A distância entre nós- Fremione escrita por Anna Carolina00


Capítulo 13
Como aproveitar o natal




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Hermione POV

Cheguei ao meu quarto animada. Foi uma sorte tremenda esbarrar em um livro na Sala Precisa que fala exatamente sobre o que eu preciso. Lembro de abrir o livro por curiosidade  e encontrar o capítulo que trata de gênios da antiguidade e tudo ficou claro para mim, infelizmente não há  dúvidas que Kraish seja um gênio. Se tudo ocorrer como eu planejo, esta será minha última noite sem poder dormir direito. O melhor de tudo é que o livro usa runas iguais às que Fred indicou! Hoje é 23 de Dezembro e essa noite foi realmente como um presente de natal!

 

Deitei e continuei minha leitura até o dia clarear.

 

***

Fechei os olhos quando Lilá acordou e foi falar com Parvati:

—Ei… Parvati… Amiga...Hora de acordar!

A indiana acordou  ainda sonolenta e ambas começam sua rotina de beleza. Enquanto isso, conversavam. Eu ignoraria como sempre, até  que ouvi Rony ser mencionado em uma conversa estranha.

—Lilá?! Tem certeza que quer isso?

— Harry e Dino vão estar na festa do Slugh, Simas volta para a casa dos pais mais cedo… O dormitório vai estar vazio… Só para mim e meu Won Won! É perfeito!

—É, mas… Você  mal conhece ele, Lilá. Não acha que está exagerando?

—Ele é um Weasley, amiga. É só olhar para todos os irmãos em carreiras de sucesso! O pai dele trabalha no Ministério, né? Aposto que ele também vai… Ou melhor ainda, pode ser um goleiro famoso! O que eu preciso conhecer além disso?

—Você não toma jeito… Pelo menos leva alguma camisinha, ok? Aposto que seu namorado ainda é virgem.

Ouvi uma risada abafada e a porta do dormitório sendo fechada.

Bem… Era de se imaginar que algo assim se aproximava, em vista de como os dois não se desgrudam no corredor. Mas se era tão previsível, porque me sinto assim… Decepcionada? Traída?Enciumada? Sinceramente, não sei. Essa sensação é acompanhada de um embrulho no estômago.

Tentei esquecer o que ouvi, fui tomar banho e descer para o café da manhã.

 

*** 

Infelizmente aquela conversa não foi pior que ver Lilá chegando no salão montada nas costas de Rony. Ela parecia estar comandando ele para correr até a mesa. Quando se sentaram, vi Rony me olhar diretamente.

Estávamos semanas sem nos falarmos de verdade, apenas implicando um com outro. 

Num impulso de raiva, (eu queria que ele me visse fazendo isso) vi Córmaco por perto, então me joguei para o mais perto que pude ficar de alguém repulsivo como ele e falei de um jeito que eu ao menos achava malicioso:

—Você vai à festa de natal do Slugh, comigo, certo? Acabei perdendo meu par…  Não quero ir sozinha…

—Hermione? Uaau! Pensei que não aceitaria meu convite, gracinha! Posso fazer tuuudo que você quiser, é só falar!

Vi Rony levantar e sair da mesa, deixando uma Lilá constrangida e eu com um sorriso de vitória, apesar de eu não nem saber o que ganhei. No mesmo instante eu disse "a gente se vê na festa" e saí de perto daquele ser desagradável antes que tentasse me contar sobre suas manobras preferidas de Quadribol.

 

Acabei encontrando com Harry na biblioteca que me disse que como eu não iria com Rony, poderíamos ir juntos, como amigos, mas já era tarde demais.

 Pedi ao menos que ele achasse alguém legal para acompanhá-lo, não  alguém de última hora como ele fez com a Parvati no baile do Torneio tribruxo. Várias  garotas da Grifinória estavam planejando tentar lhe dar uma poção do amor para que sejam convidadas para irem à festa do Slugh hoje a noite.

 

Na aula de Transfiguração, ri de Rony que ao tentar mudar a cor da sobrancelha, acabou ganhando um bigode gigante. Como resposta, ele passou o resto da aula me imitando ao levantar para responder perguntas da professora Mcgonagall e arrancava risadas de Lilá e Parvati fazendo eu parecer idiota.

Eu só queria esquecer essa aula e minha vontade de chorar.

 

***

A noite chegou e com ele a festa do Slugh. Ir com Córmaco McLaren foi tão desagradável quanto imaginei. Ele não apenas tentava esbarrar em meu corpo de modo indecente como conseguiu fazer até a parte teórica de Quadribol ficar chata, inflando seu ego falando sobre como é bom para jogar em qualquer posição do Quadribol, inclusive no lugar de Harry Potter.

—Ele continua na posição desde que entrei em Hogwarts, mas numa disputa, eu tenho certeza que… Olha só, é o destino ou os deuses do natal nos mandando um sinal -Córmaco apontou para cima e havia um visgo sobre nossas cabeças- Vem aqui, Granger, deixe-me capturar seu pomo de ouro!

