Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 59
Capítulo 59




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- Fazendeiros é certeza de que não podem ser.

Anko ficou observando a distancia, evitando de ficar de pé como seus gennins enquanto aproveitavam a visão permitida por aquele rochedo no alto da colina próxima. Eram umas seis, talvez sete construções agrupadas de uma forma aleatória, até comum em fazendas, mas não havia uma fazenda ali, e nem mesmo campos.

- Não, não são, Umito-kun – disse ela com os olhos semicerrados – mas acredito que deve ter sido algum dia. Olhem o vale ali – ela indicou com a cabeça o vale a direita com vegetação rasteira, com algumas arvores esparsas mais altas – bem mais atrás podemos ver bosques, mas não aqui. Deve ter sido uma fazenda que foi abandonada há uns dez anos. A vegetação começou a tomar conta dos campos, que devido a estarem mais férteis que a floresta próxima, facilitou e muito o crescimento de plantas rasteiras. As árvores vão voltar com o tempo, mas não será tão rápido por causa do mato que rouba as forças das sementes delas.

Ela não tinha apostado muito nas informações que tinham obtido com o lapidador. Segundo ele, aquela coloração rosada dos rubis indicavam que deviam ter vindo das montanhas que faziam fronteira com o pais do Arroz. De fato, houve muitas minas lá no passado. Ela mesma quando ainda era discípula de Orochimaru tinha ido até uma delas para fazer um serviço ao seu lado, poucos meses antes dele se tornar um nukenin. Não se lembrava qual serviço tinha sido – ela ainda tinha muitas memórias deste período apagadas. Mas já naquela época as minas estavam se esgotando, sendo que muitas já estavam abandonadas.

Agora depois de décadas, duvidava que alguma delas ainda pudesse ser explorada. Alguns vilarejos que se formaram quando elas eram rentáveis se tornaram aldeias prosperas, mas a maioria acabou desaparecendo. Mesmo assim foram investigar, e em um dos vilarejos que encontraram na região, conseguiram algumas informações de que em um lugar ainda havia uma mina com algumas pedras, mas que era controlada por um grupo muito reservado, que não se misturava com os outros e nem permitia que estranhos entrassem no seu território.

- E o que eles são então? – perguntou Outa agachado um pouco mais afastado deles.

- Ou são mineiros se aproveitando das migalhas que ainda podem obter de algumas minas próximas, ou mais provavelmente um grupo de abandonados que achou um lugar para se esconder e sobreviver – disse ela pensativa.

Ela voltou a observar o vale e apertou os lábios, imaginando que já tinha visto aquela geografia antes. Teria ela estado ali quando era discípula de Orochimaru? Pelo sim e pelo não, deveria investigar melhor. Se foi daquele local que vieram os rubis que pagaram a relojoeira, podia haver algum indicativo de onde procurar por Kabnuto.

Desde, é claro, que o próprio Kabuto não estivesse por lá. Mas se fosse este o caso, o selo em seu ombro a avisaria.

- Umito-kun, vá com Outa-kun e monte um acampamento onde possamos vigiá-los mas sem risco que vejam nossa fogueira a noite. Mocinha – disse ela olhando a gennin que estranhou um pouco a expressão de seus olhos – como anda a sua capacidade de representar?

Ela abriu a boca surpresa, mas nada disse. Devia estar imaginando a que a sua sensei tinha em mente.

-x-

Ele tirou a bandana da testa e a molhou na rala lagoa, a recolocando de volta no lugar e relaxando com a água fria refrescante que se espalhava devagar pela sua testa. E tinha sido o primeiro tesouro. Se os outros dois fossem assim, iriam estar mortos antes de terminar. Bom, um deles já estava perdido mesmo.

Levantou-se de forma a ficar sentado no chão e observou seus colegas. Tsunijo tratava de seu ombro ferido cheio de farpas decorrente de quando o derrubaram do muro do posto e ele caiu naquelas plantas cheias de espinhos, e Wohu enfaixava a sua perna pressionando bem as gazes para que estas mantivessem o seu corte bem fechado sem necessidade de pontos. Ele tinha muitas luxações e muitas, mas muitas bolhas nos punhos de tantos socos que deu para abrir caminho e escapar.

