Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 14
Capítulo 14




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Faltava apenas mais um cavalo. Teria sido bem mais fácil se um daqueles três idiotas se lembrasse de amarrar o primeiro cavalo antes de começar a jogar água nele. Levaram três horas para capturá-lo novamente, e ficaram tão sujos na perseguição que tiveram de lavar a si mesmos juntos com ele. Pelo menos com os outros cavalos tinha sido mais fácil. Mas não terminaram antes do almoço como tinha pedido. Na verdade já estavam perto do jantar, e os três estavam muito cansados.

Ela apenas os observava enquanto aprendiam a entender um ao outro e também as discussões entre Miyoko e Umito. Esses dois eram gato e rato, quase nunca concordando e quase sempre se pegando a tapas. E o motivo principal do dia era o respeito quase insano que ele tinha pela hokage e o fato de Miyoko constantemente reclamar daquela missão idiota.

Era idiota sim, mas tinha seu objetivo. Dar oportunidade para os gennins se conhecerem e trabalharem em conjunto. Seria mais útil se algum deles pudesse usar suiton, mas mesmo que fosse possível, não era hora ainda de lhes ensinar técnicas mais avançadas. Andar em superfícies e saltar distancias seria a primeira coisa que ensinaria a eles assim que tivessem feito três missões.

Pegou outro dangô de sua mochila e começou a comer devagar. Ainda bem que nenhum deles perguntou porque ela não estava ajudando a lavar. A verdade era que se divertia mais os vendo sofrer daquele jeito. Enquanto comia os observava atentamente tentando mover a pata do cavalo para cima para lavá-la. Alguém ia levar um coice logo, logo.

Conteve as risadas. Daquela vez fora Miyoko. Terminou de comer seu doce e levantou-se. Era hora de dar o seu sermão para eles, dizendo o que fizeram de errado durante todo o dia. Aproximou-se devagar vendo a garota descontar a raiva do coice no Umito, como imaginava que ela ia fazer. Ficou parada ao lado deles enquanto ela discutia e dava uns safanões nele, coisa que ele revidava sem demorar. Mas achou melhor interromper quando ela começou a criticar a hokage por ter dado aquela tarefa para eles.Umito iria ficar possesso com aquilo.

- Já chega alunos! – disse ela chamando a atenção deles – é quase hora do jantar. Não acham que demoraram muito tempo apenas para lavar quatro cavalos?

- Foi culpa de Umito que não amarrou o primeiro cavalo – apressou-se ela para dizer. Outa estava quieto. Ele era o que deixava as coisas acontecerem.

- Sério? – ela a olhou cruzando os braços – quer dizer que se fosse uma missão para proteger alguém e você visse o seu colega fazendo algo errado iria deixá-lo continuar sem o avisar? Caso não tenha percebido, você é tão culpada quanto ele por não tê-lo avisado para amarrar o cavalo da primeira vez.

Ela ficou um pouco corada e olhou para baixo.

- Bom, na verdade eu também não tinha pensado naquilo...

- Então porque o culpou? É especialidade dele saber como lavar cavalos? – ela a olhava de forma dura – nenhum dos três tinha feito isso antes, mas o que me deixou triste foi que nenhum de vocês se preocupou em obter alguma dica do dono dos cavalos. Acharam que era só jogar água e escová-los, certo?

Os três estavam encabulados. Mas ela ainda não tinha chegado na principal reclamação.

- Se tivessem agido como uma equipe deixando suas briguinhas de lado, teriam terminado mais cedo, mesmo com o primeiro cavalo fugindo e precisando correr atrás dele.

Miyoko olhou de lado para Umito, mas nada disse. Não era incomum os gennins de um time terem desavenças, mas não podia deixar aquilo ir muito longe. Era sua primeira e sentia que talvez era também a única chance que teria como sensei de um time. Não podia deixá-los estragar tudo. Ainda mais que três times tinham sido aprovados inicialmente e pelo jeito a Sakura só ia permitir que dois continuassem.

- Prestem atenção, os três! Passaram na minha avaliação mas a hokage ainda os esta avaliando. E ela pode muito bem reprová-los ainda, se não se recordam. Se continuarem a discutir entre si não vão durar muito. Era uma missão banal que apenas exigia um mínimo de trabalho de equipe e muito trabalho braçal, ou seja, qualquer imbecil podia fazer. E Miyoko-chan, pare de discutir as missões que a hokage nos dá. Não importa se é um tédio ou fraquinha. É uma missão que ela selecionou. Umito-kun, está mais do que claro que você tem uma idolatria pela nossa líder rosada, mas contenha-se. E Outa-kun... – olhou para ele e este a olhou com os olhos arregalados – ficar quietinho não vai fazer este time ir para a frente. Agora vão levar os cavalos de volta e me encontrem no prédio da hokage para confirmarmos o fim da primeira missão. Provavelmente ela nos dará outra amanhã, e não quero ver reclamações, entenderam?

