Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 60
Capítulo 60




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Olhou as cartas na mesa e o rosto de menina de Chizuka que a encarava com um sorriso zombeteiro. Franziu o cenho e observou novamente a sua mão, ponderando sobre o que fazer agora. Masaki já tinha parado de jogar fazia tempo e Heromi parecia mais interessada em ler aquele romance que ela tinha comprado na aldeia que foram fazer compras alguns dias antes.

- Onde eu estava com a cabeça para lhe ensinar a jogar isso? – ralhou ela largando as cartas na mesa e cruzando os braços.

Chizuka deu um grito de alegria e abriu as mãos abraçando as moedas que estavam na mesa que ela tinha ganhado. Eram em grande quantidade, mas de pouco valor cada uma. Para tornar aquilo interessante só usavam moedas de fração de ryou, de forma que se somando tudo ali desse cem ryous, seria muito.

- Vamos aumentar a aposta? – disse ela abrindo a boca e parecendo mais malandra agora.

- Contra Masaki ou Ataso eu até aceitaria, é interessante eu tirar a roupa deles ou eles tirarem a minha, mas se apenas nós duas apostarmos assim, eles é que vão se divertir.

Deu uma olhada para Masaki que ficou vermelho com seu comentário, e Ataso continuava sempre controlado, em nada alterando sua posição confortavelmente sentada no sofá e com os olhos fechados. Até apostaria que estava dormindo, se não sentisse o seu chakra circulando mostrando que na verdade estava bem acordado.

- Como veio parar aqui, Chizuka-chan? – disse Etsu puxando conversa.

- Da mesma forma que você, eu acho.

- Te quebraram as costas, ia ser condenada a morte e o grande cavaleiro em capa de couro preta e suja...

- Ela está gasta, não suja – disse Ataso abrindo os olhos.

- Desculpe – ela riu – bom, o cavalo ai – ela apontou com o polegar – te trouxe para cá e o bom doutor te costurou toda?

- Não! – ela a olhou assustada – quis dizer que Kabuto fez algo por mim e acabei decidindo ficar. Não é por isso que está aqui?

- Estou aqui porque acho que não tenho escolha – disse ela se levantando e erguendo os braços de forma a se espreguiçar – afinal, ele fez tudo isso comigo e com certeza fez algo para garantir que eu obedecesse. De qualquer forma, foi um acordo. Ele me curou, e eu sou sua empregada agora.

- Ele não fez nada tão grandioso assim comigo. Eu era apenas uma camponesa que meu pai vendeu como esposa. Nada muito excepcional naquela região do país da Terra que eu morava. Meu marido me trouxe até este país, e até que ele era gentil comigo – ela sorriu levemente – acho mesmo que eu até estava começando a gostar dele. Mas fomos atacados no caminho e ele foi morto, e fui arrastada por aqueles homens para um lugar escondido onde não sei por quanto tempo abusaram e bateram em mim.

Etsu franziu o cenho, percebendo que o chakra do bijuu dela estava se revoando, como se ressoasse ao rancor que ela devia sentir ao se lembrar disto. Masaki e Ataso não pareciam interessados na história, provavelmente porque já a conheciam.

- Bom, um dia alguma coisa matou todos eles, foi Kabuto. O lugar para onde eles me levaram era um dos esconderijos dele.

- Ele não gostou de usarem sua casa como bordel – disse Heromi desviando os olhos do livro que lia e olhando Chizuka com um sorriso.

- É, ele disse alguma coisa assim. Ele disse para eu ir embora, porque não queria nada comigo, mas eu não tinha para onde ir. Acho que insisti tanto que ele acabou me aceitando como empregada, e logo depois acabou me tratando das feridas que me fizeram.

- O doutor sendo assim bonzinho sem querer nada em troca? – Etsu a olhava com um sorriso cínico e um dos olhos fechados, não acreditando muito.

- Confesso que é estranho – disse Heromi olhando para elas- mas foi exatamente o que aconteceu. Eu estava lá. Foi há sete anos. Mas ele aproveitou e experimentou nela algumas técnicas de reconstrução. Ela foi tão machucada e violentada que iria carregar cicatrizes para o resto da vida. E de uma simples camponesa ela passou a ser uma kunoichi. E um ano depois disto ele a transformou em uma jinchuuriki.

