Sim, mais um conto de Natal escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 4
O último espírito




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Katsuki mal tem tempo de processar o que acontece. Num minuto, ele tá pulando pra cima do terceiro Fantasma. No outro, já está imobilizado no chão, um pé ossudo e gelado contra seu pescoço. Seu algoz usa uma capa com capuz, e não dá pra ver o rosto dele, não que haja necessidade pois o brilho de dois olhos vermelhos que surgem dentre a escuridão do capuz é um bom indicativo de quem o Fantasma dos Natais Futuros escolheu para se apresentar diante dele.

—  Achei que vocês só assumiam a forma física, não a individualidade dos professores também.

O Eraserhead não responde, apenas o libera do aperto de seu pé e estende a mão para ele, Katsuki dispensa, apenas porque a aparência gélida da mão dele causa uma sensação meio mórbida.

O Fantasma não diz nada, apenas abre a porta e indica para que Katsuki o acompanhe. Tal como seu verdadeiro professor, essa criatura parece entender que o loiro não grita a não ser que tenha alguém para gritar de volta, e o silêncio frio o torna muito mais inclinado a obedecer ordens.

A saída não dá para o corredor dos dormitórios, e sim para uma escadaria, o Fantasma a sobe de modo que dá a entender que seus pés não tocam os degraus, e Katsuki o segue silenciosamente, olhando ao redor. Há uma certa agitação, muitas pessoas sobem e descem, mas ninguém esbarra neles ou sequer se dá conta de sua presença. 

Ao observar melhor, todas os passantes usam trajes de heróis dos mais variados formatos e estilos, e de repente ele se dá conta de onde estão: a sede da Comissão Pública de Swgurança, a turma dele foi trazida em uma excursão até aqui no ano passado, as escadas estão diferentes, parecem ter sido revestidas por um material escuro e borrachudo, mas o topo do prédio permanece igual, dá pra perceber assim que eles chegam ao fim da escadaria e param no pátio de frente para o prédio.

—  Isso aqui é quanto tempo no futuro? —  ele pergunta, e o Fantasma não responde, apenas aponta para um relógio gigante no meio do pátio apontando a hora e a data. São 3 da tarde do dia 25 de dezembro, 15 anos no futuro, a constatação o faz engolir em seco, por algum motivo.

Katsuki sempre teve muita certeza de que seu futuro seria brilhante, independente do que acontecesse. Mesmo aos trancos e barrancos, quando entrou na U.A. e descobriu que existem pessoas como o Meio a Meio ou a Rabo de Cavalo, que têm talentos e habilidades que faltam nele, ou mesmo o Kirishima e a Uraraka, que podem não ter atingido todo seu potencial, mas sabem conquistar as pessoas e gerar confiança de um jeito que ele talvez nunca consiga.

E tem o Deku… o maldito que passou boa parte da vida sem individualidade e agora passeia por aí no controle de quase cinco, que aperfeiçoou suas habilidades em pouco mais de dois anos enquanto ele e os outros vêm fazendo isso desde que são crianças. Independente disso tudo, quando Katsuki não se pega comparando com os outros, ele ainda sabe que seu futuro é promissor e brilhante porque só depende dele mesmo, Katsuki nunca teve dúvida que alcançará tudo que deseja, então não entende esse temor em estar no futuro e do que pode encontrar nele.

A multidão anda pra lá e pra cá desgovernadamente, como se estivessem à espera de um evento. Tem muito barulho, mas Katsuki consegue captar algumas conversas.

“Ouvi que a Uravity vai discursar…”

“Ela está de licença."

“O Deku…”

“O All Might tá aqui.”

“Tinha mesmo que ser no Natal?”

“Dizem que ele odiava o Natal.”

—  Que diabos tá acontecendo aqui?

O Fantasma aponta para a entrada do prédio, e Katsuki não consegue impedir seu queixo de cair. É uma foto dele, enorme em um banner. Bom, não parece ele, mas dá pra saber que é ele, o mesmo cabelo, embora cortado mais curto, o mesmo rosto, embora mais quadrado e anguloso, os mesmos ombros, embora maiores e o mesmo uniforme preto com um “x” laranja, é ele adulto, e é uma puta foto boa, imponente e respeitável, do tipo que só heróis profissionais têm.

E logo abaixo, está escrito “Homenagem ao Número 1, Ground Zero”. Katsuki demora um tempo para assimilar, seus olhos se arregalam e ele só pode imaginar que brilham como quando era criança. É isso, ele conseguiu, ele conseguirá o que tanto deseja! O que tanto luta para conquistar, todo o esforço, todas as coisas que ele valoriza, e todas as outras das quais abriu mão, no fim, vão valer a pena pra caralho.

