Just Friends *teen!lock* escrita por YellowPamonha


Capítulo 2
II- Todo mundo quer ser amiga da menina que é amiga do mágico




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Quando John acordou na manhã fria do dia 01 de setembro, ele não imaginou que seu companheiro de flat já estaria acordado, ou que já estaria totalmente pronto para a escola. Por isso, quando finalmente saiu do seu quarto de banho tomado, vestindo um suéter e uma calça jeans, levou um susto. Na verdade, tinha imaginado que teria que acordar Holmes. Sherlock não parecia ser o tipo de pessoa que se importava com a escola. Parecia ser o tipo que sempre tirava notas ruins, e desrespeitava os professores. O completo contrário de John Watson.

— Bom dia. — disse John se sentando na mesa, na cadeira que estava na frente de Sherlock. Notou, então, que o moreno bebia algo em uma xícara. — Ah, você comprou chá?

Sherlock apenas negou com a cabeça.

— Essas xícaras simplesmente... surgiram. Quando cheguei para tomar o café da manhã, encontrei três xícaras quentes naquela bandeja. — Sherlock olhou para o outro lado da mesa, em que estava uma bandeja com duas xícaras. — Supus que uma era para mim e a peguei.

John pensou em dizer que xícaras não podiam simplesmente surgir, mas descartou a ideia.

— Se uma é para você, a outra provavelmente é para mim. — ele fez uma pausa. — Mas para quem é a outra xícara?

Não houve resposta. Mesmo assim, John esticou o braço até alcançar uma das xícaras, que pegou e começou a beber.

— O chá ainda está quente. — comentou.

Nesse momento, os dois ouviram passos fortes, e o barulho de uma porta sendo aberta. John imediatamente virou o rosto para a direção do barulho, mas Sherlock parecia absorto em seus pensamentos.

— Ah, vocês levantaram! — disse a senhora que havia acabado de aparecer no vão da porta da cozinha. John a olhava intrigado, e Sherlock havia finalmente notado algo de diferente, mas não parecia estranhar a presença daquela mulher. — Eu fui ver se o bolo estava pronto! Aqui, peguem.

A mulher colocou pratos de bolo na frente deles, juntamente com uma colher.

— Quem é você? — John parecia ter finalmente encontrado as palavras certas, ao invés de ficar apenas encarando a mulher.

— Mycroft não falou de mim para vocês? Sou a senhora Hudson, é claro!

John ainda parecia confuso, então a senhora Hudson continuou:

— Esse flat que vocês alugam é meu! Eu moro logo abaixo de vocês, e o Mycroft me pediu para cuidar de vocês. Mas não pensei que seria um casal tão fofo! — ela suspirou. — Vocês estão juntos há quanto tempo?

Sherlock franziu a testa, enquanto John dizia:

— Nós não somos namorados! Na verdade, eu o conheci ontem.

É impressão minha ou o John está levemente corado?, pensou a senhora Hudson.

— Quando a aula começa, John? — perguntou Sherlock.

John olhou para o relógio que sempre carregava no pulso. Era um hábito antigo, gostava de estar sempre informado.

— Temos vinte e cinco minutos. É melhor nos apressarmos.

¤◆¤

O Holmes e o Watson saíram apressados de casa, quando faltavam apenas vinte minutos.

— A escola é perto daqui, não vamos chegar atrasados. Sabe, esse foi um dos motivos pelo qual eu escolhi o 221b da Baker Street. Tem várias coisas perto. Qual a sua matéria favorita? O professor de química é ótimo.  — John falava tão rapidamente que era até difícil entender.

Ele está nervoso, constatou Sherlock. As pessoas só falam rápido assim quando estão nervosas, e Sherlock pensava na razão. Eles chegariam atrasados? Não, Sherlock havia olhado o percurso até a escola antes de John se levantar. De acordo com as informações obtidas, eram necessários apenas 15 minutos à pé.

— Não seria mais fácil ir de ônibus? — perguntou Sherlock a John, quando o loiro finalmente acabou seu falatório.

— Sim, mas — ele hesitou um momento — eu achei melhor te mostrar o caminho. E precisamos atualizar nossas informações na escola. O ônibus só passa nos endereços em que os estudantes moram.

Sherlock assentiu.

Eu não estou mentindo completamente, pensou John. A verdade é que ele queria mais tempo para descobrir mais sobre Sherlock, e como poderia integrar ele ao seu grupo de amigos.

— Acho que na próxima semana vamos de ônibus.

Eles andaram mais algum tempo sem se falar, com Sherlock pensando em como parecer agradável.

