Social Studies escrita por Morgan


Capítulo 2
II. Aquele em que o trabalho começa


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a minha alma gêmea fanfiqueira por ter favoritado. Anna, você faz tudo! Boa leitura para todo mundo ♥



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A mais velha dos filhos Granger-Weasley sempre foi metódica e cuidadosa. Rose nunca foi do tipo de pessoa a deixar as coisas para o último segundo. Era aquele tipo de aluna que até a segunda semana do verão já teria todos os deveres de casa prontos e sempre gostara de ser assim, pois no fim do verão, quando seus primos se trancavam em casa para tentar terminar tudo a tempo das aulas voltarem, Rose estava na piscina na casa de seu tio Harry aproveitando seus últimos dias de liberdade. Ela não era obcecada por estudar como Scorpius pensava, não era a pessoa mais certinha e comportada do mundo como ele gostava de fazer parecer apenas para encher sua paciência – ela só fazia suas prioridades primeiro, ao contrário dele que fugia de tudo que pudesse requerer o mínimo de responsabilidade e atenção e que não fosse seu skate velho. Não houve um dia em sua vida que Rose não tivesse visto Scorpius com seu skate do lado - provavelmente a única coisa que ele já manteve por mais de uma semana. 

Foi por isso que quando Scorpius apareceu quase uma hora depois do que havia dito, Rose estava em polvorosa. Não havia nada que odiasse mais do que atrasos – e Scorpius Malfoy não sabia ser pontual nem se sua vida dependesse disso.

— Olá, Sr. Weasley! – Sorriu Scorpius para Ronald assim que chegou na frente da casa. O mais velho tirou os olhos das sementes de girassol que tentava plantar e apontou a pazinha estreita que segurava em direção ao garoto.

— Você não ouse usar esse skate assassino no meu jardim, Scorpius!

O loiro sorriu amigavelmente, aproximando-se pelo curto caminho de pedras que dava para a porta principal da casa.

— O senhor sabe que eu jamais cometeria essa atrocidade!

Ron riu de volta e Rose revirou os olhos, levantando-se do banco na mesma hora que sua mãe saía de dentro da casa.

— Sra. Weasley, a senhora está cada dia mais bonita!

Rose revirou os olhos pela segunda vez, indo em direção ao garoto. Ela mal ouviu o que a mãe disse em resposta e saiu empurrando Scorpius de volta para a rua. Quando já haviam passado de sua casa, Rose abriu a boca.

— Você é tão idiota.

— Porque sou legal com seus pais?

— Isso também. Você levou uma hora inteira para chegar, Scorpius, pelo amor de Deus.

— Ei, eu disse que viria depois do almoço, não disse quando – argumentou ele, levando a mão para trás e ajustando o skate que estava preso na mochila. – E qual o problema de ser legal com seus pais?

Rose soltou uma risada forçada e o loiro arqueou as sobrancelhas, sem entender.

— Eu gosto dos seus pais.

— Você é amigável demais com eles e eles pensam que somos amigos por isso.

— Duvido que você já tenha dito sequer uma coisa boa sobre mim para eles.

Rose deu de ombros.

— Não disse, mas como você age desse jeito, eles pensam que eu estou só brincando – respondeu. – Enfim, eu montei uma base do que podemos fazer no trabalho antes de fazermos a pesquisa. Vamos à biblioteca?

Scorpius fez uma careta.

— Eu odeio a biblioteca.

— É claro que você odeia a biblioteca. Você poderia ser mais clichê, Malfoy? – Rose ergueu os braços no ar, mexendo-os em frente de si enquanto os dois andavam lado a lado. – Olhem para mim: Bad boy, skatista, irresponsável que odeia estudar e tem alergia a livros.

— Cala a boca, Rory "Estudar É A Minha Vida" Gilmore.

— Você é ridículo – disse a ruiva com um sorriso afetado quando eles pararam em um café e Scorpius abriu a porta para ela, fazendo uma mesura exagerada e falsa.

