Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 19
Tudo está se encaixando em seu devido lugar


Notas iniciais do capítulo

Hey, galera!
Eu sei, vocês querem arrancar minha cabeça fora e eu entendo. De verdade! Mas esses últimos dias foram uma tremenda loucura aqui em casa. Além de não receber tantos comentários nos últimos capítulos, como achei que receberia, eu decidi por fazer mais um capítulo antes do final, que será o próximo capítulo.
Talvez, o último eu não consiga postar essa semana, já que estou tendo minha semana de provas e simplesmente não consigo parar um minuto, tanto que até esqueci de postar esse capítulo ontem kkkkkk...
Enfim, espero que vocês me entendam! E assim que eu tiver tempo, irei responder os comentários do capítulo anterior. Um grande beijo e boa leitura!



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— Se você se mexer mais uma vez, eu juro que vou jogar você para fora! - Edward exclama.

Eu bufo alto, me remexendo desconfortável. 

— Eu te avisei que isso não daria certo! Mas você me escuta?! Claro que não! - eu silvo, irritada. 

Eu dou um tapa no travesseiro, arrumando meu pescoço que parece prestes a quebrar. Edward me encara com um sorrisinho nos lábios, ele aperta minhas bochechas com suas mãos para depois deixar um selinho em meus lábios.

— Você fica tão fofinha, brava. 

Eu reviro os olhos, empurrando o garoto para longe de mim. Ele segura uma gargalhada, prendendo-me em seus braços. Eu ponho minhas mãos na altura de seu pescoço, puxando-o para um beijo. 

— Eu te amo. - Edward diz. 

Eu lhe dou um beliscão na altura do seu peitoral. Ele faz uma cara de indignado para depois dar um beliscão na altura das minhas costelas. Eu lhe dou um tapa no ombro, rindo baixinho.

— Pelo amor de Deus! Será que vocês não podem parar de boiolisse? - Seth fala. Eu gemo irritada, virando com muito cuidado na cama, enxergando o garoto há alguns centímetros longe de mim. - Deus, o que eu fiz de errado?

— A culpa não é minha se eu não posso me mexer e ele fica reclamando! - eu me explico. 

Seth me atira um olhar irritado. Ele puxa suas cobertas até o queixo para depois se virar, dando-me as costas. Eu reviro os olhos, voltando a encarar Edward que apoiava sua cabeça na mão. 

— Eu só quero dormir, caralho. - ele resmunga.

Eu lhe dou um tapa de qualquer jeito sem enxergar. Ele murmura mais alguma coisa que eu não presto muita atenção.

— Que horas são? 

— Tenho cara de relógio? 

Edward fecha a cara, colocando sua mão em minha cara. Eu gargalho do seu jeito irritado. Seu braço passa por cima de mim, alcançando o seu telefone no bidê. Ele franze a testa, voltando a se jogar na cama.

Minhas pernas se misturam com as suas e seus braços me trazem para seu peito. Renée chegou na noite anterior, totalmente cansada. Ela havia viajado de Paris para Los Angeles. Então, ela pegou um avião para Port Angeles e Sue a buscou de carro em uma viagem de duas horas. Foi uma viagem mais que longa.

Por isso, Seth cedeu seu quarto para Renée. Teoricamente, seria só Seth e eu dormindo na minha cama. Até que Edward, depois de eu reclamar que queria que ele estivesse comigo, no meio da noite, bateu na janela do quarto. Eu fiquei desacreditada que ele estava aqui. Abri a janela e disse que ele tinha que voltar para casa, porque não tinha espaço! Ele bateu o pé, se recusando e por fim, nos deitamos, junto a Seth, que xingava o garoto por ter lhe acordado, para dormir.

Agora, eu já não aguento mais ficar entre dois garotos que roncam alto e tem suas respirações contra mim. Minhas costas doem, assim como minha barriga implora por comida. 

— Já é um horário relativamente bom para se levantar?

Edward retira uma mecha do meu rosto, assentindo.

— São dez e meia. 

Eu me sento na cama, passando as mãos nos cabelos. Edward levanta-se, sentado ao meu lado, estalando o pescoço. Eu prendo meu cabelo em um coque para depois sair da cama. Eu vou em direção ao closet, pegando um legging preta e um moletom azul. Volto a olhar para a cama, vendo Seth com o braço nos olhos e Edward teclando no celular.

Eu saio do quarto, indo em direção ao banheiro. Troco de roupa rapidamente, escovo os dentes e volto para o quarto. Edward ao me ver, abre um sorriso. Ele pega a pequena mochila que trouxe, que está jogada no chão, caminhando para o corredor. Eu coloco as meias em meus pés e vou para a minha escrivaninha.

