Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 13
Capítulo 13




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Sentia-se ótima naquele dia. Cumprimentou os guardas e outros que trabalhavam ali e foi direto para seu escritório. Nada como começar o dia com pouco serviço, poucos papeis e pouca coisa para a perturbar. Assim que abriu a porta estacou subitamente e ficou olhando sua mesa. Shizune estava terminando de por mais uma pilha de papeis ali.

- Bom dia, hokage-sama – disse ela sorridente. Mas bastou a observar por meio seguindo para se posicionar entre ela e a mesa e erguer as mãos em defesa dos pobres papeis. Sakura tinha começado a fazer vários selos com as mãos, e ela acreditava que era algo referente a katon.

- Sakura-chan, não! Tem fichas de ninjas e varias missões nível “D” e “C” para os novos times!

- Várias missões ou uma tonelada? – ela cruzou os braços e encostou o ombro no batente da porta – Sério Shizune-sempai, as vezes acho que você tem fetiche de me ver sentada nesta mesa tendo de ler algo e decidir alguma coisa!

Ela arregalou os olhos e ficou muda por algum tempo, e pensou que a sua brincadeira acabou esbarrando em algum fundo de verdade.

- É o seu trabalho.. – murmurou ela com um sorriso forçado – claro que confesso que acho lindo te ver fazendo o serviço de nossa sensei, mas não chamaria isso de fetiche...

- Ah, Shizune – ela maneou a cabeça lembrando-se de como sua mestra a chamava de “maquina” – acho que é hora de nós duas acharmos mais coisa para fazer do que apenas ficar tomando conta da burocracia aqui. Quando foi a ultima vez em que teve um encontro?

Ela ficou vermelha a olhando, e totalmente sem resposta.

- Algum problema? Eu tenho trinta anos e estou solteira ainda, e sinto mesmo falta de companhia algumas vezes.

Não comece logo cedo você também! - murmurou ela para si mesma de forma que Shizune não foi capaz de ouvi-la.

- Bom é que meu trabalho... eu... eu...

- Shizune-chan – fechou os olhos e andou lentamente até ela – sei que Tsunade-sama pediu para que ficasse do meu lado me ajudando, mas você também tem direito a viver. Aposto que recusou outro convite de Iruka-sensei, estou certa?

- Hã...

- Aceite – disse ela a encarando – nunca vai saber se não tentar. E se eu ouvir você comentar escondida que já passou dos quarenta e está sozinha ainda, eu mesma vou dar ordem para que os dois passeiem um pouco.

- V-você ouviu? – gaguejou ela a olhando assustada.

- Tenho bons ouvidos – ela sorriu – agora vamos ver essa montanha de papel que você me trouxe. E aproveite para me olhar a vontade, porque quando você virar as costas isso tudo vai voar pela janela.

- S-sakura-chan!

Ela deu um salto e já estava atrás da mesa. Tinha se movido tão rápido que Shizune não tinha acreditado. Ora... ela não era hokage a toa. Ficou todo o tempo possível se aprimorando nos ensinamentos de sua mestra. Deu uma olhada na pequena montanha de papeis que cobriam todo o lado direito da mesa e fez um bico. As despesas mensais da aldeia estavam ali novamente. Gastos com o hospital, academia, arsenal, ANBU, suprimentos, necessidade de compras, aprovação para aquisição de material...

E não podia nomear administradores para cuidar aquilo, a maioria eram informações confidenciais. Qualquer um com um pouco de conhecimento poderia avaliar a capacidade de defesa, armas ou quantidade de ninjas disponíveis com aqueles números, especialmente os números para compra de suprimentos alimentares.

Era melhor começar logo com aquilo. Pelo menos era uma vez por mês, depois haveriam apenas solicitações excepcionais. Olhou para Shizune que ainda a observava temerosa com o que tinha dito antes e sorriu. Localizou entre as pilhas de papel as que continham as missões e as fichas dos times.

- Não tiraram as fotos dos times ainda? - perguntou ela casualmente.

- Acho que estão tirando agora – disse ela a olhando – quer uma copia extra da do Minato-kun?