- Então no fim ele acabou usando-a – concluiu Etsu.

- Sim, mas nunca fez segredo disto. E ainda me sinto grata a ele. Eu não tinha mesmo para... ai!! – gritou ela ficando de pé sobre a cadeira e pulando sobre essa com medo.

Etsu pulou para trás se pondo em posição de combate quando ela deu aquele grito, mas logo viu a causa rastejando para diante dela.

- Northe, seu safado! Agora está assustando as moças?

A cobra nada disse, apenas se enroscou pela sua perna e subiu no seu corpo até aproximar-se de seu ouvido, onde sibilou por um longo tempo. Todos os outros na sala a observavam, pois sabiam que a cobra provavelmente estava ali a mando de Kabuto.

- Já falo para eles – disse ela para a cobra que se afastou em seguida – é hora de trabalharmos.

- Até que enfim – disse Ataso se levantando – mas porque ele não veio pessoalmente nos dizer isso?

- Porque ele não está aqui – disse ela séria, e Heromi arregalou os olhos quando ela falou isso – Vamos até o país do Fogo e aguardar a um dia de viagem de Konoha. Ele nos avisará o que teremos de fazer quando for apropriado.

- E como ele fará isso?

- Eu não tenho a menor idéia – disse ela pensativa – vou para o meu quarto ver como vou me disfarçar, o pessoal de Konoha já me conhece, e como vamos ficar próximos de lá, não quero que um shinobi de passagem me reconheça.

- Acho melhor fazermos o mesmo com relação a Chizuka – disse Heromi a olhando – tenho certeza de que sua descrição já foi dada a todas as aldeias.

- Venha comigo Chizuka-chan – disse Etsu – me diga... acha que ficaria bem de loira?

Ela ficou um pouco pensativa, mas sorriu em seguida acompanhando Etsu. Heromi permaneceu sentada observando ambas saírem da sala e notando que a cobra ainda estava por ali, talvez para vigiar o que faziam e só partindo quando eles fizessem o que Kabuto tinha mandado.

-x-

Ainda não acreditava que sua sensei escolheu logo esta forma de disfarce! Até que gostava das roupas que estava usando, mas esta específica combinação era vergonhosa! Sua mãe a mataria se a visse usando aquelas roupas, e seu pai a deixaria pendurada no porão e iria lhe bater com a vara por tempo suficiente para não conseguir nunca mais se sentar direito.

Bem, nem tanto assim. Sua mãe era mais provável que a revelia dela afrouxasse algumas coisas, já seu pai a aconselharia a usar tal roupa para manter seu marido – quando se casasse, claro – interessado. Aqueles dois não eram santinhos e muito menos puritanos, apenas um pouco discretos.

Ela gostava de saias curtas, mas com uma curta de couro daquelas ela iria usar uma calça bem apertada por baixo, coisa que não podia fazer agora devido ao seu “disfarce”. Sentia-se quase como se usasse um shorts bem curto. E ainda tinha que completar com um top que era praticamente a parte de cima de um biquíni branco – bom, era de couro, e talvez por isso o iria manter para ela depois da missão, pois achar quem fizesse um top de couro daqueles que modelava tão bem os seios era... bom, melhor não ficar divagando. A jaqueta de couro preta que era impossível de ser fechada dava um belo visual. Não fosse a saia muito curta ela teria até adorado. Havia ainda um bracelete dourado que sua sensei colocou em seu pulso e o trancou de um jeito que ela não conseguia abrir. Ela usava um idêntico, apenas um pouco maior para o pulso dela.

Mas o pior era andar de salto alto ali no meio do mato e com varias pedras incomodando. Não era dificil com sua atual experiência de kunoichi, mas acabava rebolando muito mais do que gostaria naquela situação. Felizmente os meninos concordavam com ela que era um disfarce um tanto exagerado – e só por isso não arrancou a cabeça deles – mas não ficou propriamente acanhada perto deles. Com tanta convivência e intimidade que desenvolveram, o pudor referente a se exibir para eles quase não a perturbava.

