A distância entre nós- Fremione escrita por Anna Carolina00


Capítulo 12
Um último encontro entre Grifinória e Sonserina




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Hermione POV

 

—Estou falando sério, Hermione! Draco está saindo escondido na madrugada! Mais de uma vez eu vi o nome dele no meio do castelo e ele simplesmente sumia do Mapa!

Harry suspeitava cada vez mais de Draco. Eu não havia previsto que Harry ficaria vigiando os passos do Sonserino a noite, minha sorte foi sempre usar a capa até estar dentro da Sala Precisa.

—Harry, você não está exagerando? Malfoy parece cada vez mais debilitado nas aulas. Ele nem jogou quadribol no último jogo! Acho que ele não poderia estar trabalhando para Você-Sabe-Quem nem se quisesse. Depois que o pai dele foi para Azkaban, ele tá cada vez pior, parece alguém definhando, não um Comensal da Morte! Não seria melhor você concentrar seus esforços em cumprir a missão que Dumbledore te deu?

Harry viu uma memória alterada do professor Slughorn conversando com Tom Riddle, que viria a se tornar Voldemort. Pelo que Dumbledore lhe disse, essa memória carrega o segredo para vencer a guerra contra Voldemort. Definitivamente é mais importante que seguir Malfoy!

 

De todo jeito, eu esperava que hoje fosse nosso último encontro. Assim não correria mais o risco de ter de explicar a Harry porque eu me encontrava com Malfoy de madrugada ...

 

***

—Malfoy.

—Granger... - joguei para ele um pacote com o Pó escurecedor - Pelo visto Filch não conseguiu parar com seu tráfico nem com minhas dicas explícitas do que fazer!

Ele sorriu zombando da minha cara.

—Não graças a você. De onde tirou a ideia de distraí-lo assim? Poderíamos perder isso! - mostrei vários saquinhos de devaneios - Quer voltar a ter pesadelos? Porque eu não aguentaria mais ficar sem dormir!

— Funcionou, certo? Ele provavelmente não conseguiu destransmutar os livros e foi obrigado a deixar você recebê-los. É a vantagem de sermos vigiados por um aborto miserável!

— Que jeito horrível de tratar alguém, Draco...

— Desde quando eu ligo para sua opinião, Hermione? Aliás, desde quando nos tratamos pelo primeiro nome?!

—Draco… Malfoy. Você pode ser alguém grosso, preconceituoso, até cruel… Mas não é completamente mau. Ou não teria me salvado no outro dia. Quem sabe un dia podemos ser ami... 

— Nós tínhamos um acordo, Granger. Só isso. Não leve pro pessoal!

— Tenho certeza que o Draco de anos atrás teria prazer em me mandar para detenção mesmo que quebrasse qualquer acordo… Você tá diferente… - Por um segundo, vi uma expressão de medo no loiro à minha frente - Isso tem a ver com... Seu pai?

A expressão seca voltou ao seu rosto.

—Não é da sua conta, sujeitinha de Sangue-ruim. Vamos terminar isso logo!

Malfoy pegou sua parte dos devaneios e sentou-se longe de mim. Preferi não dormir e observá-lo. O garoto magrelo e trêmulo precisava de ajuda, não de acusações.

Draco pareceu ficar sereno. Seu peito se movimentava lentamente, como se sua respiração ditasse um ritmo para se acalmar. Pouco depois, seu rosto se fechou, como se visse algo que o preocupasse. Vi lágrimas escorrendo pelo seu rosto, parecia estar sussurrando algo enquanto serrava os punhos.

—Por favor… Não… Ela não… Por favor… Por favor…

Me aproximei silenciosamente de onde ele estava.  Malfoy suava e choramingava, parecia assistir algo terrível e não conseguia reagir.

Apontei a varinha para o mesmo e recitei:

—Legimens!

Entrei em sua mente. Vi Malfoy acorrentado vendo sua mãe flutuando cercada por pessoas encapuzadas. Ele não conseguia se soltar.  Sussurrei “a varinha, Draco”, ele pareceu ouvir e controlou seu sonho para encontrar a varinha ao seu lado. Sussurrei “Alorromora, accio vassoura!” e ele pareceu entender. Se soltou (no sonho) e conseguiu pegar sua vassoura, em seguida alcançou sua mãe e saiu daquele lugar o mais rápido que pode. 

