Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 52
Capítulo 52




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Mantinha seus dedos tamborilando no braço da poltrona, aguardando que qualquer um ali fizesse algum comentário, mas compreendia o motivo de todos estarem quietos fazia já dez minutos. Diante dela na pequena mesa de centro estava o pássaro que trouxe a mensagem, aguardando pacientemente se seria utilizado para fornecer uma resposta ou se seria selado em um pergaminho.

Moegi e Udon estavam executando suas tarefas de protetores, sendo que Moegi permanecia na porta de entrada encostada a esta e Udon com os braços cruzados ao lado da janela. Shikamaru estava entronado na poltrona diante dela, aparentemente pensativo ou talvez se culpando por tê-la dissimulado de fazer o que pretendia com àquela mulher.

Já ela estava tentando não se irritar com o seu humor interior, ou melhor com o humor do que estava em seu interior. Haviam mesmo ocasiões em que gostaria de poder socar a própria barriga para ter algum sossego. Mas tinha que concordar com a Kyuubi. Ela era a hokage e podia muito bem ter dado a ordem apesar de quase todos a contrariarem. Devia mesmo ter mantido a mulher presa e sob interrogatório intenso. Decidiu atender os mais experientes e acabou deixando ela fugir.

Mais do que isso... ela deixou Etsu – a que quase assassinou o senhor feudal do país do Fogo e escapou de uma execução – fugir e ainda tratou dela.

Ao lado do pássaro na mesa estavam as três pequenas folhas fornecendo um completo resumo da situação, explanando sobre as duas prisioneiras que possuíam e sobre o ANBU que milagrosamente, graças a Shizune, sobreviveu para contar o que ela tinha dito.

 Etsu estava viva, fisicamente em perfeitas condições e isso não era o pior de tudo. Ela usou o senei jashu. Isso dava uma nova guinada na situação, pois além de Anko, a única outra pessoa que podia ter ensinado isso para ela seria Kabuto.

Para alguém que tinha desaparecido fazia mais de uma década, seu nome estava sendo muito referido ultimamente.

- Se ninguém vai dizer nada – começou ela mantendo sua posição sem fazer nenhum movimento diferente – vou pedir licença para começar a gritar e ficar furiosa.

Havia ainda o detalhe adicional... o desaparecimento da ficha de Hinata e de algumas folhas da ficha de Anko. Não duvidava nada de que elas deviam ter sido pegas na mesma noite em que a mulher estava ali na aldeia. Alias... a mesma noite em que houve o pequeno e levemente hilário incidente com um rato dentro da ANBU.

Incidente? Pois sim... ela deve ter posto o rato ali para causar uma pequena confusão e conseguir o que queria. Mas porque Hinata? O que ela podia querer com a líder do clã Hyuuga? Ou... seria Kabuto quem queria algo com ela?

- Não acho que você precise de minha permissão para fazer isso – disse Shikamaru a encarando de forma cansada – mas desconfio que vai gritar comigo. Bom, antes que faça isso, reconheço que me enganei. Mas me baseei em todos os fatos que tínhamos, e todos eles confirmavam o que houve.

- E todos eles também foram forjados – disse ela com os olhos semi cerrados demonstrando desgosto e apatia por ele se incomodar em falar o óbvio.

- Sim... confesso que ela soube como fazer isso muito bem.

Sakura moveu-se para a frente de surpresa e bateu as duas mãos na mesinha, fazendo o pássaro voar de susto.

- O que eu quero saber é o que diabos foi tudo isso? Para que ela fez algo tão elaborado apenas para entrar na aldeia e roubar uma única ficha? Se ela saiu do hospital sem três ANBUs notarem, poderia muito bem ter invadido a aldeia usando o mesmo método. E acima de tudo... – seus dentes estavam a mostra, demonstrando uma raiva que estava ficando difícil de conter – por que fazer tanta questão de que soubéssemos o que ela fez?

- Talvez Konohamaru-kun tenha alguma idéia – disse Moegi pensativa – afinal, foi ele quem acabou localizando-a, não foi?

Sakura olhou na sua direção por alguns momentos, e depois seu olhar foi para o chão, apesar de na verdade não estar prestando atenção em nada de especial, ela apenas estava ponderando na sugestão.

