Social Studies escrita por Morgan


Capítulo 1
I. Aquele em que tudo dá errado


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa é a segunda fic que eu posto no Junho Scorose e eu garanto, para aqueles que leram a primeira, que essa é muito mais feliz. Quero dizer que hoje, pela segunda vez!!, eu divido meu dia com a Foster e eu fico muito feliz com isso ♥ também divido o mês inteiro com muitas outras histórias maravilhosas que vocês podem ver no twitter @JScorose ou no perfil delas aqui no Nyah.

Social Studies é composta por quatro capítulos e eu vou postar um deles por dia, provavelmente de meia-noite ou de manhã. Enfim, boa leitura!! ♥



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 Para Rose Weasley, tudo que poderia dar errado naquela segunda-feira de junho, deu.

Começou com o Jeep de Albus parando em frente à sua casa muito mais tarde do que deveria, fazendo com que Rose corresse porta a fora, mal se despedindo do pai que a pedia para mandar um oi para seu professor Neville Longbottom enquanto ainda estavam na mesa do café e, pulando para dentro do carro.

— Caramba, Albus! Que demora foi ess... – As palavras foram morrendo na boca da garota assim que ela afivelou o cinto de segurança e se virou para a pessoa sentada no banco de motorista ao seu lado. – O que diabos você está fazendo aqui?

— É tão bom estar ao lado de alguém tão educada quanto você logo de manhã cedo, Rose. – Disse Scorpius, acelerando o carro e deixando o jardim da família Granger-Weasley.

A garota piscou, ainda sem entender o que estava acontecendo.

— Por que você veio me buscar? Por que está com o carro do meu primo?

Scorpius soltou uma risada e Rose respirou fundo. Não gostava de muitas coisas em Scorpius Malfoy, mas definitivamente odiava como ele ria sarcasticamente quase toda vez que ela falava. Sempre acompanhado de algum comentário ridículo.

— Eu adoro como você sempre fala "meu primo" como se ainda tivéssemos noveanos de idade e Al fosse uma propriedade sua.

— Eu nunca fiz isso – retrucou a garota, mesmo sabendo que por muito tempo fez sim.

— Claro que não – falou, parando no sinal vermelho e se virando para Rose. – Mas respondendo a sua pergunta, o carro quebrou. Minha mãe só terminou de consertar hoje de manhã. Albus disse que iria de carona com Roxanne e me pediu para levar o carro até a escola. Mas então lembrou, um pouco tarde demais, que não te avisou que não poderia te dar carona hoje, então eu vim.

O sinal abriu e Rose cruzou os braços.

— E você precisava vir tão tarde assim?

—Mal-educada e também mal-agradecida – comentou Scorpius como se estivesse sozinho no carro fazendo a ruiva revirar os olhos.

Rose queria dizer que nem sempre sua relação com Scorpius Malfoy foi difícil. Mas estaria definitivamente mentindo. Tudo bem, até os treze anos sua irritação vinha do fato de Scorpius ter aparecido ontem e ainda assim ocupar tanto espaço na vida de Albus, que era seu melhor amigo muito antes do loiro oxigenado. Também não ficou feliz quando ele fez amizade com Dominique, Lucy, Molly, Teddy e bem, basicamente todos os seus primos, se embrenhando cada vez mais na sua família. Também não ficou nem um pouco feliz quando ele e Roxanne namoraram e ela tinha que ouvir a sua amiga falando do garoto que ela menos gostava no mundo pelo período dificílimo de três meses, que foi o tempo suficiente para os dois perceberem que não tinham nada a ver um com o outro.

Ela não tinha um motivo real para não gostar de Scorpius. Eles só não se davam bem. Ele representava tudo que a garota detestava em alguém: era arrogante, presunçoso, irresponsável, inconsequente e muitas vezes babaca. É. Esses cinco adjetivos resumiam Scorpius Malfoy muito bem para Rose. Para ela, tudo que o garoto sabia fazer era atrapalhar os estudos de Albus, fazer piadas inconvenientes no meio da aula e carregar aquele maldito skate por todos os lugares.

Malfoy e Weasley eram diferentes demais para terem uma relação pacífica, embora tentassem, na maioria das vezes, pelo bem da sanidade de Albus.

— Tanto faz, só estou preocupada – disse ela.

— Com o quê?

— 15 minutos na sua companhia é a minha cota semanal. Parece que vou atingi-la cedo demais.

— Sim, porque estar ao seu lado é como estar em um parque de diversões, pode acreditar, Rory.