Olhou de lado para ela e sorriu. Claro que queria. Ia pô-la do lado da sua de seu antigo time. Maneou a cabeça dando a entender o que desejava e voltou a se concentrar na tarefa um pouco difícil de associar a melhor missão de acordo com as capacidades do time. Mesmo missões de baixo nível precisavam deste cuidado. Separou as fichas dos integrantes do time da Anko, o nomeado time quatro e avaliou bem os detalhes dos mesmos. Kimio Miyoko estava naquele time, a safada que conseguiu convencer Konohamaru a ensinar-lhe o jutsu erótico e espalhá-lo pela academia, especialmente entre as amigas. Pertencia a uma família de ninjas sendo que o pai e a mãe já estavam afastados. Apenas seu irmão estava ativo como shinobi, e era um chuunin do time de Moegi. Não era um clã no sentido de ter algo especial único, mas como o irmão ela tinha facilidade em controlar chakra. Talvez se tornasse uma ninja medica como ele. Uromo Outa era outro integrante do time, mas a ficha não dizia muito sobre particularidades. A mãe tinha morrido na quarta guerra e o pai tinha se casado novamente com uma kunoichi. Esta talvez tenha lhe ensinado algo, mas nada constava na ficha. O terceiro integrante ela conhecia bem, Engo Umito. Quando criança ficava lhe torrando a paciência para ser seu discípulo, e quando se tornou hokage ficou pior ainda. Depois passou a assediar Moegi que por mais de uma vez perdeu a paciência e lhe dava umas pancadas. No fim ela concordou em ensiná-lo se ele se tornasse chuunin.

Nunca entendeu o porque dele querer isso. Talvez adorasse poder demonstrar toda aquela força. Talvez a culpa tenha sido dela mesma quando ainda antes de ser hokage tinha enfrentando um grupo de nukenins que ameaçava alguns comerciantes que negociavam com a aldeia. Ele estava viajando com os pais em uma das carroças e viu toda a ação. Sorriu levemente. Ela era uma heroína para ele, mas não podia ensiná-lo se o mesmo não possuísse as habilidades certas. Moegi explicou isso a ele, e o mesmo prometeu fazer o possível para desenvolvê-las.

- Shizune-chan – pediu ela – chame o time de Anko.

Ouviu ela andar pelo escritório e abrir a porta enquanto localizava entre as missões que Shizune tinha pré selecionado algo adequado a eles. Miyoko já tinha um treinamento prévio, e os três capturaram um ladrão. Um ladrão bem fraco, era verdade, mas o tinham feito. Quando eles entraram ela já tinha sua escolha.

- Time cinco se apresentando, Saku.. – ela gaguejou – hokage-sama.

Olhou para eles e em especial para Umito. Ele a olhava com brilho nos olhos. Pelo jeito ainda a endeusava, mesmo não o tendo visto já fazia alguns anos.

- Esta será a missão de vocês – ela esticou a mão e Anko a pegou. Ela leu um pouco e sorriu levemente.

- Alunos – disse ela os encarando de frente – temos até amanhã para fazer a missão, mas eu adoraria se acabassem antes do almoço.

Ela entregou a folha para eles e Miyoko se adiantou e a pegou primeiro. E logo fez uma careta ao ler a missão.

- Vamos dar banho em cavalos? – disse ela com uma careta – que coisa mais idiota!

Ela se preparou para a olhar de forma muito autoritária, mas nem teve tempo. Umito tinha lhe acertado um soco na cabeça, dizendo que a hokage sabia o que era melhor para eles e que teria muito orgulho de executar a tarefa antes do almoço como a sensei tinha pedido. Realmente tinha arrumado um fã... E vendo eles discutirem depois a lembrou da época em que ela e Naruto tinha aquelas discussões a respeito das missões.

- Vocês já têm sua missão – disse cruzando os braços o os olhando muito séria – a menos que queriam que a sensei de vocês me ajude com esta papelada o resto do dia, eu sugiro que comecem a cumpri-la.