- Udon? – chamou ela.

- Estou saindo – disse ele andando em direção a porta.

- Procure não deixar Hinata ou a irmã dela alarmada – disse Shikamaru.

- Serei discreto.

Moegi se afastou para ele abrir a porta e reassumiu sua posição depois que ele saiu. Sakura apenas cruzou seus braços e andou lentamente até a janela, observando casualmente o movimento ali fora. Tentava entender qual a vantagem, seja ela tática ou psicológica que Kabuto poderia obter com isso. No entanto, não conseguia visualizar tal coisa.

- Pode ter sido apenas um teste – disse Shikamaru de repente – um teste para saber se ela poderia nos invadir sem ser percebida.

- Se foi isso – disse ela ainda observando as coisas pela janela – qual o motivo de nos avisar de tal coisa? Estaremos vigilantes sobre ela agora.

- Talvez seja justamente esse o intento. Ficaremos vigilantes quanto a ela, e não com outras pessoas.

Ela preferiu não responder, mesmo porque não tinha uma resposta para isso. Estando Shikamaru certo ou errado, isso nada mudaria a forma como eles trabalhavam ou cuidavam de sua segurança. Na verdade a segurança de Konoha funcionou perfeitamente, fazendo o que tinha de fazer. A única forma de aprimorar tal coisa seria considerar tudo e todos fora da aldeia como inimigos. Algo impraticável.

Ainda achava que talvez o objetivo indireto era impedi-la de sair da aldeia. Mas ainda era cedo para confirmar ou negar tal coisa. Talvez Konohamaru possuísse mesmo alguma informação para o assunto. Caso contrario, apenas informaria sobre a nova identidade de Etsu como nukenin para as outras aldeias. Era só o que podia fazer mesmo.

No entanto, ainda considerava a possibilidade de ser uma outra pessoa tentando assumir o nome de Etsu. Tinha todos os dados referente a mulher que foi tratada no hospital e da mulher que Konohamaru prendeu. Bastaria comparar esses para saber o que era semelhante, e o que não era. Pelo menos já tinha algo para questionar Konohamaru quando este chegasse.

-x-

- Eu mesmo já teria perdido a paciência, Hameri.

Ela não respondeu imediatamente, nem mesmo alterou sua postura. Permaneceu com os braços cruzados, a cabeça abaixada, o quadril e o ombro direito encostando na escarpa rochosa, e o maldito vento frio entrando por baixo de sua saia sem pedir licença!

Estava mesmo pensando se ia vestir suas calças que deixava reservada para situações assim ou se esperaria mais um pouco pelo provável calor do Sol aquecer a ambiente um pouco. O problema é que estavam na sombra da escarpa, e só depois do meio dia ele iria iluminar por ali. Olhando para cima imaginou que levariam umas duas a três horas subindo aquela escarpa.

Concordava plenamente com o time de Konoha sobre ir por cima, e não a margem do rio que atravessava o lugar sendo cercado de puras paredes de rocha de ambos os lados. Lugar perfeito para uma emboscada, apesar de haver um espaço considerável ali devido ao rio ter uns vinte metros de largura, mais os quatro da margem de cada lado.

- Acha que eu não sei? Estou quase tendo um parto de tanta ansiedade desse gavião não ter chegado ainda. Acho que Suna não sabe a resposta, o que quer dizer que ou teremos que enfrentar Konoha, ou ir atrás do time doze.

- Muito animador...

Ela pegou um saco de poeira e o abriu, movimentando a nuvem de pó para cima, sentindo a geografia da escarpa, suas pedras protuberantes, as rachaduras, a força que o vento tinha conforme ia mais alto. Ficou nisso por vários minutos até a nuvem se distanciar demais para ela continuar mantendo contato com esta.

- É... vamos falar com eles. Depois vamos nos encontrar com Toru no meio do caminho e decide o que fazer. E vou aproveitar e deixar um pouco de pó na cadela. Com o chakra dela impregnado neste junto do meu, vou poder localizá-los quando estivermos ao alcance. Não acredito que fiquem muito distante de nós quando nos separarmos.

