Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 13
Lembranças do passado - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal, tudo bem com vocês? Espero que estejam gostando tanto quanto eu dessa trama. Em breve teremos mais cenas de Scorose, estou ansiosa para que chegue essa parte. E como prometido, segue a continuação do capítulo anterior.
AVISO: ESSE CAPÍTULO CONTEM CENAS FORTES.



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Corro o mais rápido que posso para o castelo. O céu já está escuro e posso ver algumas estrelas despontarem nesse mar escuro. Chego ao Salão Principal, sem folego e encontro meus colegas já em suas mesas, jantando. Eu suspiro aliviada, pois ninguém parece notar algo estranho. Sinto uma culpa invadir de novo meu peito. Não sei se posso contar o segredo de David para Alvo e ainda tem o problema com Scorpius. Dois segredos para carregar nas minhas costas é peso demais para uma vida. Dou passos hesitantes até a mesa da Grifinória. Avisto a cabeça ruiva de Lily e ela se vira para mim. Acena, parecendo feliz e me ver.

                - Onde você estava? – ela pergunta, quando me sento ao seu lado.

                - Fui dar uma volta e perdi a noção do tempo – respondo, sem olha-la nos olhos.

                Ela me olha de escanteio, desconfiada. Continua comendo seu pudim de carne. Pego uma tortinha de limão e levo a boca. A explosão de sabores é divina e aquece um pouco meu coração dolorido.

                - Sei que você estava aprontando alguma coisa – minha prima insiste.

                Reviro os olhos.

                - Por que nada passa despercebido por você?

                Ela me olha, com uma expressão triunfante.

                - Vai ver porque eu sei ler as pessoas – ela diz – Agora diga de uma vez o que houve.

                Suspiro, irritada.

                - Não aqui. Vou precisar de sua ajuda para uma coisa. Vai ser perigoso – ela me encara, espantada.

                - Por que não pode falar agora? – pede ela, insistente.

                - É algo sério. Tem muito gente aqui.

                - O que é algo sério? – pergunta Alvo, sentando ao meu lado.

                Ele esta de banho tomado e está vestindo um moletom da Sonserina. Alguns alunos o cumprimentam e as garotas estão suspirando ao vê-lo.

                - Você também. Que enxerido – digo, tentando desconversar. Não sei se devo contar que vi David ou que sua capa vai dar uma volta por toda a Europa e vai voltar sabe-se lá quando.

                - Ah vai conta pra mim, sou seu primo mais lindo – ele pede, me sacudindo pelo ombro.

                - Se vai contar para ele, vai ter que contar para mim também – Scorpius diz, sentando ao lado de Lily.

                Deus, por quê? Eu e minha boca grande.

                - Ok, vou dizer. O plano é o seguinte...

Duas horas depois

                Estou andando apressada, ao lado de Scorpius. Vamos até a Sala Precisa, depois das rondas. Mandei um bilhete para Leon, dizendo que outra hora iremos se encontrar. Talvez assim eu repense melhor o que estou fazendo. Talvez não valha a pena falar com ele para depois entrar em uma briga com Scorpius. Não quero mais isso. Assim que terminamos a ronda, corremos para o sétimo andar e esperamos Alvo e Lily voltar. Estou nervosa, andando de um lado para outro. Sem a capa da invisibilidade, a situação é mais complicada. Vejo-os no final do corredor, vindo em nossa direção. Solto o ar que estava segurando e imagino o local que quero entrar, em frente à parede. Surgi uma porta com trinco trabalhado, cheio de floreios. Abro e entro em uma sala imensa, sem janelas e com piso cinza e paredes no mesmo estilo. Alvo entra ofegante e retira a penseira, deixando o disco no centro da sala. Todos nos encaramos.

                - Você sabe usar isso? – pergunta Lily.

                Penso um pouco, tentando lembrar se li isso em algum lugar. Leio tanto livros que não consigo recordar.         

                - Acredito que devemos depositar a memória na penseira, eu acho – digo, puxando o frasco do casaco.

                Puxo a rolha do frasco e uso a varinha para retirar a memória. Ela cai flutuando sobre a penseira e desliza na superfície aquosa como se fosse uma pena. Esperamos e nada acontece.

                - Será que está quebrada? – pergunta Alvo, colocando o dedo na penseira. A superfície aquosa produz ondas, como se ele tivesse atirado uma pedra lisa em um lago.

                - Acho que precisamos colocar o rosto dentro disso – sugere Scorpius.

                - Mas então só um pode ver a memória – interrompe Lily – Não dá pra todo mundo usar a penseira desse jeito.

                Um clique veio em minha mente.

                - E se imaginar uma sala como se fosse uma penseira enorme?