Anko os olhou com uma expressão assustadora e os três saíram correndo da sala. Depois ela se virou sorrindo e muito humildemente saiu também. As vezes era tão bom ser hokage...

- Você gostou disto – disse Shizune a repreendendo.

- Você também – retrucou.

Pegou as próximas fichas e viu que havia um usuário de byakugan no time de Kiba. Ainda bem que apenas o time dele tinha um ninja com habilidades naturais de rastreio, porque tinha poucas missões para achar animais perdidos. Nem quis olhar a ficha dos outros, pedindo para que eles entrassem e já deixar o outro time – o de Minato – aguardando atrás da porta. Queria ser o mais breve e impessoal possível. Enquanto aquela papelada estivesse ali ela não teria tranqüilidade para apreciar seu saquê que adorava tomar no almoço e no fim do dia.

Quando entraram, os gennins estavam no meio de uma conversa, e ela não teve nenhum interesse em interromper pelo simples motivo de ter ouvido o nome de Hinata.

- ...com essas palavras: “Que eu te dei”, Hinata-sama deu aquela roupa de presente para um gennin, aquele que sempre estava perto de Haruka-chan e Ayame-chan na academia.

- Eu lembro, seu nome é Makato, não? – disse o outro gennin.

- Crianças! – chamou Kiba em voz baixa.

- É Minato, e ele saiu com as duas! Ayame-chan e Hinata-chan! Que injustiça! – pelo jeito o Hyuuga estava tendo um pequeno ataque de ciúmes, ela riu divertida da situação, mas logo em seguida percebeu o que tinha ouvido. Minato saiu com as duas!? Mas que mulherengo que ele estava se tornando.

- As duas?

- Sim, saiu com a Haruka-chan junto para acompanhar o sensei antes em algum encontro e...

- RINGO! – gritou Kiba o fazendo se calar e ficar branco como papel. Notou Shizune pondo a mão na boca para ocultar um sorriso, e ela quase precisou pedir licença para sair e também rir um pouco.

- Desculpe, Kiba-sama, quer dizer, Kiba-sensei, eu, eu, eu, eu...

- Apenas fique calado – disse ele irritado – se quer saber o que eu andei fazendo no meu tempo livre, me pergunte. E é falta de respeito ficar fazendo fofocas. E burrice fazer fofocas sobre alguém quando esse alguém está do seu lado!

Akamaru deu um latido bem na orelha dele, o fazendo pular de susto e ficar mais branco ainda, como se fosse possível.

- Time três se apresentando, Sakura-chan. Quero dizer, hokage-sama!

Abriu um olho e fechou o outro olhando diretamente para ele, mostrando que não gostou dele ficar indeciso quando a forma de tratamento. Não se incomodava se ser chamada de Sakura-chan pelos amigos, mesmo que estivessem do lado de gennins que a viam como pessoa a ser respeitada. Mas ficar na indecisão ela achava pior do que não mostrar nenhum respeito, pois dava a impressão que a forma de tratamento que utilizava era falsa.

- Já que tem um rastreador entre os membros de seu time, selecionei uma missão apropriada – ela lhe passou a ficha da missão e ele sorriu, obviamente não a considerando uma surpresa – no entanto, não pense que será tão fácil quanto parece.

- Acho que pegar um pássaro não deve ser difícil para três shinobis que já caçaram um javali perigoso.

Ela sorriu e o olhou divertida. Pelo jeito ele não sabia que águias gostam de lugares bem altos e íngremes. Muito provavelmente ela devia estar em algum lugar da montanha onde estavam esculpidos os rostos dos hokages. Achá-la provavelmente seria fácil com alguém usando o byakugan e com Akamaru com eles. Agora, pegá-la...

- Vamos indo crianças – disse ele praticamente os empurrando para fora – e podem se acostumar que ainda vamos ter umas dez missões assim antes de pegarmos uma de nível “C”.