—  Heh, essa merda toda não era pra mostrar “no que eu errei”? Olha pra aquilo lá! Tem cara de “erro” pra você? —  ele debocha para a criatura encapuzada.

O Fantasma não responde, apenas se encaminha à entrada do evento, Katsuki o segue, irritado por ser ignorado. Eles avançam pelo corredor e terminam em uma anfiteatro lotado. Como estão na parte superior, mal dá para ver as pessoas no palco, mas em todo caso, um telão exibe as imagens com qualidade, e Katsuki dá um passo para trás ao reconhecer os heróis ali. Red Riot, Uravity, All Might e Deku, o Kirishima tá com uma aparência sinistra, parece um porco espinho com esteroides. O Deku não parece tão diferente, só tá mais alto e com os ombros mais largos, além dos cabelos mais curtos, o All Might é uma visão de dar angústia, seu corpo magro parece ainda mais raquítico com ele atrofiado sobre uma cadeira de rodas.

Os cabelos cresceram e parecem um pouco enrolados nas pontas, a cara redonda deu uma afinada, mas não muito, e ele conclui que tem a ver com a enorme barriga circular que ela acaricia com delicadeza. Uraraka sorri quando o Kirishima aponta pra barriga dela e diz alguma coisa, e o Deku se ajoelha diante dela, acariciando-lhe a barriga antes de se voltar para a plateia, eles parecem um grupo estranho de pessoas aleatórias que normalmente nunca se encontrariam, mas há algo que os une. No Kirishima e na Uraraka não é tão diferente pois os trajes de heróis deles sempre tiveram essa cor parcial ou totalmente, ele também já viu o All Might usar ternos nessa tonalidade, o estranho é o Deku ter trocado seu uniforme verde por uma versão idêntica preta.

—  Boa tarde, heróis e heroínas aqui presentes e tantos outros acompanhando esse evento de suma importância para a Associação dos Heróis. Agradeço à mesma por ter me encarregado de fazer o discurso de abertura desta cerimônia tão importante, me sinto honrada em estar diante de colegas tão respeitáveis e principalmente do lendário All Might. —  a voz da Uraraka é tão melódica e doce como sempre, embora um pouco mais encorpada —  É com grande satisfação que estamos aqui hoje para celebrar, depois de três longos anos de petições e requerimentos em todas as instâncias, a aquiescência do nosso pedido para que o honorável e brilhante herói, Ground Zero, tivesse o reconhecimento que merece e recebesse o título pelo qual sempre almejou e tanto trabalhou. Meu marido gostaria de estar aqui hoje e fazer um discurso, mas infelizmente não pôde estar presente, e é em nome dele, e no meu próprio já que tive a oportunidade de trabalhar com o Ground Zero por quase sete anos, que agradeço à Associação de Heróis e a todos seus membros por elevarem um herói admirável ao patamar digno de sua história. —  O marido dela… não é o Deku? E  não tá aqui? Katsuki percebe que sua versão mais velha não está no palco, será que…? Tsk, lógico que não, porra, ele não faltaria à própria cerimônia de nomeação de número 1! E ele… com certeza nunca teria conseguido se casar com ela —  Como é bem sabido de todos, hoje é o quarto aniversário da morte do herói Ground Zero, um dia de Natal que vai ficar marcado como a maior tragédia no mundo heroico e o maior ato de bravura já visto.

—  Peraí, como é que é? —  Katsuki se exalta —  O que foi… o que foi que ela disse?

—  Hoje, há quatro anos, o Ground Zero impediu a explosão de um reator nuclear durante um embate contra um vilão e… perdeu sua vida no processo. Eu era colega na mesma agência que ele e estava de folga, pois era Natal, mas nunca vou me esquecer de onde estava e o que estava fazendo no exato momento em que soube que meu colega se sacrificou de maneira tão nobre e brutal, como em quase tudo que fazia. Eu sempre serei grata por tudo que ele fez, e acredito que falo em nome de todos que o conheceram, que o dia de hoje começou a ser construído naquele fatídico dia. Foi uma tragédia de gosto amargo, e hoje estamos aqui em uma celebração agridoce da vida e legado desse homem e herói, agradecendo à Associação por finalmente acatar o apelo popular e conceder o título de número 1 em uma homenagem póstuma ao Ground Zero. Meu colega Deku pode e vai falar melhor sobre isso, mas o reconhecimento de um Símbolo da Paz morto é tão controversa quanto providencial, algo do tipo que vou contar e recontar para minha filha, que está para vir a esse mundo tão cruel e necessitado de figuras como o pai dela, e como o Deku, e como o Ground Zero. Muito obrigada. —  ela é efusivamente aplaudida.