Ela começou a andar e Itheri depois de algum tempo foi com ela. Notou que ela as vezes parecia tremer um pouco conforme andava, mas não disse nada. Estava frio mesmo, ele podia sentir pela sua nuca exposta, bem como no seu rosto. Seu nariz estava tão gelado que mal o sentia. Não imaginava que naquela época do ano o pais do Trovão era tão frio a noite e durante a manhã.

Viram eles próximos do rio perto de uma fogueira, e Hameri trincou os dentes por não ter pensado em fazer isso. Estavam caminhando juntos, mas acampavam separados para evitar mal entendidos. No meio da noite chegaram a ravina e o outro time achou mais prudente acampar do que tentar seguir a noite. Considerando como ela sentiu que a subida pela escarpa seria dificil, concordava com eles.

- Devíamos ter feito fogo também – disse Itheri.

- Itheri... estou nervosa, ansiosa, na véspera de minha menstruação e me sentindo uma amadora.... quer que eu diga mais alguma coisa?

- Sua menstruação já está assim regular? Minha irmã...

Ele não conseguiu completar o que dizia, pois soltou todo o ar dos pulmões com a cotovelada que recebeu da colega.

- Será que aquelas duas têm esse problema com aquele loiro? – ruminou ela andando mais rápido.

Ele apenas manou a cabeça e foi andando atrás dela. Só queria puxar conversa, mas ainda não tinha aprendido a entender os sinais de irritação de sua amiga, como iria ocorrer vários meses depois. Preferiu andar cabisbaixo, um pouco sentido pela reação de Hameri. Sabia que ela estava uma verdadeira pilha de nervos e queria apenas alegrá-la um pouco.

Súbito, bateu nas costas dela e quase que ambos foram ao chão. Hameri tinha estacado de repente, olhando abobada para o outro time diante deles.

- Hameri? – chamou ele. Mas ela não respondeu. Olhava fixamente para a frente e ao seguir sua visão viu o que lhe atraiu tanto a atenção. Ali no meio do time de Konoha estava o gavião que estavam esperando, empoleirado em um pequeno pedaço de lenha seca do monte que eles tinham pegado para o fogo deles.

- Bom dia – disse o rapaz loiro – pensei que íamos ter que chamar vocês. Por acaso esse amiguinho é é seu?

- Amiguinha! – corrigiu a morena com a cadela deitada aos seus pés.

- S-sim... ele... quando ele.. quando ela chegou?

- Faz uma hora. Não sei porque ela parou aqui em vez de ir até você.

Hameri sabia. Ela sentiu seu chakra no pó que tinha deixado ali quando os espionou quando foram acampar. Como não a viu, simplesmente esperou ela se aproximar. E claramente eles não tentaram pegá-la, ou a mesma teria retornado a Suna imediatamente.

Ela ergueu o braço e a gavião fêmea fez um pequeno vôo e pousou neste. Com cuidado retirou a cilindro de suas costas e o abriu, esperançosa de que haveria alguma resposta, ou ao menos com alguma coisa que pudesse fingir que era uma resposta. Removeu o pergaminho de dentro do cilindro e pouco antes de ler, controlou-se para seus olhos não traírem suas emoções, porque simplesmente haviam poucas palavras ali. Mas quando as leu, seus olhos ficaram surpresos, bem como ela sentiu que era um tipo de piada.

- E então? – disse uma das garotas, a chamada Ayame – o que diz?

Ela não respondeu, simplesmente entregou o papel para ela. Ela o leu e ficou igualmente surpresa

- Eu devia saber... nossa, que coisa banal!

- O que, Ayame-chan?

- Toronei é o nome de uma famosa loja de que cultiva e vende bonsais no pais do Trovão – disse ela – não deve ser difícil achar uma Grande Bonsai lá dentro.

- Não deve ser difícil? – disse Itheri nao acreditando naquilo – como vai saber qual é a bonsai certa?

- Bom. – o loiro começou a rir – deve ser uma... Grande Bonsai. Pelo menos disseram em que aldeia ela fica?

- Não – respondeu ela – mas se é famosa, podemos perguntar pelo caminho.