Como esperado, o time de Minato estava do lado de fora da porta aguardando para entrar. Mas pareceu que Kiba estava falando com eles. Pela porta aberta notou o Hyuuga olhando para as meninas do time seis, e sorriu intimamente ao vê-lo se contorcendo de vontade de falar com elas. A porta se fechou por algum tempo e ela aproveitou para pegar as fichas do time e também localizar uma boa missão para eles. Já que todos sabiam usar o clone das sombras, nada melhor que arrumar algo em que o uso disto seria útil. Alem disso havia um detalhe a mais neles nos quais viraram especialistas. Pintar um celeiro deveria ser bem fácil para eles.

Mas ela tinha a nítida impressão de que o local onde este celeiro ficava devia ser o mesmo onde um irmão de um dos membros da ANBU era fazendeiro. Coitados desses três. Iam pagar com juros tudo o que aprontaram com eles enquanto cresciam e eram protegidos pelo fato de serem órfãos e de serem crianças.

A porta se abriu quase um minuto depois e ela ficou de boca aberta e soltou a folha que tinha em mãos. Percebeu pelo canto dos olhos que o mesmo aconteceu com Shizune. Na cabeça morena de Haruka estava uma bola de pelos preta, ou melhor, um cachorro preto, muito, mas muito parecido com Akamaru. Mas o que aquilo significava?

- Time seis se apresentando, Sakura-neechan, e aproveito para solicitar uma atualização de ficha – ele apontou para o detalhe preto na cabeça da menina.

- Atualização? – murmurou ela tentando entender. Haruka tinha um animal de estimação agora?

- Sim, o clã Inuzuka quer que ela faça a missão com sua parceira.

- Parceira? – exclamou Shizune também não entendendo aquilo.

- Façam de conta de que não tenho a menor idéia do que estão falando e me expliquem tudo desde o começo – disse ela cruzando os braços e se recostando na cadeira.

- Haruka-chan? – estimulou o sensei tocando em seu ombro.

- Bem – começou ela intimidada pela presença da hokage a olhando de forma penetrante – quando ficamos um tempo na casa do Kiba, a Shiromaru acabou gostando de mim, e desde então está me seguindo. A Tsume disse que ela me escolheu como parceira, e insistiu para que eu a levasse na minha próxima missão, para que eu veja como ela pode ser útil.

Sakura estreitou os olhos e a olhou mais diretamente ainda. Aquela era a Shiromaru? A filhote do Akamaru? Aquela que Kiba tinha dado este nome pensando erroneamente ser um macho?

E quem mais podia ser? Oras... mas ela era a parceira de Haruka?

- Segundo o Kiba – agora era Konohamaru quem falava – Haruka-chan tem um chakra que os ninken gostam, de tal forma que mesmo que ela não seja uma Inuzuka, vai poder ser parceira de Shiromaru.

- O apartamento em que ela está não aceita animais – disse Shizune ao seu lado.

Olhando para Haruka, viu como ela ficou temerosa com o comentário, no entanto, pelo que ela conhecia dos ninken que o clã Inuzuka usava como parceiros, nada impedia que ela fosse parceira da cadela. Nada mesmo.

- Eu tinha reservado uma missão manual para vocês – começou ela os observando – uma vez que todos podem fazer clones das sombras, seria apropriado algo que pudesse utilizar muito trabalho braçal. Mas agora que possuem uma rastreadora no time... – ela sorriu e começou a procurar nos papeis de missões ali – creio que posso dar uma missão que requeira mais habilidade, mas ainda adequada a quem pode dobrar a quantidade de membros do time. Aqui está – ela entregou a folha para Konohamaru e ficou olhando a cadelinha muito a vontade na cabeça de Haruka. Aquilo a lembrou muito de Kiba quando Akamaru era pequeno.

- Sakura-chan – chamou Shizune – e quanto ao detalhe da moradia dela?

Ficou um pouco pensativa a respeito. Teriam que procurar outro lugar para Haruka, mas duvidava que a ANBU possuísse algum local onde pudessem ter animais.

- Acho que não precisa se preocupar com isso – disse Konohamaru – Tsume a convidou para morar na casa dela.