No mesmo instante desviei de sua investida, ele conseguiu me provar que há coisas mais repulsivas de se fazer com ele do que conversar.  Consegui me esgueirar no meio dos convidados até chegar numa cortina onde me escondi.

 

Pouco depois, Harry apareceu:

—Hermione! O que aconteceu com você? 

— Eu… Acabei de fugir... Quero dizer, acabei de deixar o Córmaco. Debaixo do visco.

 Só de imaginar isso eu já sentia ânsia de vomitar.

— Bem feito por ter vindo com ele!

— Achei que era quem mais aborreceria o Rony… Mas não achei que ele seria tão desagradável. McLaggen faz Grope parecer um cavalheiro! -olhei pela cortina e vi o Córmaco se aproximando - Preciso ir agora!

Antes do Córmaco me ver, saí de lá e fui direto a saída da sala do professor Slughorn. Aquela festa já tinha sido suficientemente desagradável.

Pensei em voltar para o quarto, mas ver Lilá “escapando” para o quarto do Rony seria tão terrível quanto a companhia de Córmaco. Pior seria estar lá quando ela voltasse e fosse contar para Parvati como havia sido.

 

Decidi visitar meus pequenos amigos na cozinha.

Blink veio ao meu encontro, agradeceu pela grande generosidade de lhes arranjar papel e todo material de estudo, em seguida me indicou onde estava Dobby, o mesmo lugar onde aconteciam as aulas dos elfos.

—Senhorita Hermione Granger! Dobby pretendia procurar a senhorita hoje mesmo!

— É bom ver você, Dobby. Eu estava precisando de um amigo agora… O que queria falar comigo?

Dobby sorriu e pegou várias folhas costuradas de um jeito grosseiro para parecer um livro.

—Terminamos, senhorita Hermione Granger! Contos para Elfos d

Dormirem!

—Dobby, isso é maravilhoso! - folheei as páginas e haviam várias letras tortas diferentes em cada página - Quem mais ajudou a escrever?

— Todos os elfos que estão estudando, senhorita Hermione Granger! Nós nos reunimos e cada um escolheu uma história famosa entre os elfos para contar. Blink escreveu sobre O grande elfo sapateiro, Winky contou sobre o velho Mcgray, que cortava um pé dos elfos quando dormiam durante o trabalho. 

— Que horrível!

— Desde pequenos aprendemos a tomar cuidado para não atrair o velho Mcgray. Winky quis escrever para as próximas gerações de elfos também tomarem cuidado.

Apesar de ser uma lenda terrível, fiquei feliz de ver os elfos imaginando aquele livro sendo passado para os próximos elfos… Esse é o objetivo de se escrever histórias, afinal. Manter a cultura na memória. 

—Monstro quis escrever a receita da mãe dele de larvas apimentadas.

— Monstro está aqui em Hogwarts?

— O Senhor Harry Potter ordenou ele vir trabalhar em Hogwarts antes das aulas voltarem… Há! Monstro também escreveu sobre o amaríola, uma doença que faz elfos terem preguiça de trabalhar e começam a vomitar, essa nem Dobby conhecia. Elfos que pegam amaríola precisam ser sacrificados segundo o Monstro.

— Não leve isso a sério, Dobby! Nenhum elfo deve ser morto por estar doente, ok?Eles precisam de cuidados de medibruxos… Bem… E você? Sobre o que escreveu?Tenho certeza que é uma história fascinante!

Dobby pareceu meio encabulado.

—Dobby falou sobre o natal, senhorita Hermione Granger!  É a data mais importante para os elfos.

Confesso que não sabia disso. Na verdade, não tinha ideia da existência da maioria das histórias, mas saber a importância que o natal tinha para os elfos me surpreendeu. Sorri para Dobby e li seu conto. 

Elfos são seres muito poderosos, mas muito frágeis para ataques físicos, mesmo uma simples ponta afiada pode machucar seu pequeno corpo. Então um bruxo há milênios fez um acordo com uma família de elfos para oferecer proteção em troca do trabalho. Seu nome era Klaus. No fim do ano, esses elfos entregavam presentes junto desse bruxo a várias famílias num vilarejo muito pobre, logo ficou conhecido por sua nobreza como Saint Klaus, ou para nós, papai noel. Klaus se vestia de vermelho e fazia favores para ajudar a vizinhança, com vários elfos lhe acompanhando e também fazendo tais gentilezas. Ele tinha muitos filhos e quando morreu, cada filho ficou com um elfo. Mais elfos buscaram bruxos dessa família pois havia uma caça aos elfos dizimando as criaturas mágicas na região. As próximas gerações de elfos herdaram dos pais esse acordo. A proteção ficava mais sólida à medida que o tempo passava, mas o jeito com que os elfos eram colocados para fazer trabalhos começou a se assemelhar com escravidão. Segundo Dobby, foi assim que surgiram elfos domésticos. Todos os elfos descendentes dessa família ainda sentem muito orgulho de serem protegidos do Papai Noel e por isso gostam de comemorar o natal com muita festa, dança, comida e bebida.

—Dança? Não sabia que gostava de dançar, Dobby.