Mas estavam vivos, inteiros e até que em boa forma apesar de tudo. Nunca teriam imaginado que o posto de soldados tinha sido abandonado pouco tempo após o tesouro ser devolvido, e que ninguém se incomodou de tirar este de lá, e nem que o bando de arruaceiros que lá se instalou nunca o tivesse visto. Talvez até o tenham visto, mas deviam ter imaginado que era apenas uma escultura pendurada na parede.

Ele colocou a mão no bolso e retirou de lá o que tanto se esforçaram para pegar, o Medalhão de Sangue. Como sofreram para pegar aquilo! Não fosse a secretaria do raikage lhes dizer quais times tinham a lista do que procuravam, ainda estariam vagando a esmo tentando saber o que fazer. E se o time de Konoha no final não tivesse lhes entregue uma copia da lista, ainda estariam assim. Alias, até terem pegado aquilo, ele tinha duvidas se tinham lhes entregue uma lista verdadeira.

Olhou para a cima, entre a folhagem das arvores e viu que o céu estava cinzento, indicando um anoitecer breve. Olhou para seus companheiros mas estes ainda cuidavam de suas feridas. Era melhor aguardar eles terminarem antes de irem atrás de suas mochilas, e também descansar o máximo possível.

Apesar do fiasco que foi enfrentar aquele time – ainda não acreditava em como foram capazes de derrotar a eles e ainda mais outros dois times de uma vez – não tinham outra escolha além de verificar se a lista estava correta. Foram atrás do tesouro mais próximo deles segundo a lista e tiveram a confirmação de que esta era verdadeira, mas também que o tempo que levaram para conseguir a informação tinha cobrado seu preço. Alguém já tinha passado pelo monte Tenrou e levado a perola. Ao menos a sacerdotisa fora amistosa lhes dando alguns suprimentos para prosseguirem viagem.

Decidiram então ir rumo ao tesouro mais distante, o Medalhão de Sangue que estava em um posto de soldados ao norte do país. Descansaram o mínimo possível e se esforçaram ao máximo, tentando ser o primeiro time a chegar ali. Aparentemente tinham sido bem sucedidos,

Mas foi uma surpresa descobrir que o posto tinha sido abandonado. Sem nem imaginar aquilo, foram entrando ali diretamente e deram de cara com eles, os que invadiram e tomaram o lugar para si. E Wohu tinha que ser idiota para responder quando eles inquiriram quem eram eles e o que faziam ali.

Pelo menos ele podia ter omitido a palavra tesouro...

Tiveram que sair de lá correndo, se escondendo deles e voltando mais tarde, pois eles acabaram pegando o medalhão e estavam esquentando este no fogo, imaginando que devia ser feito de ouro.  Tiveram que entrar no meio daquele bando e arrancar o medalhão de lá, e foi uma luta enorme conseguir fazer isso. Deviam ter lutado contra trinta ou quarenta deles. Felizmente nenhum tinha qualquer treinamento militar ou estariam realmente em apuros. Mas mesmo assim foi uma batalha.

Seus colegas estavam terminando de se tratarem, e ele se levantou devagar.

- Vamos indo? – disse ele os incitando a ir mais rápidos.

- Me dê só um minuto – disse Wohu terminando de enfaixar a perna – pronto.

Os três seguiram pelas arvores até onde tinham deixado suas mochilas, em uma fresta de uma escarpa onde podiam ver o interior do posto. Foi assim que viram o que pretendiam fazer com o medalhão. Para sorte deles, era feito de bronze, e tinha pedras vermelhas que o ornavam. Não ficou danificado com o calor e ele mesmo duvidava que aquelas pedras eram preciosas. Era mesmo apenas uma lembrança no fim das contas.

