Pokemon - Pink Ribbon escrita por Benihime


Capítulo 13
Capítulo 13 - A Torre Pokemon




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Kazumi caminhava devagar, apoiada no braço de seu irmão. A menina mantinha a cabeça baixa, de modo que seus cabelos negros escondiam-lhe o rosto. Era quase impossível para Uzui acreditar que aquela sombra calada ao seu lado realmente era sua irmã gêmea.

— Só mais um pouco. — O menino disse gentilmente. — Estamos quase chegando.

— 'Tá. — Kazumi ergueu a cabeça e esboçou um sorriso, apenas uma sombra de seu habitual sorriso zombeteiro. — É sério, Uzui, você se preocupa demais. Eu estou bem.

— Assim você diz, mana. Assim você diz.

Os gêmeos logo alcançaram seu destino: a famosa Torre Pokemon da cidade de Lavender. Dado o fato de que Kazumi ainda não tinha forças para viajar, os dois haviam continuado na cidade na esperança de uma recuperação da menina. Os dias que passavam, porém, somente a tornavam mais fraca e apática, até que naquela manhã Uzui anunciara que não ficariam mais nem sequer um dia naquela cidade mal-assombrada.

— Ei Uzui! E aí, cara? — Uma voz masculina familiar gritou, chamando a atenção do casal de gêmeos, que ergueram os olhos ao mesmo tempo para ver um garoto loiro correndo em sua direção. — Oi, Zumbi. Você está com uma cara horrível, sabia? Está doente?

— Fala aí, Ryan! — Uzui sorriu, estendendo uma das mãos para bater o punho cerrado sobre o de seu amigo num cumprimento. — Há quanto tempo, cara!

— Ryan, você é um idiota. — Kazumi disse. — E não, eu não estou doente. Só cansada.

Os olhos de Ryan se arregalaram ao ouvir aquela voz arrastada, baixa e monocórdia deixar os lábios de sua amiga de infância, a pessoa mais cheia de vida que já conhecera. Uzui, porém, balançou discretamente a cabeça num pedido para que o outro rapaz não dissesse nada sobre o assunto.

— Mana, eu vou subir. — O garoto moreno anunciou. — O Raichu da vovó está enterrado aqui, no terceiro andar. Você vem comigo?

— Eu ... Acho que vou ficar por aqui. — Kazumi respondeu, tirando da bolsa um bastão de incenso que entregou ao irmão. — Acenda isto por mim, está bem?

— Pode deixar. 

Ryan decidiu acompanhar Uzui, e Kazumi se acomodou para esperar em um dos bancos colocados na frente da torre. Esther, a Clefairy, lhe fazia companhia, aninhando-se nos braços de sua treinadora.

— Ela está doente, né? — Ryan perguntou assim que os dois meninos se viram a sós. — Tipo, muito doente.

— Na verdade, eu não sei. — O moreno respondeu. — Desde que fomos atacados no Túnel de Pedra ela só vem piorando. Zumi ... Já nem parece mais a minha irmã.

— É, eu percebi. — O outro menino assentiu. — E aí, que tipo de ataque foi esse? Não foram aqueles esquisitões da Equipe Rocket, né?

— Não, não foram. Foi ... Outra coisa.

— Qual é, cara, não faz esse mistério todo. Me diz logo o que aconteceu.

— Você não acreditaria.

— Por que não tenta?

— 'Tá, que seja. — Uzui deu de ombros. — Você acredita em fantasmas?

— Fantasmas?! — Ryan bufou ironicamente. — Qual é, cara, fala sério!

Uzui não disse mais nada, simplesmente se recolheu no próprio silêncio. A essa altura os dois meninos tinham atingido o segundo andar da torre, mas pararam de chofre no alto das escadas.

— Você ... Também está vendo isso?

— É, eu estou. Acha que estamos malucos?

— Acho. — Ryan assentiu. — Com certeza estamos. Muito malucos.

O segundo andar da Torre Pokemon estava estranhamente escuro, tomado por uma névoa que não parecia desse mundo. Na penumbra enevoada, figuras humanas se moviam, longe o bastante para eludir a vista e parecerem meras sombras.

— Saiam! — Uma voz feminina exclamou. — Saiam daqui, é perigoso!

A voz, logo perceberam, pertencia a uma jovem. Ela usava um quimono branco cerimonial à moda antiga e segurava uma vela em cada mão. Seus cabelos, de um preto lustroso, se encontravam caídos em desalinho, e seus olhos avermelhados mostravam uma expressão que beirava a insanidade.

— Saiam! — A mulher repetiu, aproximando-se com passos trôpegos como os de uma marionete mal controlada. — É perigoso demais aqui. O fantasma ...

Antes que pudesse prosseguir, suas palavras foram interrompidas por um som estrangulado. Sua cabeça pendeu para a frente, seus ombros caíram e sua postura como um todo se tornou mole, como se alguém tivesse apertado um botão de desligar.

— Moça ... — Uzui foi o primeiro a agir, falando quase num sussurro. — A senhorita está bem?