— Então, John Watson. Você quer que eu finja que não te conheço na escola?

John olhou espantado para ele.

— Céus, não! Por que eu iria querer isso?

Sherlock encolheu os ombros.

— Quando todos me taxarem de "esquisito", imagino que você não vai querer que eles saibam que você mora comigo. Quer dizer, oficialmente a senhora Hudson também mora conosco, já que somos menores de idade, mas na prática somos só nós dois.

— Não, eu vou te apresentar aos meus amigos. Só não faça o que você fez comigo ontem, certo? Não descubra toda a vida deles em alguns minutos, e vai ficar tudo bem.

Sherlock concordou com a cabeça. Não era algo que ele escolhia fazer. Era quase sem pensar, na verdade. E que já havia lhe causado grandes prejuízos.

— Por que você se veste assim? — perguntou John olhando para Sherlock.

— Assim como? — perguntou Sherlock olhando para si mesmo. Dessa vez, ele estava vestido com uma blusa polo azul marinha, e a mesma calça jeans do dia anterior.

— Com esse estilo de roupa. E ontem também. Você parece, não sei, um jogador de golfe.

Sherlock suspirou. É tão difícil assim achar alguém que goste do seu estilo de roupa?

— Eu ainda não encontrei minha roupa definitiva. Mas como eu deveria me vestir? Com esse suéter que parece de uma pessoa velha? É assim que as pessoas de Londres se vestem?

John arqueou as sobrancelhas para o moreno, e depois riu. Sabia que ele não estava falando sério, e que se não levasse tudo na brincadeira, a relação deles se tornaria insuportável. E ele não podia deixar isso acontecer.

— É uma boa escolha. Todos os garotos dessa escola que realmente servem para alguma coisa usam suéter.

— E com isso, você quer dizer você. — Sherlock fez uma pausa. — E as pessoas que usam roupas do meu estilo são o quê?

John riu.

— São pessoas que irritam as outras bem facilmente, mas talvez, e só talvez, sirvam para alguma coisa.

Sherlock abriu um sorriso. Era a primeira vez que John o via sorrir, e era um sorriso com um sentimento tão bom que o loiro queria vê-lo sempre. Shelock parecia outra pessoa sorrindo. O sorriso logo acabou, mas John continuou olhando para o rosto de Sherlock.

— O que você está olhando, Watson? — perguntou Sherlock quando percebeu que o loito o encarava. John logo caiu em si.

— Nada, me desculpe. — para disfarçar a vermelhidão de seu rosto, John apontou para frente. — Aquela é a nossa escola, com todas essas pessoas.

Sherlock parou na calçada. Todas aquelas pessoas... ele estremceu. Fazia um tempo desde que foi a uma escola da última vez. No ano passado, por conta de brigas com colegas de classe, escolheu fazer todas as provas restantes estudando apenas pelo livro. E passou com notas altas, mesmo não tendo comparecido a nenhuma aula. O problema é que havia se esquecido sobre como se comportar com pessoas normais. A noite anterior com John foi a prova disso.

Quando estava em casa ao invés de estar na escola, Sherlock ficava lendo sobre casos misteriosos, tentando formular sua própria teoria. Casos não solucionados, com poucas pistas ou que a solução não parece plausível são o melhor passatempo ara Sherlock. Ele ficava horas, às vezes o dia todo, saindo apenas para comer por insistência de sua mãe. Contato com outras pessoas... não era a praia dele.

— Está tudo bem? — John, ao perceber que Sherlock havia parado, parou também.

— Sim, não foi nada. — Sherlock disse, hesitante, voltando a caminhar.

Quanto mais perto chegavam da escola, maior o barulho ficava. Era diferente, para um pessoa que, como Sherlock, preferia lugares mais calmos.

— Então, é o seguinte. Agora nós vamos para a cerimônia de iniciamento. Todo ano tem, e é basicamente o professor fazendo uns discursos e falando os nomes dos alunos novatos. Você pode ir, é no campo onde acontecem alguns jogos, vire à direita e depois vá reto. — John apontou o caminho que Sherlock deveria seguir. — Eu vou procurar meus amigos, para apresentar você para eles. Até daqui a pouco!

E, dizendo isso, sumiu no mar de alunos que vagavam pelo corredor.

¤◆¤

Sherlock estava entediado. O diretor estava falando há alguns minutos, e ele não conseguia mais prestar atenção. Nos primeiros minutos foi fácil, mas seu cérebro não conseguia mais se concentrar. E, para piorar a situação, tinha sentado no lugar mais longe possível de John e seus amigos.