Pegaram as mochilas e avançaram por horas tomando distancia, até ser tarde da noite. Fizeram um acampamento e estavam começando a acender o fogo, satisfeitos por finalmente terem ultrapassado todas as dificuldades e conseguido pelo menos um dos tesouros. O outro estava sem duvida perdido, mas acreditavam que ainda podiam ter sorte no terceiro, um leque feito de prata e seda fina chamado de “Preciosa Amante”. Iriam encontrá-lo mais ao sul, já no caminho de volta para a aldeia.

- Yashu – chamou Tsunijo ajeitando a madeira e as folhas secas para fazer fogo – está com o isqueiro?

Ele examinou sua mochila procurando pelo item, enquanto percebia que a noite iria ficar fria pelo jeito. Uma neblina estava começando a se formar ali. Pegou o isqueiro e o jogou para ele, que começou a acender o fogo. Depois disso foi até Wohu que estava retirando porções de comida que tinham recebido quando estiveram no templo Tenrou para pegar alguns potes de barro e deixá-los sobre uma pedra próxima ao fogo, para esquentá-los.

Uma hora depois estavam relaxando um pouco, mas ainda pensativos e um pouco excitados pela tarefa concluída. Ele decidiu ser o primeiro a ficar de vigia, e se afastou do fogo para um local mais distante, mas com o fogo ainda a vista. A neblina estava bem mais forte agora e ele queria se aproveitar dela para ficar melhor oculto. Encontrou uma árvore com um tronco de bom tamanho e sentou-se ao lado desta, observando os arredores.

Os sons de áreas com arvores sempre o incomodavam. As vezes era difícil saber se o som era de algum animal ou não, de forma que por duas horas acabou se movendo bastante por ali para investigá-los, mas para seu conforto não achou nada demais. Estava se preparando para chamar Tsunijo para rendê-lo quando ouviu um estalo acima dele. Pegou sua kunai e subiu na arvore, utilizando de sua habilidade para subir em superfícies. Mas quando estava na metade do caminho, algo estranho ocorreu. O fogo da fogueira que ele podia ver pela neblina desapareceu. Ele olhou para isso e franziu o cenho. Teria algum de seus colegas o apagado? Preferiu subir mais alto e conferir o som primeiro, mas nada estranho achou lá em cima. Podia ser a própria madeira da árvore estalando com o frio. Dali também viu que a neblina não estava muito alta, apenas ficava a poucos metros do chão, mas confirmou que a fogueira estava mesmo apagada.

Desceu da árvore e foi até o acampamento deles, e para sua surpresa, viu apenas cinzas onde antes estava a madeira queimando. Olhando melhor pareceu que alguma coisa – talvez uma pedra grande – tinha sido jogada ali, abafando toda a fogueira. Foi até seus companheiros deitados e tocou em um deles para acordá-lo.

Pulou para trás em seguida. Parecia que tinha tocado em uma pedra, não numa pessoa. Assustado, viu o que estava embaixo do cobertor retira-lo e se levantar lentamente. Era Wohu, mas ele parecia estranho. Não parecia que o olhava diretamente, seus olhos estavam vidrados, estáticos, quase não se mexiam.

- Wohu? – chamou ele ainda segurando a kunai na mão – está tudo bem com você?

Sem aviso ele pulou na sua direção com o pé na frente, e surpreso pulou para o lado se desviando. Wohu assim que pousou girou o corpo lançando o joelho na sua direção, que ele prontamente bloqueou tentando entender o que estava acontecendo. Ele parecia mais um boneco se movendo, sem expressar nada no rosto. Deu alguns passos para trás e ouviu alguns sons distantes. Pareciam tilintar de metais.

Wohu saltou para cima dele novamente, mas desta vez ele revidou desviando sua perna e atingindo o seu peito com um soco, e percebendo como este estava duro começou a imaginar se aquilo era alguma outra coisa, e não seu colega de time.

Ouviu um som distante ecoando ao redor. Era de uma explosão. Não devia ter ocorrido muito longe dali. Desta vez ele usou a kunai contra aquele que parecia ser Wohu e ao atingi-lo na barriga, ele se despedaçou em varias pedras menores.

