Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 6
Capítulo 6




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A uma distancia longa demais para ser percebida, um par de olhos se fechava. Abaixo destes olhos, lábios formavam um leve sorriso, indicando satisfação. Ainda com os olhos fechados, sentou-se no solo seco permeado com um pouco de grama.

Durante toda a semana, Konohamaru andou olhando ao redor, imaginando quando ela iria aparecer por ali para dar uma olhada. A hokage mesmo tinha estranhado os ANBUs relatarem que ela ficou todos os dias cuidando de assuntos do clã e ocasionalmente andando pela aldeia para tratar de outras coisas mais triviais, como um simples almoço fora de casa, ou uma visita a um amigo.

Chegaram mesmo a pensar que ela iria se controlar o suficiente – ou que talvez Neji a estivesse ajudando a se controlar – para não aparecer por ali de surpresa para espiar o time seis.

Se enganaram.

Tomando extremo cuidado, ela usou seu byakugan para saber quando era vigiada, sabendo que a hokage estaria de olho nela. Sabia que provavelmente não a perturbariam, mas ela queria estar ali totalmente indetectável. E aquela fora a noite.

Minato e suas amigas estavam superando suas expectativas. Mas realmente não devia ficar surpresa com aquilo. Aquele trio tinha se tornado o “terror mirim de Konoha” já fazia alguns anos. Nada realmente esdrúxulo como Naruto fazia, mas algumas brincadeiras comuns a crianças e adolescentes, como por gatos para correr de medo, roubar cordas de varal para fazer alguma coisa mais “útil”, e atazanar um ou outro ANBU que sempre os assustavam com aquelas mascaras quando eram bem pequenos. Só que agora que eram maiores, os ANBUs revidavam... os três já tinham pintado o prédio deles umas cinco vezes como punição.

As duas estavam dormindo e ele tinha ficado de guarda. Não sabia o que Konohamaru estava planejando para eles, mas ele estava dormindo tranqüilo no alto de uma arvore próxima a ela. Não sabia se já tinha feito seu teste ou não, ou se os seus genins estavam fazendo algum treinamento. Apenas aquela bandeira negra próxima a eles lhe dava umas idéias sobre o que poderia estar ocorrendo, mas não fazia realmente diferença. Só queria ver como eles estavam. E ver a fogueira ali, os três em um acampamento formado com cobertura para o sereno da noite e Minato fazendo a primeira vigília já tinha lhe mostrado que estavam muito bem.

De semelhança direta com Naruto, Minato tinha os olhos. A cor do cabelo também era loiro, mas o formato do rosto e a textura do cabelo eram bem parecidos com os dela. E tinham que ser. Ele era seu filho, o filho deles! Dela e de Naruto. Um filho que tinha sido obrigada a deixar em um orfanato para a própria proteção do mesmo.

Apertou seus dentes com tanta força para se controlar que sentiu que podia quebrá-los.

Não queria lembrar-se disto. Não era um bom pensamento para a ocasião. O momento que tinha aguardado por tanto tempo, o momento em que seu filho se tornaria um genin e provaria ser apto a cuidar enfim sozinho da própria vida, como o pai tinha feito.

E ela sabia ser a principal culpada disto. Quando Naruto tinha dito que se não estivessem na eminência de uma guerra iria tentar descobrir o que sentia realmente por ela, não teve duvidas quanto a agarrar a oportunidade.

E ela o fez literalmente. Aproximou-se devagar dele e apesar de sua surpresa e medo, moveu seu rosto até os lábios de ambos se tocarem. Ele fez um movimento para trás, mas ela insistiu. Enlaçou-o segurando as mãos firmes em sua nuca e o apertou contra si, ao mesmo tempo em que usava sua língua para invadir a boca dele.

Sentiu a surpresa do mesmo. Ele nunca devia ter beijado uma garota até então, e por instinto se aproveitou disto. Foi por instinto que mexeu o seu corpo para seus seios roçarem no peito dele, foi o instinto quem lhe disse para dobrar a cabeça e maneá-la levemente ampliando as sensações. O pobre Naruto estava sendo invadido por emoções e sensações que nunca imaginara existir.

Formou um sorriso de moleca ao lembrar-se daquilo. Aquilo marcou o fim de sua timidez frente a ele. Nunca mais ficou corada ou perdeu a fala com ele. Uma cura fantástica tinha sido aquele beijo. Para ela, removeu sua timidez, e para ele, lhe mostrou a diferença entre gostar de alguém e sentir-se sendo apreciado por outra pessoa.