Rose revirou os olhos em resposta, nem se dando ao trabalho de pedir, pela milésima vez, que Scorpius parasse de chama-la de Rory – como a Rory de Gilmore Girls. E eles passaram o resto do caminho em silêncio. Tudo que a Weasley pensava era em formas diferentes de matar o primo quando o visse. Albus lhe dava carona todos os dias. Todos os dias! Como poderia ter se esquecido dela? E, por que diabos não fez Roxanne ir até a sua casa? Quando o carro parou no estacionamento da escola e Rose colocou os pés no chão, queria morrer.

— Estamos meia hora atrasados para aula de Estudos Sociais. Meia hora!

Scorpius começou a caminhar ao seu lado.

— É só o Sr. Longbottom, ele não vai nem notar que não estávamos lá.

— Você só pode estar brincando. Ele vê tudo, você sabe muito bem disso!

— Longbottom é totalmente desligado, Rose! Não repara em nada que não seja sobre o conteúdo que esteja passando.

Rose balançou a cabeça. Sabia que Neville Longbottom não era assim, mas não esperava que Scorpius soubesse. Até o ano passado o garoto mal assistia às aulas.

A porta da sala estava aberta, o que Rose pensou ser um bom sinal. Os dois se entreolharam em um acordo silencioso, entrando da forma mais quieta que conseguiam.

Infelizmente, a forma quieta dos dois não queria dizer nada.

— Weasley e Malfoy – Sr. Longbottom sorriu, fazendo as bochechas de Rose ficarem vermelhas e ela correr para o seu lugar. – Fico feliz que tenham resolvido se juntar a nós!

— Desculpe, professor – disse a garota, sentindo os olhos do mais velho e de toda a turma em si. Scorpius sentou-se atrás dela.

O professor deu de ombros, sentando-se na ponta de sua mesa.

— Como vocês foram os últimos a chegar, receio que terão que fazer o trabalho do semestre juntos.

Toda a vergonha que Rose poderia estar sentindo por ter chegado atrasada pela primeira vez o ano inteiro, sumiu.

— Professor Longbottom!

O professor apenas deu de ombros com um sorriso no rosto.

— Não posso fazer nada, vocês realmente chegaram por último. Todos os outros têm pares.

Rose apontou para os primos que se sentavam em carteiras próximas a ela.

— Podemos trocar!

— Não – negou. – Vocês chegaram atrasados. O trabalho é de vocês. 

Rose suspirou, contrariada enquanto o professor a sua frente parecia estar prestes a rir a qualquer momento.

— E sobre o que é o trabalho?

— Ah, é uma dinâmica nova! – Neville sorriu e Rose viu quando Albus fez uma careta de desgosto para Roxanne. – Quero um planejamento de futuro. Do futuro entre você e Scorpius enquanto um casal, é claro.

— Desculpe, professor – era a primeira vez que Scorpius se pronunciava desde que entrara na sala –, mas não acho que entendi.

O professor alisou o queixo, pensando por alguns segundos antes de sorrir.

— Você e Rose serão um casal de recém-casados com uma gravidez surpresa. Quero um orçamento sobre absolutamente tudo que vocês vão fazer. O quanto gastaram na festa de casamento, quanto custou a casa, o emprego de cada um, a despesa com o filho, com o hospital, se vocês têm carro... Enfim, tudo. Vocês vão criar uma vida – ele passou a falar para o resto da sala. – E cada ponta deve ter um motivo e deve servir para algo, vocês precisam ser coerentes com o que vão colocar e terem uma fonte. Podem visitar casas, apartamentos, procurar valores de carro... Tudo isso vai enriquecer o seu trabalho e deixá-los mais perto do famoso A que a maioria de vocês precisa.

Rose queria desaparecer. Não iria apenas fazer um trabalho com Scorpius Malfoy: precisaria criar um futuro com ele. Teria que passar mais tempo do que gostaria ao lado dele e aquilo fez com que um arrepio percorresse seu corpo inteiro. De que adiantava ter como professor um dos melhores amigos do seu pai quando ele nem sequer a deixava contornar uma dupla horrível como ela sabia que Scorpius iria ser?

Quando se virou para Albus, o primo já estava a olhando.

— Desculpe – sussurrou.

Rose apenas deu de ombros. Não deveria estar surpresa, não deveria mesmo. Ela soube no instante em que o viu, sentado no banco do motorista do Jeep antigo de Albus, que nada de bom viria daquele dia. E não veio.

Não tinha como vir, não com Scorpius Malfoy por perto. E principalmente não quando ela sabia que passaria muito mais do que 15 minutos com ele nos próximos dias.