Minha mente acompanhou o sonho, seguindo o vôo para um lugar distante, no meio das montanhas. Senti o frescor do vento no rosto, o Draco no sonho parecia vívido e  satisfeito com o que fizera, diferente do garoto atormentado no mundo real.

O sonho acelerou de tal forma que perdi a noção das imagens até que senti que Draco acordou e com isso saí de sua mente.

Foi como recuperar o fôlego de um mergulho. Voltamos a consciência com nossos rostos próximos. Malfoy me encarava enquanto respirava pesadamente.

—Você definitivanente não tem apenas insônia, Draco Malfoy. Me ajude a te ajudar. Eu conto se você contar.

O sonserino parecia ponderar o que falei.

—Eu… Conto se você contar… Hermione Granger.

Sorri. Parece que temos um acordo.

 

Expliquei sobre o livro que usei para estudar durante o último ano. Expliquei sobre como me senti em relação às aulas de poções, sem nunca citar que estava me preparando para participar com Harry de uma possível jornada para derrotar Voldemort, mas eu não precisava falar disso. O sentimento de  incapacidade e necessidade de melhorar, até mesmo de inveja dos recentes “talentos” de Harry, foram o suficiente para justificar eu ter aceitado o contrato com o livro que em tese me ajudaria a estudar melhor. Livro este que descobri se personificar como Kraish, um ser que passou a controlar meu corpo enquanto eu dormia.

—... Agora eu simplesmente não durmo para não deixar que ele me controle. Ele não chegou a fazer nada perigoso, mas não quis arriscar. Desde que passei a dormir só com o devaneio para poder manter o controle, Kraish não me controla, mas consegue enviar alguns pensamentos ruins para mim, fazer eu me sentir incompetente e insuficiente… Tenho medo dele conseguir me enviar mais que meros pensamentos enquanto estou acordada.

Draco me olhou com seriedade durante toda minha explicação. No final, ele literalmente riu da minha cara!

—Excelente, Hermione! Você conseguiu a proeza de se tornar o recipiente de um gênio, coisa que não deve ter acontecido nos últimos mil anos!

—Um gênio? 

—E dos bons! Acho que Kraish é um gênio meio conhecido no passado, lembro do meu avô contando histórias do avô dele… Gênios são tão perigosos que foram proibidos pela maioria dos Ministérios no mundo! Eles basicamente te oferecem ajuda, conselhos, costumam realizar desejos usando sua forte magia, principalmente para trouxas idiotas… Mas assim que ganham confiança, eles vão tentar tomar conta do seu corpo até conseguir se alimentar da sua alma! É isso que os faz viver tanto tempo. Você tem até sorte de ter resistido tanto tempo, geralmente eles atacam suas fraquezas e oferecem uma solução milagrosa para seus desejos mais egoístas… É fácil pegar o controle de alguém assim. Por isso foram selados por contrato em objetos sem consciência, assim não podem ser corrompidos. 

—Você não pode estar falando sério… Gênios não existem! 

—Bate com sua história… O contrato usou seu sangue, certo? E aposto que tem uma runa marcada em seu corpo onde ninguém pode ver… Deixe-me confirmar!

Primeiro senti vergonha à menção de uma marca em meu corpo onde ninguém veria, depois fiquei indignada por não reagir a tempo de Malfoy que apontou sua varinha em minha direção.

—Revelio! 

Tive medo que o feitiço retirasse minha roupa ou algo assim, mas no instante seguinte o que senti foi um aquecimento em minha nuca debaixo do meu cabelo.

—Achamos a runa, minha cara Granger!

Desejei um espelho a minha frente e a Sala Precisa providenciou. Virei de costas e levantei meu cabelo, Malfoy estava ao meu lado e apontou exatamente onde eu estava marcada.

—Sinto muito em lhe informar, Hermione, mas você está possuída por um gênio!