Aquilo era doton! Um clone de pedra com a aparência de seu colega. Então o som que tinha ouvido antes devia ser deles enfrentando alguém. Apurou os ouvidos tentando ouvir mais alguma coisa. Parecia ouvir algo, mas não tinha como precisar o que seria. Ainda ouvia os sons daquele bosque a noite, com corujas piando e alguns insetos fazendo barulho. Quando se voltou para onde estava seu acampamento para aferir se ali haveria alguma indicação de para onde teriam ido, duas figuras de Wohu apareceram na sua frente e o atacaram.

Desta vez, ele sabia o que estava enfrentando. Pulou diretamente entre os dois e para sua surpresa cada um foi para um lado. Foi atrás do que tinha ido a esquerda, mas desta vez ele parecia mais rápido, se desviando de seu primeiro golpe e bloqueando um segundo. Depois ele precisou se afastar pois a segunda copia o tinha atacado por trás. Ele deu um salto para tomar distância e arremessou varias shurikens neles, que nada fizeram para se desviar, permitindo que estas os atingissem.

Apenas três delas ficaram presas nos seus corpos de pedra, as outras resvalaram longe. E quando se moveram estas mesmas shurikens caíram no chão. Estava tentando entender que tipo de clone eram esses. Pareciam ser razoavelmente frágeis como aqueles que aquele rapaz de Konoha fez, mas apenas contra golpes fortes. Arremessou a kunai que ainda segurava contra um deles que se desviou facilmente, mas com isso ficou com a guarda aberta para um soco direto no seu rosto. Viu este rachar e em seguida todo o seu corpo se desmanchou em pedaços. Voltou-se contra o outro e saltou na sua direção.

Mas para sua surpresa, ele errou! Não conseguiu acreditar. Ele saltou certo, mas pareceu que seu corpo tinha se desviado no meio do ar. Ele contudo não errou. Quando passou do seu lado, lhe acertou uma cotovelada na barriga, o atirando no chão. Ele rolou pra escapar de seu pé que ia chutar seu rosto, e firmando-se ele se ergueu em um salto o atingindo no peito, o fazendo se despedaçar.

Sentia os nós de seus dedos doerem pelo soco que tinha dado, e ainda não fazia idéia do que estava acontecendo ali, mas imaginava que era algum tipo de ataque se utilizando de engodo. Não entendia o que tinha ocorrido com seus companheiros e nem como agiram tão rápido, mas precisava encontrá-los. Acreditava estar sendo mantido ali enquanto eles eram atacados, e talvez os sons que ouviu a distancia eram referentes a esse ataque. Novamente ele se dirigiu a onde estava o acampamento, e desta vez não foi interrompido.

Ao chegar, viu as cinzas da fogueira ainda ali, emanando calor para o ambiente. Viu o cobertor de Wohu bem onde aquela copia de pedra o tinha deixado, e olhando ao redor encontrou o cobertor de Tsunijo um pouco mais afastado. Continuou explorando até achar roupas no chão, bem como outras coisas como pacotes de bolachas – as rações de emergência que tinham – aqueles potes de comida que receberam no monte Tenrou, uma bolsa de couro... espere! Aquela bolsa era dele! Era onde ele guardava as kunais dentro de sua mochila. Alguém tinha revistado suas coisas!

- O tesouro – murmurou ele sentindo um temor crescendo na boca do estômago. Era isso o que estava ocorrendo. Estavam sendo atacados por outro time ninja que devia estar atrás do tesouro que tinham recuperado. Ainda estava no seu bolso, mas pelo visto eles não sabiam disto.

Ainda!

Precisava de uma visão melhor do local. Como a neblina não ia muito além do chão, pulou para uma arvore para tentar ver onde seus companheiros estariam. Mas não conseguiu! Quando estava a meio pulo de distancia, algo puxou seu tornozelo e ele caiu ao chão. Foi como se algo tivesse enlaçado na sua perna, mas nada viu quando examinou. Tentou novamente e acabou ocorrendo o mesmo.