- Sim, Anko-sensei – disseram os três cabisbaixos.

Viu-os conduzindo os cavalos domesticados de volta ao seu dono e sorriu divertida. Até que terminaram no mesmo dia, coisa que ela estava realmente duvidando. O problema foi a sujeira e confusão que arrumaram caçando o cavalo fujão. Talvez tivesse sido melhor colocá-los para recuperar algum animal perdido. Pegou outro dangô de sua mochila e foi mordiscando-o enquanto andava calmamente em direção a onde seus alunos seguiam com os cavalos.

 

-x-

 

Esticou a mão devagar para não o assustar mais uma vez. Não era fácil se agarrando ao pêlo de Akamaru, e ainda por cima a dezenas de metros de altura, mas era a vez dele de tentar, e estava temeroso de, como os seus colegas, escorregar daquela altura.

Yoshi parou de se mover subitamente quando a águia olhou na sua direção. Mas que droga, já era a terceira vez. Tinha sido fácil Akamaru rastreá-la até a montanha, mas para Ringo localizar a ave tinha demorado mais. Haviam três águias ali, e só uma delas era o passaro perdido. Pássaro perdido... quem em juízo perfeito iria ter uma águia como animal de estimação? E ainda por cima ser idiota para a deixar escapar? O pior era que nem ele ou seus colegas sabiam andar em superfícies. Apenas Akamaru e o sensei. E o sensei disse que eles é que tinham de achar uma maneira de cumprir com a missão. Se não o fizessem até a noite, ele daria algumas dicas.

Ringo tinha tentado primeiro, e levou um tombo que só não foi fatal porque o sensei o salvou. Demoraram mais algumas horas até localizá-la novamente, no alto da cabeça do terceiro hokage. Jiro tentou daquela vez, e deixou-a escapar por quatro vezes seguidas. Na quinta escorregou e foi o próprio Akamaru quem o salvou de ser despedaçado se caísse no chão. Foi quanto se reuniram e tentaram arquitetar um plano. Foram até as lojas da aldeia e pegaram uma rede de pesca danificada que estava no lixo – bem mais barato do que tentar comprar uma – e estava com esta rede na sua mão agora, tentando uma boa posição para lançá-la contra a ave. Se desse sorte a pegaria facilmente.

O problema era justamente isso, sorte! Aquela ave já tinha escapado varias vezes dos outros dois, e sem duvida olhava desconfiado para ele que estava ali no alto da cabeça da rokodaime andando suavemente para o lado para ficar mais distante do mesmo toda vez que se movia para deixar a mão em posição para lançar a rede. Endireitou o corpo e respirou fundo. Akamaru latiu fracamente para ele.

- Eu sei o que tenho de fazer – disse para o cão – mas não é fácil me segurar nas suas costas e tentar jogar a rede.

Fazendo um som de ganido, ele balançou o corpo o fazendo escapar de suas costas, e antes que tivesse tempo de gritar ele o pegou na gola de sua camisa com as mandíbulas. Ele ficou olhando para baixo apavorado com medo de cair. Tudo bem que agora não precisava mais se preocupar em ficar agarrado nas costas dele, mas bem que ele podia ter avisado antes.

Avisado? Como ele ia fazer isso? Estava ficando muito nervoso.

Olhou para a ave e apesar desta ter ido mais longe com o movimento de Akamaru, ainda estava ali. Pelo menos seria mais fácil agora. Abriu a rede e girou-a com a mão, a arremessando em seguida. Por um instante parecia que ia dar certo, mas a ave apenas voou por baixo da rede antes que esta a atingisse e desceu a montanha, indo então para o alto até que a perdeu de vista. Tinham fracassado novamente.

- Vamos descer Akamaru – disse ele – precisamos do Ringo de novo.

Mordeu a própria mão para não gritar de medo conforme ele corria para baixo pela montanha. Será que era verdade que não teria mais medo de altura quando aprendesse a andar em superfícies? Tomara que sim, ou seria uma vida muito curta a dele.