— Você também – respondeu e quando Rose entrou, procurando por uma mesa vazia e afastada dos demais, Scorpius fechou a porta com um suspiro pesado e infeliz que a garota já não podia mais ouvir. – Hoje vai ser um dia tão agradável.

Os dois se sentaram em uma mesa ao fundo do restaurante, onde não ouviriam muito do barulho dos outros clientes. Rose abriu seu caderno e mostrou a lista que havia feito na noite anterior para Scorpius.

— Vamos escrever com base nisso e... – Ela parou de falar quando Scorpius fez uma careta, balançando a cabeça de um lado para o outro. – O que foi agora?

— Eu não casaria sem uma festa de casamento. Albus quer ser meu padrinho.

— Estamos grávidos, Scorpius. Lembra? O bebê indesejado é basicamente o ponto chave do trabalho.

— Mas nem uma festa pequena?

— Festas custam caro. Quase tanto quanto o bebê que está para chegar – Rose se virou para garçonete que olhava para os dois assustada, se dando conta do que aquela conversa parecia para qualquer um que não estivesse ciente dos métodos de ensino um tanto quanto questionáveis do professor Longbottom. – Ahn... Um milkshake de chocolate, por favor.

— Dois – pediu Scorpius sem tirar os olhos da lista. – Eu não vou dirigir uma minivan. No mínimo um Audi.

— Agora você está brincando.

— Minivan é uma coisa horrível, Rose. Coisa de velho.

— Bebê, Scorpius! Você vai ser pai! Onde diabos você vai colocar uma cadeirinha de bebê em um Audi? E, na real, como você vai comprar um Audi tendo que sustentar uma criança?

— Bem, isso claramente não vai acontecer com um pai que trabalha em concessionária e uma mãe advogada. Advogada, Rose, sério?

A garota franziu o cenho puxando o caderno das mãos do garoto.

— O que tem de errado?

— Clichê.

Rose respirou fundo, agradecendo a todos os santos possíveis pelo milkshake que havia acabado de chegar, pois apenas assim ela poderia ocupar sua boca com outra coisa que não xingar Scorpius Malfoy.

— Se você está tão incomodado com a sua profissão, escolha outra.

— Piloto de corrida, skatista profissional, dublê de filme de ação...

— Ok, chega. Eu vou embora. Me ligue quando você levar isso a sério – Rose começou a juntar suas coisas, mas Scorpius segurou sua mão, pegando o caderno de volta.

— Estou brincando. Deus, você não tem humor algum.

— Você passou a semana toda fugindo de mim e agora me cobra bom humor? Sério, você podia só ter me deixado fazer sozinha.

— Você colocaria o meu nome?

— E eu tenho cara de imbecil? 

— Então pronto – Scorpius ficou de pé. – Relaxa, já sei por onde começar. Vamos lá, Princesinha Granger.

*

Rose e Scorpius andaram por 25 minutos – 25 minutos inteiros! – antes de finalmente chegarem onde ele queria. Os pés da ruiva já estavam pedindo socorro quando ela viu uma grande placa de madeira em frente a um modesto escritório.

IMOBILIÁRIA GREENGRASS

— Onde estamos?

Scorpius não respondeu, deixando para Rose entender tudo apenas quando entraram e uma mulher alta e loira o abraçou, exclamando o quanto estava com saudade de seu sobrinho favorito.

— Sou seu único sobrinho, tia Daphne – ela riu, dando de ombros e o soltando. – Essa é Rose Weasley, minha parceira no trabalho que te falei.

— Weasley? – Seu sorriso era tão lindo quanto ela, Rose percebeu, ficando meio abobada diante da figura mais velha e radiante que era a tia de Scorpius. – Conheci toda sua família! – Daphne apertou os olhos por um momento antes de dizer. – Ron e Hermione?

