Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 25
Uma proposta


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim! Uma boa leitura.



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Os dias se passaram e eu não conseguia voltar a minha rotina em Hogwarts. Meu coração se apertava em cada ronda que fazia pelo castelo, a cada vez que via Scorpius e ele me ignorava totalmente. Não conseguia compreender suas ações e não compreendia seu silêncio. Ele fazia as rondas comigo em silêncio e eu tentava conversar, mas ele era monossilábico. Isso me irritava muito, mas como forçar alguém falar com você, quando essa pessoa faz questão de manter distância?

— Rose, vamos para aula - diz Alvo, em meu ouvido, enquanto olhava para meu prato de café da manhã, inacabado.

— Já deu o horário? - perguntei, distraída.

— Sim, Rose, você está parada há uns bom quinze minutos. E daqui a pouco a professora Sprout vai entrar na estufa e vai dar falta para você. Seria uma catástrofe, pois você nunca falta em uma aula dela - ele diz, rindo, tentando elevar meu humor.

Eu sorrio, mas sinto meu rosto doer pela tentativa. Levanto da cadeira e ando ao lado de Alvo. Ele sabe da minha situação e tentou conversar com Scorpius várias vezes sobre o assunto, mas não obteve respostas. Estou tão apática que não sei se me importa mas com o silêncio de Scorpius.

Saímos do castelo e vamos até a estufa. O frio é intenso e faz arder minha face. Pelo menos sinto algo, pois estava difícil ter qualquer sentimento naquele momento. A neve cai sobre o gramado e congela meu corpo todo. Entramos na estufa e há vários alunos posicionados em dupla, para uma tarefa que a professora passou antes das férias. Cada dupla está cuidando da sua planta, uma bubotúbera.

— Lembrando, a intenção é engordar a planta para que ela fica resistente, robusta, sem fragilidades - a professora Sprout estava explicando.

Aproximo-me de Meredith, que era minha parceira naquela aula. Cumprimento ela e me posiciono ao seu lado. Ela sorri e olho nossa planta. Ela havia engordado um pouco, mas ainda não estava resistente. Saco a varinha e lanço o feitiço:

— Colimus Plantae!

Um lampejo verde sai da minha varinha, indo contra a planta e ela absorve a energia.

— Essa aula é insuportável, Rose - murmura Meri, em meu ouvido - Não tem nada melhor para fazermos?

Eu dou risada.

— Não, precisamos estudar e isso é importante para mim também, se quero ser medibruxa. Preciso entender das plantas, também - eu digo.

— Você vai ser curandeira, por acaso? - Meri debocha.

— Também é faz parte dos meus planos, mas também irei me especializar em maldições - eu respondo.

— Eu estava sendo sarcástica, Rose, por Merlin - ela diz.

Isso me faz rir, pela primeira vez em semanas. Há um burburinho alto, pois todos estão conversando e anotando os progressos da sua atividade. Meri anota na prancheta tudo que se alterou na nossa planta. Ela está mais verde, vistosa, mas não engordou o que esperávamos. A professora Sprout olhou nossa prancheta e a planta e explicou que aquilo era normal, devido ao inverno, mas que ela estava muito bonita. Ficamos felizes, pois pelo menos receberíamos os pontos pela tarefa. Olhei a planta de Alvo, junto com Scorpius e a deles parecia muito estranha. Algo havia dado muito errado. Ela estava com aspecto acinzentado, nada saudável. Quando meu olhar encontrou o de Scorpius, desviei. Minhas bochechas coraram.

— Se resolveu com o loiro aguado? - perguntou minha amiga, ao perceber meu olhar em direção a Scorpius.

— Não - eu respondo, olhando para nossa planta - Na verdade cansei de tentar falar com ele.

Meri suspira.

— Eu sinto muito, Rose, de verdade. Aquele garoto não serve para você. Vou apresentar um amigo meu. Ele está no sétimo, na Lufa Lufa. Ele é super fofo - ela continua falando, mas não a escuto. Não quero conhecer ninguém.

