal de amizade para ele.

- Carona? – perguntou ela confusa.

Antes que Kiba pudesse responder, o cão mordeu sua camisa por trás e a puxou, de forma que sentiu ser puxada pela gola e arremessada para cima. Girou pelo menos uma vez de costas pelo impulso – giro este devidamente preenchido por seu grito desesperado – e pousou sentada nas costas do cachorro. Este virou a cabeça o máximo que podia para trás e latiu algumas vezes.

- É isso ai – disse Kiba – carona. Segure-se firme Haruka, Akamaru vai te deixar na minha casa.

Sem tempo para dizer nada, ela se agarrou no couro do animal quando este pulou por sobre um telhado próximo e foi pulando entre telhados, postes de iluminação e caixas d´águas enquanto ela gritava alucinada de medo. Ela jurou que seu sensei ia pagar por metê-la nessa situação.

 

-x-

 

Ele deu passos lentos e ficou diante de sua mesa. Observou seus olhos moverem-se para ambos os lados avaliando quem mais estava ali. Ao seu lado direito estava Shizune, do esquerdo Shikamaru, ambos em pé. A sua frente a direita estava a guarda pessoal do enviado do senhor feudal. Um pouco do lado esquerdo estava o próprio enviado também de pé e com o olhar arrogante e superior que sempre a irritou. Seu antecessor era um senhor idoso e simpático que não tinha interesse em demonstrar tanta arrogância, e apenas lembrava as pessoas de seu posto quando era necessário, bem diferente deste. Tomara que Konohamaru se comporte diante dele. Do lado da porta estava o chefe da ANBU que apenas observava a tudo em silencio. Ela sabia que ele nada diria ali, mas prestaria atenção em tudo.

- Perdoe-me hokage-sama, fiquei sabendo que queria me ver antes de ter tempo de me arrumar.

Que bom, ele a tinha chamado de hokage-sama. Ele percebeu que o assunto era politicamente delicado. Ainda bem.

- Não se preocupe com isso, Konohamaru. Creio que ainda não sabe porque o convoquei.

Ele anuiu com a cabeça.

- Em sua última missão, você capturou a mulher que tentou assassinar um dos senhores feudais do nosso país. Seu relatório informava que ela ficou muito ferida. Isto foi confirmado por vários médicos.

Ele franziu o cenho, mas nada disse.

- O enviado de Yasuoichi–sama aqui presente me comunicou que ela estava aguardando para ser executada quando foi resgatada alguns dias atrás.

- Resgatada? – exclamou ele incrédulo – por quem?

- É por isso que o chamei aqui. Teria alguma informação adicional para nos dar? Você a rastreou por varias semanas, o que descobriu sobre ela enquanto a perseguia?

- Que ela é uma solitária – respondeu após alguns instantes – tinha, ou ainda tem uma grande reputação no submundo e faz qualquer trabalho por um preço. Raramente fracassa em um serviço, e quando ocorre ela tenta novamente até conseguir. Ia tentar assassinar novamente seu alvo se eu não a interceptasse.

- Só isso? – interrompeu o enviado quando ela tinha aberto a boca para prosseguir – semanas investigando essa assassina e apenas descobriu isso? Hokage, seus shinobis estão realmente abaixo das minhas piores expectativas.

- Pelo menos esse shinobi fez o que duas de suas divisões não conseguiram, localizar e capturar a mulher viva.

Ele a olhou inclinando a cabeça para trás, demonstrando irritação extrema. Mas nada disse.

- O que mais descobriu sobre ela? – perguntou a Konohamaru – aldeia de origem, contatos...?

- Não muito, ela nasceu no país do Trovão, mas se tornou ninja no país do Vento, na aldeia da Areia – Sakura apertou os dentes ao ouvir aquilo, e um olhada de lado confirmou seus temores. O enviado estava olhando Konohamaru com os olhos muito apertados – foi declarada nukenin quando matou seu sensei que tentou trazê-la de volta a aldeia.

- Nukenin? – disse Shikamaru que o olhou de lado – quando recebemos esta tarefa, procuramos nos nossos registros se ela podia ser uma renegada, mas não identificamos nada. Como descobriu disso?