A convidou? Agora sim isso estava mais interessante. Não era uma simples amizade, era sério! Shiromaru era realmente parceira de Haruka e nada podia mudar isso. E Tsume não ia admitir que algo pudesse separar essas duas. Se Haruka não quisesse ir morar lá não duvidava que ela fosse procurar uma casa só para ela e a parceira.

- Mas eu não sei se deveria ir – disse ela receosa – acho que vou atrapalhar aquele clã.

- Querida – disse Sakura – pelo que conheço deles, eles vão considerar sua recusa como ofensa. Além disso, não conheço lugar melhor para você aprender como cuidar de sua parceira. E quem sabe um dia não tenhamos que alterar essa ficha para nomeá-la como Inuzuka Haruka?

Ela ficou branca quando tinha dito isto, e Sakura entendeu o porque. Mas pelo que conhecia daquela menina, não ia demorar muito tempo até Tsume se sentir tentada a adotá-la de verdade. Era muito independente e dona de si, coisa que a matriarca do clã apreciava e muito.

Mas a decisão seria dela.

- Não é hora de nos preocuparmos com isso – disse Konohamaru – temos uma missão para fazer e uma nova integrante do time para conhecer também – ele fez um carinho na cabeça da cachorra que latiu alegre.

- Qual é a missão? – perguntou Minato cheio de curiosidade.

- Localizar o “precioso”.

- Precioso?

- É o nome de um animal de estimação de um dos comerciantes da aldeia. Podemos levar Shiromaru até lá e ver se ela identifica o rastro. Pelo que vocês me falaram ela tem um faro excelente para sempre achar a Haruka onde quer que esteja.

- Acordei com ela na minha cama – disse Haruka corando.

- Ayame-chan? Esta tudo bem? – perguntou Minato olhando a amiga que estava emburrada. Sakura esperava essa reação dela.

- Achar um bicho de estimação? Que coisa sem graça...

- Acredita que está capacitada para algo mais desafiador? – perguntou Sakura elevando a voz e pondo-se de pé – caso não saiba, até minha aprovação final estarei avaliando vocês todo o tempo, incluindo a disciplina!

- N-não hokage-sama, desculpe, desculpe!

Ela saiu praticamente correndo da sala, sendo seguida pelos outros dois que a olhavam assustados e também se despediam agradecendo a oportunidade. Apenas Konohamaru tinha ficado ali e olhou para ela com um sorriso.

- O que foi? – perguntou ela o encarando.

- Vou adorar fazer isso quando for hokage – disse ele sorrindo.

- Saia daqui! – gritou ela e ele deu um pulo para fora da sala, mas permaneceu sorrindo. Ele sempre sabia quando ela estava brava de verdade ou quando estava apenas se impondo perante os mais jovens para estes não começarem a ter tendências para indisciplina.

- Ai, ai.. – chorou ela se sentando na cadeira e olhando para a pilha de papeis que a aguardava. As vezes gostaria de poder dar aquela tarefa para os gennins.

- Você foi mais gentil na primeira missão dos atuais times juniores.

- Shizune-sempai – disse ela sorridente – naquela época eu ainda estava aprendendo a ser hokage. Agora pegue uma cadeira e me ajude, ou você vai passar o resto da tarde procurando por estes papeis pela aldeia.

Ela arregalou os olhos e imediatamente separou uma pilha de papeis para ela. Ela sabia que Sakura as vezes jogava os papeis pela janela. Já o tinha feito algumas vezes, e não era nada fácil recuperá-los.

 

-x-

 

Lacrou a carta com o selo da família e soltou-se na cadeira. Sentia a vista cansada de tantos documentos que teve de ler e analisar. Ela tinha que aprovar até casamentos! Que excesso de controle havia por ali. E tudo porque o clã era quase que uma aldeia dentro de Konoha. Os shinobis que executavam tarefas para a hokage davam parte dos rendimentos para o clã. Alimentação, moradia, membros do clã que eram ninjas, tudo era controlado, e ela tinha de fazer aquilo. Mas não ousava comparar seu trabalho com a de Sakura. O dela era muito maior. O seu era bem mais simples se comparado ao dela, e em menor quantidade também. Tanto que estava perto do almoço e já tinha encerrado tudo.