Quando chegou ao solo, se deixou cair sentado após ser solto por Akamaru. Olhou para os seus colegas e estes olharam para o sensei, quase implorando por alguma ajuda. Este os olhou demonstrando uma certa impaciência e andou um pouco para ficar diante deles. Fez um carinho e Akamaru e maneou a cabeça.

- Como fizeram com o javali vocês pensam em ir atrás do animal, não em fazê-lo ir onde querem que ele vá.

Ele pegou algo de sua bolsa e viram que era um pedaço de carne crua.

- Águias comem carne – continuou ele – e esta daí não teve tempo de comer o dia inteiro. Mesmo porque normalmente caçam pequenos animais, e não há muita coisa para caçar na aldeia, exceto ratos e talvez até um gato. Mas os ratos não se aventuram durante o dia, e os gatos são espertos para escaparem dela. Além disso com vocês a perturbando, ela não sentiu vontade de caçar nada. Então vamos usar isso.

Ele arremessou o pedaço de carne e este ficou no alto de um poste próximo.

- Esteja preparado, Yoshi. Ringo, use o byakugan e diga o que ela esta fazendo.

Viu o colega acionar aquela incrível habilidade – ele adoraria ter aquilo para poder espiar as meninas, mesmo com ele avisando que não dava para vê-las sem roupa – e após alguns minutos localizou a ave bem no alto da montanha. Ela parecia estar olhando diretamente para a carne que o sensei tinha arremessado. Ele aproveitou e procurou pela rede que tinha caído no chão e depois de um tempo razoável, a encontrou e a deixou pronta na sua mão.

Levou quase meia hora até ela se lançar em um vôo quase suicida para baixo. Não conseguia ver nada olhando para o céu, mas Ringo dizia que estava mais e mais próxima. Finalmente notou um ponto se movendo e começou a girar a rede que tinha recuperado. Quando o ponto assumiu o contorno da águia que procuravam, arremessou a rede e torceu para ter acertado no tempo. Ela pousou no alto do poste instantes antes da rede a envolver. Assustada ela tentou voar, apenas caindo feito uma pedra para o chão. O sensei se adiantou e a pegou antes que se ferisse.

Realmente tinha sido bem fácil daquele jeito.

- Nada mal, crianças – disse ele – eu podia dizer isso desde o começo, mas queria ver como iam se sair.

- Teria funcionado se não a tivéssemos perseguido e impedido de caçar por conta própria?

 - Acho que não, Yoshi – ele sorriu – foi importante terem atormentado a pobre ave.

Pobre ave? Ficaram diante da morte por varias vezes naquela montanha. Ela podia voar, eles não! Pobre deles, isso sim. Viu o sensei ir até a mochila dele e pegar a gaiola que o dono da ave fujona tinha lhes entregue. Colocou a mesma lá dentro e fechou a porta. Ela ficou um pouco agitada no começo, mas logo se conformou e ficou quieta. Isso tinha sido uma missão “D”? pelo perigo que correram, pareceu mais uma bem mais elevada.

- Não foi desnecessariamente perigoso a maneira como fizemos isso? – perguntou Jiro olhando o sensei muito sério.

- Sim – disse ele sorrindo – mas foram vocês que decidiram fazer desta forma. Nem se preocuparam em pesquisar ou perguntar para outra pessoa como fazer.

Se entreolharam encabulados. Na próxima missão seria diferente.

- Vamos indo alunos, hora de entregar o fugitivo e dizermos a hokage que terminamos a missão. Mas na próxima acho que vou participar um pouco mais.

Seguiram ele que foi andando tranqüilamente até o prédio da hokage. Pelo menos tinham terminado a primeira missão. Agora ele queria um jantar e dormir um pouco.

 

-x-

 

- Peguei, peguei! – disse Ayame gritando com as mãos dentro do buraco, mas quando tentava puxar seu cativo para cima, ela é que foi puxada para baixo e bateu a boca na grama, quase engolindo algumas folhas - EU VOU MATAR ESSE BICHO! – gritou ela furiosa.

Que coisa! Tinham ido até o dono do animal perdido e após este mostrar onde ele costumava ficar – um cercado com piso de cimento – a nova parceira de Haruka – ele ainda custava a acreditar que aquilo tinha acontecido e nenhuma das duas disse nada para ele – começou a farejar o local. O curioso era que Haruka parecia ter uma ligação toda especial com ela. Ficava a incentivando varias vezes a identificar e a seguir o cheiro, e parecia perceber quando ela localizava algo.