— Oh! Todos os elfos gostam de dançar, senhorita Hermione Granger! Mas faz tempo que Dobby não vê uma comemoração dessas. Dobby lembra de participar de uma festa de natal ainda muito novo quando seu senhor ainda era o senhor Abraxas Malfoy. Mas nunca mais participou de uma festa de natal, a maior parte dos elfos da cozinha só conhece de histórias como é uma festa de natal.

Minha mente parecia funcionar com engrenagens naquele momento e tudo parecia estar se encaixando.

—E o que você precisaria para fazer uma festa dessas, Dobby? Comida? Bebida?

— Isso nós conseguimos na cozinha, senhorita Hermione. Na verdade o que nos falta é música!

Sorri.

—Sei onde podemos conseguir qualquer coisa para música!

 

***

Pedi para que Dobby nos aparatasse em frente a entrada da Sala Precisa. pensei na sala em que se pode guardar ou achar qualquer coisa e ela apareceu para nós.

— O que precisa para música, Dobby?

— Não sei se é certo pedir algo tão valioso… Mas Berilla sabe tocar violino.

— Berilla?

— Uma elfa que acaba de chegar, senhorita Granger. Ela morava em um circo e acabou vindo para Hogwarts depois de ser expulsa. Ela é muito... Dedicada ao trabalho!

Tive certeza de que Dobby estava com bochechas rosadas.  E pelo jeito com que elogiou essa elfa nova… Tentei tirar esse pensamento romântico e concentrar em meu novo objetivo: fazer uma festa para os elfos!

Saímos à procura de um violino. Eu olhava as prateleiras de um lado e Dobby do outro. Acabei avistando algo que também poderia ajudar com música: uma caixa contendo uma vitrola antiga com alguns discos antigos do lado.

—Accio!

A caixa veio à minha mão. A cada dia me surpreendo mais com a presença de objetos não mágicos no meio bruxo. Aliás… Será que a vitrola de fato foi criado por alguém não mágico?

Enquanto devaneava pensando nisso, Dobby apareceu do meu lado com um violino do tamanho do seu corpo, provavelmente teria um tamanho proporcional a de um violoncelo para uma pessoa. 

As coisas pareciam encaminhadas, decidimos marcar a festa de natal com todos os elfos para amanhã depois da meia noite. Nós dois estávamos empolgados com a ideia! 

Quando eu disse que estava tarde e eu precisava voltar para meu quarto, me lembrei o motivo de ter ido falar com Dobby e definitivamente não queria voltar e encontrar Lilá Brown em nosso dormitório agora. Além disso, eu não poderia dormir em outro lugar já que ainda tenho risco de Kraish me controlar.

—Dobby… Você conhece alguma coisa de magia negra?

Eu não sei porque decidi falar disso com Dobby, mas ele é meu amigo, sei que não falará disso com mais ninguém.

—Dobby já viu um pouco de magia negra enquanto ainda estava na casa dos Malfoy, senhorita Granger. Está com algum problema? Precisa de ajuda?

E lá estava eu, contando para Dobby tudo que aconteceu e sobre o livro de runas de magia negra que encontrei. Ele basicamente apresentava um jeito de silenciar qualquer criatura das trevas que tentasse entrar em minha mente. Seja um dementador para sugar minhas memórias, seja um gênio para controlar meu corpo adormecido.

—Mas para isso que essa runa seja cravada em minha pele… Queria que fosse feito por alguém com alguma experiência nisso. Você pode me ajudar, Dobby?

O elfo parecia sério, ele deve entender melhor do que ninguém como magia negra é algo perigoso.

—Dobby pode te ajudar, Senhorita Hermione Granger. Dobby não gosta de falar nisso, mas quando o senhor Draco Malfoy tinha que testar uma runa… Era… Era Dobby quem fazia nele.

O elfo parecia triste ao pensar em seu antigo mestre. Eu não consigo nem imaginar como seria terrível cortar a pele de uma criança desse jeito. Magia negra é incontestavelmente repulsiva.

Concordamos em fazer. Mostrei a ele qual seria a marca, pedi que o fizesse na nuca, assim não seria visível.

— Quer que faça ao redor da runa do gênio em seu pescoço, senhorita Hermione Granger?

—Sim.

Não sei como, mas já sabia que era lá que estava a runa que marcava meu contrato com Kraish.

Dobby aparatatou e pouco depois estava de volta com uma superfície pontiaguda como uma agulha de crochê. A ponta dela foi aquecida magicamente e a pequena seção tortura necessária começou.

Enquanto me marcava, Dobby recitava o cântico do encantamento. A magia não requer o uso de varinha, o que mostrava como era antiga.

Depois de limpar a sujeira e estancar o sangue, tudo parecia ter voltado ao normal, mas só havia um jeito de saber se havia funcionado: eu precisava dormir.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo enfim vai mostrar o ponto de vista de Hermione do especial de natal: Nosso natal - Fremione!

Para quem não conhece, esse é o link:

https://fanfiction.com.br/historia/797981/Nosso_Natal_-_Fremione



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