Se havia a possibilidade de Sakura ter qualquer pretensão de se aproximar de Naruto naquela época, já tinha perdido.

- O que achou? – tinha perguntado em um murmúrio, incapaz de controlar o sorriso do rosto. Ele apenas a olhava com os olhos bem abertos, a boca semi aberta, talvez tentando entender o que tinha ocorrido. Como demorou para responder, moveu seus lábios para ele lentamente, e com uma grande alegria viu-o fazer o mesmo.

Foi a vez da língua dele brincar dentro de sua boca, e lentamente ambos sentaram-se no chão e continuaram com o beijo. Mas ela não queria ficar somente naquilo. Desde que o tinha conhecido foi alimentando aquele sentimento inicial de admiração que sentia pelo loiro até este se tornar uma paixão secreta que a atormentava. Agora que estava realizando o que muito bem poderia ser a primeira e ultima relação de ambos, queria ir o mais longe que pudesse. Assim, de uma forma um pouco amadora, insinuou-se para cima dele, tornando impossível para ele evitar de tocá-la. Na verdade ficou impossível ele não poder tocá-la.

Tinha sido uma longa noite em que ficaram trocando carinhos e conversando com os corpos. Uma noite que acreditavam ser a ultima e fizeram quase tudo o que dois apaixonados podiam fazer.

Quase tudo.

O ataque não ocorreu no dia seguinte como esperavam, e nem no subseqüente. Continuaram a se encontrar quando possível, e ela queria mais e mais dele. Queria ter o máximo possível de uma relação, queria ter algo para se lembrar dele eternamente, mesmo que todos sobrevivessem e depois ele quisesse terminar tudo. Ela não se importava. Já tinha tido mais do que meramente tinha ousado sonhar.

Foi no fim daquela semana que o convenceu a ir até o fim, ou talvez que ambos se convenceram a ir até o fim. A aldeia tinha um clima de guerra eminente, muitos acreditavam em uma luta terrível – incluindo ela – talvez com poucos sobreviventes, e o próprio Naruto agia como se não fosse sobreviver.

E nisso ela realmente acreditava. Mas naquele momento não temia pela sua morte, queria apenas te-lo para si, queria satisfazer seu desejo tanto físico quanto mental por ele.

E o fez. Não acreditou em como ficou esgotada, e acreditou menos ainda por ele parecer ser insaciável. Mas no fim ambos dormiram lado a lado abraçados para o amanhecer que ambos acreditavam ser o ultimo.

Só que não foi o ultimo.

A cada dia em que o ataque da Akatsuki não ocorria eles se encontravam. E já não era segredo para ninguém. Seu clã não fazia comentários a respeito, e a única coisa que seu pai tinha dito que poderia se referir a aquilo foi um “que bom que está feliz, filha”. Parecia um sonho. Um sonho do qual sabia que iria acordar, mas ainda não se importava.

Até aquele dia.

O dia que foi a véspera do ataque da Akatsuki.

- Naruto-kun – começou ela assim que se encontraram daquela vez – quero te dizer uma coisa, mas por favor, espere eu terminar de falar...

Ele a olhou confuso, mas aguardou ela contar o que queria.

- Estou esperando o seu filho, Naruto-kun.

Ele arregalou os olhos, provavelmente pensando em milhares de coisas.

- Hinata-chan, mas... você... quer dizer... eu...

Tocou seu dedo em seus labios para ele ficar quito. Tinha se divertido com ele daquela vez. Foi a única vez em que seus papeis ficaram invertidos. Ele estava vermelho, sem fala como ela costumava ficar antes. Mas não tinha ido ali para constrange-lo, mas sim para conforta-lo. Já tinha tomado sua decisão quando soube, e ia comunicar isso a ele.

- Não estou preocupada, Naruto-kun, estou é muito feliz. Não tenho com explicar, mas é uma realização de um sonho.

- Mas... Hinata! Não sabemos como vai ser o amanhã, e se eu e você, quer dizer.... ainda estamos apenas aprendendo a nos conhecer, quer dizer... e.. e se nõs não ficarmos juntos?

Novamente ela o fez ficar quieto e sorriu divertida.