Fred POV

 

O livro de Dexter narrava basicamente sua experiência encontrando fantasmas e os ajudando a encontrar uma forma de pós-viver ou, se preciso, eliminá-los de existir neste plano.

Uma história que me chamou atenção foi a de encontrar ainda em vida uma bela bruxa  chamada Helena que fugiu da recém criada Hogwarts. Dexter lhe ofereceu abrigo e mantimentos enquanto a mesma decidisse ficar na Albânia, também a ajudou a esconder o único objeto de valor que carregava, uma espécie de diadema.

Algumas semanas depois um bruxo rude e de grande porte apareceu à procura da moça, Dexter se ofereceu para protegê-la caso desejasse, mas ela preferiu fugir. Foi por meio desse bruxo que se denominava "Barão" que Dexter descobriu que Helena era filha de uma das diretoras de Hogwarts, Rowena Rivenclaw. Foi o suficiente para saber que o diadema escondido pela moça era o famoso diadema que ampliava a sabedoria e inteligência.

Anos depois, encontrou os fantasmas de Helena e do Barão, concluindo a história do diadema perdido. Nesta época, Dexter havia se tornado professor de história da Magia em Hogwarts, convidando ambos para viver lá. Quando Dexter se tornou Diretor, decidiu convidar 4 dos fantasmas existentes em Hogwarts para cada um ser o patrono de uma casa.

 

O trechos que citavam essa história estavam marcados e ao final desta, havia algo escrito com runas de traço semelhantes aos usados para marcar o corpo de Florean. Não podiam ser mera coincidência.

 

A grande chave para desvendar esse mistério depende mais do que tudo de conseguir entender essas runas!

 

Hermione POV

 

Tive vontade de chorar, mas não o faria na frente de Draco Malfoy.

—O que posso fazer para me livrar de um gênio?

—Até onde eu sei, nada. Um gênio só troca de recipiente quando alguém de livre e espontânea vontade assina um contrato ele, mas não acho que você encontraria alguém tão estupido quanto para assumir seu lugar! 

—Mas…

— Você deve querer saber como ele esteve preso no livro se um livro não teria autonomia para assinar um contrato. Eu confesso que não sei como isso acontece. É uma magia negra de selamento muito poderosa, eu já li muito sobre esse tipo de estudo rúnico, mas nada forte a ponto de prender un gênio.

Malfoy parecia querer rir da minha situação, mas eu via outro sentimento em sua expressão… Seria compaixão?

—Olha, não consigo tirar ele de você, mas conheço uma runa que poderia deixá-lo adormecido por quanto tempo desejasse. Se conseguir refazer o selo, quem sabe possa levar o resto de sua vida sem se preocupar com isso! 

Sorri e o abracei mesmo com seus protestos.

—Isso é maravilhoso! Draco, por favor! Preciso saber como usar esta runa!

—Se afaste, Granger! - Draco arrumou o colarinho de sua roupa e se não fosse por sua expressão pálida, podia jurar que estava corado - Como eu disse, conheço  o que pode lhe ajudar, mas é claro que tem um preço. A volta de sua paz de espírito pela minha. Preciso de sua ajuda com algo, sem questionamentos.

Voltei a lhe olhar com seriedade.

—Eu lhe disse meu motivo para não conseguir dormir, tenho o direito de saber o seu.

— Tenho um trabalho para concluir. Preciso consertar um objeto desta sala. Cada dia em que ele passa sem funcionar, é um dia que minha mãe é torturada por Você-Sabe-Quem, ele me envia suas lembranças ao torturar minha mãe, para me lembrar que tenho um trabalho a concluir. 

Draco tomou um segundo para respirar, como se aquelas imagens estivessem de volta em sua mente.

—Não me olhe com essa cara, Granger! Não pedi sua piedade, apenas quero seu diagnóstico do objeto. E não, não  vou lhe dizer o propósito disso, assim como eu sei que você não me diria o que seu amigo Harry Potter está estudando com Dumbledore. Todos nós estamos nos preparando para uma guerra, Granger. Nós dois estamos em lados diferentes, mas aqui nesta sala, neste momento… Somos apenas dois alunos com insônia. Eu lhe dou meu manual de encantamentos rúnicos e você me diz seu diagnóstico do que tenho que consertar.

