Pokemon - Pink Ribbon escrita por Benihime
Kazumi abriu os olhos devagar, desorientada. Algo úmido tocou sua testa, fazendo a menina dar um pulo de susto.
— Calma. — Uma voz feminina disse gentilmente, enquanto uma mão delicada pressionava seu peito, forçando-a de volta ao travesseiro com uma força surpreendente. — Fique deitada. Você precisa descansar.
— Quem é você? — A menina morena inquiriu. — Espera ... Uzui! Cadê o meu irmão?!
— Meu nome é Sabrina. — A mulher misteriosa respondeu. — Não se preocupe, seu irmão está bem. Também está descansando, assim como você.
Kazumi assentiu e se recostou de volta nos travesseiros, analisando a estranha enquanto esta passava um pano úmido em sua testa. A mulher não parecia ter mais de vinte anos, com longos e lustrosos cabelos negros que lhe caíam como uma cascata até o meio das costas, adornando seu rosto com uma delicada franja. A menina de 10 anos imediatamente sentiu inveja da aparência refinada de Sabrina.
— Senhorita Sabrina ...
— Só Sabrina, por favor. — A mulher morena disse com um sorriso gentil. — "Senhorita" faz eu me sentir uma velha.
— Está bem. — Kazumi deu uma risadinha ante aquela declaração. — Sabrina ... O que aconteceu?
— Do que você se lembra?
— Alguma coisa nos atacou no túnel. — A menina respondeu relutantemente, forçando seu cérebro embotado a reviver aquelas lembranças. — Alguma coisa com olhos vermelhos. E então tudo ficou escuro. É só disso que me lembro.
— É, foi o que pensei. — Os olhos azuis de Sabrina a fitaram com gentileza. — Isso vem acontecendo com alguns viajantes, em grande parte aqueles que viajam acompanhados por um pokemon do tipo Psíquico.
— Sim, meu irmão e eu estávamos viajando com uma Jynx.
— Eu sei, eu a conheci. — A mulher mais velha assentiu. — Foi graças a ela que vocês saíram de lá em segurança. Bem ... Ela e minha parceira aqui.
Kazumi seguiu os olhos azuis de Sabrina, reparando em um Alakazam parado em silêncio atrás da mulher de cabelos negros. O pokemon estava em tão perfeita imobilidade que a menina nem o havia notado.
— Obrigada. — A morena disse. — Sabrina ... Você acha que o que vimos pode mesmo ter sido um fantasma?
— Acho que não. — Sabrina respondeu pensativamente. — Há muitos pokemon do tipo Fantasma por aqui. Eles são conhecidos por pregar peças.
Kazumi ia responder, mas o grito de um garoto a fez quase pular de pé. Sabrina a impediu e foi ela mesma até a porta para verificar. Antes que a mulher sequer se aproximasse, porém, a porta se abriu repentinamente. Era Uzui, parecendo pálido e assustado.
— Uzui! — A mulher de cabelos negros exclamou. — O que aconteceu?!
— Eu estava lendo ... — A voz do garoto tremia de medo. — E aí, do nada, minhas coisas começaram a flutuar. E aqueles olhos vermelhos apareceram de novo!
— Entendo. — Sabrina tinha uma expressão de desgosto no olhar. — Eles não sabem quando parar, não é? Vá com ele, por favor, Alakazam. Cuide desse travesso misterioso.
O Pokemon Psi assentiu, acompanhando Uzui para fora do quarto. Sabrina então se voltou para Kazumi, mais uma vez sentando-se na beira da cama e passando um pano molhado na testa da menina.
— Você deveria descansar. — A mulher disse em tom maternal. — Esteve com febre, ainda está debilitada.
A menina não teve forças para protestar, percebendo o quanto realmente estava cansada. Sob o olhar atento de Sabrina, Kazumi se permitiu fechar os olhos novamente.
(...)
— Zumi?
A voz familiar a acordou. Kazumi entreabriu os olhos para se ver cara a cara com seu irmão gêmeo.
— Oi, idiota. Que foi, teve um pesadelo?
— Cale essa boca. — Uzui soltou uma risada sussurrada, aliviado ao ver que sua irmã estava bem. — Como você está?
— Bem. — A menina respondeu. — Com sono. Alguém decidiu me acordar.
— Ops. — O menino abriu um sorriso constrangido, embora nem um pouco arrependido. — Desculpa. Volte a dormir, mana. Eu só ... Queria ter certeza de que você ainda estava viva.
Uzui se virou para sair, mas Kazumi estendeu a mão e segurou a barra de sua camisa.
— Espera. — Ela disse. — Fica.