O Holmes mais novo sabia que não deveria ter feito isso, mas não conseguiu evitar. Queria ver como os amigos de Watson se comportavam, e como o próprio Watson se comportava longe de Sherlock.

O grupo de John era maior do que Sherlock esperava. Talvez por nem ele ou seu irmão terem muitos amigos, considerava exagero quem tinha mais de dois amigos. E John tinha dois. Era um trio, mas apenas dois pareciam realmente gostar daquele meio.

Um garoto que parecia ser mais velho contava alguma coisa, e uma menina de cabelo encaracolado ria excessivamente. John apenas ria, sem parecer realmente concordar.

Sherlock percebeu que John estava olhando para os lados constantemente, como se procurasse algo. Sherlock olhou ao redor. Ninguém prestava atenção no discurso do diretor.

Mais abaixo de onde Sherlock estava sentado, John estava inquieto. Não era possível que ele havia perdido seu colega de vista. Se no primeiro dia de aula isso tinha acontecido, o que seria no resto do ano?

Anderson contava algum caso sem graça, do qual apenas Sally acreditava No começo do ano passado, Anderson começou a virar uma pessoa... difícil. Passou a deixar os estudos de lado, tentando ser o mais "engraçado" das turmas, se tornando, consequentemente, mais popular. E Sally o seguiu. Mas John não, já que as piadas eram na maioria das vezes sobre ele. Na verdade, John continuava a ser o estranho da escola, andando com suas roupas antigas e sendo o "nerd".

— Então, John, até quando você vai andar com esses tênis furados? — Anderson riu, seguido por Sally. John entrou na brincadeira.

— Até quando você parar de ser idiota. — falou rindo.

— Acho que isso vai demorar, então. — completou Sally. John e a garota riram, mas não Anderson. Ele odiava que Watson tivesse sempre uma resposta para tudo.

Sally colocou a cabeça no ombro de Anderson, resmungando.

— Esse idiota podia parar de falar besteiras e pular logo para a parte dos novatos. Eu preciso escolher meu alvo.

— O que você quer dizer com "alvo"? - perguntou John franzindo a testa.

— Você sabe, um novato para atormentar. Bagunçar as coisas. Novatos são tão fáceis de manipular.

— Isso é horrível. Você vai estragar o ano de uma pessoa.

Sally deu os ombros.

— Sério, o que está acontecendo com vocês? Vocês não... — John não terminou, pois Anderson tampou a boca dele.

— Cale a boca, ou nós três vamos para a diretoria.

John queria falar mais, mas desistiu. Nada faria seus amigos mudar de ideia. Então, voltou a procurar Sherlock.

— O que está fazendo, John? — perguntou Sally.

— Procurando uma pessoa. — respondeu John, distraído. Como ele já havia perdido Sherlock se as aulas nem tinham começado?!

— Olha só, John Watson finalmente arranjou uma namorada. — disse Sally para Anderson, rindo. — Me diga, ela é bonita?

— É um garoto, Sally.

— Eu não sabia que você era uma bicha, John. — respondeu Anderson, franzindo a testa.

— O quê? Não estamos namorando! — falou John, revirando os olhos. Ele estava fortemente considerando escrever "não estou namorando Sherlock Holmes" em sua testa. — Ele é só... um amigo.

Sally arqueou a sobrancelha.

— Então por que está procurando ele tão freneticamente?

— Ele é novato, não conhece a escola. Não posso deixar ele se perder.

Sally sorriu maliciosamente.

— Já escolhi meu alvo. John Watson, avise as seu amigo para tomar cuidado.

John olhou para ela surpreso por um segundo, e então riu. Pensou em avisá-la das incríveis capacidades de Sherlock, e que seu irmão trabalhava para o governo, mas decidiu deixar ela descobrir isso sozinha.

— Se eu fosse você, não faria isso.

Anderson riu.

— Se eu fosse você, avisaria ele sobre os perigos dessa escola.

— Só não diga que não avisei. — respondeu John.

◆¤◆

Sherlock estava entediado. Mais do que achou que ficaria. O discurso do diretor estava sendo gigante, e Sherlock não via a hora de acabar.

John continuava procurando alguma coisa, incansavelmente. Entre olhar para John, prestar atenção no discurso e desistir de prestar atenção no discurso, o diretor finalmente parou de falar. Veio ao microfone uma mulher mais nova, segurando um papel.