Depois de ver nossas plantas, a professora Sprout explica mais sobre a planta aliquente e nos mostra um espécime. Suas folhas causam histeria em quem tocá-los e seu efeito pode ser amenizado a partir de um antídoto com base na secreção de Besouros da Melancolia. Ela pede para fazermos dois rolos de pergaminho sobre as suas propriedades e um rolo de como preparar o antídoto. A poção será feita na aula de poções, do professor Slughorn.

Lembro que o professor não apareceu no Natal, para alivio do meu pai e tristeza da minha mãe. Ele havia dito que teria uma conferência sobre poções, na França e pediu desculpas por não ter aparecido. Mas com certeza gostaria de nos visitar outra vez. Talvez nas férias, eu penso, pois quero infernizar um pouco a vida do meu pai.

Após a aula ter terminado, partimos para estudo dos Tratos das Criaturas Mágicas. Hagrid montou uma tenda para nós e dentro foi expandida com um feitiço. Está quente lá dentro, o que agradeço muito.

— Oi Hagrid - eu digo, abraçando ele.

Hagrid é tão grande, que acabado sufocando em seu abraço. Ele me solta e sorri.

— Rose, querida, está pálida - constata.

Fico sem graça, realmente não ando muito bem.

— Ah, não é nada. Talvez seja o frio - eu desconverso.

Afasto-me para dar entrada aos outros alunos. Eu, Meri e Sophie ficamos em um canto na tenda, de braços enganchados. Os alunos do sétimo ano da Lufa Lufa entram, pois terão aula em conjunto hoje.

— Muito bem, bom dia a todos - Hagrid diz, com sua voz grossa, assustando alguns alunos - Hoje terá aula sobre salamandras. Alguém sabe me dizer o que elas são?

Levanto a mão, no automático ficando vermelha ao perceber isso. Todos me olham, sem se impressionar. Eu faço isso sempre.

— Sim, Rose? - Hagrid pergunta, com um sorriso bondoso.

— Bem, salamandras são criaturas mágicas. São lagartos pequenos que habitam o fogo e se alimentam de chamas.

— Muito bem, Rose. Dez pontos para Grifinória - ele diz.

Os meus colegas sorriem, pois adoram quando eu sei a resposta e conseguimos pontos por causa disso.

— E alguém mais sabe me dizer qual é cor delas? - Hagrid pergunta, olhando a turma.

Estou prestes a levantar a mão, mas um rapaz alto e de cabelos pretos faz o movimento antes de mim. Está com vestes da Lufa Lufa.

— Sim, Henrich?

— As salamandras de cor branca ofuscante, podendo se apresentar cores azuis ou vermelhas. Depende do calor do fogo de onde ela surgiu - ele responde em tom didático e me fita, com um ar maroto.

Fuzilo-o com o olhar. Ninguém irá me depor do meu posto de sabe tudo.

— Muito bem, Henrich. 10 pontos para Lufa Lufa.

Os seus colegas assoviam e batem em suas costas. Fico emburrada e desvio o olhar, mas pelo canto de olho, o vejo sorrindo para mim.

— Rose, aquele é meu amigo que falei para você - murmura Meri, em meu ouvido - Ele é tão inteligente quanto você. Ele não tem olhos mais lindos que já viu? São azuis como safiras.

Reviro os olhos, não me interessa quem ele seja. A próxima pergunta que Hagrid fizer, vou responder mais rápido do que ele. Hagrid pela uma caixa na mesa que ele montou no meio da tenda e abre.

— Venham, vejam que belezinha é esse animal - ele convida.

Aproximamo-nos, alguns receosos. Eu chego mais perto e vejo o animal brilhante e cor avermelhada. Parece um lagarto e está com a língua para fora. A criatura nos olha, curiosa. Um aluno da Grifinória faz a besteira e tentar colocar a mão na caixa e quase queima a ponta dos dedos.

— Aí, que droga - ele diz, levando a mão na boca.

Todos riem.

— Andrew, por Merlin, não pode tocar nas salamandras - diz Hagrid, preocupado.

Ele pega a mão do rapaz e analisa.

— Ora, não é nada meu rapaz - ele diz.

— Isso é porque você não encostou nela, professor - debochou o rapaz.

Os dois continuam conversando, Hagrid tenta acalmar o rapaz.