Rose levou até a hora do almoço para lidar com o fato de que tinha mesmo que fazer um trabalho com Scorpius Malfoy. Foi por isso que, assim que o sinal tocou, a garota fechou seu armário com força e suspirou antes de se encaminhar em direção ao armário do garoto.

— Quinta depois da aula, na biblioteca. – Disse antes que Scorpius pudesse soltar qualquer uma de suas frases espertinhas. O garoto puxou um dos livros do armário e o fechou.

— Não posso, tenho que trabalhar.

— Sexta?

— As pessoas geralmente trabalham todos os dias, princesa. Não que você saiba o que é isso.

Rose suspirou.

— Sexta à noite?

Scorpius abriu um sorriso malicioso, encostando-se despojadamente na fileira de armários.

— É sexta à noite, Rose, é claro que eu tenho um encontro. Isso você sabe o que é, não é? 

— Você pretende fazer esse trabalho em algum momento? Porque, sério, se você não quiser, eu posso simplesmente escrever que resolvi criar o maldito bebê sozinha. Muitos pais por aí não criam o filho. Sempre achei que você meio que tinha essa energia.

O sorriso arrogante de Scorpius se desfez na mesma hora e sua postura se tornou dura. Ele não disse nada, mas seu olhar, antes divertido e maroto como de costume, tornou-se gélido, fazendo Rose dar um passo para trás.

— Sábado eu passo na sua casa – disse, seco e indiferente.

Scorpius não deu sequer chance de a garota dizer alguma coisa, apenas saiu, sem esperar nenhuma resposta. Rose continuou observando enquanto o loiro subia em seu skate e impulsionava-se em direção a um dos corredores, sem se importar de ser visto por Filch, que odiava mais do que qualquer outra coisa quando Scorpius andava de skate pelos corredores.

O que diabos ela havia dito de tão errado assim? Já havia dito coisas ofensivas para Scorpius – e já havia ouvido algumas bem ruins dele também –, mas ele nunca, nunca mesmo, havia encarado Rose daquela maneira. Parecia tê-lo ofendido de verdade, não parecia? Mas ela não havia dito nada! Apenas sugeriu que ele não queria fazer o trabalho, o que ela tinha certeza que ele não queria mesmo. Rose bufou, jogando o cabelo para trás e apertando as alças da mochila em suas costas.

Rose decidiu que não tentaria entender os incontáveis dramas de Scorpius Malfoy.

Claro que não contava em ser ignorada o resto da semana inteira. Os dois nunca haviam conversado, mas Scorpius nunca tinha deixado o local porque ela havia chegado antes.

Albus foi o primeiro a perceber. Mas como aquele era Albus e ele nunca gostou de ser colocado no meio das brigas de Rose e Scorpius, ele esperou até ser óbvio demais.

E na sexta-feira, Albus já não podia mais fingir. Não quando Scorpius caminhava animadamente até ele no corredor entre as aulas, mas ao ver Rose parada ao lado do primo, simplesmente virou as costas e sumiu entre a multidão.

— O que aconteceu com você e o Scar? – Rose apenas deu de ombros, mexendo no rádio do carro do primo.

— Não fiz nada com ele.

— Ele tá estranho.

— Ele é estranho, Al.

O moreno apenas balançou a cabeça.

— Tem certeza que vocês não brigaram?

— Eu só disse para ele que podia fazer o trabalho sozinha e ele saiu com raiva.

Rose não pensou que fosse possível, mas as sobrancelhas do Potter ficaram ainda mais franzidas.

— Scorpius nunca se ofenderia com isso. Na verdade, estou surpreso que ele mesmo não tenha oferecido nada parecido.

— Eu disse! Não fiz nada com ele! – Exclamou. – Scorpius é um mistério!

— Você sempre gostou de desvendar mistérios. Você não dizia que era a Nancy Drew nas nossas brincadeiras?

— Os mistérios de um adolescente sem o que fazer são os últimos que eu quero desvendar.

Quase como se sentisse que falavam dele, o celular de Rose apitou com o contato de Scorpius piscando na tela. A garota desbloqueou o celular.

[3h25pm] Idiota: amanhã depois do almoço.

Rose soltou uma gargalhada incrédula.

— Sério! – Ela ergueu o celular para Albus, que o olhou apenas por um segundo antes de voltar a mirar o trânsito à sua frente. – Eu não o suporto, Albie, falando sério! Passou a semana toda me ignorando por sabe-se lá o que, e agora, como se nada tivesse acontecido, mandou uma mensagem avisando que vamos nos encontrar amanhã para fazer o trabalho. Eu nem achei que isso ia mais acontecer!