O garoto avançou um passo, com uma das mãos estendida para sacudir o ombro da jovem, mas ela subitamente ergueu a cabeça. Seus olhos agora estavam completamente dilatados, com a pupila engolindo a íris e fazendo-os parecer completamente negros. Uzui recuou novamente, assustado.

— Mas que merda ... ? — Ryan murmurou para si mesmo.

Foi quando a jovem de quimono jogou a cabeça para trás, emitindo um guincho agudo de gelar o sangue que definitivamente não era humano. Os dois meninos giraram nos calcanhares e correram o mais rápido que podiam para fora da torre.

Encontraram Kazumi ainda sentada no mesmo lugar, porém desta vez acompanhada por uma mulher de longos cabelos negros. Ryan congelou de susto ante aquela visão, porém Uzui correu ainda mais rápido.

— Sabrina! — O menino gritou, derrapando nos calcanhares e parando abruptamente na frente das duas. — Ainda bem que você está aqui!

— Uzui! — Sabrina exclamou, seus olhos se arregalando ao ver o estado do rapaz. — Minha nossa! O que aconteceu?

— Uma mulher ... — O menino mal conseguia falar por entre os arquejos de sua respiração ofegante. — Louca. Ela falou ... Sobre um fantasma.

— Caramba, Uzui! — Ryan o alcançou, vermelho e ofegante pela corrida alucinada. — Desde quando você ficou tão rápido?!

— Ele é seu amigo? — A mulher morena inquiriu em voz baixa.

— É nosso vizinho. — Foi Kazumi quem respondeu, vendo que seu irmão ainda não havia recobrado o fôlego. — Ryan.

— Ah, entendo. — Sabrina simplesmente assentiu, o que fez o loiro se perguntar se um dos gêmeos havia falado com aquela mulher sobre ele. — Sentem-se aqui, vocês dois. Parecem a ponto de desmaiar.

A morena se pôs de pé com graça, cedendo lugar aos dois meninos. Uzui imediatamente obedeceu, desabando ao lado de sua irmã. Assim que recobraram o fôlego, contaram a Sabrina tudo o que havia acontecido dentro da Torre Pokemon.

— E você tem certeza de que a mulher de quimono falou sobre um fantasma? — A morena inquiriu assim que os meninos se calaram.

— Certeza absoluta. — Uzui assentiu. — Ela parecia estar tentando nos avisar de algum modo ...

— Uzui, pode me levar até essa mulher? — Sabrina pediu. — E você, Ryan, preciso que leve Kazumi para a próxima cidade. Vão direto para o ginásio, e digam a Erika que Sabrina os enviou. Ela vai saber como ajudar.

— O que?! — Kazumi gritou, soando como ela mesma pela primeira vez naqueles dias. — Não, eu não vou. Vou ficar com o meu irmão.

— Kazumi. — A mulher mais velha disse gentilmente. — Se há um fantasma, e se for o mesmo que invadiu o Centro Pokemon algumas noites atrás, pode estar atrás de você. É mais inteligente sair do alcance dele.

— Mas meu irmão ...

— Vou cuidar dele. — Sabrina prometeu. — Eu prometo.

A menina hesitou, mas finalmente assentiu. Sabrina e Uzui seguiram para dentro da Torre Pokemon, deixando-a a sós com Ryan.

— Eu achei que o Uzui estivesse de palhaçada sobre essa história de fantasma.

— Ah, não. — A voz de Kazumi já havia voltado a seu tom apático. — É bem sério. Nós dois o vimos, e Sabrina também.

— Bom ... Se tem mesmo um fantasma por aí que está te assombrando ... — O menino disse. — É melhor darmos o fora daqui como Sabrina mandou.

Ryan ergueu uma pokebola, libertando um belíssimo pássaro do dispositivo. Com 1,50 metro, era grande o bastante para carregar duas pessoas com facilidade. Sua plumagem brilhante era marrom, com partes mais claras de uma cor de creme suave e em sua cabeça havia um penacho em vermelho e amarelo cujas penas eram quase tão longas quanto o corpo da ave. Sua cauda também era feita de penas longas e coloridas em formato de leque que tocavam de leve o chão. Sobre cada um de seus olhos de expressão penetrante, havia uma marca negra que lembrava uma máscara.

— Ora, ora ... — Kazumi abriu um pequeno sorriso, fitando a ave com aprovação enquanto Ryan a ajudava a levantar. — Pelo visto, Pidgeotto finalmente evoluiu.

— Legal, né? — O loiro replicou com orgulho. — Espere só até ver meu Pidgeot voando. Ele é super rápido.

Os olhos azuis de Kazumi brilharam com uma sombra daquele amor por desafios que Ryan conhecia tão bem. O menino montou sobre Pidgeot com um movimento obviamente já experiente e estendeu uma das mãos. Para sua surpresa a morena não protestou, permitindo que ele a puxasse e em seguida passando os braços por sua cintura. Não muito apertado, mas o bastante para fazer seu coração disparar.

Pidgeot em seguida levantou voo, levando as duas crianças para longe daquela cidade mal-assombrada.


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