- Muito bem – o loiro se levantou e abriu sua mochila, retirando um pedaço de papel dobrado ali e atirando na sua direção – fizeram a sua parte e estamos fazendo a nossa. Ai tem seus tesouros e todos os outros como brinde. Boa sorte.

Ela pegou o papel e olhou incrédula para eles. Todos os tesouros estavam ali?

- Porque todos os tesouros?

- Primeiro pensei em lhes dar todos menos os nossos, mas ai saberiam qual nós queríamos, e se algum time tomar isso de vocês, também irá saber. Aconselho a fazerem a mesma coisa caso se encontrem numa situação delicada. E torçam para não sermos atacados, porque se não tivermos escolha, vamos dizer com quem está a lista.

Estreitou os olhos o observando. Que malandro! Agora eles é que tinham a lista e poderiam se tornar os alvos. Viu Ayame fazer alguns clones e todos eles jogaram terra no fogo para apagá-lo, e depois jogaram as brasas na água. Já iam partir, e eles deveriam fazer o mesmo.

- Obrigada – disse ela.

- Parece que no fim das contas você não vai fazer um parto – comentou Itheri.

- ITHERI! – Berrou ela acima das risadinhas das meninas do outro time.

- Desculpa! Só queria te animar.

- Bom, acho que é aqui que nos separamos – disse ela voltando a olhar para o loiro – e vamos atrás da Grande Bonsai por último. Mas aviso que se soubermos que a pegaram primeiro, vamos atrás de vocês.

- E estaremos esperando – disse ele a encarando de volta.

Ela sorriu levemente e deu meia volta. Queria caçar algo para comer antes de partir também, mas antes queria dar uma lida naquela lista que finalmente chegou às suas mãos. Ainda teria que ver onde teria de ir e planejar sua rota.

- Itheri, tente pegar algo para comermos enquanto verifico a lista e mando um gavião para Toru avisando o que vamos fazer. E nem tente me alegrar mais!

Ela se afastou bastante do outro time e se aninhou bem em uma borda da escarpa onde podia escapar do vento. Mal lhe passava pela cabeça agora o frio que ainda incomodava suas pernas. Abriu o papel dobrado e foi procurando pelo que lhe interessava. A primeira coisa que achou foi “Kathar, O Tesouro de Safira”. O texto era simples e muito, mas muito direto. Dizia que era uma katana com cabo feito de um grande pedaço de safira vermelha, que foi recebida como gesto de amizade por um samurai do país do Ferro, e foi devolvida ao tumulo deste, que se encontra no pais do Trovão no vilarejo da Lagoa Avermelhada.

Achou um pouco estranho aquele texto tão direto e sucinto. Olhou a folha como um todo e no rodapé desta a direita havia um numero sessenta e dois. No outro lado da folha havia o numero sessenta e três. Parecia que era parte de um livro. Olhou na parte de cima e sentiu seu coração parar com a surpresa. Ali a esquerda havia uma seqüencia de números e letras, ao lado havia um nome, e ao lado deste nome o texto “Anexo H”.

O nome era o do raikage, e aquele anexo junto com o código indicavam que era parte da ficha shinobi dele.

Incrédula, levantou a folha e a olhou contra a luz do dia. Viu claramente a marca d água da vila da Nuvem ali no conto da folha.

Eles... eles invadiram os registros da aldeia da nuvem para obter aquilo? Ponderando a respeito, Hameri ficou muito menos interessada em ir atrás da Grande Bonsai.

Procurou pelo outro tesouro e o achou. “Lua dos Coiotes”. Uma pérola levemente azulada usada como olho esquerdo de uma estátua de lobo em tamanho natural. Foi um presente recebido pela sacerdotisa do templo do lobo – parecia um pouco óbvio demais – situado no monte Tenrou. Foi devolvido ao templo e ao seu lugar de origem.

Ou seja, deve estar de volta na estátua.

Por curiosidade foi verificar o que estava escrito na Grande Bonsai. E apertou os lábios quando viu que a primeira parte do texto estava ininteligível. Justamente a que devia dar uma pequena descrição do objeto. Mas pelo nome, deveria ser um bonsai. Presente enviado pela exilada princesa – princesa?! – Ami. Devolvido a filha desta, Amiko, uma vez que a dona original faleceu há alguns anos. Atualmente residindo em Toronei.