- Não estou preocupada. Você nunca irá negar o amor de pai para seu filho. Não me pergunte como eu sei, eu apenas sei. E não quero que por eu estar grávida ache que quero forçar um casamento.

- Hinata...

- Mesmo que no fim nos não acabemos juntos, mesmo que no futuro acabe descobrindo que o que sente por mim é algo passageiro, eu quero isso. É algo para me lembrar de você, Naruto-kun. Sei que é puro egoísmo de minha parte, mas me sinto realizada finalmente. E ainda que você acabe se casando com outra pessoa e queira seu filho consigo, não irei negar. Apenas irei cuidar dele até este dia chegar.

Ele a olhava sem palavras. Um olhar levemente distante mostrando o quanto estava pensando no que tinha dito. Ela apenas deitou-se sobre o seu peito e sorriu de forma suave, deixando sua felicidade fluir. Não tinha planejado ir tão longe. E não queria um filho dele para que este ficasse preso a ela para sempre.

Ela tinha consciência que a forma como se apaixonara por ele mais se parecia com uma obsessão. Uma obsessão que decidiu realizar para se satisfazer, para não se consumir em remorso no futuro por não ter tentado, por não ter descoberto o que poderia ter sido.

Quando ocorreu o que para ela seria a realização de seu sonho esperava que o ataque ocorresse nos próximos dias. Mas agora duas semanas já tinham se passado desde que se amaram daquela forma, tempo mais do que suficiente para que tivesse certeza do que ocorria em seu ventre. E não podia deixar Naruto sem conhecimento daquilo. Por isso tinha lhe contado. Se ele quisesse o filho, ele o teria. Se quisesse que ela nunca mais o visse, assim o seria.

Já estava plenamente satisfeita com o que tinha conseguido, o suficiente para morrer feliz na batalha, caso fosse inevitável. Mas agora tinha algo a mais. A única coisa que não aceitaria fazer seria não ter este filho, mesmo que Naruto pedisse isto. E por esse mesmo desejo maternal, não podia arriscá-lo na batalha que era eminente.

- Hinata-chan – disse ele ainda com o olhar levemente distante – podemos ser atacados a qualquer momento. Você... você vai ter que ficar junto com os refugiados. Não pode mais lutar.

Era como se ele adivinhasse seus pensamentos.

- Sou uma ninja, Naruto-kun – disse sem tirar a cabeça de seu peito – tenho responsabilidades.

- Mas... – sua voz demonstrava medo agora.

- Me prometa que vai sobreviver, Naruto-kun, e eu prometo que irei proteger o nosso filho.

Era um mero jogo de palavras, ela sabia disto. Não havia como ele saber se teria meios de cumprir aquela promessa, e ela própria acreditava que ele já estava resignado com o fato de que não iria sobreviver. Mas queria ouvir aquilo dele. Queria aquela mentira especial que servia apenas dar um conforto a um coração apaixonado em agonia.

- Prometa-me – mumurou ela insistindo e observando o seu semblante ainda igual. Ele não a fitava nos olhos. Na verdade, provavelmente nem a estava vendo.

- É só prometer, Naruto-kun – deitou a cabeça no peito dele usando-o como travesseiro. Sentiu um de seus braços deslizar suavemente nas suas costas, dando-lhe conforto.

No acampamento, Minato tinha feito três clones e cada qual foi em uma direção para patrulhar o local. Ali onde ela estava, abraçou-se com força com as lembranças que se aproximavam do clímax.

- Prometa-me! – começou a dizer com mais força, quase com a voz em tom normal. Ele ainda não tinha se pronunciado, apenas tinha feito um carinho em suas costas.

- Naruto-kun... – olhou para ele. Ele ainda estava com o olhar distante, mas sua expressão era outra, como se estivesse apavorado.

- Prometa -  sua voz estava agora mais baixa. Havia erguido o tronco um pouco para encará-lo melhor. Mas ele ainda não tinha esboçado nada que pudesse indicar que haveria uma reposta.

- Prometa que vai tentar! -  ela já estava ficando aflita. Porque ele não respondia?

- Prometa! - insistiu, fechando os punhos sobre os seus ombros. Mas ele não reagia. Era como se ela não estivesse ali e o mesmo estivesse sozinho. Terrivelmente sozinho com uma decisão que no seu entender deveria ser fácil.