- Shiromaru! – chamou Haruka um pouco distante – onde ele foi agora?

A cadelinha corria farejando o solo e parava por alguns momentos. Depois voltava a andar e por vezes pareceu perdida. Já tinha agido assim antes. Provavelmente o “precioso” estava andando por aqueles túneis embaixo da terra ainda assustado por quase ter sido pego pela Ayame.

Não duvidava agora nem um pouco do faro dela, mas não foi assim no começo. A seguiram por toda a aldeia até saírem dela e andaram por duas horas – que animal de estimação iria percorrer tal distancia? – com ela sempre seguindo uma trilha. Chegaram a pensar que ela talvez estivesse seguindo a trilha de outro animal que também tinha estado no cercado. Isso ficou mais forte quando ela se embrenhou entre as árvores e chegou a um descampado que era uma das áreas de treinamento da aldeia. Estava deserta na hora.

- Kage bunshin no jutsu – disse Ayame e aparecerem dois clones que correram junto com ela para formar um triangulo ao redor de Shiromaru. Aquilo era outra coisa que começou a lhe chamar a atenção. Ayame estava fazendo muitos clones e não parecia cansada como tinha temido antes. Talvez a raiva que sentia do animal a tenha feito ficar menos prudente.

Ora... ele também estava com raiva do bicho! Quando chegaram no local, a cadela parou e ficou cavando o solo com grande interesse, e todos acharam que ela tinha achado um osso. Haruka não desanimou e a levou de volta para onde acreditavam que ela poderia ter perdido a trilha. Ela foi de novo para o mesmo lugar e ficou cavando ali. Nesse momento Ayame já estava fazendo piadas da situação, comentando que talvez procurassem por uma galinha e a mesma tinha sido assada e estava enterrada ali.

Haruka se mantinha distante e mostrava os dentes. Estava com raiva também. A hokage sabia mesmo o que dizia quando lhes falou que iam precisar de muito trabalho braçal ali. Ele fez dez clones e começaram a se posicionar. Iam tentar fazer a mesma coisa de antes.

Repetiram aquilo varias vezes, chegaram até a voltar para a aldeia e começar tudo de novo. Shiromaru os levou de volta ao mesmo local. Foi quando ele perguntou ao sensei que apenas os observava em silencio que tipo de animal estavam procurando. Ele pos as mão na cintura e deu um pequeno sermão neles por não terem perguntado antes. Era uma toupeira! Não era a toa que Shiromaru cavava o chão, a toupeira estava debaixo da terra! Perderam horas apenas porque tinham pensado que era um cachorro ou um gato.

Shiromaru parou de andar e começou a cavar de novo.

- Agora, Ayame-chan – disse ele quando os clones se posicionaram fazendo um circulo um pouco distante ao redor dos clones dela.

Ela e seus dois clones começaram a pular no mesmo lugar para assustar o animal escondido, e Shiromaru começou a correr de novo com o nariz grudado no chão, seguindo a criatura embaixo da terra que fugia assustada. O seu clone mais próximo correu para a frente dela e pulou várias vezes no mesmo local, tentando obstruir o túnel ali embaixo. Shiromaru parou e deu meia volta, depois foi para a direita. Outro de seus clones fez o mesmo. Enquanto isso, Ayame, seus clones e Haruka cavavam um buraco com kunais onde ele tinha estado antes, onde sabiam que havia um túnel. Logo o terminaram e se afastaram um pouco. Shiromaru já estava indo naquela direção. Mas desta vez os seus clones iriam tentar ajudar a cercar a toupeira. Da outra vez, o animal ficou assustado e voltou para o buraco, Ayame quase o pegou mas acabou comendo grama. Desta vez ele queria ter certeza de que ele não poderia voltar.

Como antes, ele pulou para fora do buraco que tinham cavado dando um susto nas meninas que o aguardavam. Dois de seus clones se posicionaram no buraco cavado e começaram a fechar o túnel ali colocando terra. Toupeiras cavam rápido mas não tão rápido assim. Teriam tempo de pegá-la caso voltasse por aquele lado.

A surpresa foi ela correr direto para Haruka que ao tentar pegá-la com as mãos à deixou escapar – o pêlo dela era escorregadio com a terra molhada que tinha – e esta passou pelo meio de suas pernas. Ela caiu sentada logo depois. Ayame corria junto com ele e seus clones. Ela fez mais um enquanto corria e subiu nas costas deste, tomando impulso para pegar a criatura.