Tinha alguém ali bem oculto o mantendo ocupado, muito provavelmente enquanto seus colegas eram subjugados. Correu até a base de uma árvore e começou a correr pelo seu tronco, e logo em seguida moveu-se para o outro lado deste para escapar de kunais que foram lançadas contra ele. Mas para sua surpresa, as kunais deram a volta no tronco e por pouco não o atingiram.

Continuou subindo, logo ficando acima da neblina e finalmente podendo ver melhor. Esgueirou-se por entre as folhas e galhos da árvore em que estava e percebeu um vulto abaixo de si, bem perto to tronco da árvore em que estava. Sem perder tempo arremessou uma kunai com tarja e pulou para outra árvore. Novamente sentiu-se sendo agarrado por alguma coisa, e lançou shurinkens para a base da árvore onde viu o vulto antes. Antes de seu queda o colocar abaixo de neblina novamente, sentiu que estava livre, portanto tinha mirado no lugar certo.

Ao pousar no chão ouviu uma explosão referente a kunai que tinha arremessado primeiro. Aproveitou-se disto e saltou novamente para uma das árvores, cuidando de se afastar depressa de lá. Não iria cometer o mesmo erro que teve contra o time de Konoha. Estava sendo manipulado da mesma forma que aquele rapaz tinha feito, indo para onde seu oponente queria ou esperava.

Conforme saltava, ouviu outra grande explosão, esta mais próxima que a primeira. Foi na direção do som e percebeu a neblina ficando mais densa ainda. Parou de se mover por alguns instantes para se orientar, mas nada conseguia ver. Abaixo dele via apenas uma espessa neblina que podia estar ocultando qualquer coisa, até mesmo um lago. Nem tinha como avaliar a distancia que estava do solo para arriscar a pular dali.

Mas não pode ficar lá por muito tempo. Um silvo o forçou a se abaixar para escapar de uma kunai que foi na sua direção e se cravou no tronco onde momentos antes seu ombro estava. Em seguida veio mais algumas, o forçando a ir para baixo pelo tronco, até que uma explosão ocorreu acima dele o fazendo perder o equilíbrio, o forçando a girar e manter os joelhos dobrados enquanto tentava divisar o solo abaixo dele. A menos de dois metros conseguiu vê-lo, e pousou com segurança.

Imediatamente ele pegou algumas shurikens e arremessou estas ao redor, para se garantir. Mas não ouviu nenhum som exceto o das laminas atingido madeira a distancia. Ficou ali agachado esperando, sabendo que se tentasse se mover seria atacado. Mas também sabia que quanto mais tempo permanecesse ali parado, mais chances daria para seus oponentes se organizarem.

Deu um pequeno passo para trás e ouviu algo. Parecia ser um som estranho, algo parecido com o som que ocorria quando alguém afiava uma kunai em uma pedra de amolar, exceto que estava ainda distante, mas parecia se mover lentamente na sua direção.

Viu um vulto o atacando através da neblina e se desviou deste, acertando-lhe um chute nas costas, e imediatamente percebeu que era outro daqueles clones de pedra, devido a dureza deste. Rangendo os dentes, pegou uma kunai e o atingiu com força, o despedaçando. Enquanto ainda ouvia as pedras partidas do clone rolarem pelo chão, novamente ouviu aquele som, e parecia mais próximo agora.

Movia a cabeça de um lado para o outro tentando entender o que estava causando aquilo. Começou a se mover lentamente para a direita, sempre com os ouvidos apurados e com os olhos atentos a qualquer movimento que captasse na neblina. Percebeu algo atrás de si e se abaixou, ao mesmo tempo em que girava o corpo e arremetia os dois pés na direção onde pressentiu algo. Atingiu algo duro, que começou a se despedaçar em seguida. Era outro clone de doton.