- Me prometa! – ela bateu as palmas das mãos no seu peito, exigindo uma resposta. Mas esta não veio. Nem mesmo seus olhos se fixavam nela.

- Naruto-kun! – Começou a gritar, e agora tinha fechado os punhos e atingindo os seus ombros com força. Estava com raiva dele. Com raiva por não responder, por não considerar uma resposta. Com raiva por nem ao menos ter coragem de mentir para satisfazer aquela que carregava seu filho no ventre.

- Prometa! – gritou novamente atingindo os punhos em seu ombro. Já estava usando tanta força que sentia dor naquilo – prometa! – continuava, desta vez sem aguardar por uma resposta – prometa! -  um novo golpe potente ocorreu entre seus punhos e os ombros dele – prometa! -  repetia ela já fechando os olhos que estavam úmidos de lagrimas – prometa! -  ergueu as mãos bem alto daquela vez antes de atingir os ombros dele – prometa! – sua voz já ecoava pela mata, podendo chamar a atenção de algum ANBU que estivesse observando as coisas nas redondezas na aldeia, mas ela não se importava.

- Prometa, prometa, prometa! – já dizia sem parar, socando-o a cada palavra, usando esta como marco para cada um de seus golpes – prometa para mim Naruto! – urrou ela em agonia, os olhos espirrando lágrimas conforme a cabeça se movia para frente e para trás em conjunção com seus punhos já dormentes de tanto atingir seu amado que parecia mais ser um mero boneco embaixo dela – por favor! – implorava em desespero. Porque ele ao menos não mentia para ela? Porque não a segurava? Porque ele tinha que ser o que ela sempre esperava dele? Não podia decepcioná-la daquela vez? Não podia mentir para lhe fazer feliz? Tinha que ser tão honesto assim? – Minta para mim, prometa que vai sobreviver! Prometa, prometa, prometa...

Ela não queria aceitar aquilo. Não podia admitir que o mesmo ficasse quieto enquanto ela o socava constantemente. Ainda ordenava para ele fazer a promessa, e o mesmo continuava da mesma forma, apenas observando-a com certa ternura, ora com certa tristeza.

Estaria ele em prantos porque sabia que nunca poderia ver o filho crescer? Estaria furioso com ela pelas conseqüências de suas ações impensadas? Ela queria aquilo desde o começo. É uma fantasia que mais cedo ou mais tarde as mulheres acabam tendo, algumas vão até o fim, a maioria não. Ela não era como a maioria.

Queria apenas palavras vazias, palavras inúteis, palavras que nada podiam alterar, que nada iriam mudar, que nada acrescentariam ao que sentia por ele, mas queria ouvi-las. Queria que ele prometesse aquilo. Não podia ser tão difícil assim mentir para ela. Ela própria mentiu a si mesma por toda a vida ao acreditar que nunca conseguiria expor o que sentia por ele exceto quando na morte. Porque ele não podia fazer o mesmo? Era muito terrível aquela mentira insignificante apenas para fazê-la sorrir um pouco? Apenas para proteger seu filho?

Prometa! Ouvia a sua própria voz ecoar pelo local apesar de mal ter consciência de que ainda pedia aquilo. Só via borrões pelas lagrimas nos olhos, apenas sentia impactos de seus punhos de tão amortecidos que ficaram por socá-lo sem parar. Homens mentiam para tudo, menos quando elas queriam, tinha pensado loucamente.

Ela não prometeria cuidar de si mesma se ele não dissesse aquilo. Ela sabia que ia ser mentira, aceitava ser mentira, mas queria ouvir. Era algo que precisava ouvir, como um pequeno presente simples tipo um brinco ou pulseira. Apenas queria ouvir aquilo, apenas queria ouvir aquelas palavras prometendo que ia tentar ficar vivo, que ia sobreviver para ver o filho crescer, ou talvez para levá-lo caso se casasse com outra pessoa, não importava para ela, apenas queria as palavras.

Nunca soube por quanto tempo ficou daquele jeito, socando-o e exigindo uma promessa que sabia que podia ser falsa, que podia ser vazia. Uma promessa apenas para fingir um acordo, a de que ia ficar longe do perigo, provavelmente ajudando os genins a escoltarem as pessoas da aldeia para um lugar mais seguro.