Realmente não dizia nada se era uma aldeia, um marco ou outra coisa. Provavelmente para alguém do país do Trovão devia ser bem explicativo uma vez que Toronei devia ser famosa ali. Abriu sua mochila e pegou seu mapa, localizando neste o vilarejo e o monte que precisava ir. Ficou surpresa ao notar que já tinham passado pelo monte! Bastava voltar por meio dia de caminhada e seguir por sobre uma pequena montanha a leste. Poderiam chegar ali até a manhã seguinte.

Talvez aproveitasse e perguntasse sobre Toronei também.

Já o vilarejo era muito, mas muito longe. Ficava quase que no extremo norte do país, quase cinco dias de viagem. 

Quando Itheri voltou, ela já estava escrevendo a mensagem para Toru, e enquanto a escrevia sentiu o cheiro de peixe fresco. Até que ele se redimiu pelas gafes anteriores. Mas que Deus tivesse piedade dele a partir de amanhã se continuasse com esses comentários fora de hora. Ela ficava quase homicida durante a fase irritante de sua menstruação.

- Como está seu braço? – comentou ela percebendo pelo canto dos olhos que ele juntava lenha e folhas secas para fazer uma fogueira.

- Ainda sinto doer um pouco, e não está tão forte como eu gostaria, mas dá para fazer jutsus muito bem.

- Fique na retaguarda Itheri. Por enquanto é melhor trocar de Lugar comigo.

Ele ficou quieto com os lábios apertados por algum tempo. Acendeu o fogo com um isqueiro e espetou os peixes em kunais, as colocando com os cabos presos no chão próximas ao fogo.

- Não é melhor eu trocar de lugar com Toru? Sua técnica é de longa distancia.

- Também posso adaptar para corpo a corpo. De que adianta ficar no lugar de Toru como apoio com o braço assim? Por acaso vai conseguir me proteger ou a ele? Acho melhor ficar na retaguarda com jutsus e equipamentos. Temos de ser polivalentes, lembra?

Ele claramente não estava satisfeito com aquilo, mas considerando que não estava discutindo, estava acatando por ser a dura realidade, não porque concordava.

- Você já foi idiota por fazer o meu trabalho ao ficar para proteger nossa retirada. – disse ela – mas eu apreciei o seu gesto. Confiei em você, apesar de não ter confiado em mim.

- Me desculpe...

- Já está feito – ela não estava com raiva ou lhe dando um sermão, apenas queria que ele agisse dentro do time, como a sensei quase os matou para aprenderem – talvez eu não conseguisse segura-lo, eu não sei. Mas agora temos que agir da melhor maneira possível. De qualquer forma, o médico disse que você deve estar melhor recuperado em uma semana. É o tempo que vamos levar para chegar ao segundo tesouro. E se der tudo certo – ela retirou um pergaminho e liberou um gavião, começando a enrolar a mensagem para acondicioná-la no cilindro – Toru vai se encontrar conosco a meio caminho do nosso primeiro tesouro.

- Estamos tão perto assim?

- Já passamos por ele. Mas não fiz nenhuma marca no mapa. Minato tem razão. Melhor nos assegurarmos que se por acaso algum time pegar essa lista, que não saiba quais os tesouros que queremos.

- Estou achando que é melhor queimarmos isso depois de decorarmos o que nos interessa.

- Se fizermos isso – ela o olhou séria – e caso sejamos subjugados, vão nos torturar para falarmos pelo menos de nossos tesouros, o que pode ser pior – ela maneou a cabeça – acho que iam nos dar isso de qualquer jeito, falando sobre Toronei ou não. Tenho certeza de que devem ter cópias, só para entregarem para quem tentar tomar isso deles.

- Quer dizer que de qualquer forma íamos ser usados?

- Fomos usados no momento em que me convenceram a falar sobre quais eram os nossos tesouros.

- E se os deram uma folha alterada?

- Duvido muito... iríamos saber disto antes que eles pegassem todos os tesouros. Talvez tenham deixado um pouco mais dificil ou omitido alguma ocisa útil, mas nesse caso é a folha certa, tenho certeza.