Acabou caindo de boca no chão de novo. Minato conteve um riso. Ela devia ter mandado um clone fazer aquilo. Mas ela não estava acostumada como ele a trabalhar com clones. Na verdade ela só tinha feito um clone por vez até aquele dia. Ter feito dois de uma vez só e em seqüência tinha sido uma surpresa. O sensei tinha dito que isso era limitado a quantidade de chakra que tinham. Então Ayame devia ter um quantidade de chakra um pouco elevada para poder ter feito dois clones por três vezes seguidas, e agora fez mais um. Três clones de uma vez. Ele conseguia fazer dez, mas apenas quatro ou menos podiam ser resistentes. Quando fazia todos normais, chegava a vinte. Talvez pudesse fazer mais, mas tinha medo de ficar fraco com isso.

Ouviu seu sensei gritar a distancia para não se preocupar em alcançá-lo, apenas em mantê-lo correndo, pois ele ia se cansar logo. Sendo assim ele deixou os clones irem e ficou um pouco para trás. Não demorou dez minutos para a toupeira ir mais devagar e parar literalmente com a língua para fora, próximo da exaustão. Mas mesmo assim ele não ousou pegá-la, preferiu deixar um clone fazer isso. Se aquelas garras podiam abrir buracos na terra, podiam fazer um bom estrago nas suas mãos.

Um clone a pegou e ficou movendo-a de um lado para outro conforme tentava evitar a boca dele. Não sabia se ia mordê-lo, mas não queria arriscar. Mesmo sendo um clone mais resistente, não queria se arriscar a que desaparecesse e precisassem passar por tudo aquilo de novo. Já tinha acontecido uma hora atrás, com o único clone que Haruka tinha feito.

Um minuto depois Ayame chegava com raiva, decidida a acertar as contas com o animal.

- Me deixa pegá-lo – ele a segurava evitando que se aproximasse mais – só um tapa, só um!

Haruka chegou um pouco depois com uma cesta que tinham feito com gravetos. Tinham tentado usá-la como armadilha antes, mas esqueceram que era leve e a toupeira simplesmente a empurrou para cima e correu para um buraco. O clone a colocou dentro da cesta e Haruka dobrou alguns dos gravetos para fechar a abertura.

- Finalmente – disse ela soltando uma grande lufada de ar.

Ouviu latidos no chão e quando viu a origem,  lá estava Shiromaru pulando ao redor de Haruka. Ela empurrou a cesta para Ayame – para desespero de Minato que precisou fazer dois clones para segurá-la – e agarrou a amiga no colo, cobrindo-a de elogios.

- Nada mal, crianças – disse o sensei se aproximando com as mãos nos bolsos – confesso que achei a estratégia um pouco simplista, mas funcionou.

- Simplista? – bufou Ayame que ainda tentava alcançar o cesto onde a toupeira estava presa que estava nas mãos de um de seus clones – acha que foi simples fazer isso?

- Não disse que a execução era simples, apenas a estratégia – ele riu – porque não pensaram em uma forma de atraí-lo para fora do buraco?

- Toupeiras comem minhocas e outras criaturas debaixo da terra – disse Haruka abraçando sua parceira – não ia sair da toca para procurar comida na superfície. Além disso, enxergam muito mal.

Ele abriu os olhos um pouco e Minato tinha certeza de que tinha ficado um pouco envergonhado.

- Bom, eu nunca tive essa missão – disse ele dando de ombros – vamos indo então. Eu acredito que sua amiga vai fazer parte integral do time?

- Amiga não, minha parceira – ela ergueu Shiromaru com as mãos e a olhou diretamente com um sorriso – o que mais ela pode fazer além de farejar?

- Ela sente chakra – disse ele – também vai poder andar em superfícies como vocês, basta você mostrar a ela como se faz. E como Akamaru, vai ficar bem grande e com certeza vai te carregar por ai.

Ela colocou a amiga na cabeça. Tinha achado aquilo muito estranho quando Kiba o tinha feito no prédio da hokage, mas ele disse que ela não ia cair dali fácil, e que tinha feito o mesmo com Akamaru.

- E logicamente, ela pode lutar também. Só não sei bem que tipo de jutsu vocês vão poder fazer juntos, mas tenho certeza de que poderá aplicar uma transformação nela.

- Sério? – ela o olhou impressionada.

- Sim, não é diferente do kawirimi. Quem sabe? Talvez você até possa fazer clones dela. Só vai saber experimentando. Mas por hoje já fizeram muito. Estão arranhados, sujos de terra, e espero que Ayame queira comer algo diferente de grama hoje a noite...