O problema era que iria ser exibida para um bando de homens provavelmente bem mal educados, rudes e que talvez simplesmente perguntassem quanto ela cobrava antes de sequer falar um oi!

Não... isso iriam perguntar a sua sensei que estava ainda mais vulgar que ela. Esta seria a sua “mãe” e ambas estariam fugindo de um bordel distante. Ela a fez rolar no chão e até se arrastar um pouco em pedregulhos para marcar a roupa e assim mostrar que estavam talvez dias andando e sofrendo meio perdidas na região. Mais do que ficar com dó de estragar aquela roupa nova – pelo menos marcou bem onde ficava a aldeia onde compraram aquilo – ficou com mais dó dos arranhões no seu rosto e pernas. Mas sua sensei, quer dizer, sua mãe também estava na mesma situação.

E até mais claramente vestida como uma prostituta que ela. Usava um top preto mostrando as curvas dos seios e a barriga, e uma saia também curta como a sua, mas vestia luvas de couro que iam dos pulsos até metade dos braços, com uma tipo de cadarço em zig-zag que não fechava este totalmente, deixando sua pele a mostra.

Felizmente ela não a obrigou a usar uma saia que eles tinham neste mesmo estilo.

Até entendia seu plano. Iriam ser vistas de uma forma não ameaçadora – na verdade, as veriam com desejo – por aqueles homens. Seria até fácil descobrir quem estaria no comando ali, pois este sem duvida iria querer ser o primeiro a aproveitar o “presente” inesperado. Mas porque simplesmente não utilizar um jutsu de transformação? Devido a este disfarce, nenhuma delas estava carregando armas, equipamentos, nada! Teriam apenas seus punhos e jutsus para utilizarem.

Bom, a sensei tinha alguns jutsus interessantes usando cobras, mas no seu caso não era tão fácil assim. Se pelo menos pudesse fazer alguma coisa de raiton...

Anko parou subitamente de andar e segurou no seu ombro, prestando atenção ao redor. Já estavam bem próximas daquelas casas onde viram apenas homens habitando. Estava se sentindo ansiosa e também com um medo crescente. Estava indo disfarçada de prostituta novata que por falta da escolha da mãe acabou enveredando por esse caminho. Não tinha nenhuma duvida do que poderia ocorrer quando as vissem. Na verdade estava quase em pânico entre personificar seu papel e ser violentada ali.

- Miyoko-chan – disse ela em voz baixa – sei muito bem não está a vontade com esse plano, e seu eu pudesse fazer isso sozinha eu faria. Quero que você se controle o máximo possível, e só aja quando for realmente impossível evitar um mal maior.

- E o que seria esse mal maior? – perguntou ela curiosa.

- Perder a virgindade – Miyoko ficou vermelha como tomate quando ela disse aquilo - não que isso seja da minha conta, mas não quero que vá tão longe para manter nosso disfarce. Com sorte, os rapazes já estarão posicionados quando eles não resistirem mais e decidirem nos cobrar pela hospitalidade.

- E se eles simplesmente decidirem pular em cima da gente?

- Nesse caso, cuide de chutar todos os que puder na virilha – ela riu levemente – mas creio que isto não vá ocorrer. De qualquer forma, espero que pelo menos tenha imaginado do porque eu decidir agir assim.

- Na verdade, não. Porque não podíamos usar um jutsu de transformação?

- Porque eles vão nos tocar – disse ela a encarando friamente – exatamente da maneira que você está imaginando. Conseguiria manter o jutsu nessa situação?

Apertou os lábios levemente, mas maneou a cabeça concordando com ela.

- Mineiros não são como pessoas comuns. São bem mais resistentes e fortes de tanto quebrarem pedras. Mesmo vigiando eles seria dificil saber quem manda ali, e no caso de um confronto, as chances estão contra nós. E precisamos deles vivos para nos falarem o que queremos. O chefe deles provavelmente vai querer ficar contigo e me deixar com os outros que vão decidir como vão me compartilhar – o rosto dela estava daquela forma de moleca de sempre – é a chance que vai ter de nocauteá-lo.

- E se ele fizer o contrário?

- Bem – ela colocou a mão na cabeça e fez uma pose um pouco erótica – então você está precisando se produzir mais.

- Sensei! – disse ela irritada e assustada.