Rose sorriu de verdade pela primeira vez desde que saíra de casa com Scorpius e assentiu animadamente. Daphne sorriu de volta.

— Você é tão bonita quanto a sua mãe.

— Muito obrigada, Srta. Greengrass.

Daphne estendeu a Scorpius uma pasta e um molho de chaves.

— Sabe, posso estar enganada, mas tenho quase certeza que namorei um dos seus tios. Um dos gêmeos.

— Mentira!

Scorpius fez uma careta.

— Qual deles? – Quis saber Rose.

— Aí pelo amor de Deus, tia. Não. – Ele foi em direção à porta puxando Rose pela mochila em suas costas. – Vamos, vamos.

Daphne apenas riu enquanto via os adolescentes saírem de seu escritório. Acontece que Scorpius não estava tão indiferente à pesquisa deles quanto Rose pensava. Ele havia ido até o escritório da tia e pedido uma planilha com o valor dos apartamentos mais baratos perto do centro e conseguido a chave de alguns deles para que os dois pudessem visitar e colocar no diário de bordo que Longbottom exigia que fizessem. Rose só acreditou de fato quando chegaram ao primeiro apartamento.

— Uau – disse ela. – Isso é um cubículo.

— Você não disse que tínhamos que economizar?

— Bem, sim, mas... Esse banheiro nem tem uma porta. – Scorpius coçou a cabeça, concordando.

— Tudo bem, tem outro nesse bloco.

O segundo não era lá muito melhor. Tinha uma porta no banheiro dessa vez, mas era impossível que coubesse mais de uma pessoa nele, logo, seria impossível dar banho em uma criança ali. E foi isso que Rose disse, fazendo com que Scorpius discordasse na mesma hora e entrasse no banheiro para provar seu ponto.

Rose estava entre a pia e o vaso e Scorpius tentou passar por ela para chegar até o chuveiro, mas foi impossível.

— Ok, talvez não seja tão grande quanto eu pensei... – Ele comentou.

— Não diga, gênio! – Rose revirou os olhos, rindo sarcasticamente quando Scorpius se virou para ela.

— Mas banheiro é para uma pessoa mesmo. Crianças tomam banho em banheiras. Ou será que você quer tomar banho com seu marido, Rose?

Não havia percebido até aquele momento o quanto estavam próximos um do outro. Uma mecha loira teimosa caía na testa de Scorpius e ele a empurrou com o dedo enquanto seus olhos ainda estavam focados na garota ruiva a sua frente. Rose sentiu sua respiração ficar assustadoramente falha sob os olhos acinzentados do Malfoy. Abriu a boca para mandá-lo parar de sonhar acordado, mas era como se o sorriso de lado dele controlasse toda sua fala. E naquele momento, parecia não deixar que ela tivesse nenhuma. Sentiu a respiração de Scorpius em sua pele e seu coração acelerou. Ela tentou dar um passo para trás, mas não havia espaço. Se sentia uma idiota por estar apenas parada, mal respirando, apenas porque Scorpius Malfoy estava mais perto do que jamais esteve dela, mas não conseguia evitar. Parecendo perceber o conflito da garota, Scorpius riu e saiu.

— Temos mais uma opção – Foi tudo que ele disse com uma voz divertida. Rose saiu do banheiro, sentindo que suas bochechas estavam muito mais quentes do que ela queria e eles foram em silêncio até o terceiro apartamento, que é o que parecia o melhor dos três. A sala era pequena, assim como a cozinha, mas haviam dois quartos de tamanho razoáveis e ninguém ficaria preso no banheiro. O preço também era bom e não fugiria do orçamento de um casal jovem adulto.