Ayame tinha sossegado finalmente, apesar de ainda olhar para o animal com irritação. Mas ficou emburrada com o sensei.

- Vamos indo – disse ele – ainda temos de levá-lo de volta para o dono, falar com a hokage e pegar o primeiro pagamento de vocês.

Ele gostou de ouvir aquilo. Dinheiro finalmente, seu dinheiro! Agora pelo menos esperava poder comprar uma pequena geladeira para o seu apartamento. Mas duvidava que pudesse fazer isso.

 

-x-

 

Chegaram ao prédio da hokage e antes de seguirem pelas escadas receberam o aviso de que as fotos dos times estavam prontas. Meio sorridente com aquilo ele foi com os colegas até a sala onde a pessoa que as entregava estava e recebeu a sua cópia. Ficou um pouco com raiva quando viu Miyoko do lado direito olhar a câmara com um olhar de superioridade, e o pior era que parecia que estava debochando dele! Aquela sem vergonha! Só porque tinha um irmão chuunin achava que era toda especial. Ela ia ver! Ele seria aprendiz da hokage, ou melhor, aprendiz de sua discípula. Talvez até pudesse ser um senin.

Colocou a foto emoldurada dentro de sua camisa e olhou de lado para ela que parecia toda contente com aquilo. Devia ter sido mais precavido e ver a pose que ela fazia antes. Ele apenas olhou para a câmera e sorriu levemente, tentando fazer uma pose parecida com a de seu ídolo, a grande hokage de Konoha. A discípula de Tsunade, a senin das lesmas. Tinha-a visto em ação e ficou impressionado com ela. Desde aquele dia sentiu que era o que queria de sua vida, ser tão habilidoso quanto ela. Apesar de muito insistir ela não o aceitou como discípulo, principalmente por ser muito jovem ainda e porque ela já tinha uma discípula. Assim foi atrás desta pessoa e esta disse – depois de um long percalço e literais dores de cabeço – que concordaria em te-lo como aprendiz se e somente se ele tivesse a habilidade natural necessária. Mas teria de esperar até se formar chuunin.

- Umito-kun, vamos logo – chamou sua sensei.

Ficou um pouco assustado com sua distração, mas começou a andar. De certa forma, já tinha começado bem. Sua sensei era uma ex-aluna de outro senin, embora este tenha se revelado um traidor. Se não tivesse os dons naturais necessários para ser discípulo dela, poderia talvez tentar a sorte com a sensei. Seguiram pelo prédio até chegarem na sala da hokage, e ele quase rezou para sua colega se comportar desta vez, ou ele não respondia por seus atos.

- Hokage-sama? – disse sua sensei assim que entraram – missão cumprida. Ela se aproximou e entregou-lhe o papel com a assinatura do dono dos cavalos. Ela apenas maneou a cabeça mostrando o quão satisfeita tinha ficado e olhou um pouco para os gennins.

Não só isso, estava olhando para ele! Ficou sério e rígido, demonstrando disciplina frente a ela. Seus colegas apenas continuaram como antes. Sentiu-se envergonhado por aquilo. Eles não a reconheciam como grande líder da aldeia? Como responsável pela segurança de todo o país? Realmente ele estava em um time perdedor.

- Eu recebi informes de que houve uma certa confusão na aldeia devido a um cavalo fugitivo... sabe de algo a respeito? – ela perguntou a sua sensei e ele engoliu em seco. Não teria sido assim problemático a fuga do cavalo, infelizmente ele derrubou um varal pelo caminho e arrastou varias roupas pelo chão, e também assustou varias pessoas pela rua até que o pegaram quando o mesmo entrou num beco sem saída.

- Eu.. – sua sensei estava sem jeito – bem, ocorreram uns imprevistos...

- Sei – ela continuava os observando, e ele temeu que ia os reprovar naquele instante. Tinha sido uma falha monumental de sua parte, sabia disto, devia ter imaginado que o cavalo iria sair correndo quando visse aquele balde de água sendo jogado em sua direção. Mas tinha se comportado de forma tão mansa que aquilo simplesmente não passou pela sua cabeça – vocês não terminaram na hora do almoço – disse ela sorrindo.

- Acha que é fácil? – já foi dizendo Miyoko – tente lavar um cavalo que te dá coices quando menos se espera.

Ela gritou de dor quando ele a acertou na nuca, e pulou para cima dele em seguida. Como ela ousava questionar a hokage daquela forma? E ainda nem percebia aquilo. Era muito arrogante essa menina.