Continuaram a andar e após alguns minutos estavam em frente a duas das casas. Podia ver rachaduras nestas, mas diferente do que pensavam, o local parecia ordenado, sem pilhas de lixo. Na verdade após uma olhada melhor viu do lado de uma das casas um tipo de cercado onde parecia ter pedaços de madeira ali.

Um dos homens que estava afiando uma picareta as viu e ficou de pé, com uma expressão de incredulidade no rosto. Lembrando-se de como agir, Miyoko demonstrou medo no rosto, segurando no braço de sua sensei e praticamente se abraçando nesta. Ela colocou a mão na sua cabeça e lhe aconchegou levemente, agindo como uma mãe agiria com a filha nesta situação.

O homem gritou chamando alguém e logo mais seis chegaram para ver o que ocorria, e como o primeiro, ficaram surpresos de vê-las. Anko moveu-se lentamente para trás, esboçando uma fuga. Os homens correram e as cercaram imediatamente. Até ali as coisas estavam indo conforme fora previsto. Mas aquele era o momento mais decisivo. Eles poderiam decidir agarrá-las e as levar para longe, para as violentar. Se isto ocorresse, o plano iria falhar. Precisavam entrar no local sendo vistas como mulheres indefesas para agirem. Se não conseguissem, a alternativa seria demorada e cansativa.

Miyoko ouvia os seus comentários, sobre serem beldades, premio dos deuses e outras coisas mais depreciativas. Mas nenhum deles pareceu interessado em conversar, apenas em observar como estavam chamativas assim. Na verdade ela nem precisava representar, estava com medo mesmo. Poderia cuidar deles mesmo com taijutsu, mas não queria estragar o plano de Anko.

- Por favor – disse Anko mostrando perfeitamente estar assustada – deixem minha filha ir...

Um deles mais ousado moveu a mão para tocar no cabelo dela, e instantaneamente a recolheu quando ouviu um grito forte cheio de raiva. Todos se voltaram na direção do som e viram um homem alto com um outro idoso ao seu lado com uma bengala, e mais outros quatro. Atrás deles. Os homens que as cercavam balbuciaram algumas palavras e se afastaram um pouco.

Ele começou a andar na direção delas, e ao contrário dos outros não parecia encantado de vê-las por ali. Um pouco atrás o idoso parecia ter dificuldade em acompanhá-lo. Aparentemente tinham acabado de descobrir quem era o chefe ali.

Ele parou diante de Anko e a observou detidamente, mas em seus olhos, não o seu corpo. Depois olhou para Miyoko que escondeu o rosto no peito da sensei, agindo como uma menina assustada, e também evitando de olhar naqueles olhos temerosa que ele percebesse algo.

- Parece que temos problemas – disse o idoso quando chegou perto.

Ele não disse nada. Começou a andar ao redor encarando os homens que as rodeavam. Cada um na sua vez ficou tremendo da cabeça aos pés. Quando deu uma volta completa e ficou no mesmo lugar de antes disse algo até surpreendente.

- Ajoelhem-se e peçam perdão a elas – disse com autoridade forte no tom de voz – ou vão se ver comigo.

Aquilo foi inesperado. Miyoko viu todos eles se ajoelhando e pedindo perdão, todos menos  um.

- Mas... Dohabi, viu como elas estão vestidas?

- Sei muito bem o que elas são – disse sem o olhar – e até consigo imaginar de qual bordel estão fugindo. Ainda assim, quero que se ajoelhe e peça perdão.

Com claro contragosto, ele acabou obedecendo, mas o olhar em seus olhos revelava que não tinha nenhum interesse em fazer aquilo, e ele parecia mesmo muito interessado em Miyoko

- Agora saiam daqui – disse ele cruzando os braços.

A maioria deles foi em direção as casas sem olhar para trás, mas um deles continuou observando-a, fazendo Miyoko sentir uma grande vontade de quebrar aqueles dentes. Mas tinha que se controlar. Se a sensei estava certa, aquele homem diante delas iria acabar querendo-a para si, e já estava avaliando como poderia dominá-lo.

- Muito bem, agora que resolvemos isso, quero que se afastem uma da outra.