Ela liberou o pássaro e o observou partir até desaparecer. Depois disto pegou alguns pequenos sacos de pano vazios de sua mochila e colocou a mão no solo, concentrando seu chakra e separando os menores grãos de poeira que estava neste. Utilizando seu controle ela fez a poeira encher os saquinhos até completar todos. Pegou estes e os fechou, os afixando nos espaços de seu cinto, repondo o que tinha utilizado.

Jamais poderia fazer com a poeira o que o kazekage fazia com a areia, sabia disto desde o começo e ele mesmo reforçou tal coisa, mas o que podia fazer com pequenas porções não era propriamente inferior. Apenas tinha que trabalhar de uma forma diferente.

- Hum.. – disse ela com um sorriso de antecipação – o cheiro desse peixe está ficando bom.

-x-

- Bem aqui – disse apontando no mapa enquanto seu colega marcava um “x“ – Já a Grande Bonsai foi numa missão feita... – olhou novamente para a folha do livro que ele tinha separado para poder ler melhor aquelas letras um pouco borradas – em uma mina perto da aldeia Fubalo. Foi presente da princesa Ami em agradecimento por ele ter salvado sua vida durante a missão. Fica... – ele moveu o dedo pelo mapa e fixou este em uma referência – aqui.

- E nada sobre onde estão agora?

- Nada, Kotar. Só diz como ele as conseguiu.

- Bom, sabemos que ele as enviou de volta. Então nosso ponto de partida são estes locais. Aldeia Fubalo, monte Tenrou e o posto de soldados próximo as escarpas do norte – ele assobiou levemente – isso está se parecendo com uma missão de nível “B”.

- É uma missão de chuunins, meu amo e senhor – disse uma voz feminina atrás dele que pegou ambos de surpresa.

Ao se virar, viu Hameri sorrindo para ele segurando uma bandeja com algumas frutas, e mais atrás, sentada com as costas em uma pedra estava Tomoko, movendo os seus dedos da mão direita enquanto os observava sorridente.

- Frutas, meu senhor? – disse Hameri com um enorme e lascivo sorriso.

- Gostei do serviço de quarto – disse seu colega que estava enrolando o mapa – minha empregada pode ser a mizukage?

- Não sou assim tão insana – disse ela movendo os dedos e fazendo Hameri mostrar a língua para ele. Nesse momento foi mais fácil perceber que o seu rosto era duro, sem os movimentos fluídos e naturais de uma pessoa, apesar de que a semelhança impressionava, e a primeira vista seria fácil confundi-la com a original – mas você está certo. Melhor Hameri vestir-se adequadamente.

Ela colocou as duas mãos no chão e a Hameri que estava ali os servindo ficou estática, como uma estatua de pedra – e ela era realmente isso – sendo que logo sem seguida suas roupas modificaram-se um pouco assumindo um traje de garçonete.

- Melhor agora? – novamente ela começava a mover seus dedos, animando a figura que deu alguns passos rebolando bastante e curvando-se respeitosamente enquanto movia a bandeja para eles.

- São frutas mesmo? – questionou Tanzo pegando uma das frutas e a apertando um pouco. Vendo que era macia, levou-a a boca e a mordeu, mas com cuidado. Já tinha quase quebrado os dentes uma vez com uma fruta falsa que Tomoko tinha feito.

Kotar sorriu e pegou as outras frutas. A figura de Hameri ficou de joelhos com a bandeja segura por ambas as mãos, erguendo-a acima da cabeça e depois disto ficou estática.

- E agora para o meu deleite... – disse ela colocando as mãos no chão e fazendo outras duas figuras emergirem deste. Estas eram copias visualmente perfeitas de Kotar e Tanzo. Os dois começaram a dançar quando tirou as mãos no chão e ficou movendo os seus dedos.

- É justo – disse Tanzo – mas bem que podia fazer Hameri dançar para a gente também.

- Não vou queimar meu chakra só para te satisfazer – disse ela mostrando a língua – prefiro fazer isso comigo mesma.

Ela manteve aquelas copias de pedra dançando por alguns minutos até eles terminarem de comer as frutas. Depois bateu as mãos e todas as três figuras desabaram em pedaços.

