Pokemon - Pink Ribbon escrita por Benihime


Capítulo 14
Capítulo 14 - Celadon e a Eevee perdida




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Como Sabrina havia ordenado, o Pidgeot de Ryan pousou exatamente na frente do ginásio da cidade de Celadon. O prédio imediatamente arrancou uma exclamação de surpresa das duas crianças.

Aquele era o ginásio mais incomum que haviam visto até então: paredes de vidro obscurecidas por dentro pelo que parecia uma enorme teia de galhos e folhas, além de uma floresta de trepadeiras crescendo em padrões aleatórios do lado de fora.

— Bom. — Kazumi disse, com uma ponta de humor em sua voz. A menina, lenta mas definitivamente, parecia estar recuperando seu espírito. — Não é preciso ser um gênio para adivinhar a especialidade desse ginásio.

— Cartas na mesa desde o começo. — Ryan concordou enquanto a ajudava a descer. — Não sei se isso é uma tremenda burrice ou a estratégia mais brilhante de todas.

— Pois é. Levar os oponentes a baixar a guarda só porque estão em vantagem. — A menina morena assentiu. — Me pergunto que tipo de treinador esse líder de ginásio é.

— Acho que vamos descobrir logo, logo.

— Ah, isso com certeza. — Kazumi assentiu com um leve sorriso. — De um jeito ou de outro, huh?

— Pode deixar, vou esperar por você. — Ryan rebateu jocosamente. — Não quero que a minha rival esteja sempre atrás de mim.

A menina morena riu baixinho e lhe mostrou a língua. Ryan sentiu seu coração bater mais forte dentro do peito ante aquele vislumbre da Kazumi que conhecia. Parecia que o simples fato de sair da cidade de Lavender já fizera bem a ela.

Juntos, as duas crianças entraram no ginásio, e mais uma vez se viram surpresos. Aquele lugar era muito maior do que parecia, e uma verdadeira floresta de flores e arbustos brotava por todo os cantos. Não era necessariamente um ginásio, era uma gigantesca estufa.

— Com licença. — O menino se dirigiu a uma das jovens, uma garota quase da sua idade vestida com um macacão jeans e com os cabelos castanho-arruivados displicentemente presos em um coque que carregava um regador. — Pode nos ajudar? Estamos procurando Erika.

O rosto delicado da menina se descontraiu em um sorriso de boas vindas enquanto ela delicadamente limpava as mãos no macacão e endireitava a postura, deixando o regador no chão entre as plantas.

— Mas é claro. — Ela disse. — São desafiantes?

Os dois se entreolharam, pensando se deveriam dizer toda a verdade. Num consenso mudo, decidiram por um meio termo.

— Bom ... Não sei quanto a ela, mas eu sou.

A menina de olhos castanhos abriu mais um sorriso cheio de simpatia.

— Boa sorte, então.

— Obrigada. — Ryan retribuiu o gesto. — Droga, que falta de educação. Nem nos apresentamos. Sou Ryan, e esta é Kazumi.

— Oi, Ryan. Oi, Kazumi. — A menina deu uma risadinha, parecendo achar graça daquela introdução tardia. — Meu nome é Kaya.

— Oi, Kaya. — Kazumi sorriu, parecendo gostar da espontaneidade da menina. — Você é uma graça, sabia?

O sorriso de Kaya se alargou e ela deu uma risadinha, obviamente feliz com o elogio. Logo depois alcançaram um dos extremos da estufa, onde uma porta parecia levar a um caminho de pedras mais além e a um pequeno galpão.

— Erika está lá dentro, trabalhando num novo arranjo de flores. — Kaya disse. — A porta da estufa está aberta, é só seguirem pelo caminho de cascalho. Não tem como se perder.

— Valeu, Kaya. — A menina morena disse, estendendo uma das mãos para bagunçar os cabelos castanhos da outra garota. — Muito obrigada mesmo.

— De nada! — A jardineira respondeu. — Ei, Kazumi. Se você for batalhar ... Eu posso ir assistir?

— Mas é claro. — Kazumi respondeu. — Com uma condição.

— Mesmo?! Qual?

— Torça por mim. Combinado?

— Combinado! — A menina assentiu entusiasticamente. — Nos vemos mais tarde.

E, com isso, a pequena jardineira desapareceu correndo entre as plantas. Ryan empurrou delicadamente a porta de vidro, encontrando-a destrancada como Kaya havia dito.

O caminho que levava ao galpão atrás do ginásio era de cascalho, produzindo um som agradável sob os pés dos dois amigos enquanto andavam. Logo chegaram ao galpão e Kazumi tomou a frente, batendo na porta entreaberta.

— Sim? — Uma voz feminina delicada que mais parecia um sino dos ventos soou lá de dentro. — A porta está aberta, pode entrar.