— Que foi, Zumi? Medo de ficar sozinha?
— Nah, só estou sendo esperta. — Ela respondeu enquanto o garoto se ajeitava ao seu lado na cama. — Se o fantasma aparecer, posso usar você de isca.
— Não se eu te der de isca pra ele primeiro.
— Até parece, seu mané.
— Vai dormir, lesada. — Uzui rebateu, sentindo sua irmã se aninhar ao seu lado como uma gatinha. — Sabrina disse que você precisa descansar.
— 'Tá. Mas quem é aquela mulher, afinal?
— Uma caça fantasmas. — O menino rebateu. — Bom ... Pokemon do tipo Fantasma, pelo menos. Aquela Alakazam é literalmente o pokemon mais forte que eu já vi!
Kazumi meramente deu uma risadinha ante o entusiasmo de seu irmão e voltou a fechar os olhos. Os gêmeos pegaram no sono juntos.
(...)
— Droga, Uzui, para com isso!
A voz irritada de Kazumi despertou Uzui. Ainda grogue de sono, o menino nem sequer abriu os olhos.
— Não estou fazendo nada, sua louca. — Ele resmungou. — Vai dormir.
— Então para de puxar os meus pés!
A exclamação furiosa da menina o despertou o suficiente para que Uzui abrisse os olhos, e o que viu fez seu sangue gelar.
— Zumi ... — O menino disse baixinho. — É sério ... Não sou eu.
— Então que droga ...?
A menina rolou na cama e abriu os olhos, imediatamente soltando um grito de terror. Aos pés da cama, com as mãos ainda estendidas e um sorriso maléfico, uma sombra de olhos vermelhos flutuava na escuridão.
— Merda, é o fantasma! — Uzui exclamou, procurando freneticamente por algo em seu bolso. — Vai, Zynx, use Psíquico!
A Jynx saiu de sua pokebola já em alerta máximo, usando seus poderes psíquicos para cercar a estranha sombra. A criatura, porém, a acertou com Bola das Sombras. O ataque super efetivo lançou a pokemon para trás, imediatamente derrotada, e uma risada espectral soou no quarto escuro.
— Ah, não, você não vai! — A voz familiar de Sabrina exclamou da porta. — Espeon, Psíquico!
Uma criatura cor de rosa que lembrava um Persian a acompanhava. A joia vermelha na testa do pokemon começou a brilhar enquanto ele cercava a sombra misteriosa com um campo de energia psíquica.
A criatura sombria, fosse lá o que fosse, mais uma vez disparou uma Bola das Sombras. O pokemon chamado Espeon, porém, desviou com um ágil salto. Foi distração o bastante para que a sombra escapasse através da janela.
— Vocês estão bem? — Sabrina perguntou, aproximando-se dos gêmeos com uma expressão preocupada. — O que aconteceu?
— Não sabemos. — Foi Uzui quem respondeu. — Aquela coisa simplesmente apareceu e começou a puxar os pés da Kazumi. Nos deu um baita susto, né, mana?
A menina não respondeu. Não poderia mesmo se quisesse, pois tremia incontrolavelmente dos pés a cabeça e tinha os olhos dilatados de medo como os de um animal acuado.
— Zumi! — Uzui exclamou. —Zumi, o que foi?!
— Foi aquela sombra. — Sabrina respondeu. — Espeon, use Sol da Manhã.
O pokemon felino assentiu, pulando para o colo de Kazumi. Uma luz morna imediatamente os envolveu, e em segundos os tremores da menina cederam.
— Uzui ... — Ela sussurrou. — Uzui, o fantasma ...
— Está tudo bem. — O menino respondeu, aproximando-se da irmã e segurando sua mão com força. — O fantasma já foi, mana. Já acabou.
— Como se sente, Kazumi? — Sabrina inquiriu gentilmente.
— Estou ... Melhor. — Kazumi respondeu, embora falasse muito baixo e pausadamente. — Obrigada.
— Fique com ela o resto da noite, Uzui. — A mulher morena disse. — E você também, por favor, Espeon.
O pokemon assentiu, enrodilhando-se em uma bola de pelos aos pés da cama. Sabrina o acariciou brevemente antes de dar boa noite aos gêmeos e deixá-los a sós mais uma vez.
Kazumi novamente se agarrou a seu irmão gêmeo, enterrando o rosto em seu pescoço. Em questão de segundos o menino notou sua respiração assumir o ritmo lento e profundo do sono. Ele, porém, não conseguiu dormir. Ficou simplesmente deitado ali ao lado de sua irmã, encarando a escuridão até o amanhecer.
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