Ficou ali respirando devagar, os olhos tão abertos que estavam ameaçando lacrimejar. Ele se sentia acuado e cercado. Estavam manobrando ele, atacando de surpresa apenas para testar suas defesas, e sem se arriscarem realmente. Ao ouvir mais uma vez aquele som – agora muito mais próximo – ele pegou todas as kunais com tarja que tinha e arremessou em um circulo ao seu redor. Instantes depois varias explosões começaram a ocorrer, iluminando de forma espectral a neblina com chamas alaranjadas, dando por meio destas uma espécie de visão em flashs das coisas ao redor. Via vultos de árvores, arbustos, pedras, aparentemente um corpo deitado próximo a ele, e algo para o qual toda sua atenção se voltou. Um vulto pulando a sua esquerda. Arremessou suas shurikens ali de forma a formar um circulo com elas. Sua tenacidade acabou sendo recompensada com um som de dor, que lhe orientou para onde ir.

Ele correu na direção do som, vendo um vulto aparentemente agachado fazendo alguma coisa. Mas nada pode fazer contra ele pois em seguida seus instintos e reflexos treinados o fizeram estancar onde estava para escapar de uma grande lamina que cruzou a sua frente. Ele dobrou o corpo de costas para escapar de uma nova investida e saltou para trás, incrédulo com aquilo. Era uma foice enorme? Como diabos iria enfrentar algo assim no meio de uma neblina?

O som de algo metálico roçando se fazia ouvir novamente, bem mais alto e chegando até mesmo a vibrar o seu peito. Devia ser aquela maldita foice. Deviam estar usando ela para fazer aquele som e perturbá-lo.

E estavam conseguindo.

Viu um vulto a sua frente, e este movia a foice na sua direção. Ele moveu-se para o lado e chutou a foice afastando-a, atingindo o pescoço dele em seguida com os dedos.

Logo depois disto recolheu a mão com os dedos doendo. Era outro clone de pedra! Sentiu uma grande raiva enquanto girava o corpo e atingia este com a perna, o despedaçando. Mas no momento em que fez isso, sentiu um impacto nas suas costas, causando dor. Virou-se para se defender e não viu nada, mas ouviu um som de algo cortando o ar.

Pulou para trás escapando de um novo golpe da foice – este de forma horizontal – e abriu a boca incrédulo quando sentiu ser atingido em vários lugares por alguma coisa. Ele tateou seu corpo com as mãos e percebeu o que eram. Agulhas! Longas agulhas que se cravaram em sua carne. Desviando-se da foice, era quase impossível perceber elas vindo. Enquanto as removia do corpo ouviu novamente aquele som movendo-se ao redor dele.

Não conseguia entender porque faziam isso. Achavam que o assustava? Na verdade o ajudava, pois indicava onde ele poderia estar. Assim que retirou a ultima agulha saltou na direção de onde o som vinha, apenas para precisar se desviar em pleno ar da foice e ser atingido por outro chute no rosto, mas não parou por ai. Enquanto caia, levou mais alguns golpes na barriga e no cotovelo, e depois de rolar no chão, viu acima dele novamente aquele vulto com a foice movendo esta em direção ao seu peito.

Escapou por pouco, e ao se erguer conseguiu atingir uma joelhada nele. Apenas para com raiva constatar que era mais uma vez o clone de pedra.

Estava cansado e dolorido, e já arfava muito. Não tinha a menor idéia de quem enfrentava e já tinha certeza de que seus companheiros deviam estar dominados.

Já que ele considerava ser quase certo que no fim seria derrotado, era melhor tentar uma ultima cartada. Saltou para o alto, em direção a uma provável arvore. Pouco depois de ultrapassar a neblina sentiu seu tornozelo ser laçado por alguma coisa – como esperava – e considerando a direção em que foi puxado para baixo, avaliou onde estaria seu oponente que estava fazendo isso. Jogou naquele local as poucas shurikens que possuía e ao atingir o solo saltou para aquele lado.

Acabou batendo em uma parede de pedra – seu oponente devia ter feito aquilo para se proteger – e sem chances de se desviar, recebeu um grande impacto nas costas e viu a poucos centímetros de sua face aquela foice ser cravada na parede de pedra.