 Katsuki assiste a tudo paralisado, como se o Eraserhead tivesse o atado no lugar. Ele testemunha, em choque, quando o Deku assume o palanque e também faz seu discurso, o dele carregado de um anúncio, ou melhor, de uma renúncia: ele abdica do posto de número 1 em nome de seu maior rival e amigo. O All Might representa a U.A., que endossa essa homenagem, o ex Símbolo da Paz mal consegue falar em seu discurso, apenas agradece. Ao fundo, uma foto enorme dele ainda nos tempos de escola é exibida. Já o Red Riot está aqui em nome da família do Ground Zero. Aparentemente, o Kirishima nunca melhorou suas poucas habilidades em oratória, então é difícil compreender, mas ele dá a entender que a carga emocional do evento era demais para a mãe dele estar presente, e o pai optou não comparecer para cuidar dela.

—  Isso tá errado… eu… eu morri?  —  o Fantasma faz que sim com a cabeça —  Eu morri… por uma besteira dessas?

O Fantasma estende o braço e aponta para a multidão, como quem diz: “Você morreu por eles”

—  Não, mas isso… não era pra ser assim! Eu ia superar o Deku com meu próprio esforço, não com ele abrindo mão por dó! E a Uraraka, ela… Eu não… Ei, pra onde você tá indo, porra? —  Katsuki segue o Fantasma em direção à saída, tudo fica escuro, e ele espera estar de volta a seu quarto, mas logo fica claro de novo, e eles estão em meio a lápides de mármore negro, que parecem ainda mais escuras em contraste com a neve alva iluminada por um sol opaco. 

O Fantasma caminha, ou flutua, pelos corredores com muita certeza de para onde vai. Katsuki o acompanha, também bem certo do que vai encontrar. 

Não fosse pela individualidade dela, a aparência da velha estaria um caco, ela emagreceu pra caralho e parece pequena, as maçãs do rosto estão altas, não de um jeito elegante, mas sim raquítico, e o casaco de inverno praticamente a engole. O velho tá menos pior, ainda é alto e tem o mesmo olhar gentil, a única diferença é o cabelo branco assumindo o lugar do castanho claro. 

Tem mais uma pessoa, o cabelo bicolor está na altura dos ombros, a metade vermelha está posicionada atrás da orelha, e tudo o mais o faz parecer uma pessoa completamente diferente, o Meio a Meio não tem o mesmo ar enfastiado de sempre, e quando ele vê a quarta pessoa se aproximar, seu rosto se abre em um sorriso. Uraraka não está mais com o uniforme, e sim com um longo e requintado sobretudo preto, mesmo tão comprido, ainda dá para ver a forma circular de sua barriga.

—  Que rápido! Você veio do aeroporto direto pra cá?

—  Sim. —  o Meio a Meio assente —  Por que não mandou mensagem dizendo que estava chegando? Eu iria te buscar no carro.

—  Justamente pra evitar essa sua preocupação desnecessária. —  ela retruca, e de repente muda de postura ao ver os pais dele, curvando-se e os cumprimentando solenemente.

—  Como está a bebê? —  a velha pergunta, até a voz dela soa menos inquieta, mais fraca.

—  Doida pra sair, achei que não ia terminar o discurso, ela não parava de chutar! —  ela acaricia a barriga.

—  Já escolheram o nome? —  o velho pergunta. E o olhar que a Uraraka e o Meio e Meio trocam o deixam perplexo, enojado, todos os sentimentos de horror possíveis.

—  Oh...  Uraraka Rei, que nome lindo! —  o Meio a Meio informa.

—  Um belo nome. —  a velha sorri, como se fizesse um grande esforço.

—  Vocês já limparam o túmulo? Nós queríamos ter vindo mais cedo, mas o Shouto só chegou de viagem hoje e eu tinha o evento da Associação.

—  Sim, ele vai ter muitas visitas quando o público for permitido, queríamos deixar tudo pronto. Aliás, Ochako-san, foi um belo discurso.

—  Eu estava nervosa.

—  Não deu para perceber. Foi lindo, muito obrigada mesmo! —  a velha pega na mão dela, ela tá… chorando? —  Bom, vocês devem querer conversar com ele um pouco, não? Nós já vamos.

—  Apareçam lá em casa quando tiverem um tempo, vocês e a pequenininha. —  o velho sorri e pega na mão da velha —  Ah, tenham um Feliz Natal! 

 Uraraka e Todoroki — ou melhor, ambos os Urarakas, já que aparentemente o Meio a Meio não é mais um Todoroki — só acenam e sorriem, provavelmente não desejando um "Feliz Natal" de volta por acharem que não tem como ser feliz pra eles.