                - Boa ideia, Rose – concorda Scorpius – Sempre foi a mais inteligente de nós – sorriu, sem graça.

Retiro a memória da penseira e guardo no frasco novamente.  Saímos da sala para que eu possa imaginar um lugar como se fosse uma penseira enorme. A porta aparece mais uma vez e entramos ansiosos.  Vejo ao fundo da sala a mesma superfície que havia na penseira, aquosa, como se fosse um grande lago. Damos alguns passos até ela e deposito a memória. Esperamos algo acontecer, mas nada acontece. Sinto minha frustração crescer, mas de repente a sala começa a girar ao nosso redor. Estou com vertigem pelo movimento e fecho os olhos. Quando abro, me vejo em uma rua fétida e escura. O chão é de pedra e água do esgoto escorre por ele. Levanto meus pés, horrorizada. Olho em volta, buscando meus amigos, fico aliviada ao vê-los próximos a mim. Todos estão confusos, tanto quanto eu.

— Que lugar é esse? – pergunta Alvo.

— Não sei, vamos andar e ver se conseguimos sair daqui – sugiro.

Andamos e vemos uma mulher de cabelos dourados andando pela rua. Ela parece nervosa. Está com a varinha sacada, próxima ao corpo. Também faço o mesmo, tentando ver se tem alguém nos seguindo. Uma sombra passa por nós e agarra ela pela boca.

— Quieta, Astried – sibilou a sombra. Parece um homem, mas não tenho certeza.

Astried retesa, segurando a varinha com força.

— O que você quer? – pergunta ela, arrogante.

— Seu filho, onde ele está? – trovejou o homem.

Ela tenta se contorcer, mas ele aponta sua varinha para garganta dela.

— Não se mexa, querida, ou eu acabo com você – ele ameaça.

Fico nervosa, não sei o que fazer para ajudar a pobre Astried. Dou um passo até ela, mas Scorpius me segurando com força. Tento me soltar, mas ele não permite. Parece tão preocupado quanto eu. Vejo do outro lado da rua um menino pequeno. Deve ter por volta de 10 anos. Ele tem cabelos negros e olhos amarelos. É David, tenho certeza, mas como ele veio parar aqui? 

— Isso é uma lembrança, Rose. Não podemos mudar o passado – explica Scorpius.

Fico arrasada. O garoto parece com medo e tenho vontade de ir abraça-lo. Abraço Scorpius, para conter os espamos de dor. Ele retribui, afagando meus cabelos.

— Não toque no meu filho – grita ela, tentando acertar o homem com as mãos.

— Astried, é melhor se acalmar – ele diz, em tom baixo – Eu não quero machucar sua linda pele – ele toca seu rosto com seus dedos longos.

— Você é asqueroso, Adrian – ela tenta se soltar e consegue. Solto a respiração que estava prendendo.

Ela lança um feitiço não verbal e ele é arremessado no chão. Ele se levanta, com agilidade. Seu capuz cai e posso ver seus cabelos dourados, iguais ao de Astried. Parece ser seu irmão, pois os dois tem o mesmo porte e graça.

— Vai pagar por me enfrentar dessa maneira – ele diz, se posicionando para o duelo – Não queria ter que mata-la, mas você insiste em ser tão rebelde.

Ela dá uma risada, que me sobressalta. É rouca e cheia de sarcasmo.

— E você insiste em tentar controlar minha vida – ela rebate – Não vai ter meu filho, nem a mim.

Ele olha para ela com ódio.

— Eu não quero mais você, você não serve – ele quase cospe as palavras – O dia que deixou a nossa casa, deixou de fazer parte da família. Eu tinha planos para nosso casamento, mas você não é muito obediente. Sempre andando com a escoria do mundo e com esses malditos sangues ruins.  Depois que acabar com você, vou atrás daquele seu marido. Ele não deveria ter o direito de viver. Vou exterminar essa raça de vampiros, pois são parasitas na nossa sociedade.

Astried está com uma expressão de dor e fúria.

— Não vai tocar no meu marido. Eu mato você antes.

Ela lança um feitiço e ele rebate. Os dois estão numa luta acirrada. Faíscas coloridas se chocam e acertam as paredes, quebrando tudo a volta deles. O pequeno David se encole em um canto e continua observando de olhos arregalados. Astried lança um feitiço de cor verde, que aposta ser um Avada Kedrava, mas erra, por pouco. Adrian aproveita seu descuido e lanço uma maldição imperdoável. Viro o rosto, me escondendo no peito de Scorpius, ele me abraça com força.

— Agora vai sofrer tudo que sofri, quando me humilhou – ouvi Adrian dizer, entre dentes.