- Ela mudou de nome – respondeu ele – seu nome de batismo era Etsu. Estava no relatório que eu fiz – ele devolveu o olhar.

- Eu não cheguei a ler – ele deu de ombros – mas com certeza nossa hokage-sama leu.

Anotou mentalmente para dar um puxão de orelha no Shikamaru. Podia dar um desconto por ele ter chegado ali sendo arrastado de seus afazeres – isso se não estivesse jogando xadrez com alguém como costumava fazer – mas ele podia pelo menos calar a boca já que até ter entrado na sala, nem sabia qual era o assunto.

- Eu li sim, e todas estas informações foram entregues junto com a prisioneira – ela encarou o enviado que parecia um pouco desconfortável agora – com exceção de que ela nasceu no país do Trovão.

- Não julguei importante por no relatório – disse ele ficando mais rígido, como se antecipasse alguma reprimenda.

- Dada a situação, não seria. Sabe em que parte do país ela nasceu?

- Não. Fiquei sabendo disso quando fui até a aldeia da Areia obter informações. Seu antigo colega de time comentou isso para mim.

- É isso que eu quero – ela colocou as duas mãos abaixo do queixo e o encarou – contatos onde podemos obter mais informações.

- Acho que o nome dele era Hokato  - disse olhando para o teto – trabalha no escritório do kage.

- Já é alguma coisa – murmurou ela olhando para a delegação que estava em sua sala – vou enviar alguém para a aldeia da Areia para verificar se há alguma informação pertinente a ser obtida que nos leve a localização da fugitiva. É o suficiente?

- Para o momento sim – respondeu ele pegando uma carta do bolso – isto é para você – disse ele lhe entregando a carta selada. Voltarei ao meu senhor e lhe direi que irá tomar as providencias cabíveis.

Sem dizer mais nada, ele saiu da sala seguido de seus guarda-costas. Shikamaru e Shizune instintivamente se afastaram dela, ficando praticamente colados nas paredes da sala.

- O que foi? – disse ela olhando-os tentando entender porque tinham feito aquilo.

- Antes do Konohamaru chegar, esse idiota ai foi muito irritante e só faltou dizer que você era empregada dele – começou Shikamaru -  só estamos nos protegendo dos futuros destroços da mesa...

- Engraçadinho – disse ela abrindo a carta e a lendo. Conforme lia, mais e mais seu rosto mostrava irritação e raiva, de tal modo que até Konohamaru já estava afastado dela, ficando ao lado do chefe da ANBU. Por fim ela colocou a carta devagar sobre a mesa e abriu sua ultima gaveta, pegando uma pequena garrafa ali.

- Sakura-chan! – exclamou Shizune com um olhar reprovador.

- Qual o problema? Prefere que eu destrua a mesa? – disse ela abrindo a pequena garrafa e bebendo metade dela de uma vez – de qualquer forma não sou como nossa antiga sensei.

Isso era verdade. Aprendera com Tsunade o prazer do saquê, mas nunca teve uma fraqueza por ele como ela tinha. Na verdade ao perceber isso sua mestra costumava convidá-la para passear escondida algumas vezes – escondidas de Shizune – onde sempre podia contar com sua discípula para deixá-la em casa depois de esvaziar muitas e muitas garrafas, uma vez que Sakura sabia quando parar de beber.

- O senhor feudal Yasuoichi-sama nos deu uma missão, localizar e capturar com vida a fugitiva. E como da outra vez, ele foi muito enfático com a questão de trazê-la viva.

- Estou mais preocupado em quem poderia querer resgatar uma mulher naquele estado – comentou Konohamaru.

- Ela deve ter algum valor que desconhecemos – disse Shikamaru – inválida como ficou não teria muita utilidade como ninja, mas ainda deve ter muitas informações e segredos na sua mente.  Talvez por isso a resgataram, e talvez seja por isso haja essa insistência em capturá-la viva. Mas agora estou curioso, o que o levou a tentar saber sobre ela na aldeia da Areia?

