Sakura, seus olhos...

Abraçou mais fortemente os joelhos, quase que os estalando de tanta força que usou. Tinha ido até ali para manter a mente limpa, mas não esperava que aquelas lembranças aflorassem.

Também não esperava ficar com tanta raiva e invocar o chakra da raposa diante de todos. Não fosse o aviso de Koharu teria soltado um rosnado que iria entregá-la. Algo que não ocorreu nem quanto Tsunade tinha sido morta.

- Você me pedindo para me acalmar é preocupante – murmurou ela maneando a cabeça.

Estava no alto da cabeça da godaime do monte hokage, onde ficava nas raras vezes que queria solidão ou quando queria conversar em particular com alguém. E no caso ela queria as duas coisas. Um pouco de solidão e um lugar isolado pois sabia que em breve alguém ia falar com ela. Estava até estranhando ele demorar tanto.

Ficou mais uma hora parada ali, tentando evitar as lembranças e sentada com a cabeça quase enfiada nos joelhos, quando ouviu o som fraco de passos ecoando nas rochas. Pelo menos ele tinha chegado.

Observou um ponto delimitado pela cabeça da godaime e ali surgiu um rosto, e depois o resto do corpo. Esperava mesmo que ele a procurasse, e desta vez já não tinha mais nada para manter oculto dele ou de Kahoru. Na sala de interrogatório teve certeza absoluta que ambos agora sabiam. Ele por ser um gênio em considerar as possibilidades, já a anciã não fazia idéia. Teria alguma seqüela na sua nuca e ela o identificou? Lembrava-se de como ela ficou interessada naquele local.

A mesmo local onde a Kyuubi tinha sido introduzida em seu corpo.

- Hokage-sama? – chamou ele de forma cordial – posso me juntar a você?

- Eu o aguardava – murmurou ela – e aposto que não trouxe... esquece...

Ela agarrou a garrafa de saquê que ele jogou na sua direção. Talvez pela primeira vez na vida ela enchesse a cara. Seria interessante saber se a raposa podia ficar bêbada também...

Abriu a garrafa arrancando a rolha com os dentes e tomou um longo gole direto no gargalo. Nunca tinha feito aquilo antes, mas agora estava um pouco displicente com a sua posição e regras de conduta que seguia.

- Está com sede – disse ele sentando-se ao seu lado e pegando a garrafa que lhe ofereceu, mas não a bebeu imediatamente.

- Só estou um pouco melancólica... quase estraguei tudo lá...

- Fala do interrogatório? – ele tomou um gole de saquê – até que você ajudou os deixando apavorados.

- Você sabe do que estou falando, Shikamaru! – olhou para ele estreitando os olhos – quase revelei que tem um bijuu em mim.

- Você só rosnou um pouco e ficou com os dentes pontudos. Nada comparado ao que ocorria com Naruto.

- Isso porque é o máximo que posso fazer – ela virou a cabeça para o outro lado para não encará-lo.

- Máximo?

- Sim, é o máximo. Talvez por ela não estar lacrada em mim. O máximo que ocorre quando a manifesto é meus dentes ficarem um pouco pontudos e meus olhos ficarem avermelhados e com as pupilas no formato da raposa.

- Seus olhos não mudaram!

- Eu uso lentes, lembra? – sorriu para ele – por isso Tsunade me colocou olhos de cores diferentes, para eu ter uma boa desculpa para usar lentes e ninguém perceber a raposa se manifestando em mim caso eu começasse a usar seu chakra.

Ele tomou outro gole e colocou a garrafa entre eles. Ficou um tempo enorme em silencio, como se estivesse ponderando algo – e muito provavelmente devia estar ponderando sobre um monte de coisas – mas ela não fez menção de pegar a garrafa ou dizer algo. A forma como conversaram já lhe provou que ele sabia que Kyuubi estava no seu corpo e que não tinha duvida alguma a respeito.

- Sakura, sei que você tem todo o direito de continuar escondendo isso mas – sorriu de forma um pouco encabulada - eu gostaria de saber como foi que isso ocorreu. Como você acabou ficando com o mais poderoso dos bijuus em seu corpo sem ter um lacre para mantê-lo ai dentro? E... afinal, o que houve naquela luta contra Tobi?

Ela esperava por aquela pergunta vinda dele, e era por isso que as lembranças estavam surgindo em sua mente.

- Sasuke está no sul! – tinha dito Naruto enquanto pulava entre as árvores sem nenhum planejamento como sempre. Ela tentou chamá-lo mas sabia ser inútil. Assim ela e kakashi o seguiram, sabendo que iam provavelmente enfrentar Sasuke. Naruto por outro lado queria enfrentá-lo sozinho.

- Tudo bem, Shikamaru... talvez eu possa desabafar um pouco também no fim das contas – ela suspirou antes de prosseguir – Naruto tinha feito vários clones para vigiar as coisas ao redor, e um deles localizou Sasuke. Não preciso dizer que ele foi para lá direto sem pensar em nada mais além disso.