— Vou levar Andrew para enfermaria, Rose, poderia ficar de olho em todo, por favor? - ele pede.

Assinto e Hagrid sai da tenda com Andrew. Reviro os olhos, pensando como às vezes garotos podem ser estúpidos. Os alunos estão conversando em panelinhas, alguns se aproximam da salamandra e fico mais perto da mesa, pois há outras caixas fechadas e meu medo é que alguém solte alguma criatura ou se machuque. Meri fica ao meu lado, mas está conversando com Sophie. Henrich se aproxima da mesa, olhando para a salamandra, com uma curiosidade acadêmica. Sua presença me irrita e parece que perco o ar. Ele desvia o olhar e me fita, com seus olhos azuis. Realmente, Meri tem razão, ele tem olhos lindos. Fico vermelha, mas não desvio o olhar. Não irei me intimidar.

— Então, você é a famosa Rose? - ele pergunta, com curiosidade - Estava querendo saber quem era a ruiva que sempre responde as perguntas mais rápido do que qualquer um em uma aula.

Fervo de raiva. Por que sempre falam isso de mim?

— Não sou isso que está pensando. Apenas sei e quero responder as perguntas - eu respondo, com presunção.

Ele ri, ficando ao meu lado da mesa. Por algum motivo misterioso, Meri e Sophie se afastaram e foram para bem longe de nós. Elas me pagam.

— Bem, isso é muito bom, ter conhecimento é sempre importante - ele diz - Mas já parou para pensar que não sabemos tudo? Ou que precisamos sempre avaliar aquilo que sabemos?

— Você é sempre prepotente assim ou é impressão minha? - pergunto, com voz cortante.

Ele gargalha.

— Não, mas não pude deixar de dizer isso. É meu mal ser muito sincero - ele responde, com bom humor - E se isso irritou você é porque há um fundo de verdade no que estou dizendo.

Reviro os olhos e suspiro. Henrich está me tirando do sério. Sinto o cheiro de queimado e olho para trás, a salamandra havia sumido da caixa.

— Ai, meu Merlin, cadê a salamandra? - eu exclamo nervoso.

Henrich também fica preocupado e começamos a procurar. Os alunos começam a gritar e a tenda pega fogo em um canto. Vejo o pequeno lagarto parado, consumindo o tecido da tenda. Saco a varinha e estou prestes a lançar um feitiço, mas Henrich segura meu braço.

— Espere, vai machucar a salamandra - ele diz e mostra a caixa - Accio salamandra.

O animal voa para caixa e ele fecha.

— Aguamente - aponto para o foco do pequeno incêndio.

Todos estão tossindo, pela fumaça e Henrich me ajuda a tirar todos da tenda. O frio é intenso, mas é melhor do que respirar a fumaça tóxica. Hagrid volta da enfermaria e fica muito preocupado.

— Oh, por Merlin, eu deveria ter fechado a tampa - ele diz, se lamentando.

Dou risada.

— Tudo bem, Hagrid, acidentes acontecem - eu digo.

Ele me olha, com esperança. Os outros alunos parecem chateados, alguns cochicham, parecendo falar maldades do guarda caças. Mesmo assim, continuamos nossa aula, por insistência minha e de Henrich. Ele parece ser legal, mas é um sabe tudo, tanto quanto eu.

A aula termina e vamos para o castelo. Henrich nos acompanha, conversando com Meri. Os dois parecem ser muito amigos.

— Rose, gostaria de ir comigo até Hogsmeade, no fim de semana? - ele pergunta, ficando vermelho.

Estamos parados nos corredores do castelo. Eu vou para aula de Transfiguração e ele para de Poções. Penso um pouco, parece interessante fazer novas amizades, mas Henrich me irrita por demais. Discutimos a aula inteira de Tratos de Criaturas Mágicas, pois um queria ter mais razão que o outro. Isso não parece nada bom.

— Vai, amiga, eu vou junto - Meri diz, sorrindo maliciosamente.

Lanço um olhar mortal sobre ela.

— Muito bem, somente se você for com Alvo - eu cutuco.

Com certeza ela irá recusar. Seu olhar é de raiva, mas ela sorri para Henrich.