Astried gritava de dor. Os seus gritos eram insuportáveis. Ele havia a amaldiçoado com um Crucio.

— Vai pedir misericórdia, Astried? – ele diz, com uma risada maquiavélica – Eu sou muito misericordioso. Se disser onde está seu filho, talvez eu poupe sua vida.

— Vai se ferrar, Adrian. Prefiro morrer – ela grita.

A sua dor é minha dor e me encolho pois sei o que vai vir em seguida.

Avada Kedrava!— ele grita.

Não escutamos mais nada por alguns segundos.  Escuto o choro de David ecoar e abro os olhos. Ele está correndo para sua mamãe. Ele fica ao seu lado, sacudindo-a. Contudo, Astried já havia partido. Quero correr até ele e dizer que ele precisa se esconder, ou Adrian irá leva-lo. Ele se virá para o garoto, fitando-o de cima abaixo. Seu sorriso e ferino.

— Então você deve ser David – ele diz.

David se levanta e se afasta aos tropeços.

— Não tenha medo, David – ele diz, com voz de veludo – Não vou fazer mau nenhum para você.

              - Você matou a minha mama - diz David, encarando-o com coragem - Não vou a nenhum lugar com você.

               Adrian ri da bravura do garoto.

               - Vejo que você e eu somos parecidos, corajosos e impetuosos - ele se ajoelha diante de David - Mas não tente me testar, ou vai acabar se machucando. Você não quer ir isso, quer?

         - Não tenho medo das suas ameaças - rebatou David.

         Adrian gargalha, sem humor.

         - Mas vai ter medo quando souber o que farei com seu papa.

         David arregala os olhos, permanecendo calado.

         - Bom menino - Adrian se levante e afaga o topo da cabeça de David - Que tal, uma vida por outra vida?

         David assente.

         - Vamos fazer um pequeno juramento - Adrian diz, depois estende a mão para ele. David hesita, mas a aperta. Adrian saca a varinha e posiciona-a entre as mãos deles - Eu juro não tocar no seu pai e você jura lealdade a mim.

          David parece aturdido.

         - Fale David, eu juro - vocifera Adrian, sobressaltando o garoto.

         - Eu juro - ele gagueja.

         Adrian sorri, satisfeito.

         - Muito bem, vou mostrar a você sua nova casa.

       Ele toma a mão de David e os dois caminham para longe do corpo de Astried. A cena some e a sala precisa volta ao normal. Não sei quando comecei a chorar. Meu rosto está banhando em lágrimas, assim como o de Alvo e Lily. Scorpius está com um expressão de dor.

         - Você sabia? - eu pergunto.

         - Não tudo, mas sim - ele afirma.

         - Quem contou a você? - indaga Alvo - Eu não fazia ideia.

         Scorpius passa a mão pelos cabelos claríssimos.

         - Ted contou uma parte da história. Eu estava relutante em ajudar David, que nunca vi na vida e ele explicou quase tudo.

 - Não posso imaginar a dor de David - sussurra Lily, abraçada a seu irmão.

 - Será que ele ainda está sob esse juramento? - pergunto.

— Sim, Adrian não morreu - responde Scorpius.

Fico arrasada. Meu amigo está por aí, fugindo sem parada pois não quer manter contato com o assassino da sua mãe. Mas deve lealdade a ele, então não pode feri-lo. Se Adrian o encontrar, terá que voltar a conviver com ele. É horrível demais essa situação.

— Venha, vamos sair daqui - diz Scorpius me levando pela mão.

Alvo se despede e diz que vai devolver a penseira, sem que ninguém perceba. Combinamos de nos encontrar na torre de astronomia, para conversarmos. Lily prefere ir para o dormitório e deixamos ela pelo caminho. Quando chegamos a torre, Scorpius tira uma coberta da sua mochila e se senta. Ele faz um movimento com a mão, pedindo para que eu faço o mesmo. Ele nos cobre e me abraça. Aconchego-me em seu ombro, sentindo seu perfume amadeirado. Permanecemos assim por vários minutos, até que escutamos passos. Alvo está subindo com uma cesta de madeira. Ele sorri para nós.

— O quê? Estou com fome - ele diz.

Caímos na gargalhada. Passamos a noite assim, conversando, tentando aliviar os últimos momentos vividos. Scorpius sorri para mim e dá piscadelas sempre que pode, sem deixar Alvo ver. Ele segura meu dedo indicador com o seu e não solta. Não sei o que isso quer dizer, mas vou aproveitar cada instante.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal? Gostaram? Espero que sim. Me esmerei muito nessas cenas, lembrando de HP e até mesmo animais fantásticos e onde habitam. Enfim, até o próximo capítulo!



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