Mas sabia que devia ter sido por um grande tempo. Um tempo provavelmente inacreditável. Percebeu a si mesma deitada no peito dele, sentindo sua camisa molhada. Molhada com suas lagrimas. Seus punhos estavam roxos e ardendo de tanto tê-lo atingido, e podia ver por sobre o tecido que seus ombros estavam inchados.

Mas ele ficou em silencio. Aguardou com paciência e compreensão ela extravasar seu desespero. Aguardou ela compreender que ele era mais do que muitos imaginavam, e que para ela acabou se tornando o príncipe perfeito de sua vida.

Ele não ia mentir para ela.

Ele nunca mentiria para ela.

Ela chorou novamente ao compreender isso. Tentava abraçá-lo com as mãos e braços feridos cujos músculos mal obedeciam. Ele não faria uma promessa que não poderia cumprir.

Nem mesmo para ela.

Nem mesmo para que ela protegesse seu filho.

Tinha aproveitado cada momento com a consciência que iria terminar. Acreditando e se preparando para um encerramento abrupto. Aproveitara cada minuto com ele, com o amor obsessivo de sua vida, a paixão de sua infância, aquele que a deixava sem palavras e que a fazia desmaiar de emoção quando se aproximava. Sempre a cada segundo sabendo e aceitando que iria terminar. Que ele provavelmente acabaria se cansando de uma menina tímida e que apenas estava sendo egoísta, ou que talvez encontrasse uma mulher mais interessante. Ou até ela própria percebesse que não era como tinha sonhado.

Mas agora desejava que não acabasse. A promessa exigida que ele não fez mudou sua convicção.

Ela jamais estaria preparada para quando acabasse. Ela não queria que acabasse.

Mas ia acabar.

Ele tinha confirmado isso.

Seu silencio disse-lhe tudo o que não queria ouvir.

Ele nem mesmo prometeu tentar!

- Hinata – murmurou ele começando a acariciar sua nuca – gostaria de lhe pedir um favor.

Ela nada disse. Apenas fechou os olhos e deixou as lágrimas fluírem por sobre a já encharcada camisa dele.

- Se for menina – continuou ele – queria que se chamasse Kushina, o nome da minha mãe – abriu os olhos involuntariamente. Ele sabia o nome da mãe? – e se for menino, queria que o batizasse de Minato, o nome de meu pai, o quarto hokage.

Trincou os dentes tentando evitar de transparecer o quanto aquilo a chocou. Como ele sabia disto? E pensando bem, ele era mesmo parecido com a figura do quarto hokage esculpida na montanha. Seria uma adivinhação?

- É só um favor que te peço Hinata, é você quem vai nutrir e criar esta criança. É você quem decide.

Ela não disse nada. Ainda queria a promessa que ele nunca faria. Por toda aquela noite, ficou deitada no peito dele, e ele apenas a abraçou. Apenas sentiram a respiração um do outro e ocasionalmente moviam as mãos por sobre o corpo do outro para demonstrar carinho. Ele não pediu para ela se proteger e com isso proteger a criança em seu ventre.

Aquela tinha sido a ultima vez que tinha ouvido a voz dele. Aquele fora o ultimo pedido que ele lhe fez em vida.

 Na pequena clareira próxima a área de treinamento nove, uma hyuuga estava sentada ao chão abraçando os próprios joelhos. Havia um brilho a mais em seus olhos causado pelo excesso de liquido lacrimal nestes, mas não o bastante para lágrimas. Diferente de todas as outras lembranças que tinha, para esta ela não conseguia mais chorar. Nunca mais chorou com a lembrança da ultima noite em que esteve com aquele que foi o grande amor de sua vida.

Ela já tinha chorado e purgado todas as suas emoções naquela noite. Seria injusto chorar novamente com as lembranças. Especialmente com estas lembranças. Ao invés disto ela sorriu. Sorriu porque naquela derradeira noite havia conhecido a real natureza da alma dele. A alma de alguém que jamais faria uma promessa vazia.

- Atendi seu pedido, Naruto – murmurou ela com o sorriso nos lábios. Um sorriso duplo pois finalmente se considerou intima o bastante dele para apenas dizer o seu nome sem nenhum sufixo – e agora que nosso filho está começando sua vida,  creio que posso fazer o que você sem dúvida gostaria que eu fizesse. Encontrar alguém com quem eu possa ser feliz.


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Notas finais do capítulo

Acho que este é o flashback que muitos aguardavam. Espero que tenha ficado bom.