— Bom dia, alunos. Para os que me conhecem, olá de novo! Para os que ainda não me conhecem, sou Sara Smith, orientadora do Colégio Adsumus. Depois do incrível discurso do diretor Peacock, venho anunciar, assim como faço todos os anos, os nomes dos novatos em nossa instituição. Peço que sejam amigáveis com eles, e os façam se sentir acolhidos.

Sherlock reparou que as pessoas pararam de conversar quando Smith começou a falar. Isso não aconteceu com o diretor Peacock. Mas as pessoas pareciam ter um carinho especial pela orientadora.

— Começando dos mais novos até os mais velhos: William Scott-Masson, Victoria Wicks, Sean Young, James Duncan, Ruth Everett, Syrus Lowe, Katy Maw, Ben Green, Pradeep Jey, Imogen Slaughter, David Nellist, Martha Breckon-Richards, Jonathan Aris, Lisa McAllister, William Holmes, Stanley Townsend, Peter Brook e Phil Davis. — a orientadora fez uma pausa, e os estudantes aplaudiram. — Por favor, sejam gentis com eles. E aos citado, ao fim dessa cerimônia, por favor, venham à secretaria pegar seus horários. Obrigada.

Os alunos aplaudiram outra vez, e o diretor voltou ao microfone para dar os últimos avisos. Sherlock estranhou a mulher ter falado seu primeiro nome. Ele nunca se apresentava como William, apenas como Sherlock. Aliás, poucas pessoas sabiam que seu primeiro nome não era Sherlock.

Ao fim da cerimônia, os estudantes saíram aos montes das arquibancadas. Sherlock esperou até que não tivesse chance de ser pisoteado, e se dirigiu até a secretaria. Não encontrou John, e não esperava encontrá-lo. O loiro havia sido um dos primeiros a sair, assim que o diretor parou de falar, juntamente com seus dois amigos. Ele parecia preocupado.

Os corredores da escola, que estavam cheios e barulhentos, rapidamente se esvaziaram, assim que o sinal tocou. Aparentemente a recepção durou uma aula completa.

O Holmes caminhava perdido pelo corredor. Tudo que via era portas, com estudantes eufóricos dentro. Olhando o número das salas, finalmente achou uma placa apontando as direções do refeitório, campo, secretaria e um grande número de salas. Seguiu a direção da seta, e se deparou com uma placa que dizia "Secretaria Colégio Adsumus". Abriu a porta.

Ao abrir a porta, viu várias pessoas, de idades diferentes, sentadas em cadeiras, esperando. Ele andou calmamente até o balcão, onde uma senhora estava mexendo em papéis.

A mulher não olhou para ele. Após longos segundos, Sherlock decidiu limpar a garganta, assim a mulher o notaria. Ela apenas o deu um olhar zangado e voltou aos que estava fazendo. Sherlock então foi se sentar na única cadeira vazia, ao lado de uma menina mais nova que ele.

— Você também é novato? — a menina sussurrou, mostrando seus dentes com aparelho. — Meu nome é Martha, e o seu?

Sherlock virou a cabeça na direção da menina. Não estava acostumado a interagir com pessoas, principalmente pessoas mais novas. Mesmo assim, forçou um sorriso.

— Sou Sherlock. E sim, hoje é meu primeiro dia. — isso era uma constatação tão óbvia que Sherlock se sentiu idiota por dizê-la. E pelos olhares apreensivos, mãos suadas e olhadelas rápidas ao relógio da parede esquerda, todos ali também eram novatos.

— Seu nome é estranho. — a menina fez uma careta. — Gostei!

Sherlock riu. Nesse exato momento, a mulher do balcão olhou feio para os dois, como se os mandasse calar a boca. Mas Sherlock não queria parar. Quando criança, nunca conversara com uma criança daquele jeito. Seu diálogo com colegas de classe eram em sua maioria deduções e respostas ao bullying. Por essa razão, decidiu contianuar a conversa normalmente.

— O nome do meu irmão é mais estranho ainda. Ele se chama Mycroft.

Martha fez uma expressão confusa.

— Por que seus pais o chamaram de Microsoft?

Sherlock riu. Foi um daqueles sorrisos rápidos, que iluminavam o mundo todo por um segundo.

— Não é Microsoft. É Mycroft. É um pouco... diferente. Mas meu irmão também parece um computador.

Um silêncio constrangedor entre os dois. Era possível ouvir a respiração pesada do menino sentado perto da porta. Sherlock olhou ao redor, para ter certeza de que a senhora do balcão não estava prestando atenção nele e em Martha, e sussurrou:

— Como está indo a sua pintura?

A menina arregalou os olhos.