- Um palpite. A técnica de dragão de fogo que ela usou para tentar matar o senhor feudal é especialidade de um dos ninjas de lá. Foi com ele que aprendi a fazê-la – em seguida olhou para a hokage - Não vai pedir para eu ir atrás dela de novo, não é? E meus alunos? – perguntou Konohamaru preocupado.

- Não vou dar essa missão para você – disse ela – tem outros ninjas talentosos na aldeia, caso não saiba.

- Não precisa ser tão sarcástica também. Ah, sim, falando em alunos, eu os aprovei, agora tem a questão de arrumar um lugar para ficarem.

Franziu o cenho por alguns segundos tentando entender o que ele estava dizendo. Por fim lembrou do detalhe que eles tinham referente ao orfanato.

- Kisho-san – disse ela se dirigindo ao chefe da ANBU que ficou todo o tempo em silencio – poderia cuidar disto?

- Farei isso – respondeu ele – e enviarei alguém para a aldeia da Areia para obter mais informações sobre a fugitiva.

- Obrigada – disse ela bebendo mais um gole, e reparando pelo canto dos olhos que Shizune a olhava de forma reprovadora. Essa mania dela de querer fazer tudo certinho as vezes deixava sua antiga mestra maluca, e agora ela entendia o porque.

 – Só uma coisa  – disse Kisho dirigindo-se para Konohamaru – devia ter avisado sobre seus alunos antes, para esta noite não acredito que teremos algum quarto ou casa livre.

- Bom, eu hospedo eles na minha casa por hoje. De qualquer forma foi culpa minha não avisar mais cedo, se bem que eu os aprovei apenas na hora do almoço.

- E como foi o Minato-kun? – perguntou Shizune ansiosa.

- Até que ele se deu bem – respondeu ele um pouco desinteressado.

- Shizune – chamou Sakura – vamos deixar que Konohamaru-kun cuide de seus alunos.

- Me desculpe.

- Muito bem – prosseguiu ela – cuide deles por esta noite, amanhã já teremos providenciado moradia para os três. Provavelmente as duas irão dividir uma casa para elas. Traga-os aqui por volta de... – olhou para o chefe da ANBU, aguardando uma resposta.

- Até o almoço terei tudo pronto – disse ele.

- Traga-os depois do almoço. Kiba também aprovou seus alunos ontem.

- Eu sei, o Ka... – ele cortou a fala antes de dizer o nome – o ANBU lá na porta me disse, então pedi para avisarem Kiba para cuidar das crianças enquanto eu estava aqui, pois não sabia quando ia sair e não podia deixá-los no meio da rua sem lugar para ir, não é mesmo?

- Você não queria era que eles fizessem alguma coisa com os ANBUs que estavam fazendo a segurança do prédio devido a presença do enviado do senhor feudal aqui – disse o chefe da ANBU com os braços cruzados e uma expressão de sarcasmo.

- Isso passou pela minha cabeça... – ele sorriu.

- Vamos parar com isso? – Sakura tinha dado um murro na mesa chamando a atenção de todos – eles são genins agora, terão de enfrentar as conseqüências se fizerem alguma coisa. Konohamaru, vá cuidar de seus alunos. Os outros estão dispensados.

- Shizune – chamou ela quando ficaram a sós na sala – há vários ANBUs aqui hoje que desconhecem sobre o Minato-kun, tome mais cuidado quando for fazer estes comentários. Um deles pode acabar ouvindo.

- Desculpe Sakura-chan, me deixei levar. Mas você também está contente por ele ter sido aprovado, tenho certeza.

- Aprovado pelo sensei dele – ela estava com o olhar frio – eu ainda vou dar o meu parecer.

- Tínhamos vagas para dois times, e temos dois times aprovados agora. Os outros foram reprovados. Não facilita sua decisão?

- Eu acho que três times foram aprovados – murmurou ela cruzando os braços.

- Três? – Shizune estava incrédula.

- Falta um jounin se reportar sobre seu time ainda.

- Quem?

- Adivinhe... – disse com a boca torta e a fala arrastada.


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