Ela olhou para sua sensei com os olhos tremendo, tentando agir como uma filha que não queria sair do lado da mãe. Anko a encorajou dizendo que tudo daria certo, e se afastaram alguns passos uma da outra.

- Sou muito desconfiado – disse ele – não duvido que a mocinha possa ser sua filha, nem que talvez você não tenha tido escolha senão arrastá-la para sua profissão. Mas você não parece ter marcas suficientes para justificar uma vida assim. Portanto, imagino que está nisso há pouco tempo. Só que o único bordel que conheço por estas bandas iria fazer de tudo para mantê-las. Duvido que aquele patife permitisse que esse material de primeira lhes escapasse.

- Ele não permitiu – disse sua sensei agora apertando os olhos.

- Já vi que você é perigosa como toda mulher pode ser – disse ele ainda sério – deve ter enganado aquele idiota com alguns afagos e acertou aquela bandeja de prata nele, como muitas outras – nesse ponto ele parecia estar se divertindo – com certeza estão loucas para se livrar destes braceletes, não?

Miyoko olhou para o bracelete que sua sensei tinha fechado ao redor de seu pulso, imaginando o que ele queria dizer com aquilo. Pelo jeito sua sensei não lhe contou os pormenores de seu plano. Aquilo indicava que elas realmente trabalhavam em um bordel?

- Apenas queremos ir embora – disse ela com a fala levemente entrecortada.

- Vocês estão livres para partir – ele sorriu agora pela primeira vez, e também parecia estar bem mais alegre por aparentemente elas serem o que pareciam ser, Pelo visto, o engodo de sua sensei estava funcionando – mas sabem o que vai ocorrer quando chegarem no país do Arroz, não?

Involuntariamente Miyoko olhou para a sua sensei, confusa com aquelas informações. Sobre o que ele estaria falando?

- Parece que sua filha não sabe – ele colocou as mãos nas costas e começou a andar lentamente na sua direção – não teve coragem de dizer para ela?

Anko permanecia quieta, com os olhos abaixados, evitando de encarar qualquer um.

- Imaginei isso. Vendeu ou alugou a própria filha para atenuar sua divida, não foi? – Miyoko ficou surpresa. Dívida? – Mas se arrependeu e decidiu tira-la de lá. Já vi isso ocorrer antes, e como antes vai ocorrer a mesma coisa. Os soldados da fronteira irão capturá-las e as enviar acorrentadas de volta ao bordel, onde sua divida ficará ainda maior. Ainda quer partir com essas lindas jóias nos pulsos?

Ela olhou para Anko com os olhos arregalados, sem nenhuma necessidade de fingir. Sua sensei não devia ter contado aquilo de propósito, para suas reações serem naturais. Agora tinha que continuar com isso. Ela estava fazendo com que ele estivesse interessado em colocá-las para dentro daquele quase vilarejo. Mas ele também tinha dito que era muito desconfiado.

- O que isso vai me custar? – disse ela finalmente o encarando.

- A você? – ele riu – acho que sabe bem a resposta para isso. Mas não sou idiota para achar que posso usar isso eternamente para manter sua lealdade ou submissão – ele estava sério novamente - e também sei que mesmo que sua filha concorde, dificilmente irá me apreciar. E mesmo que o faça, com certeza estaria mentindo.

Ele estava mesmo sendo levemente educado? Bom, ao menos estava pensando com o cérebro, não com seus desejos.

- O que vai fazer? Nos mandar de volta?

Ele fez um sinal com as mãos e elas foram cercadas por aqueles quatro homens que pareciam ser seus seguranças. Dois deles ficaram atrás de sua sensei e os outros dois atrás dela.

- Não seria lucrativo. Oh, não se iludam... fingindo ou não, eu estou interessado em me divertir com ambas. Mas antes vou lhes dar as opções. Por favor, coloquem as mãos nas costas.

Miyoko pensou por alguns instantes. Conhecia um jutsu para livrar as mãos de cordas, assim obedeceu, apesar de sua sensei a estar olhando um pouco preocupada. Mas quando sentiu algo frio envolver seus pulsos e um som de tranca de cadeado, quase entrou em pânico. Não conhecia nada para se livrar de grilhões, exceto roubar a chave. Viu que o mesmo ocorreu com a sua sensei e ambas foram empurradas na direção do grupo de casas.