- Típico – retrucou ele.

Ela o olhou de cara feia.

- Desculpe! – murmurou ele – não quis interromper.

- Naruto! – gritou ela o seguindo com raiva. Ele nunca aprendia mesmo.

- Eu e Kakashi-sensei o seguimos. E não demorou muito até o encontrarmos. Ele estava esperando por nós. Acho até que estava impaciente.

- Sasuke! – tinha dito Naruto pulando a frente dele. Sasuke o observou impassível, aparentemente muito controlado. E de uma forma estranha, parecia também que Naruto estava controlado. Mas apenas ficaram se encarando por algum tempo. Ela e Kakashi estavam um pouco atrás, observando ambos. Sabiam que Naruto queria fazer aquilo sozinho, e Sakura ainda queria acreditar que era a única forma de Sasuke voltar.

Sasuke pegou sua espada e arremeteu para Naruto, cortando-lhe a cabeça. E em seguida foi na direção dela. Não podia acreditar naquilo. Ele.. tinha matado Naruto com um golpe? Não podia ser! Ainda o via se aproximando dela, e apesar de saber que tinha que fazer algo a respeito, não conseguia. Simplesmente porque não podia acreditar naquilo.

Olhou para o chão com a mente rugindo para que fizesse algo, para que corresse, atacasse, qualquer coisa, menos ficar parada. Mas sua consciência apenas repetia que era impossível aquilo. Sakuke matou Naruto simplesmente de uma forma...  ridiculamente fácil...

Era isso! Juntou as mãos com os indicadores esticados e se concentrou em seu chakra, fazendo-o se espalhar.

- Liberar! – gritou ela. E em seguida Sasuke e o corpo de Naruto desapareceram. E no lugar disto estava Kakashi e aquele mascarado lutando.

- Mas não era ele.. era um genjutsu de Tobi do qual consegui escapar depois de algum tempo. Kakashi-sensei estava lutando contra ele de olhos fechados, tentando usar seu chidori. E Naruto devia estar mais a frente, talvez já lutando com Sasuke. Eu nunca soube onde eles se encontraram.

Não conseguia acreditar na rapidez com que ele ficava sólido e intangível, e também em como ele se teleportava de um lado para outro. Mas notou uma coisa, ele a estava ignorando. Talvez achasse que ainda estava sob efeito da ilusão, ou que não era ameaça. Mas tinha algo que podia fazer se coordenasse corretamente. Observou eles lutando, o momento em que ele ficava intangível para escapar do chidori e quando devia ficar sólido para acertá-lo, e neste instante socou o solo com força causando  um desequilíbrio em ambos. Um desequilíbrio que o pegou de surpresa pois assim como Kakashi ele caiu no chão e bateu a cabeça, portanto estava sólido. Saltou para trás por saber que não teria como se aproximar dele antes que ficasse intangível de novo e fechou os olhos, esperando acertar no que ele faria.

Quando sentiu uma presença atrás de si, moveu o cotovelo esquerdo para trás, mas apenas cruzou o vazio, não atingindo nada. Moveu a cabeça para baixo e abriu os olhos. Viu um pé e a roupa que ele usava da akatsuki. Era ele sim, mas devia ter ficado intangível.

- Menina esperta – ouviu ele dizer de uma forma um pouco zombeteira. Mas havia um detalhe. Por mais intangível que estivesse, ele estava fazendo algo para se manter acima do solo, assim havia algo sólido nele. Socou o solo de novo e o viu perder o equilíbrio com este explodindo.

- Sinceramente, tenho certeza de que ele apenas se divertia conosco. Talvez quisesse nos manter afastado até Sasuke e Naruto terminarem sua luta. Não acredito que o peguei duas vezes desprevenido a menos que ele estivesse planejando isso.

Foi para longe dele de novo e ele não estava mais ali. Devia ter se teleportado de novo e iria atacá-la de surpresa. Como se enfrenta alguém assim?

Desta vez não percebeu nada. Viu uma estaca surgir um pouco abaixo de seu diafragma e logo depois uma grande dor para respirar. Perdeu suas forças e caiu no chão. Ele devia ter surgido atrás dela e a atingiu com aquilo.

- Você pode ser mais perigosa do que imagina. – ouviu ele dizer. E logo depois o viu se afastar para enfrentar Kakashi de novo que tinha pulado ali. Para ela só restava tentar usar sua recuperação. O ferimento era grave mas ainda não fatal.

Sentiu seu corpo enfraquecendo a medida que se regenerava. A dor do ferimento também diminuía e já podia respirar melhor. Moveu a cabeça procurando ao redor e os viu pulando entre as árvores. Enquanto esperava seu corpo se recuperar ficou pensando no que ele disse. Como ela poderia ser perigosa? Seria porque podia fazê-lo perder o equilíbrio? Fazia sentido. Se ele perdesse o equilíbrio estando sólido poderia ser atingido por Kakashi.