— Pode ser este – disse Rose, olhando a pasta que Daphne Greengrass havia dado ao sobrinho com uma planta de cada apartamento e uma planilha com parcelas e valores. Puxou a do terceiro apartamento e colocou na própria mochila. Se sentia tão envergonhada desde o que havia acabado de acontecer que sabia que aceitaria o terceiro apartamento até mesmo se fosse apenas um grande cômodo vazio com um vaso sanitário no meio. – Vamos pra casa? Acho que já consigo escrever alguma coisa com isso.

— Claro.

Embora Rose tenha insistido em voltar sozinha, Scorpius se negou. Disse que não podia deixá-la quando já estava escurecendo, então os dois seguiram lado a lado pelas ruas estreitas de Hogsmeade. Fizeram boa parte do caminho em silêncio e geralmente aquilo seria a última coisa que Rose se importaria, mas naquele momento a estava incomodando como o diabo. Talvez fosse seu coração que ainda não havia se acalmado com a proximidade repentina de Scorpius no banheiro do apartamento dois ou então a sensação estranha que ela havia sentido durante toda a semana enquanto Scorpius fugia dela. Eles nunca conversaram realmente, mais trocavam farpas do que qualquer outra coisa, mas ao menos ele nunca a havia olhado com tanto ressentimento. Rose se sentiu mal, embora nunca fosse admitir isso.

— Então, você não gosta de vendedor de carros? O que você quer que eu coloque?

Scorpius levou um tempo para falar.

— Arquiteto.

— Você quer ser arquiteto?

— Surpresa?

— Um pouco. Você odeia estudar – respondeu, sincera e Scorpius riu. – Não tão clichê quanto o meu.

— Você quer mesmo ser advogada?

— Sim.

— Por causa da sua mãe?

— Acho que sim – falou depois de um tempo. – Sempre gostei de vê-la ajudando as pessoas. Resolvendo casos por aí, fazendo com que patrões horríveis paguem o que devem aos funcionários que já não têm muita coisa.

Eles pararam em frente à casa de Rose. O sol já havia se posto e pela primeira vez em dias, Ronald Weasley não estava do lado de fora fazendo alguma coisa no jardim. Pela janela na sala de estar, Rose e Scorpius flagraram o casal trocando sorrisos bobos um para o outro enquanto Hugo corria de um lado para o outro, provavelmente seguindo Mulan, a cachorra da família.

— Assim que eu escrever a primeira parte do trabalho, vou te enviar.

— Beleza. Mas só vou poder olhar na segunda, eu acho. Amanhã eu trabalho.

— Você trabalha no domingo? – Rose arqueou uma sobrancelha, desconfiada.

— A lanchonete do Joe está aberta todos os dias.

— Eu sei, mas...

— Nem todos podemos não trabalhar, princesa.

Rose suspirou, encostando-se na cerca que circulava sua casa. – Estava demorando.

— O que?

— Era a primeira conversa civilizada que tínhamos desde aquela vez no nono ano em que tentei ser legal com você e você começou a me chamar de Rory Gilmore.

Scorpius riu alto, sem entender. – Quando você tentou ser legal comigo? Você nunca fez isso em toda sua vida, garota!

— Claro que fiz! Ok, não gostei de você assim que te conheci... nem depois, mas durante aquele ano eu pensei que podíamos ser amigos para selar a paz no nosso pequeno grupinho, mas você foi extremamente estúpido.

— Você tá doida.

Rose se empertigou inteira com as memórias voltando para sua mente de uma vez só para que pudesse colocar seus argumentos na mesa.

— Era a noite da peça de teatro, eu estava nos bastidores arrumando a maquiagem dos atores e você era o Romeu, lembra? Eu te desejei boa sorte e você disse para eu ir me ferrar!

— Você me mandou ir à merda! – Rose abriu a boca em um círculo perfeito.

— Não, eu te desejei boa sorte!

— Rose, eu lembro claramente de você dizendo: "ei, Romeu, muita merda para você!".

O rosto de indignação de Rose sumiu, dando lugar a uma gargalhada alta da garota que provavelmente foi ouvida até pelos pais dentro da casa.