— Como você sabe que eu estou pintando um quadro?!

Sherlock corou, e se virou para frente. Se pessoas adultas não entendiam seu dom, como ele deveria explicá-lo à uma criança? Enquanto pensava em uma solução rápida e prática para aquele problema, Martha puxou Sherlock pelo braço. Ele então se virou de volta para a menina.

— Você é um mágico? Minha mãe me disse que mágicos fazem coisas muito legais, como fazer coisas sumirem e aparecer. Ela não disse se eles podem adivinhar coisas, mas eu acho que eles podem sim. — a pequena garota disse isso tão rapidamente que Sherlock mal pode entender. Mas então sorriu. Seria muito mais fácil dizer que era um mágico. Assentiu com a cabeça.

A menina arregalou os olhos mais uma vez, e soltou uma exclamação como se tivesse acabado de ter uma ideia genial. A senhora do balcão novamente olhou feio para eles.

— Eu posso te procurar na hora do almoço? Se eu estiver com problemas para fazer amigas, eu posso te apresentar a elas! Todo mundo quer ser amigo da menina que é amiga do mágico!

Sherlock franziu a testa. Talvez isso pudesse ser ruim para ele, pelo jeito que ela poderia abordá-lo. Ou talvez pudesse ser bom, se as coisas com os amigos de John não dessem certo. O Holmes sorriu.

— Certo.

A pequena garota sorriu de volta, e Sherlock Holmes se sentiu feliz por ter pelo menos uma amiga, se ele acabasse com tudo.

◆¤◆

Levou um bom tempo até a senhora do balcão finalmente distribuir os horários e as chaves dos armários para os novatos. Quando Sherlock finalmente pegou seu horário, depois de ver todos saírem da sala, até mesmo Martha, saltitando em suas botas novas, não poderia ficar mais agradecido de ter demorado tanto. Sua segunda e primeira aula era as que ele menos gostava: educação física. Correr de um lado para o outro nunca fora seu forte.

Após deixar seus materiais no armário e descobrir que as aulas eram no campo, seguiu até lá arrastando os pés. O professor com certeza não poderia falar que ele estava demorando, era só colocar a culpa no atraso da secretária.

Os corredores estavam vazios, e Sherlock podia ver vários alunos dentro das salas, por meio das janelinhas das portas. O moreno se perguntava se aquela escola seria diferente, ou se as personalidades dos alunos eram sempre as mesmas.

Ao passar, pela segunda vez no dia, pelas portas que davam para o campo, viu vários meninos sentados na grama, aparentemente ouvindo um sujeito acima do peso que estava sentado em uma cadeira. Quando chegou mais perto do grupo, o homem se calou, e todos olharam para ele. Foi um momento constrangedor.

O homem, que Holmes julgou ser o professor, o chamou com um aceno. Enquanto Sherlock se aproximava, procurava um rosto conhecido nos alunos. Finalmente viu John, entre dois meninos que pareciam ter o dobro do tamanho dele, vestindo uma regata e um short azul, assim como todos ali. Watson sorriu. Sherlock não sorriu de volta.

— Você é um novato, não é? - perguntou o professor. — Sou o senhor Krold, o professor de educação física nessa escola.

Sherlock precisou respirar fundo para não responder "Ah, é mesmo? Não tinha notado".

— Sou Sherlock Holmes, Krold. — o moreno respondeu finalmente.

— É senhor, Holmes. — disse o professor arqueando uma sobrancelha.

Dessa vez, respirar fundo não adiantou para Sherlock.

— Não há necessidade de me chamar de senhor, Krold. — disse Sherlock com um sorriso.

O homem ficou perplexo por alguns segundos, e então seu rosto começou a ficar vermelho. Ele parecia prestes a explodir, e toda a turma ria dele. John tinha um sorriso tímido, enquanto balançava a cabeça negativamente, tentando fazer Sherlock parar de provocar o professor.

— Toda a turma, mais vinte voltas em torno do campo e estão liberados! — os garotos reclamaram, mas saíram dali antes que o professor ficasse com mais raiva. — E você, rapazinho, vá colocar sua roupa de esporte. Depois disso, dê quarenta voltas em torno do campo.

Sherlock resistiu ao impulso de arregalar os olhos. Ele com certeza não conseguiria dar quarenta voltas em torno do campo até a próxima aula. Mas ele sabia que o professor estava apenas esperando um motivo para o mandar à diretoria, por isso seguiu calado para o vestiário.

— E seja rápido! — gritou o professor enquanto Sherlock saia dali se arrastando.

 


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