Ou talvez ele não pudesse se teleportar e ficar intangível ao mesmo tempo.

- Ele me deixou bem ferida e caída no chão. E por um tempo fiquei afastada da luta. Mas observei ele lutando contra Kakashi-sensei. Não parecia uma luta muito justa. Ele sempre ficava intangível e se solidificava depois. Era impossível atingi-lo diretamente.

Ela continuou se regenerando até sentir que podia se erguer novamente. Quando o fez, ela os tinha perdido de vista, mas podia ouvir o som da luta ainda. Seguiu este som e os reencontrou logo depois. Ainda lutava com Kakashi atravessando-o quando este ficava intangível e precisando se defender quando ficava sólido.

Ficou observando aquilo por vários minutos, talvez meia hora. Kakashi usou tudo o que sabia, jutsus, taijutsu, até mesmo seu sharingan, mas nada parecia funcionar contra ele. Ela já pressionava os punhos se sentindo inútil ali. Não havia um limite para o chakra dele? E o estranho era ele usar basicamente só aquilo e ocasionalmente algumas kunais. Era como se fosse incapaz de fazer outra coisa.

E na verdade, nem precisava.

Preparou-se para tentar desequilibrá-lo novamente, mas desta vez Kakashi tinha sua própria estratégia. Ele avançou contra ele com o chidori e quando o atravessou parou de se mover e não e voltou. Tobi aproveitou isso para tentar acertá-lo por trás mas algo ocorreu.

Algo que deixou Sakura apavorada.

Kakashi acertou o chidori em seu próprio abdome, do lado esquerdo do corpo, e fez isso até que este saísse pelas costas e atingisse Tobi. Diferente do byakugan, o sharingan não podia ver através de objetos ou pessoas. Ele ocultou sua intenção com o próprio corpo, e com isso pegou o oponente de surpresa, e provavelmente em um ponto onde ele não esperava.

Ela aproveitou aquele momento para atingir o solo com força, explodindo este e fazendo Tobi cair de costas. Em seguida várias árvores abaladas pelos outros impactos que ela tinha feito antes caíram ao chão. Uma delas em cima de onde Tobi tinha caído.

Ela correu para Kakashi que desabou no chão. O chidori que ele fazia era curto, e para ter atingido Tobi com ele daquela forma, ele abriu o ferimento que fez em si próprio com a mão, o que lhe deu uma grande hemorragia.

- Quando voltei a luta, vi Kakashi-sensei fazer uma ação quase suicida. Acertou o chidori nele mesmo e em Tobi que estava logo atrás dele, o pegando de surpresa. Eu atingi o solo tirando novamente seu equilíbrio e me pareceu que ele ficou debaixo de uma arvore que caiu.

Tentava evitar que ele perdesse muito sangue, e para isso estava cicatrizando primeiro os vasos sanguíneos. Pelo canto dos olhos percebeu que havia alguém ali a esquerda. Ao se virar viu que era ele. Sangrava no ponto em que tinha sido atingido mas estava estranhamente calmo os observando.

- Já era hora – disse ele. Sakura ficou confusa com aquilo e olhou ao redor. E percebeu que outra pessoa estava se aproximando. Tinha acabado de sair de trás de uma árvore.

Era Sasuke andando calmamente. Ela ainda tentava reduzir o ferimento de Kakashi enquanto ele se aproximava, e Tobi tinha dito alguma coisa para ele, mas não lembrava o que seria agora. Mas lembrava-se de quando Sasuke fez o chidori na sua mão e deste crescendo na sua direção. Em uma ação rápida o chidori esticou-se passando rente a sua cabeça cortando alguns dos seus fios de cabelo, atingindo Tobi que estava atrás dela.

Não estava acreditando naquilo. Sasuke atacou Tobi?

Em seguida Naruto surgiu saltando das árvores, lançando o shuriken rasengan. Ela se virou a tempo de ver Tobi se teleportando. E naquele instante teve uma idéia. Ela pulou a frente entre Sasuke e Kakashi no chão e socou o solo com toda sua força, causando um pequeno terremoto com a explosão deste. Ouviu um som de alguém exclamando uma surpresa e saltou para lá. Estava no alto de uma das arvores. Ela socou a árvore e Tobi caiu dela.

Sasuke e Naruto foram para cima dele, e ela retornou para tratar de Kakashi.

- Foi quando Sasuke apareceu e o atacou, e Naruto apareceu em seguida.

- Foi quando percebeu que Sasuke mudou de lado? – interrompeu Shikamaru.