— Com licença ... — Kazumi timidamente empurrou a porta e espiou para dentro. — Você é a senhorita Erika?

— Sim, sou. — A voz delicada respondeu. — Peço desculpas mas, se veio me desafiar, receio que vá ter de esperar um pouco.

— Não, não viemos para batalhar. — A menina assegurou enquanto andava por um corredor surpreendentemente longo, repleto de plantas decorativas. — Na verdade, Sabrina nos mandou vir.

— Sabrina, é? — A voz de sino dos ventos agora soava ligeiramente contrariada. — Aposto que tem algo a ver com aquela cidade horrível.

— Sim, senhorita. — Ryan confirmou. — Minha amiga ficou doente, e achamos que tem algo a ver com um fantasma ...

— Ah, sim. — Erika interrompeu. — Sempre esses pokemon tipo Fantasma. Eles nunca se cansam de aprontar, aqueles pestinhas.

Finalmente as duas crianças alcançaram o final do corredor, onde a passagem lhes permitiu ver a dona da voz. Erika era uma mulher baixinha, de compleição tão delicada que lembrava uma boneca. Usava um bonito quimono amarelo em estilo tradicional com estampas florais em laranja e um obi vermelho ao redor da cintura finíssima. Seus cabelos negros eram muito curtos, terminando pouco abaixo do queixo. E seu sorriso, quando se virou ao ouvir a entrada dos dois visitantes, era caloroso como o próprio sol.

— Venha aqui. — A mulher mais velha disse, fazendo um gesto para que Kazumi se aproximasse. — Então foi você que os fantasmas decidiram incomodar desta vez?

— Sim, senhorita, é o que parece.

— E como se sente?

— Ainda cansada. — A menina respondeu. — Mas me sinto melhor desde que saí de lá.

— É claro. — Erika sorriu. — Não se preocupe, sei exatamente do que você precisa. Vai estar se sentindo ótima amanhã de manhã, eu prometo. Só espere um pouquinho, por favor. Fique à vontade.

A mulher morena indicou alguns pufes de aparência confortável em um canto da sala, onde Kazumi e Ryan se acomodaram enquanto Erika desaparecia pelo corredor. 

Os dois não conversaram, simplesmente se acomodaram em silêncio. A mulher de quimono voltou poucos minutos depois, trazendo nas mãos uma bandeja. O cheiro herbal de chá foi imediatamente sentido.

Erika se acomodou no mesmo banco estofado onde estivera empoleirada quando os dois amigos chegaram e ofereceu uma das xícaras a Kazumi.

— Beba, querida. — A mulher morena disse gentilmente. — Vai fazer você se sentir melhor.

A menina obedeceu enquanto Ryan também aceitava uma xícara. Assim que tomou um gole do seu, Kazumi fez uma careta de desgosto. Tentou disfarçar o gesto, mas Erika a viu. Longe de se ofender, a mulher mais velha deu uma risadinha.

— Oh, desculpe. — Ela disse. —  Eu devia ter avisado que seria amargo. É chá de Raiz de Energia.

— Raiz de Energia?! — Kazumi exclamou, surpresa.

— Claro. Quem disse que medicina herbal é só para pokemon?

— Isso ... Na verdade é bem legal. — A menina disse. — Que eu me lembre, Raiz de Energia ajuda a restaurar a vitalidade.

— Exatamente. — Erika assentiu. — E, recentemente, muitas pessoas a tem usado como estimulante.

— É mesmo? Eu não sabia! — A menina fitava a mulher à sua frente com admiração cada vez maior. — Poderia ... Me ensinar mais? Isto é, se não for um incômodo.

— De forma alguma. — A mulher mais velha respondeu. — Seria um prazer.

De uma prateleira acima da bancada em que estivera trabalhando, Erika puxou um livro antigo encadernado em couro. Ao abri-lo, revelou que o tomo continha amostras secas de plantas e ervas.

Kazumi e Ryan imediatamente ficaram em silêncio, ouvindo atentamente cada palavra daquela habilidosa florista. Foi somente quando olharam pela janela e viram o sol começando a baixar no horizonte que os dois se deram conta da passagem do tempo.

— Minha nossa! — Kazumi exclamou. — Já está anoitecendo!

— Sim, é verdade. — Erika concordou. — E é melhor vocês dois irem para o centro pokemon antes que fique tarde. Celadon é uma cidade grande, pode ser perigosa à noite.

— Então é melhor irmos. — Ryan disse. — Senhorita Erika, muito obrigada por tudo.

— Sim, obrigada. — Kazumi ecoou. — Se eu puder agradecer de alguma forma ...

— Não é necessário. — A florista disse gentilmente. — Acredite, o prazer foi meu.

Com mais agradecimentos, os dois amigos se retiraram. Celadon de fato era uma cidade grande, e o sol se pôs rapidamente enquanto os dois andavam pelas ruas.