Viu surpresa uma mão aparecer a sua direita e colocar um copo de suco na sua mesa. Seguiu a mão e lá estava o rosto de Neji, com um sorriso para ela. Pegou o copo e sorveu o liquido suavemente. Neji tinha se tornado amigo pessoal e seu guarda costas particular depois de assumir como líder. Por não pertencer a família principal ele sempre se mantinha confortavelmente afastado dela, de tal forma que apesar de se verem todos os dias e desenvolverem uma grande amizade – chegando a confidenciar segredos um para o outro – a véspera tinha sido a primeira vez em que saíram juntos. E só isso já gerou uma onda de comentários pelo clã.

Curioso que a maioria dos comentários não eram depreciativos, mas encorajadores. Que interessantes eram as coisas. Será que era por ela ser solteira ainda e estar se aproximando da época em que não poderia mais ter filhos? Decerto já estavam pondo suas fichas em sua irmã mais nova, mas esta não estava nem um pouco interessada nos deveres para com o clã. Achava isso chato e tedioso, e preferia se ocupar com missões e paqueras sem compromisso.

- Eu fui mesmo uma mãe super protetora ontem? – perguntou de repente para ele.

- Ficar encarando Minato-kun quando ele ia receber talvez seu primeiro beijo seria o que?

Sempre direto ao assunto. Ela apreciava isso nele. Disse que ela estava intimidando os dois com sua presença ali e teve que concordar com aquilo. Mas ficou tão satisfeita de ver seu filho já saindo com uma garota – ou duas, já que um dia antes tinha dito que tinha saído com Haruka – que não conseguia se controlar. Queria inclusive convidar os dois para os acompanhar em um jantar, mas viu que fez bem em não o fazer. Ergueu seu copo e brindou mentalmente agradecendo ao seu byakugan. Sem ele não teria visto Minato dar comida na boca de sua acompanhante, bem como o longo beijo de despedida.

- Ayame-chan é uma boa moça, não acha?

Ele a olhou torto e sentou-se na sua mesa, uma liberdade que ela estranhou muito.

- Hinata-chan – chan?! – eles apenas se divertiram um pouco, não foi nenhum pedido de casamento, muito menos uma saída de namorados.

- Se beijaram por um minuto e não foi uma saída de namorados?!

- Então os ficou vigiando! – ele a encarou com um sorriso cínico, e ela ficou vermelha como não ficava fazia muito tempo.

- Ora... claro que sim! Estava preocupada... quer dizer... eu... – olhou para ele curiosa agora – Neji... Neji-kun...

- Sim? – seu sorriso agora era mais suave.

- Você sabe dançar muito bem!

- Tenten me ensinou – disse ele abaixando os olhos, mas ainda sorrindo – e em uma coisa você tinha razão ontem. Já faz muito tempo que não saímos simplesmente para nos divertir. Eu gostei muito, Hinata-chan.

- “Hinata-chan”?

- Bem, a líder do clã disse que sou muito formal – ele a olhava torto de novo – e eu sempre gostei de contrariar a líder. De qualquer forma, quando estávamos dançando ontem eu me lembrei de uma coisa que tínhamos prometido antes do ataque de Sasuke ocorrer. Prometemos nos sacrificar pelas crianças de Konoha, mas também prometemos viver pelos que não conseguissem. Fiquei o tempo todo pensando em Tenten ontem, e em como ela não gostaria que eu permanecesse solitário.

Ela o olhou e sorriu. Sentia o mesmo em relação a Naruto. Ele não gostaria que ela ficasse sozinha. E como em poucos anos Minato poderia se defender sozinho, aquela maldita decisão que a corroia desde que tinha deixado ele no orfanato poderia finalmente ser revertida. Mas não queria definir uma nova relação antes de contar toda a verdade para ele.

Olhou para Neji e este a olhava de volta. No entanto, nada impedia de se soltar um pouco, sair, passear, relaxar. Neji tinha sido mesmo uma boa companhia, e até a alertou de forma a não atrapalhar o encontro de Minato. E como sua irmã tinha uma fama de saideira, porque ela não poderia sair também?