- Sim – ela sorriu tristemente – naquele momento, eu achei que tudo podia acabar se resolvendo. Sasuke tinha voltado! E lutava ao lado de Naruto. Não sei o que houve entre eles, mas os dois lutaram contra Tobi – ela pegou a garrafa e tomou mais um gole. Ainda ficava um pouco emotiva ao lembrar-se destes eventos, mesmo tendo ocorrido uma década e meia antes.

Kakashi tinha recuperado a consciência, mas seu ferimento ainda era muito grave. Ela temia que não conseguiria salvá-lo. Ouviu sons de luta e olhou onde Naruto e Sasuke tinha ido atrás de Tobi. Só via algumas luzes, alguns sons de luta e muitas folhas e pedaços de madeira voando para os lados.

- Kakashi-sensei – disse ela tentando o manter consciente. – só mais um pouco.

Ele ergueu a mão e tocou em sua face. Parecia que sorria.

- Você foi esperta causando desequilíbrios nele. Eles vão precisar que você faça isso de novo. Vá ajudá-los.

Olhou para ele e para o local onde deviam estar lutando. Apertou os olhos para conter as lagrimas e foi até lá. Kakashi pediu para que ela o deixasse para trás, e em vista das circunstancias, era isso ou talvez tudo estaria perdido.

Deu um salto por entre árvores caídas e o que viu a deixou chocada. Viu Sasuke voando longe em decorrência de uma explosão – talvez de uma tarja explosiva - batendo em uma árvore e caindo ao chão. Naruto ainda usava seus clones com o rasengan contra Tobi, mas sem muita eficiência. Pelo estado do local, tinha ocorrido uma devastação ali. Provavelmente Naruto e Sasuke usando tudo o que tinham contra alguém que estava sempre deixando o corpo intangível. E parecia que Sasuke estava agora fora do combate, ficando apenas Naruto e ela contra aquele demônio.

- Eu deixei Kakashi-sensei eu fui ajudá-los. Cheguei na hora em que Sasuke foi mortalmente ferido. Não demorou muito para acontecer o que eu já lhe disse.

Ela pensou em atingir um dos troncos de árvores caídos ali para o lançar em direção dele. Talvez Naruto aproveitasse a chance para pega-lo de surpresa. Aproximou-se de um e o socou, arremessando-o em linha reta para Tobi. Como o esperado, ele ficou intangível, e Naruto aproveitando aquilo ficou saltou logo atrás do tronco, esperando pegar ele de surpresa. Mas ocorreu o contrário.

Quando Tobi atravessou o tronco, alguma coisa mudou nos seus olhos, e ele olhou diretamente para Naruto que gritou. Depois ele tocou na barriga dele e um brilho inundou o local. Sabia que Tobi estava sólido e que seria a única chance dela de dete-lo. Correu na direção de ambos mas uma onda de choque a derrubou. Quando levantou a cabeça, viu o ultima coisa que esperava. Naruto estava caído de costas no chão, e Kyuubi estava ali, gigantesca e se formando diante dela. Seu chakra ainda saia de Naruto para a formar.

- Que Tobi rompeu o selo de Kyuubi?

- Sim...

Viu Tobi ficar bem abaixo de Kyuubi e a erguer a sua mão ao mesmo tempo em que abria a sua capa, mostrando sua barriga. Sabia o que ele devia estar planejando. Ia selar a Kyuubi nele mesmo. Ela tinha que impedir isto. Ainda agachada saltou na direção dele, com o punho pronto para atingi-lo. Mas o que houve foi inesperado.

Ela tencionava acertar aquela mascara dos infernos e arrancar a cabeça dele do corpo. Mas seu salto a colocou na linha de movimento de sua mão que ia para a barriga para iniciar o selo. Neste momento o corpo de Sakura interrompeu este trajeto e a mão dele atingiu sua nuca.

- Kyuubi estava livre, e já em desespero eu pulei na direção dele para impedi-lo de selá-la em si mesmo. Mas não consegui impedir que ele começasse o selamento. No entanto, não foi nele em quem ele começou a selá-la, mas em mim.

Shikamaru arregalou os olhos.

Ela perdeu o controle do seu corpo naquele momento, e sentia como se algo muito pesado estivesse no seu pescoço. Podia quando muito mover os olhos e apenas isso. todo o resto estava travado, imóvel.

- Eu senti algo queimando na minha nuca, e depois se espalhando para o interior de meu corpo, como se estivesse agarrando minhas entranhas. Não sei como por em palavras, mas a sensação foi como se uma planta estivesse se enraizando dentro de mim, se enrolando ao redor de cada célula, e espremendo tudo no processo. Quando olhei para cima eu vi a raposa diminuindo e sendo esticada na minha direção. Acho que foi nesse ponto que compreendi o que estava acontecendo. Eu não tinha impedido ele de fazer o selamento da raposa, o que eu fiz foi entrar no caminho entre a mão dele e seu corpo, e o fuuinjutsu que ele ia fazer para selar a raposa nele acabou sendo feito em mim.