— Scorpius, merda quer dizer boa sorte no teatro! As pessoas falam isso para desejar boa sorte umas as outras antes das apresentações, é como dizer para alguém quebrar uma perna!

Scorpius piscou, olhando de um lado para o outro enquanto um sorriso surgia em seu rosto.

— Sério?

— Sim!

— Essa explicação está apenas quatro anos atrasada.

— Bem, eu achei que você entenderia!

— Ninguém entenderia isso, Rose. Eu só te chamei de Rory por causa da quantidade de livros que você estava carregando e porque eu fiquei meio ofendido. Achei que você estava me mandando ir à merda por nada. Tudo bem se eu tivesse feito alguma coisa, mas eu estava quase mijando nas calças de tão nervoso. 

Rose cruzou os braços, sentindo uma onda de vento frio atravessá-la. Sabia que seu rosto refletia o sorriso largo e divertido que Scorpius tinha no rosto, mas não se incomodava com isso. Lembrar-se disso e perceber o quanto foram bobos era engraçado e nostálgico.

— De qualquer forma, por que você continua me chamando de princesa, princesinha Granger e essas variações chatas? – Indagou ela. – Quer dizer, a família Potter tem muito mais dinheiro do que os meus pais, caso você ainda não tenha percebido, e Albus é seu melhor amigo. Eu não trabalho, é verdade, mas não é porque somos ricos. Não chegamos nem perto disso, meu pai até foi demitido!

— Sr. Weasley foi demitido? É por isso que sempre que eu passo aqui em frente ele está aqui fora?

— Sim.

Scorpius passou a mão no cabelo, constrangido. – Não sabia disso, sinto muito.

— Não tem problema. Estamos bem, mamãe sempre foi muito organizada. Ele deve arranjar algo em breve.

— Tudo bem, você não é rica, mas não é só por isso que eu te chamo de princesa Granger.

— Por que então?

— Você não é parecida com seus primos – Scorpius deu de ombros. – Você sempre tem uma resposta na ponta da língua e se irrita muito fácil, principalmente comigo. Sempre me irritou muito fácil também, mas te chamar de mimada sempre pareceu incomodar mais.

— Sim, porque eu não sou! – Bufou Rose.

— Você é, sim – retrucou Scorpius com um sorriso que, para a surpresa de Rose, poderia mesmo ser definido como amigável.

— Não sou, não.

Scorpius ergueu a mão aproximando o polegar do dedo indicador, deixando apenas um pequeno espacinho entre eles. Seus olhos claros se apertaram deixando um vinco adorável no meio de sua testa.

— Nem um pouquinho assim? Nem quando brigou comigo porque Albus não te dava atenção? Ou quando Fred começou a namorar e não te levou mais para o cinema todo fim de semana? Ou então quando você passou aquela semana toda sem falar com Violet e Roxanne, apenas porque...

— Tudo bem, tudo bem! – Rose empurrou a mão do garoto para baixo, rindo. – Você sabe muito da minha vida, Malfoy.

— Coexistimos juntos há muito tempo, Weasley.

Rose definitivamente nunca tinha mantido uma conversa com Scorpius por tanto tempo, muito menos uma que a fizesse sorrir tantas vezes. Isso nunca nem sequer passou pela cabeça dela! Scorpius a olhava com atenção, como se nada mais importasse além daquela conversa e Rose não conseguiu evitar o sorriso que se formava em seu rosto, pois não sabia que conversar com Scorpius Malfoy era assim. Todos que conversavam com ele ganhavam isso também? Essa atenção devotada e ilimitada, que, na realidade, tinha minutos contados, porque Scorpius nunca ficava tempo demais em lugar algum?

Quando o garoto sorriu, mostrando a covinha tímida que tinha em apenas uma das bochechas, Rose sentiu aquela sensação diferente de novo. A respiração descompassada, o coração acelerado, a mente se esvaziando para focar apenas no que estava a sua frente.