Mas ela ainda estava com as pernas livres. Mesmo com as mãos presas as costas não seria presa fácil para ninguém. E se aquele cretino tentasse algo com ela assim, iria ter uma grande surpresa.

Foram andando pelas casas e também entre vários homens que as observavam com olhares nada gentis. Olhou para o céu e imaginou que levaria ainda algumas horas para anoitecer, que seria quando os rapazes deveriam estar em posição. Até lá, teria que tentar protelar o máximo possível.

Acabaram entrando em uma casa em melhor estado que as outras e depois de passarem por duas salas, ficaram sozinhas com ele em uma terceira que se parecia com um tipo de sala de estar, com duas poltronas ali e uma mesa com cadeira em um canto. Haviam papeis nesta mesa com um pincel e tinta. Havia uma certa organização ali. Em um dos cantos da parede viu uma caixa com pedras avermelhadas. Talvez fossem rubis. Mas para um local onde a mina deveria estar quase esgotada, eram pedaços de rubi brutos muito grandes.

A porta foi fechada e ouviram quando ele a trancou por dentro, indo para uma das poltronas e se sentando ali, onde poderia observar suas cativas detidamente.

- Tem tanto medo de nossas unhas que precisa nos acorrentar antes de nos estuprar? – disse sua sensei o encarando com ódio agora.

- Como eu já disse – ele parecia bem mas tranqüilo agora com elas acorrentadas – sou muito desconfiado, e também não sou idiota de baixar a guarda com uma mulher que escapou de um bordel provavelmente nocauteando o dono como outras já fizeram. De qualquer forma eu sei muito bem o que uma mulher desesperada pode fazer, especialmente se estiver protegendo a filha.

Olhou para Miyoko que se sentiu muito indefesa naquele momento, apesar de que em sua mente projetava que assim que ele se levantasse e fosse em sua direção, bastaria pular e girar o corpo para acertar o seu pescoço.

- Apesar de ser muito evidente – ouviu o som das algemas de sua  sensei quando ela flexionou os pulsos – ainda quero saber o que pretende fazer conosco.

Ele se levantou devagar e segurou com delicadeza o queixo de Anko, olhando-a diretamente enquanto esta retribuía o olhar.

- Você é muito culta para ser uma prostituta qualquer. Aposto que deve ter vindo de uma família rica que ficou arruinada. E sua filha tem a pele bem macia para uma camponesa, mas vi os calos em suas mãos. Ela já trabalha há algum tempo, assim como você. E provavelmente ainda deve ser virgem ou não se arriscaria tanto para fugir com ela de lá. Tenho uma proposta para você, minha cara. Algo com o qual poderá ter riqueza novamente e não precisar sujeitar-se a esta vida novamente, bem como evitar que sua filha tenha o mesmo destino.

Viu ele mover-se para as costas de sua sensei e a mexer no laço que mantinha seu top no lugar.

- O que quer dizer com isso?

- Simples, preciso de alguém que possa passar os rubis que temos adiante. Alguém acima de suspeitas – ele soltou o laço das costas dela e estava agora lentamente afrouxando a tensão destes. Por algum estranho motivo, Miyoko se sentiu um pouco rejeitada por ele estar preferindo sua sensei a ela, mas em seguida ficou se recriminando por pensar naquilo - antes eu tinha Gefa para isso, mas sua artrite agora é muito grande para ele continuar, e nenhum dos outros idiotas daqui tem capacidade para tanto.

O top de sua sensei estava começando a escorregar agora enquanto ele falava, e ela parecia tentar ficar imóvel para evitar que isso ocorresse.

- Não entendo...

- Preciso de uma vendedora. Alguém que possa se passar facilmente por um comerciante, ou no seu caso, uma comerciante de jóias. Os  países estão muito enérgicos contra o contrabando, de forma que para evitar suspeitas agimos desta forma. É mais fácil aceitar um idoso de boa fala ou uma mulher madura com boa desenvoltura para isso. Manterei sua filha com saúde e longe dos lobos lá fora – ele riu com aquilo – enquanto faz esse trabalho. Mas logicamente tenho meu interesse nela.