- Inacreditável – tinha dito Tobi enquanto tudo aquilo ocorria – realmente os insetos perturbam, não importa o que se faça a respeito. Pois bem minha cara, terá a honra de ser a jinchuuriki de vida mais curta que já existiu.

- Eu senti que ele fazia algo na minha nuca, talvez tentasse parar o selamento que fazia, mas ele acabou não conseguindo. Acho que quando se inicia, nem quem controla o fuuinjutsu pode interrompê-lo, a não ser que ele morra, eu acho. Mas depois que a raposa desapareceu por completo, algo diferente ocorreu. Eu senti como se facas estivessem sendo usadas na minha nuca, como se cortassem a parte da pele que ele tocava com os dedos fora. Pensei que talvez ele estivesse fazendo o mesmo que tinha feito com Naruto, quando rompeu o lacre dele. Eu consegui me mover nesta hora e acertei a máscara dele de baixo para cima, a arrancando fora, e vendo seus dois olhos com sharingan.  Não me pareceu ser alguém que eu conhecia.

- Você não pode estar me dando tanto trabalho! – os olhos dele mudaram de forma e ela reconheceu o amaterasu – já que a raposa não quer sair, vou destruir o receptáculo.-

- Ele usou o amaterasu no meu rosto...  – ela fechou os olhos e tremeu com a lembrança – percebi as chamas envolvendo minha face e até mesmo entrando pelas órbitas de meus olhos. Ouvi uma voz distante gritando o meu nome, acho que era Sasuke, mas não sei ao certo. Só sei que aquele fogo queimava de uma forma que não posso descrever. Abri a boca para gritar, mas não sei se saiu algum som. As chamas também estavam dentro de minha boca. O estranho era que ele estava sólido. Desde o momento que seus dedos tocaram na minha nuca ele não ficou mais intangível. Não sei se é porque ele fazia um fuuinjutsu ou porque tentava fazer algo na minha nuca, mas ele estava sólido.

Mesmo com o fogo em seu rosto e entrando pela boca e pelos olhos, Sakura tinha sentido que ele aparentemente estava com os dedos presos em sua nuca. Parecia que algo impedia que ele terminasse o selo inicial, algo consciente, mas sua memória estava confusa demais naquele evento. Só tinha certeza de que ele tinha usado o amaterasu em seu rosto, o que houve entre isto e ela ser jogada longe era confuso, mas se lembrava de fragmentos.

- Não sei o que dizer sobre o que acontecia. Creio que em algum momento eu ouvi Naruto gritando meu nome em desespero, e eu o vi por entre as chamas que queimavam meus olhos tentar se erguer, aparentemente fazendo um shuriken rasengan na mão. Eu sabia que Tobi estava sólido e que não escaparia daquilo, e em algum lugar de minha mente eu acreditava que ele estava daquele jeito porque não conseguia soltar sua mão de minha nuca. Acho que gritei para ele atacar, não se importando comigo. Mesmo porque naquele momento eu tinha me tornado uma jinchuuriki, e eu não queria passar o resto da vida tentando controlar aquilo dentro de mim. Não me imaginava sendo capaz daquilo. Não sei muito mais além disso... – ela suspirou – me vi girando e com uma forte dor no ombro e então eu estava no chão. Ainda podia enxergar algo mesmo com as chamas brilhando diante de minha vista, e vi tanto Tobi quanto Kakashi-sensei todo ensangüentado que o segurava serem atingidos pelo shuriken rasengan.

Tinha gritado de horror ao compreender o que houve. Naruto tinha sacrificado Kakashi? Não podia acreditar. Aquilo a deixou em estado de choque tão grande que até ignorou a dor do fogo que a consumia. Mas não demorou muito para perceber o que tinha ocorrido. Não era Kakashi quem tinha segurado Tobi e provavelmente a chutado para longe, era um clone. Viu quando ele desapareceu em uma nuvem de fumaça deixando apenas Tobi sendo destroçado pelo jutsu de Naruto.

- Confesso que senti prazer em ver Tobi agonizando enquanto era ceifado em minúsculos pedaços. Me movi até Kakashi-sensei tentando de tudo no caminho para apagar aquele fogo, mas só consegui fazê-lo queimar minhas mãos também. Quando o alcancei, pelo menos vi que não ia precisar usar minhas mãos. Acho que aquele clone foi demais para ele, ou ele apenas se manteve vivo para derrotar Tobi, e quando percebeu que ele estava morto, apenas deixou seu corpo descansar. – ela segurou uma lagrima no rosto - O resto eu já lhe contei... fui até Naruto e mantive sua cabeça em meus joelhos enquanto ele balbuciava coisas pensando que eu era Hinata. E foi durante isto que percebi que o fogo de amaterasu já não consumia meu rosto ou minhas mãos, mas ainda permanecia nos olhos. Kyuubi usou seu chakra para afastar o fogo de meu corpo, deixando-o se extinguir, mas não tinha como fazer isso nos meus olhos. Eles continuavam queimando. Ainda podia ver pois não foram consumidos por ele, mas nem kyuubi podia apagar isso, não naquele local. Acho que essa capacidade de recuperação que os bijuus dão aos seus hospedeiros é um pouco limitada em áreas como os olhos, ou como o fogo já estava dentro de minhas órbitas, não tinha como o chakra dela o empurrar para fora. Nem ela sabe o porque disto.