— Droga! — Ryan esbravejou. — Onde é a droga do centro pokemon?

— Relaxa, Ryan, vamos perguntar para alguém. — Kazumi disse. — Tem um parque ali adiante, alguém vai saber nos dizer. 

— 'Tá, que seja.

O parque era um espaço arborizado no que parecia ser o centro da cidade. Logo encontraram um casal idoso que passeava e foram pedir informações. Os dois gentilmente lhes apontaram o caminho, indicando inclusive um atalho que passava através do parque. Não era a rota mais segura, os dois idosos advertiram, mas com certeza era a mais rápida.

Kazumi e Ryan os agradeceram e decidiram pegar o atalho. Não muito depois de se embrenhar no estreito caminho de terra entre as árvores, algo colidiu com força contra as pernas da menina, quase a derrubando.

— Ei! — A morena protestou. — Cuidado!

Ao olhar para baixo, deparou-se com uma pequena bola marrom de pelos. Grandes olhos escuros, orelhas longas e uma cauda peluda. Era uma Eevee. E aquela em específico estava muito, muito machucada, sangrando de vários pequenos cortes.

— Ei! — Uma voz masculina rude soou. — Essa Eevee é minha, fique longe dela!

Kazumi ergueu os olhos novamente para ver um homem num já familiar uniforme negro se aproximar correndo, acompanhado por um Arbok de aparência mal-encarada.

— Equipe Rocket! — A menina rosnou. — Mas que merda, vocês parecem baratas! Não desistem nunca, não?

— Cale a boca e suma, garota. — O homem respondeu simplesmente. — Essa Eevee aí é minha.

— De jeito nenhum. — Kazumi declarou, sua mão imediatamente se estendendo para o cinto em que suas pokebolas estavam presas. — Vai, Lucius!

O Nidoking rugiu ferozmente ao ser libertado, encarando o oponente com um olhar de pura raiva.

— Vai, Pidgeot. — A morena ouviu Ryan dizer. — Dê uma mãozinha.

Juntos, os dois mal levaram um minuto para acabar com o Arbok adversário. Assim que o pokemon caiu, Pidgeot deu um rasante sobre seu treinador, derrubando-o e pousando em seu peito, ameaçando-o com suas garras extremamente afiadas. Lucius imediatamente se juntou a ele, soltando um rosnado que faria gelar o sangue de qualquer um.

— É o seguinte. — Kazumi disse. — Você vai dar o fora daqui e deixar essa Eevee em paz. Se eu sequer suspeitar que você roubou outro pokemon ... Bom, da próxima vez não vou pedir a Lucius para parar. Entendido?

— E nem pense que poderia fugir. — Ryan completou. — Meu Pidgeot pode detectar um Magikarp a uma milha de distância, então achar você seria moleza. Entendeu, perdedor?

Pidgeot recuou, permitindo que o homem se pusesse se pé. Ele tremia violentamente. Assim que se viu livre, girou nos calcanhares e saiu correndo a toda velocidade. Kazumi e Ryan desataram numa estrondosa gargalhada com a cena, satisfeitos e ainda sob os efeitos da adrenalina.

— Nada mal. — O loiro disse assim que parou de rir. — Você é durona ... Pra uma garota.

— Valeu. — A menina havia parado de rir, mas ainda estava sorrindo. — E você até que manda bem ... Pra um idiota.

— Cala essa boca e vamos logo pro centro pokemon. — Ryan rebateu. — Essa Eevee precisa de cuidados.

Kazumi assentiu e se virou para a pokemon, que havia se escondido atrás de suas pernas assim que vira o homem da Equipe Rocket. Quando tentou pegá-la, porém, a Eevee gritou de susto e lhe deu uma tremenda mordida na mão. A menina ignorou a dor, segurando com firmeza e erguendo a pokemon nos braços.

— Não adianta discutir, bola de pelos. — Ela disse simplesmente. — Você vai para o centro pokemon com a gente. E, se tivermos sorte, talvez a enfermeira Joy saiba quem é seu treinador.

A pokemon continuou a lutar por todo o caminho, mas Kazumi não a soltou. Pelo contrário, cada vez que a Eevee se contorcia apenas fazia com que a jovem a segurasse com mais força. Ela e Ryan logo chegaram ao centro pokemon, onde uma figura muito familiar os esperava na frente do prédio.

— Ei, Zumi! — Uzui exclamou, correndo ao encontro dos dois. — Ryan! Credo, por que demoraram tanto? Eu estava preocupado pra caramba!

— É uma história e tanto. — Kazumi respondeu. — Anda, vamos entrar e dar um jeito nessa Eeeve aqui, depois conversamos durante o jantar.

O garoto moreno simplesmente assentiu e os três entraram juntos no centro pokemon.


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