— Tudo bem, pode chamar seu priminho.

Suspiro, derrotada.

— Ok, nós vamos - eu digo.

Henrich parece exultante, o que me dá certa pena. Ele parece ser legal, apesar de me irritar. Ele se aproxima e beija meu rosto e se despede de nós.

— Acho que ele está gamado em você, Rose - Meri diz, enquanto caminhos para aula de Transfiguração.

— Não, por Merlin, não - eu digo, em desespero.

— Ah, para! Assim você esquece o Malfoy - ela diz, rindo.

— Acho que ela não quer esquecer nada, Meri - Sophie intervém.

Dirijo um olhar de agradecimento para Sophie. Ela sorri para mim.

— Pelo amor de Merlin, vocês precisam atualizar - Meri diz, irritada - A fila anda. Se Malfoy não dá valor, Henrich é quem vai dar.

— Quem vai dar valor? - pergunta Alvo, se aproximando de nós do corredor.

Fico vermelha, pois mais ao longe, Scorpius está andando e conversando com um colega. Ai, tem como esse dia ficar ainda pior?

— Nin...guém, Meri está brincando - eu desconverso, mas acabo gaguejando.

Alvo nos olha com curiosidade.

— Não é nada disso, Alvo - Meri diz, ferina - É que você vai comigo para Hogsmeade e Rose vai com Henrich.

Alvo me olha, incrédulo. Enquanto Meri diz aquela barbaridade, faço sinais com a mão, negando tudo. Ele dá risada, chamando a atenção de Scorpius. Ele me fita, curioso e se aproxima. Droga!

— Então eu vou com você, minha morena? - Alvo diz, enlaçando a cintura de Meri.

Não tem como não rir, até mesmo Sophie, sempre séria, acaba caindo na gargalhada.

— Solta, seu idiota - Meri diz, se afastando, dando um safanão na mão de Alvo.

Ele se afasta, mas está inabalável. Olhamo-nos, como se nos entendêssemos. Tento dizer com meu olhar que não tenho nada haver com isso. Ele apenas assente.

— Vou com você para Hogsmeade, mas é só por Rose - ela diz, com desdém.

— Eu sei que não é isso -  meu primo diz, com um sorriso charmoso - Sei que você me ama, Meri.

Ela bufa, irritada.

— Não amo e estou fazendo isso por Rose - ela insiste.

— E eu estou indo por você, Meri. Sua ideia é absurda - eu digo, tentando sair pela tangente.

Scorpius observa tudo, franzindo o cenho. O amigo dele, Travis, olha para Sophie, que não para de corar.

— E o que vocês vão fazer? - Scorpius pergunta, olhando para Meri.

Isso dilacera meu coração. O que fiz para aquele idiota?

— Ah, Malfoy, não vi você ai - minha amiga diz, com superioridade - Na verdade nós vamos a Hogsmeade esse final de semana.

Ele me fita, desconfiado.

— É mesmo, há espaço para mais duas pessoas? - ele pergunta, olhando para Travis.

Seu amigo parece ansioso em conhecer Sophie.

— Ah, claro que sim. Rose vai com Henrich, sabia? - ela cutuca.

Vejo que ele se abala, mas seu olhar de raiva se suaviza.

— Interessante. Que bom para você, Rose. Espero que se divirta - ele diz, em tom ácido.

— Não é nada disso - eu tento dizer.

— Não se preocupe, não irei atrapalhar em nada. Mas com certeza vou junto, vai ser bem divertido - ele diz, com sarcasmo.

O sinal toca, para a próxima aula e todos nos dirigimos para aula de Transfiguração.

— Por que você fez isso, Meredith? - eu sibilo para ela, puxando seu cotovelo para que fiquemos mais atrás do grupo.

Ela ri.

— Oras, o seu loiro aguado é muito lento - ela responde, como se isso fizesse sentido - Proponho o seguinte: se ele realmente quer você, vai ter que demonstrar. Ele vive ignorando você, Rose. Escute o que estou dizendo, assim que ele a ver com Henrich, ele vai ficar arrependido.

Dizendo isso, ela se solta do meu braço. O que fiz para merecer isso, meu Merlin?


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