- Está muito expansivo para com a líder do clã, Neji-kun.

Sua voz era macia, e seu sorriso devia indicar a ele sua verdadeira intenção.

- Que tal sairmos para jantar no próximo fim de semana? – disse ele a olhando.

Um convite para jantar. Nem se lembrava de quando tinha recebido o último. Mas sabia que tinha sido quando ainda sentia Naruto em seus pensamentos, de forma que não o aceitaria mesmo. Agora contudo as coisas estavam diferentes. Quando o convidou para saírem, queria mesmo aproveitar e relaxar um pouco, e também para lhe dar algum descanso. Neji sempre era serio e taciturno em suas obrigações, quase como uma maquina sem vida. Mas as sensações que teve só em relaxar de forma descontraída, e a pequena aventura de moleca de ver o que o filho fazia a tinha deixado muito feliz. Talvez tivesse sentido o mesmo com qualquer outra pessoa.

- Eu aceito – disse ela o olhando – mas sem beijo de língua no primeiro encontro – completou sorrindo.

- Mas esse vai ser o segundo... – retrucou ele.

Ela arregalou os olhos. Neji estava ficando um pouco mais ousado do que esperava.

- É o primeiro em que você me convida. Alias.. é o primeiro em que convida qualquer pessoa...

Ele ficou corado, e ela quase gargalhou. Neji corado? Tinha que tirar uma foto daquilo. Decidiu terminar o copo de suco e olhar as coisas ao redor. Acionou o byakugan e procurou por Minato, a despeito dos protestos de Neji. Era a primeira missão dele, e ela ia ver e ponto final. Achou um grupo de genins correndo atrás de um cavalo que estava molhado. Um pouco mais distante estava Anko dizendo algo para eles, provavelmente os xingando por terem feito algo errado. Acabou localizando Kiba no sopé da montanha onde ficava os rostos dos hokages, e pelo jeito ele e seus gennins estavam olhando para cima procurando por algo. Mas não conseguiu achar Minato ou o resto de seu time. Deviam estar fora da aldeia e fora de seu alcance. Uma pena.

 - Hinata-sama! Invadir a privacidade dos outros não é algo muito aceitável – ele realmente estava nervoso com ela.

- Sou mãe, Neji – seu rosto estava sério – uma mãe que precisou ficar afastada do filho, mas sempre podendo ir até ele a qualquer momento do dia. Eu sempre o olhava com o byakugan no orfanato, na academia, quando fazia traquinagens... é muito pior do que perder um filho Neji-kun, nem sei como consegui suportar isso até...

Sentiu os braços dele a envolverem e a apertarem, e lembrou-se de como tinha conseguido suportar. Neji sempre a apoiou quando se sentia assim, a abraçando ou apenas ficando ao seu lado. Tinha sido a âncora que a impediu de pegar o seu filho a força e ficar ao seu lado, por mais perigoso que isso pudesse ser para o mesmo.

- Eu adoraria que a Hanabi-chan recebesse uma missão para matar Kabuto – murmurou ela contendo as lagrimas enquanto sentia o abraço de seu amigo – não fosse esse maldito, Minato estaria aqui conosco.

- Você sabe que Sakura vai mandar todos os shinobis que puder caso tenha qualquer noticia dele – disse ele ainda a confortando – mas ele esta oculto desde aquele dia.

Respirou mais devagar e conseguiu se afastar dos braços dele. Sim, ele nunca mais deu noticias desde então. Ela sentia um grande rancor por ele, e uma vontade de matar que nunca tinha sentido contra qualquer outra pessoa antes. Mas sabia que não adiantava ficar alimentando este ódio. Por quatorze anos ele ficou desaparecido, e desejava que ficasse assim por mais algum tempo. Era hora de cuidar de si mesma, para variar.

- Certo, um selinho depois do jantar – disse ela com um sorriso.


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Notas finais do capítulo

Bom, vou seguir os pedidos que vi nos reviews. Logo logo Haruka e sua parceira Shiromaru vão ficar juntas.



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