A pequena discussão de sopapos e chutes durou mais alguns segundos antes de ambos pararem devido a um soco que tinham levado no estomago. Gaguejando um pouco ele viu Outa os olhando com raiva e com as mãos fechadas. Ele tinha feito aquilo?

- Dá para vocês pararem de brigarem a toa? – disse ele com raiva – uma coisa que aprendi com minha madrasta foi que resolvemos nossas diferenças fora do escritório da hokage.

Em seguida ele curvou-se diante da hokage pedindo desculpas pela confusão. Ficou vermelho de vergonha com isso, pois ela sorriu para ele. Para ele! Que idiota fora em não se controlar. Isso não ia acontecer mais.

- Vamos indo alunos – a sensei não estava contente com eles – espero que o próximo trabalho que recebermos seja algo para vocês poderem descarregarem essa energia toda em algo mais útil.

Vermelho de vergonha, ele olhou aquela que era a representação máxima de um ninja para ele e curvou-se pedindo desculpas. Miyoko acabou fazendo o mesmo, para sua surpresa. Iam mesmo precisar resolver as suas diferenças qualquer hora. Ou seu futuro como shinobi estaria terminado!

 

-x-

 

Finalmente ia poder cumprir a promessa que tinha feito a eles, uma pena que só Haruka estava muito animada com aquilo. Ela adorava mesmo ramen. A hokage tinha ficado satisfeita com a forma como cumpriram a missão, mas deu uma bela bronca pelo tempo de demoraram. Agora estava levando-os para o Ichiraku para pagar um ramen para os mesmos. Mas ficou surpreso quando chegou lá. Kiba e seu time estavam ali, ele os tinha levado para comer um pouco também.

- Oi Kiba – disse ele se aproximando. Pelo jeito ele tinha acabado de comer e esperava um de seus alunos terminar o prato.

- Ora, ora... se não é o time da sombras – disse ele rindo – como ela se portou? – perguntou para Haruka que trazia Shiromaru na cabeça.

- Muito bem – disse ela – mas agora preciso ver como vou fazer... não posso ficar com ela no meu apartamento.

- A oferta da minha mãe ainda está de pé – disse ele sorrindo.

Konohamaru notou que o Hyuuga que ainda estava sentado observava as meninas com clara expressão romântica nos olhos. Só faltava essa.

- Eu sei, e acho que vou aceitar. Mas... – ela o olhou séria – é só um lugar para morar certo? Não é um convite para adoção...

- Você queria ser adotada?

- N-não – disse ela depressa – só quero poder ficar com Shiromaru.

- Tudo bem, Haruka – disse ele sorrindo e afagando Shiromaru – não tem problema nenhum. Pode inclusive já dormir hoje lá, e pegamos suas coisas amanhã.

Os outros alunos de Kiba olhavam a conversa com interesse, especialmente o Hyuuga, mas permaneceram quietos.

- Ringo-kun! – disse Ayame o reconhecendo – nossa, está no time de Kiba?

- S-sim – disse ele surpreso com ela – hoje foi nossa primeira missão.

- A nossa também. Tirou foto do time? Olha a minha aqui.

O olhar arregalado dele e dos outros dois colegas fez Konohamaru sorrir. Ayame e Haruka pouco antes da foto ser tirada tinham agarrado Minato e cada uma deu um beijo em sua bochecha, sendo que a foto foi tirada naquele momento.

- Ela.. é... parece que vocês são grandes amigos – murmurou ele acanhado.

- E somos – disse ela abraçando a foto – vai ficar na cabeceira de minha cama.

Ele olhou para o loiro e este ficou acanhado, e não era para menos. Aquelas duas estavam dando uma reputação de que ele fazia sucesso com as meninas. Talvez até fizesse, mas elas cresceram com ele, portanto terem mais intimidades com o mesmo não era inesperado. Mas que era interessante ver aqueles três gennins o observando abobados, isso era.

- Bom alunos, vamos indo, vamos liberar cadeiras para o time de Konohamaru. Haruka, vou avisar minha mãe que você vai passar a noite lá.

Ela o olhou vermelha, ainda encabulada pela mudança de ares que estava vindo. Ayame a abraçou e cochichou algo em seu ouvido, e esta cochichou de volta. Minato olhava aquilo muito curioso, mas ele não. Sentou-se na cadeira e pediu para os alunos fazerem o mesmo.