— Você foi bem. — o Meio a Meio diz.

— Você viu? Como?

— Eu vi quando estava a caminho daqui. — ele explica — Imagino que não tenha sido fácil pra nenhum de vocês.

— É, eu... quase falei que pedi pra ele trocar a folga naquele Natal comigo, minha assessora achou melhor não.

— Sábio da parte dela, teria sido desnecessário.

— Ou só pegaria mal mesmo, as pessoas entenderiam que foi culpa minha, que era pra ter sido eu naquele reator...

— Jamais seria você. Você não seria tão inconsequente quanto ele.  Não tínhamos como saber, Ochako. — o tom dele indica que essa conversa já aconteceu antes, muitas vezes — e... ele trocaria com qualquer um que pedisse, o Bakugou odiava o Natal, você se lembra, não?

— O Sero-kun disse uma vez que ele era o Grinch. — ela dá uma risada seca puxando seu celular quando o aparelho vibra — Mensagem da sua irmã, ela quer saber se não vamos dar uma passadinha na propriedade dos Todoroki.

— Ela já tinha me perguntado isso. Por que ela está te mandando mensagem?

— Vai ver ela acha que eu poderia te convencer a dar uma passadinha?

— E você pode me convencer?

— Eu poderia tentar, mas não sei se tô no clima de comemorar o Natal também.

— Pois é, já se foram os dias em que eu e você ficaríamos empolgados em nos fantasiarmos e distribuirmos presentes para crianças. — ele reflete.

— Você e aqueles chifres de rena. — ela ri.

— Você tem noção que foi um pouco depois daquele dia que comecei a me apaixonar por você, não sabe? — ele pergunta, ela cora e desvia o olhar — Você estava sempre tão triste naquela época, te fazer rir foi uma das minhas maiores conquistas.

— Ah... sim. Eu tava triste justamente por causa dele. — ela aponta para o túmulo.

— Ele se declarou aos berros na frente da academia e saiu correndo, não foi?

— C-como você sabe disso?

— Eu ouvi, obviamente. Nem te deu a chance de dar uma resposta, típico do Bakugou.

— Ele era uma bagunça quanto a seus sentimentos...

— Acho que ele se autossabotava também. Não é possível que ele realmente não soubesse que você estava tão apaixonada por ele como ele por você. — Katsuki arregala os olhos.

— O Deku acha que ele pensava que eu gostava dele, bom, eu gostei por um tempo, mas acho que foi só até o segundo ano, mais ou menos.

— Sim, o Midoriya me contou. Ele até te dispensou naquele mesmo Natal, não foi? Ele jura que foi para te deixar livre, mas acho que ele só não queria criar mais problemas com o Bakugou.

— "Dispensada". Nossa, você não me poupa mesmo, hein? — ela o empurra levemente — Pois é, brigar pelo Número 1 é uma coisa, mas brigar por uma garota já era demais. Nem fez diferença, no fim. Eu queria dizer pro Bakugou que gostava dele também, mas ele nunca deixou. E aí você veio... eu sou muito grata, Shouto. 

— Eu que sou grato a você. Você era tudo que eu precisava para deixar meu passado e os Todoroki pra trás. — ele aninha o rosto contra a bochecha dela — Eu te amo.

— Você é tão quentinho.

Eles prestam suas homenagens e partem minutos depois, e Katsuki tenta absorver tudo que aconteceu aqui, nem mesmo sua precoce morte parece tão chocante quanto o fato de que ela retribuía seus sentimentos, e que ele realmente a magoou por tê-la evitado depois da desastrosa confissão. 

De certa forma, são fatos relacionados, ele provavelmente deve ter criado uma rejeição profunda ao Natal depois daquele fiasco e passou a trabalhar no feriado, trocando com alguém que aproveitaria a data. Não foi culpa dela, claro que não, foi dele mesmo. Glória e o topo, em troca de sentimentos reprimidos, por alguém que retribuía e ainda ressente a morte dele.

 

—  Eu sou um idiota. —  é o que ele diz assim que estão de volta ao seu quarto —  É isso que eu tinha que aprender? Que sou um idiota? Quem diabos é você e como fez isso? Essas… viagens no tempo, que merda de individualidade é essa? RESPONDE, CARALHO!

O Fantasma permanece em silêncio, a morte não precisa falar, sua mensagem é sempre muito clara. E então ele aponta em sua direção, e Katsuki, claro, entende o que isso quer dizer.

Depende apenas dele mesmo.


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Notas finais do capítulo

Não perco nenhuma oportunidade que tenho de enfiar um todochako, real.
Obrigada por ler! Último capítulo sai amanhã!



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