- Onde conseguiu estes rubis? As minas daqui estão esgotadas.

- Tenho um contato no pais do Trovão que me entrega eles. Ele só quer um quarto de seu valor. Mas preciso tomar cuidado para que não saibam que elas não estão vindo da nossa mina. Quero que você negocie elas para mim enquanto eu cuido muito bem de sua filha. Depois de alguns meses as duas podem partir com uma pequena fortuna.

O top de sua sensei caiu ao chão e ele se afastou lentamente dela – sem nem a olhar de frente - e se aproximou de Miyoko, que o olhava arregalado tentando entender o que ele estava fazendo agora, se já tinha começado com sua sensei primeiro. Alias, esperava não precisar testemunhar o que eles iriam fazer ali.

- O que está fazendo?: - disse Anko com a boca aberta quando ele foi para as costas de Miyoko e puxou a jaqueta dela para baixo, revelando seus seios bem torneados com o top branco.

- Eu só queria que ficasse a vontade, minha cara – ele estava sorrindo de forma cínica – eu disse que queria as duas para me divertir, não disse? Depois de hoje sua filha ficara intocada, eu prometo.

- Ela apertou os lábios enquanto Miyoko em pânico sentia ele mexer nos laço que mantinha seu top firme no lugar. Sua sensei disse para agir antes de um mal maior, e na sua concepção o mal maior ainda iria demorar um pouquinho. Mas não se sentia nem um pouco confortável daquele pervertido a ver nua.

- Miyoko-chan, quando perder a paciência pode por esse cafajeste para dormir.

O homem olhou para ela intrigado, e com um grito que morreu em sua garganta caiu de joelhos após Miyoko acertar sua virilha de costas, com a ponta de seu salto alto que se quebrou no impacto. Em seguida chutou sua cabeça o jogando ao chão. Sua sensei pulou por cima dela e prendeu o pescoço dele no seu joelho fazendo mais e mais pressão, até que sufocado ele desmaiou.

- Pelo menos eu estou mais atraente do que imaginava – disse ela com um sorriso de safadeza.

Miyoko mal prestava atenção. Tentava escapar daquelas algemas de ferro que lhe prendiam. Não teriam como encarar todos os que estavam ali acorrentadas daquele jeito. Mas para sua surpresa quando olhou para a sensei ela estava livre recolocando seu top no lugar.

- Como... como fez isso?

- Distensão muscular – disse ela sorridente – Umito-kun já aprendeu a fazer isso para suportar melhor os impactos. Mas no seu caso infelizmente não dá para lhe ensinar sem que seja minha discípula.

Ficou de cara fechada com aquilo. Lógico... ela podia se contorcer como uma cobra. Como não imaginou tal coisa?

- Ele tem a chave?

- Não – disse ela após revista-lo e pegar a chave da porta que ele tinha trancado – mas acho que tem outra coisa útil aqui.

Viu sua sensei ir até a mesa onde haviam papeis e procurou por algo ali. Voltou em seguida com alguns arames finos usados para manter as paginas juntas e começou a mexer no cadeado que a mantinha presa.

- Agiu muito bem, Miyoko-chan – disse ela em tom de confidencia – representou muito bem o seu papel.

- Não estava representando o tempo todo... aquilo da pulsera me assustou. Mas entendi porque não me contou.

- Nos livramos delas depois. Agora precisamos apenas aguardar até a hora combinada para abrirmos esta porta e agirmos.

- Eles não vão estranhar ele ficar aqui trancado por horas?

Anko a olhou divertida e depois fez outra pose erótica, realçando seu peito e quadris.

- Ah é... ele está se divertindo... – olhou para ele caído no chão e sorriu de forma malévola – e vai ter uma boa dor de cabeça depois.

- Menina esperta. Enquanto isso, vamos ver o que tem de interessante nestes papeis.


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Notas finais do capítulo

Desculpe aos pervertidos de plantão, mas não imaginaram que elas iam se dar mal, não é mesmo?

Percebi que esta fic agora é a maior fic que já fiz, ela já ultrapapssou a fic "Herança" que era a recordista anteriormente, e tudo indica que vai continuar a ficar maior e maior... Espero que não fiquem enjoados dela.



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