Eu não devia tomar uma decisão tão precipitadamente. Draco está confirmando as suspeitas de Harry de que ele é um Comensal, eu não deveria fazer um acordo tão  extremo como esse… Por outro lado, não há melhor forma de descobrir  o que ele está aprontando do que se ele mesmo me disser o que é. Talvez nem eu mesma consiga resolver…

—Draco… Como sabe que eu poderia te ajudar com esse objeto? 

—Porque você pode ser uma sangue-ruim que nunca terá acesso ao conhecimento profundo  de magia que uma família pura pode fornecer a um bruxo… Mas ainda é a bruxa mais inteligente da nossa geração. É a melhor em feitiços, transfiguração e até poção, mesmo com esse delírio bizarro do seu coleguinha Harry acertando mais as poções. Se você não  conseguir, então eu não consigo… Eu estou perdido.

Eu prometi que esse ano tomaria mais atitude.  Ter menos receio e aproveitaria melhor minhas oportunidades… Isso era pensando em aproveitar uma chance com Rony, mas em vistas das atuais circunstâncias, até  Malfoy parece mais acessível que Rony.

 

—Temos um acordo, Malfoy. Me dê o livro e diga o que sabe sobre esse objeto.

Pela primeira  vez naquela madrugada, vi Malfoy sorrir e não parecia ser deboche comigo, ele estava apenas…  Feliz.

 

***

Malfoy convocou o livro do seu quarto e me entregou. Disse que Dobby poderia ajudar, o elfo costumava ajudar Draco quando ainda era seu elfo doméstico e lhe ajudava com estudos em casa antes de vir para Hogwarts.

Em seguida, me apresentou o Armário Sumidouro.

—São objetos que transportam seu conteúdo como se fosse a rede de Flu, mas apenas os dois armários estão  conectados. São chamados de Armários sumidouros.

Logo tive suspeitas das intenções de Draco.

—Com conteúdo você está incluindo pessoas?

—Sim.

—Você quer trazer os comensais para dentro do Castelo, Malfoy?

— Isso é o que eles querem, Hermione. Eu quero sair de Hogwarts e fugir com minha mãe para algum lugar longe o suficiente que não possa ser encontrado. Esse é meu sonho, você mesma o viu.

Sim, vi. Mas confiar na honestidade de seus atos custará caro. É dar acesso direto a escola furando toda a segurança da escola.

—Como posso confiar em você? 

—Simples, não pode. Mas cada um tem o que o outro quer. Isso é um acordo, não precisa confiar em mim… Só precisa valer a pena o que está ganhando.

Olhei para ele e olhei para o livro. Quando abri a primeira página, vi as mesmas runas que Fred encontrou durante sua investigação. Devo ter reagido com muita surpresa, pois Malfoy tomou o livro de volta.

—Sem roubar, Granger. Quer ter acesso ao livro? Me ajude com os armários.

Eu ponderei sobre o que ele disse, também sobre poder denunciar a Dumbledore. O armário poderia ser vigiado e até destruído se fosse necessário. E eu me livraria de Kraish… E poderia ajudar Fred a encontrar Florean Fortescue. Respirei fundo e respondi:

—Temos um acordo.

Draco sorriu de novo, desta vez eu senti maldade em sua forma de me olhar.

 

***

O sonserino me mostrou o armário, me apresentou o feitiço de conserto e falou sobre alguém da Borgis and Burkes estar lhe ajudando. O feitiço funcionava com a varinha e um encantamento juntos . 

Depois de muitos testes e medições, lhe dei o veredicto: 

—Quando você tenta consertá-lo, prende sua atenção ao armário, mas ele está intacto. O que precisa ser consertado é a conexão entre os armários. Você não pode ver algo abstrato diretamente, mas pode imaginar a si próprio entrando saindo desses armários. Quanto mais o fizer, mais claro será o percurso para os armários e mais seguro será a passagem. 

—É o suficiente .

Draco me jogou o livro e na mesma hora o abri. Estava prestes a começar a folheá-lo quando ouvi:

—Sinto muito. Foi um prazer falar contigo. Obliviate! 

 


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