- Bom, e agora? – perguntou ela olhando para os dois.

Kotar levou sua mão até seu ombro, onde tinha sido atingido pela kunai e reprimiu um espasmo de dor. O ferimento tinha sido profundo e seria prudente tratar dele com um médico. Não sabiam quando iriam enfrentar outro time mas não ia demorar muito, já que agora eles é que tinham o livro.

- Ainda estamos sendo seguidos? – perguntou para Tanzo que terminava de comer a fruta.

- Acho que sim – disse ele olhando para o céu – mas não posso ter certeza.

- Bem – ele se aproximou do livro já danificado e enrugado que estava no chão e o pegou com a mão, observando-o diante do rosto – vamos dar a eles o que querem. Mas não será assim de graça.

Ele jogou o livro para cima e pegou a foice nas suas costas. Pressionando um pequeno gatilho no seu cabo, a lamina se soltou e empurrada por uma mola assumiu sua posição ficando travada em seguida. Quando o livro caiu diante dele ele moveu esta para cortar sua lombada, fazendo todas as folhas se espalharem ao redor. Algumas foram imediatamente carregadas pela brisa, a maioria ficou no chão diante dele.

Satisfeito, pressionou o gatilho novamente e com a mão puxou a lâmina para que esta ficasse junto ao cabo, como se fosse um gigantesco canivete. Recolocou-a no pequeno encaixe da alça que tinha nas costas e foi até sua pequena mochila. Devido ao tamanho da foice, ele usava uma mochila pequena, basicamente com algumas roupas extras e outros equipamentos simples, como shurikens e kunais. Quando acampava, a foice fazia parte da barraca, caso fosse necessário fazer uma.

- O local mais próximo é o monte Tenrou disse ele – vamos até lá procurar pela Lua do Coiote.

- São dois dias de viagem – disse Tanzo pegando o seu equipamento.

Kotar olhou para Tomoko pensativo mas mudou de idéia. Pedir para ela fazer uma carroça com seu doton e manipular essa com sua habilidade de marionetes para irem bem rápido iria esgotá-la.

- Então vamos tentar ir o mais rápido possível aproveitando a luz do dia – disse ele olhando para o céu – descansamos assim que anoitecer e por volta da meia noite prosseguimos. Quero tentar estar lá até o meio dia de amanhã.

- É mais provável que seja no fim da tarde – disse Tanzo terminando de vestir sua mochila.

- Deve ter meios de se cortar caminho – disse ele sorrindo – vamos indo.

- E o seu ombro?

Olhou novamente na direção de Tomoko e ela estava séria, quase o repreendendo com seus olhos castanhos escuros. Seu cabelo esverdeado mal se movia na brisa do descampado, e seus braços estavam cruzados firmemente no peito, mal deixando ver a abertura de sua jaqueta preta.

- Você mesma disse que não era grave.

- Eu disse que não estava grave, não que não pode ficar. Se ficar movendo este braço os pontos vão acabar se abrindo. Espere até a noite pelo menos.

Por ser capaz de criar tipóias, muletas, macas e outros apetrechos uteis com seu doton, Tomoko acabou involuntariamente se tornando a médica extra oficial do time. Não era algo que tivesse sido planejado, mas como ela tinha demonstrado interesse em pelo menos fazer os primeiros socorros – fora ela quem suturou a sua ferida no ombro – tanto Kotar quanto tanzo e ainda o próprio sensei do time acatavam suas recomendações nesse sentido. Ao menos, quando era possível. Ela chegou mesmo a pegar algumas dicas e praticar um pouco de enfermagem entre as missões, mas não estava muito interessada em se tornar uma ninja médica, mesmo porque não tinha o controle de chakra necessário.

- Vou evitar de mover o braço – disse ele – prometo.

Para dar ênfase, ele pegou a corda de nylon de sua bolsa e fez uma pequena tipóia com ela, colocando o braço dentro desta.

Ela não disse mais nada, apenas maneou a cabeça levemente e os três começaram a andar na direção de seu primeiro destino.


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Notas finais do capítulo

Voces sabem muito bem o que houve em knoha, mas os personagens ainda não, por isso apenas estou indicando como eles estão descobrindo e reagindo a isso.



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