— No fim de semana? Achei que você viajaria com Tia Fleur e Dominique.

— Era o que eu planejava! Mas o imbecil do seu amigo recusou todos os outros dias que eu falei! Por Deus! Tia Fleur me odiará por cancelar, voltar atrás e agora cancelar de novo. Mas em minha defesa eu realmente achei que ele havia desistido. Não estava nem olhando na minha cara!

Albus não disse nada, parecia tentar descobrir sozinho o que estava se passando na mente do melhor amigo. Mas Rose não estava a fim de ficar em silêncio.

— Ele é um imbecil. Sério. Ele acha que o mundo gira ao redor dele! Que mimado do...

— Rose, não é bem assim...

— Claro que é! Ele nem me perguntou se eu podia, apenas supôs que poderíamos fazer o que fosse melhor para ele. É um egoísta, isso sim. – A ruiva suspirou, agradecendo quando começou a avistar a própria casa. – Tudo bem que ele disse que estava trabalhando, mas deixar de fazer o trabalho hoje porque tinha um encontro?! Com quem ele tem um encontro, afinal?

— Ahn... Marina Chang, eu acho...

— Coitada! – Rose revirou os olhos, tirando o cinto de segurança e puxando a mochila que estava no banco de trás com ferocidade. Sentia suas bochechas esquentarem de tanta irritação. Quanta ousadia era capaz de existir em uma só pessoa! – Eu realmente não sei por que ele não me deixou fazer o trabalho sozinha – continuou ela quando o carro finalmente parou em frente à sua casa e ela pôde ver seu pai no jardim podando algumas plantas. – Honestamente, uma mãe solteira que cria o filho sem o apoio do pai é algo que eu conseguiria construir com as mãos amarradas! 

Os olhos de Albus se arregalaram na mesma hora, virando-se para a prima, alarmado.

— Você disse isso para ele?!

— Claro que disse! – Respondeu, abrindo a porta. – Não preciso do Malfoy para nada!

Albus parecia assustado e ligeiramente chocado com as palavras da prima, mas Rose não conseguia perceber nada além da própria indignação. Teria que meditar o resto do dia para conseguir lidar com Scorpius Malfoy na tarde seguinte ao invés de ir à exposição de arte em Manchester com o lado francês de sua família para a qual estava tão ansiosa. Decidiu, saltando do carro e ignorando os chamados de Albus, que não pensaria no garoto Malfoy pelo tempo que lhe fosse permitido. 

Ou seja, até às 14:00h de sábado.

Rose acenou para o pai de longe, fugindo antes que ele pudesse engatar alguma conversa com ela. Ronald Weasley havia acabado de perder o emprego na empresa onde trabalhava e embora a filha tivesse toda a empatia do mundo com a situação que o pai estava enfrentando a sua empatia não funcionava o dia inteiro.

Amava seu pai e tinha muito orgulho do homem que ele era, tinha mesmo, mas o patriarca da casa sempre tivera um pé no drama e estava começando a dar nos nervos de todas as pessoas da casa o fato de Ron só se dedicar ao cultivo das flores que nasciam na lateral da casa. Ele sempre gostara do jardim, eles sabiam disso, era a forma dele relaxar e Rose sempre amou ter sempre uma grama verde e flores para olhar desde que nascera, mas depois da demissão, aquilo parecia ter se tornado uma obsessão nem um pouco saudável. Tinha um limite para o quanto você podia ter pena de si mesmo. Até Rose sabia disso – e ela era de câncer! Ser filha de Ron Weasley e ter nascido em julho conseguiam explicar muito bem de onde vinha todo o drama que Rose sabia percorrer em suas veias.

O resto do dia passou mais rápido do que Rose desejava – ela realmente se esforçou para não pensar em Scorpius, embora tenha ficado difícil quando decidiu, já perto das onze da noite, montar uma lista de tudo que eles precisariam ter em seu trabalho.

1. Sem festa de casamento

2. Plano de saúde

3. Carro: minivan

4. Casa, não apartamento

5. Coisas para o bebê

6. Poupança

7. Trabalho: vendedor de carros x advogada

Parecia um bom começo e Rose ficou satisfeita. Eles só precisariam fazer algumas pesquisas de campo e teriam todo o trabalho feito em pouquíssimo tempo. Estava orgulhosa de si mesma.

Se Rose soubesse como o dia seguinte começaria, não teria dormido tão bem. 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e possam me dizer o que acharam! Amanhã eu volto com o segundo capítulo, até lá ♥