Nele.

— Posso te perguntar uma coisa?

Scorpius cerrou os olhos. – Eu preciso dizer a verdade?

— Malfoy!

— Vá em frente – ele riu –, pergunte.

— Por que você fugiu de mim nestes últimos dias? Nós geralmente nos xingamos o tempo todo, mas você nunca fez isso. Eu não sabia nem como te ofendi.

Scorpius suspirou, passou os dedos entre os fios loiros de seu cabelo, o que Rose começou a notar, ele apenas fazia quando se sentia nervoso e desviou os olhos dela. Algo disse a garota que ele já esperava por aquela pergunta e ainda assim não queria mesmo respondê-la. A postura de Scorpius só deixou Rose mais curiosa.

— Veja bem, eu só estou perguntando porque você realmente pareceu ofendido. Você é um idiota, mas não quero magoar ninguém de propósito, nem mesmo você.

O loiro suspirou pela segunda vez e abriu a boca, estava prestes a responder quando o portão atrás de Rose se abriu de supetão, fazendo com que ela se desequilibrasse, quase caindo no chão ou em cima de Hugo se Scorpius não tivesse a puxado pelo braço. O toque de Scorpius foi firme e rápido e não ajudou em nada àquela sensação esquisita que já estava se criando dentro dela. A ruiva tentou retomar a postura, mirando o irmão mais novo com raiva.

— Hugo, isso lá é jeito de chegar!

— Você não deveria estar encostada em um portão, né, Rosie?

Rose revirou os olhos. Meninos de 11 anos sempre tinham resposta para tudo ou era só o irmão dela?

— O que você quer?

— Papai disse que vocês estão aqui fora há muito tempo e isso não é legal.

— Ah, meu Deus – resmungou Rose revirando os olhos. – Papai não tem o que fazer?

Hugo apenas deu de ombros.

— Mas mamãe pediu para você ficar para o jantar, Scorp. 

Quase que automaticamente, Rose e Scorpius se encararam. A última coisa que Rose queria admitir para si mesma naquele momento (afinal, ela estava propositalmente ignorando as sensações esquisitas em seu estômago cada vez que Scorpius olhava fixamente para ela e sorria) era que, no fundo, queria muito que Scorpius aceitasse o convite de sua mãe. Uma parte de si estava morta de tanta vergonha por saber que queria, sim, que Scorpius Malfoy jantasse na sua casa – algo que teria feito com que ela surtasse em qualquer outro dia, exceto aquele, naquele dia, Rose desejou muito que Scorpius dissesse sim e o olhou com tanta expectativa que duvidava que ele não pudesse perceber que era aquilo que ela queria.

Mas tudo que Scorpius fez foi sorrir, desviando seu olhar para Hugo e esticando-se para bagunçar os cabelos ruivos do garoto.

— Não posso. Prometi que ia jantar com a minha mãe hoje. Fica para próxima. Mas diga a sua mãe que agradeço o convite.

Hugo franziu os lábios, mas concordou.

— Tchau, Rose – disse Scorpius suavamente, tirando o skate que estava preso na mochila e o colocando no chão. Ele abriu um sorriso pequeno, fitando a garota por alguns segundos a mais. – Até segunda.

E então, em poucos segundos, ele sumiu. Deixando um Hugo chateado por não poder mostrar seus novos action figures e uma Rose curiosa, confusa e levemente preocupada para trás.  


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Notas finais do capítulo

A fanfic não vai ser muito longa, então não tem como enrolar muito nos sentimentos deles. E eu também não sou muito boa em manter o slow burn hahahaha, mas ainda assim, espero que vocês tenham gostado. Amanhã eu volto com um capítulo novo. Muito obrigada pelos comentários no capítulo anterior, fico mt feliz! Espero que possam continuar me dizendo o que acharam, beijo, até o próximo ♥