Demonstrou raiva no rosto, se recusando a desistir e jogando o corpo para trás e atingindo alguém ali. Ao se virar conseguiu agarrar os ombros desta pessoa e tentou imobilizá-lo, mas sentiu algo o atingir nas costas, e em seguida sentiu um liquido quente escorrer por esta.

Sangue?

Tentou mover-se para verificar como estava suas costas, mas foi atingido na têmpora e nos rins varias vezes, sentindo seu corpo começar a se recusar a obedecê-lo. Acabou caindo no chão e continuou sendo espancado de varias formas. Ainda assim ele tentou pular longe, apenas para sentir algo o puxando pelas costas e então receber um novo golpe nestas. Desta vez foi mais lento, e ele sentiu claramente algo cortando sua carne. Quando se virou viu Wohu o atingindo com alguns socos – socos duros como pedra – até que ele caiu ao chão.

Ficou ali quase sendo incapaz de se mover, mas respirando pesadamente, percebendo o sangue em suas costas escoar-se lentamente. Sentiu algo invadir seus bolsos um a um, até que chegaram onde estava o medalhão e o retiraram. Começou a tentar se erguer novamente, mas recebeu um novo chute no rim, que o fez desabar sem forças.

Ouvia algumas vozes, mas não conseguia entende-las. Fechou os olhos e se concentrou tentando verificar o seu estado. Devia estar com uma ou duas costelas quebradas, dois cortes nas costas e muitos hematomas no rosto, sem contar os vários golpes que recebeu nos rins. Eles queriam imobilizá-lo, e fizeram de tudo para isso. Quando abriu os olhos, percebeu de uma forma confusa que a neblina tinha desaparecido.

Um pouco distante viu três pessoas andando, desaparecendo entre as árvores, e aparentemente a uns trinta metros dele havia outra pessoa também caída no chão.

Ainda acreditava que seu corpo iria falhar se tentasse se levantar agora, assim deitou-se de bruços e tateou suas costas com as mãos, tentando quantificar seus ferimentos. Encontrou um grande corte a esquerda, vindo do ombro até a altura do rim. Era o lado que mais doía, mas não lhe pareceu ser perigosamente profundo. Ainda assim era mais fundo do que gostaria, pois atingiu suas costelas e chegou a ter de dois a três dedos de profundidade. Já do outro lado, pouco acima do diafragma encontrou um corte com talvez cinco dedos de largura, mas pelo sangue que sentia sair dali, devia ser mais perigoso que o outro. Sem duvida foi feito com a foice se cravando nele.

Tomando cuidado, usou os dedos pra unir os lados do corte, reduzindo o sangue que perdia. Ao menos sabia que o diafragma e os pulmões não foram atingidos, ou seria quase impossível respirar agora. Tudo o que tinha de fazer seria esperar um pouco para poder se erguer e procurar seus companheiros – apostava que aquele corpo um pouco distante devia ser de um deles – e esperar que ao menos estivessem em condições de lhe fazer algum tratamento de emergência antes de procurarem ajuda em alguma aldeia. Felizmente havia uma próxima dali, a algumas horas de caminhada.

Mesmo assim, sentia-se péssimo por ter perdido o tesouro, e ainda daquela forma, com outro time controlando praticamente toda a situação. Foi quase igual ao que ocorreu contra Konoha. No fundo estava realmente acreditando que não estavam preparados ainda para tentarem fazer aquele exame. De qualquer forma, ainda tinham um tesouro para tentar pegar. Não iriam desistir assim.

Com este pensamento, foi capaz de se manter consciente e de se erguer para procurar seus companheiros, e como esperava o corpo era de Wohu. Estava bem machucado mas não com cortes. Quando conseguiu acordá-lo, finalmente se permitiu relaxar, chegando a desmaiar de exaustão em seguida.

Ele só despertaria no dia seguinte, em uma cama de um médico ao qual seus colegas o levaram.


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