- Nem ela? – Shikamaru a interrompeu – você pode falar com ela?

- Kyuubi não é tagarela, mas podemos nos comunicar – ela o olhou um pouco tímida – na verdade ela fica dormindo o tempo todo, é mais preguiçosa que você! - Shikamaru riu um pouco daquilo, e Sakura sentiu uma risada em sua mente ao mesmo tempo – mas prosseguindo com a história, depois que verifiquei que Naruto estava morto, fui procurar por Sasuke. E pra minha surpresa ele ainda estava vivo.

- Sasuke... – murmurou ela o olhando. Seu corpo estava dobrado de uma forma que não deixava dúvidas que sua espinha estava partida. Colocou suas mãos sobre ele e tentou curá-lo, mas percebeu imediatamente que ele estava além de sua capacidade. Ele só vivia pela pura força de vontade.

- Sakura, me desculpe – tinha balbuciado ele. Ela tentou chorar mas suas lagrimas viravam vapor em contato com o fogo dos olhos. Tocou ele com as mãos e começou a tentar curá-lo. Pelo menos lhe daria algum conforto e até poderia estender sua sobrevivência um pouco mais.

- Vivo?

- Sim... vivo. Ou ainda sobrevivendo.  Mas não ia ser por muito tempo. Não com todo o sangue que perdeu, muito menos com os órgãos danificados daquela forma. Se fosse possível uma intervenção cirúrgica imediata talvez ele pudesse ser salvo.

- Sakura, seus olhos...

- Esqueça meus olhos – disse ela concentrando seu chakra em fechar seus ferimentos. Notou estranhamente que os ferimentos estavam se fechando bem mais rapidamente do que esperava. Mas ainda assim ele não devia durar mais do que uma hora no máximo – você está morrendo... só posso aliviar sua dor. Como agradecimento por ter recuperado a razão.

- Pode me chamar de idiota... – ele riu ou tentou fazer isso – um idiota infantil – infantil? Bom, talvez ele tivesse sido um. Ao menos acabou agindo como tal buscando uma vingança que sabia que ia destruí-lo, mas tinha posto isto como objetivo de vida  - acabei sendo manipulado por todos...

- Eu te amava, Sasuke... – mais vapor saiu de seus olhos em chamas. Era estranho que eles não se consumiam. Imaginou que a raposa dentro dela devia ter algo com isso – sonhei que Naruto faria um milagre que o traria de volta. Queria acreditar nisso, queria acreditar que tudo poderia continuar de onde parou, com você e ele sendo rivais e brigando por tolices, e ambos protegendo a menina chorona que eu era. Mas foi um sonho infantil... um sonho de uma criança que só sabe chorar.

- Ele disse alguma coisa? – Shikamaru parecia muito curioso sobre isso.

- Sakura... quero te dar algo que você sempre quis...

Olhou para ele, tentando ver além das chamas que distorciam a visão que tinha de seu rosto. Algo que ela sempre quis? Viu ele erguer o braço esquerdo como se fosse um membro de um manequim e o deixou cair em seu ombro. Com dificuldade, seus dedos fracos tentavam agarrar um farrapo de sua roupa, a puxando na sua direção. Ela moveu o corpo seguindo onde a mão dele a conduzia. E para sua total surpresa, ela foi direto para o seu rosto, onde ele lhe deu um beijo na boca. Um beijo que ela tinha desejado muito receber, mas que nunca tinha ocorrido.

Não conseguiu se sentir apaixonada com aquilo. Estava em choque com tudo o que houve para tanto. Bem mais tarde se lembraria daquilo com muito mais emoções, chegando a chorar por horas, mas naquele momento, apenas conseguiu sorrir fracamente.

- Obrigada – respondeu ela se levantando. Já tinha fechado os ferimentos, e nada mais podia fazer por ele – adeus Sasuke.

- Peça para Tsunade lhe dar meus olhos – disse ele relaxando o corpo – os seus não tem cura. E com meus olhos poderá controlar a Kyuubi.

Ela imaginava isso. Mas não estava interessada naquilo. Não estava interessada em mais nada agora. Naruto estava morto, Kakashi-sensei também, Sasuke morreria em breve e ela talvez precisasse carregar o fardo de Naruto consigo pelo resto da vida. Não... para ela tinha sido muito mais do que podia suportar. Mesmo em choque com tudo ela tinha decido se livrar daquilo. Nunca poderia fazer o que Naruto fez, controlar aquele monstro que agora habitava seu corpo. Iria para algum lugar distante e romperia o lacre que devia estar na sua nuca, ou se mataria. Para ela já estava tudo acabado.