Lembrava-se da vez em que tinha sentado ali após se tornar jounin. Tinha imaginado como seria ter seu time de gennins ali com ele, e talvez até com Minato entre eles, já que na época ele tinha acabado de entrar na academia. Agora seu sonho se realizava. Apertou os lábios e lembrou-se de Naruto. Quase que o podia ver ali atrás deles os observando e contente por tudo.

- Vamos crianças – disse ele chamando Ayame e Haruka que não paravam de cochichar – vamos comer logo. Duvido que tenham dinheiro para gastarem em um jantar agora.

As duas pararam e mantendo Shiromaru no colo, Haruka sentou-se do lado de  Minato, e Ayame do outro lado dele. Ficaram jogando conversa fora apenas conversando distraidamente. Haruka tinha cismado de começar a dar um pouquinho de ramen na boca de Minato e Ayame não se fez de rogada e começou a fazer o mesmo. E era interessante cada uma tentar alfinetar a outra com o encontro que tiveram com ele, lembrando alguns detalhes deste, e fazendo Minato ficar mais e mais corado. Coitado.

Cedo ou tarde ele teria de tomar uma decisão, as duas estavam interessadas nele, e provavelmente por serem amigas não queriam forçar a situação, talvez o deixando decidir. Mas se ele demorasse muito, aquilo podia ficar complicado. Talvez devesse falar com ele qualquer dia destes.

Já estava na metade de seu ramen quando ouviu outra voz de menina ali.

- Oi Minato-kun, que saudade...

Mais uma? Olhou para ele e viu uma menina o abraçando por trás, e esfregando o nariz em sua nuca. Miyoko?  Ela também? Pensando bem, talvez ele era quem devesse falar com Minato para talvez obter alguma dica dele. Mas considerando como as outras duas estavam olhando para a cena, melhor esquecer. De forma tranqüila e devagar ele levantou-se com a tigela nas mãos e ficou um pouco do lado da pequena barraca de ramen. Mesmo a dona reparou naquilo e previdente colocou os pratos e tigelas em um ponto mais baixo e saiu pela porta, encontrando ele do lado de fora.

- É tão sério quanto eu imagino? – perguntou ela para ele que pegava mais uma porção.

- Digamos que a sua xará e a amiga não vão aceitar isso por muito tempo...

- Mas que liberdade é essa? – tinha dito Haruka com a voz bem alta.

- Liberdade, ora... – começou a responder Miyoko – desde quanto você tem interesse nele?

Ele e Ayame – a dona do restaurante – se afastaram um pouco mais. Lembrava-se de uma cena um pouco parecida com a sua namorada e uma amiga que o cumprimentou uma vez. Demorou um pouco até se acertarem.

- Ei, ei! Calma ai! – ele a viu andando para trás e havia três clones de Ayame andando na sua direção – foi só um cumprimento afetuoso... - os clones sumiram. Ufa, que alivio. Ia ser complicado explicar a situação para a Hokage – não sabia que estavam juntos.

Ela se aproximou de novo e agora a conversa tinha ficado mais calma. Mas pelo jeito Ayame estava mesmo enciumada para cima do loiro. Mas começou a notar que ela podia fazer mais clones do que imaginava, ou melhor, do que tinha se arriscado a fazer antes. Talvez como ele, ela pudesse a chegar a vinte clones algum dia. Isso também indicava que tanto ela quanto Minato poderiam aprender o rasengan.

Voltou para a barraca e sentou-se vendo Miyoko com os olhos arregalados observando a cadelinha que agora estava na cabeça de Haruka a encarando. Coitada dela, já imaginava o que tinha ocorrido. Ela era irmã de um dos chunnins que estavam no time de sua namorada, e por ter um treinamento do irmão, sempre era mais adiantada que todos na academia. Inclusive foi por isso que aprendeu fácil o jutsu erótico. Com certeza tinha aparecido ali mais para debochar das outras, mas tinha percebido que as duas já sabiam mais que ela. E também notou que Haruka tinha uma parceira canina.

Chegou a sentir pena do irmão dela. Ia prensá-lo para aprender alguma coisa mais avançada. E por falar nisso, logo, logo ela deveria voltar. Já estava ficando com saudades.


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Notas finais do capítulo

Só para lembrar, a filha do dono do Ichiraku também se chama Ayame. E não foi por causa dela que batizei meu personagen com este nome, eu não sabia mesmo até pesquisar um pouco quando revisei o texto deste capitulo.

Bom, para um fim de semana acho que tres capitulos esta bom. não é facil escrever com este frio!



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