- Foi pessoal, Shikamaru – respondeu ela – não é um segredo importante, é algo pessoal meu e dele.

- Não vou precisar de olhos, Sasuke, porque não vou carregar este monstro em mim. – Ela estava muita apática, quase sem emoções. Sabia que tinha dito aquilo ou algo similar. Da mesma forma que ocorria com as memórias de quando Tobi estava aparentemente preso nela, deste ponto em diante elas também começavam a ficar confusas. Tinha lampejos do que houve, mas era só. Talvez fosse causado pela dor do amaterasu em seus olhos. Quanto mais intenso, mais confuso era. A dor tinha aumentado quando ela chorou diante de Sasuke. Talvez fosse isso, mas ela não sabia.

- Eu lembro que abandonei Sasuke lá e fui andando um pouco sem rumo. Eu só queria ir para um lugar distante. Era só o que eu tinha em mente. Quando Naruto morreu, e eu vi Sasuke seguindo o mesmo destino acho que me fechei totalmente. Simplesmente não encontrei motivos para continuar ali.

- Foi quando você ficou as três semanas desaparecida... – comentou Shikamaru pensativo.

- Sim – ela fechou os olhos e tocou o queixo nos seus joelhos – mas se quer saber a verdade, eu estava indo embora para morrer – ele a olhou impressionado – aquele fogo nos meus olhos não ia parar, e não tenho duvidas que ele ficou ali sem consumir mais nada porque o chakra da raposa o estava repelindo. Talvez eu estivesse envolvida com o manto da raposa, eu não sei. Acho que não... – ela fez uma expressão pensativa – nunca manifestei isso. só sei que a dor estava me enlouquecendo. Lembro-me vagamente de tentar apagar com água, com areia... acho que usei até lama. Ate tentei arrancar meus olhos mas não conseguia porque meus dedos se queimavam e eu não os controlava mais. Parecia um tormento eterno. Pensando agora, nem imagino porque não usei uma kunai para isso, talvez eu não tivesse nenhuma, ou não pudesse pensar direito. Como eu já te disse, aquelas semanas foram confusas para mim. Sei que tentei usar a regeneração nos meus olhos, mas não houve efeito algum. Sei que conversei com a raposa neste período, mas não sei sobre exatamente o que. Ela só me diz que ela tentou evitar que eu me matasse – ela riu divertida – eu querendo me livrar de um monstro e o monstro preocupado comigo.

- Que eu saiba, seria um tipo de morte para ela também, mas me disseram que ela voltaria. Ao menos foi o que os conselheiros falaram quando achamos o corpo de Naruto e dos outros. Que mesmo que a raposa estivesse nele quando morreu, ela voltaria.

- Só que ela não estava selada em mim, Shikamaru. Esse é o ponto! Ela não tinha nenhum motivo para me deixar viva. Podia sair quando bem entendesse e fugir, mas preferiu ficar. Claro que então eu achava que ela estava lacrada. Acabei voltando para a aldeia enrolando um trapo de minhas roupas nos olhos quando cheguei na entrada. Disto eu lembro um pouco. Falei de meus olhos e Tsunade-sama foi cuidar de mim. Mesmo a tendo visto através daquelas chamas, não vou me esquecer do horror de seu rosto. De como ela ficou apavorada com o que viu. E aproveitei para contar tudo a ela. Que Kyuubi estava em mim e que eu devia estar viva ainda graças a isto. E... ali naquele momento eu pedi para ela romper o lacre. Ela avisou que eu morreria mas eu não me importava. Estava quase louca depois de tudo.

- Foi quando soube que não havia lacre?

- Sim... foi ai que eu soube. E Tsunade-sama também. Não havia lacre algum no meu corpo, apenas um fuuinjutsu inacabado no meu pescoço, onde Tobi a forçou a entrar em mim. Ela achou que aquilo talvez fosse a única coisa que mantivesse ela dentro de mim, mas não podia ser chamado de lacre. Quando se faz um fuuinjutsu de selamento, é preciso criar uma entrada, forçar o objeto ou criatura por ele e depois fechá-lo, e por fim o lacre.

- Conhece fuuinjutsus?

- Agora conheço. Tive de aprender para fazer com minha mestra o mesmo que ela fez com os corpos de Naruto e os outros. O que tenho no pescoço só esta no ponto de fechamento. Não foi lacrado. Nunca poderia manter um bijuu em alguém, ele sairia em seguida. Ela achou que a kyuubi estava se mantendo sozinha dentro de mim, talvez se prendendo em meu chakra, ou até fazendo um selo interior em mim para isso. Mas a verdade é que ela nunca teve uma resposta aceitável para como isso foi possível. Só sei que Kyuubi está aqui – ela olhou para o próprio peito – as vezes fala comigo em pensamentos mas só pode me ouvir quando falo. Não adianta pensar que ela não ouve. Deve ser porque não há um lacre nos unindo, e também deve ser por isso que o uso que faço de seus poderes é bem limitado, apenas posso acessar seu chakra e tenho uma recuperação rápida. De qualquer forma ela não quer sair. Algo aconteceu com ela enquanto estava dentro de Naruto que a deixou com bem menos ódio.

- A godaime nunca cogitou em colocar um lacre em você?

Ficou séria naquele momento. Seria e totalmente fria.

- Eu não quis. Eu acreditava que isso deixaria Kyuubi da mesma forma que um animal enjaulado, ou seja, incontrolável. Entenda... apesar de ser inútil, ela pode sair de mim a qualquer momento, ou seja, ela tem escolha. Claro que não é uma escolha real, pois se sair será caçada e lacrada novamente em algum lugar. Mas há esta sensação de escolha para ela, uma sensação de liberdade que ela nunca teve, é por isso que digo que ela está em paz. E voltando a minha narrativa, foi por causa do amaterasu que o transplante que minha mestra fez em mim foi classificado como altamente secreto. Como explicar que eu sobrevivi a um amaterasu queimando meus olhos?

- Agora eu entendo. Mas não havia menção disto naquele documento.

- Eu removi isso – confessou sorrindo de forma amarela – o documento detalhando o meu estado esta em uma classificação superior. E felizmente você não imaginou que havia uma segunda folha apenas com estes detalhes.

- Realmente, não.

- Bom, acho que é hora de concluir a historia. Tsunade-sama me contou que ela encontrou Sasuke ainda vivo, e que conseguiu entender dele que havia algo com minha visão e que ele queria que eu recebesse seus olhos  - Shikamaru ergueu as sobrancelhas – ela os tinha preservado mesmo sem saber se ia acabar usando-os ou não. Me disse que pretendia transplantá-los em mim mas eu recusei. Já tinha o monstro de Naruto comigo, não queria também os monstros que destruíram Sasuke, mesmo com a tentação de que poderia usá-los a vontade com o chakra fornecido pela raposa. Assim ela me deu olhos normais, mas acabou me pregando uma peça.

- As cores diferentes? – arriscou ele.

- Sim. Azul e castanho, como os de Naruto e Sasuke. Na verdade eu cheguei mesmo a pensar que o olho azul era de Naruto, mas minha mestra me garantiu que não, apesar de que ainda tenho dúvidas sobre isso. E logicamente eu não acreditei naquilo. Porque me dar olhos de cores diferentes? E a resposta me surpreendeu. Ela disse que era uma desculpa perfeita para eu usar lentes de contato e com isso mascarar a presença de Kyuubi dentro de mim, caso meus olhos mudassem de cor quando eu usasse seu chakra. Mas acho que já te disse isso.

- Sim, acho que no começo da conversa.

- Bom Shikamaru, é isso. A história de como me tornei uma quase jinchuuriki. Minha manifestação máxima da Kyuubi é aquela que você viu na sala de interrogatório. Acho que sem um lacre, é só o que posso fazer. De qualquer forma, ainda sou aquela menina chorona que precisa ser protegida. Antes Naruto e Sasuke faziam isto, depois Naruto e Sai. Agora são estes ANBUs guardiões e Yamato que andou me pajeando todo esse tempo. A parte boa de não se ter um lacre é mesmo ninjas sensores não conseguirem detectar o chakra da raposa facilmente, porque ele não se mescla ao meu, mas mesmo assim posso usá-lo.

- E porque manteve esse segredo? Quero dizer... as cinco grandes nações concordaram em nunca mais usar Bijuus. Porque nunca disse isso a eles? Porque esconder isso e ameaçar causar um incidente que pode desaguar em uma guerra?

- Sem um lacre, a raposa não pode ser controlada por mim. E se tentarem por um, é muito provável que ela fuja antes de conseguirem. Eu provavelmente morreria embora a própria raposa já me disse que talvez não ocorresse, pois não há nada unindo nossos chakras. De qualquer forma haveria uma grande destruição com ela tentando fugir. Tsunade-sama temia isso e como ninjas sensores aparentemente não a detectam em mim, ela correu este risco. Por mim... como eu disse, sempre tem alguém me protegendo.

- Mas a conselheira conseguiu descobrir!

- É o que parece – murmurou - preciso conversar com ela a respeito.

- Nós dois precisamos – disse ele – sou um dos que também vai protegê-la agora, hokage-sama, porque conheço seu segredo, e também porque tem sido uma boa hokage para esta aldeia.

Sakura enfiou a cara nos seus joelhos, maneando a cabeça de um lado para o outro, não acreditando.

- A propósito... sabe jogar xadrez?