Mordo os lábios ao ver as três cartas em minha mesa. De Yale, Brown e UCLA. Eu não tenho muito tempo restante para escolher em qual delas eu irei. É uma decisão que eu já devia ter tomado! Mas os últimos dias têm sido em torno de Edward e somente Edward. Nós estamos aproveitando e eu não quero estragar isso para falar de um futuro distante. 

Mesmo que uma parte de mim grita para eu contar a Edward o que vem me incomodando, sobre nosso futuro incerto, eu me controlo. Eu tinha prometido a mim mesma que deixaria tudo de lado. Só que eu não consigo controlar os pensamentos que me despertam a noite.

O que iremos fazer? Cada um em seu canto? Iremos para a faculdade juntos? Moraremos juntos ou separados? Em algum apartamento ou república? Onde ele foi aceito? Para onde eu quero ir?

Suspirando fundo, eu pego as cartas. Como se elas fossem o motivo para eu criar mil e uma questões diferentes sobre o futuro, jogo-as dentro da gaveta. Eu a fecho com um pouco mais de força que o necessário. Eu viro-me, encostando minha bunda na escrivaninha. Dou um sorriso fraco ao ver Edward encostado na batente da porta.

Uma coisa que eu percebi nos últimos dias é que Edward gosta de observar. Ele chega bem pertinho, sem fazer barulho algum e observa o que eu faço. Seja dormir, assistir TV, ler ou até mesmo quando eu gozo. Eu arqueio a sobrancelha em sua direção, abrindo os meus braços.

Edward larga sua mochila no canto da porta, vindo em minha direção. Ele abre os braços, puxando-me para um abraço reconfortante. Todas as minhas inseguranças acalmam-se um pouco. Edward beija o topo da minha cabeça, antes de separar-se um pouco e tentar espiar a gaveta.

— O que você está escondendo, huh? - eu nego com a cabeça.

— Meu caderno de feitiços, sabe?! Nada de magia fora de Hogwarts.

— Claro, claro, sua bruxa! - ele concordo, rindo. - Você sabe que pode me falar qualquer coisa, não é?! 

Eu assinto com a cabeça, dando um beijo em sua bochecha.

— Só as cartas da universidade, amor. - eu digo. Eu balanço a cabeça negativamente. - Então, minha barriga está roncando e eu vou fazer uma comida.

— COMIDA? - Seth grita, levantando-se. - Ah, Bella! Você bem que podia fazer torradas com ovos mexidos. 

— Por acaso eu sou sua empregada, homem?

— Nah. - Seth responde, levantando-se da cama. - Você é a cozinheira chef aqui de casa. Ou você quer deixar a Sue fazer torradas para elas ficarem com gosto de plástico?!

Eu passo por baixo do braço de Edward, gargalhando. Os dois garotos me seguem escada abaixo. Seth joga-se no sofá, ligando a televisão e colocando em um canal qualquer enquanto mexe no telefone. Edward e eu caminhamos para a cozinha.

Edward senta-se na cadeira, eu vou até a geladeira atrás de ovos e abro a boca, ao ver nada. Mas ontem havia no mínimo dez ovos aqui! Eu coço a ponta do nariz, tentando pensar em outra coisa para almoçarmos. Eu caminho para o outro lado da cozinha. Antes de pôr meus pés na sala, Edward puxa meu corpo para trás. Eu perco o equilíbrio e caio em seu colo.

— Edward! - eu exclamo. 

— Isabella! - ele me copia, com um sorriso em seus lábios. Ele esconde seu rosto em meu pescoço. - Você nem me deu um beijo de bom dia.

— Mas que garoto mais carente. - eu digo, enfiando minhas mãos nos seus cabelos. 

— Eu vim para sua casa, achando que encontraria você só na sua cama para podermos nos divertir com o meu pau duraço e, no fim, eu tive que dividir cama com você e mais o Seth! É óbvio que eu estou carente! 

Edward deixa um beijo em meu pescoço, voltando a me encarar. Eu gargalho de sua cara de indignado que segue com ele fazendo um biquinho. Não resistindo a cara de pobre menino, eu coloco as duas mãos em sua bochecha, trazendo-o para um beijo.

As mãos de Edward imediatamente descem para a minha cintura. Sua língua pede licença para invadir a minha boca e quando o faço, ela me devora. Eu me agarro em seu pescoço, para não me desequilibrar. Edward sorri entre nosso beijo ao me ver escorregando de seu colo. 

— Mas que putaria é essa na cozinha da sua tia, Isabella Swan? 

Eu pulo do colo de Edward, quase caindo no chão. Mas ele me agarra pela cintura, não me deixando estatelar de costas.  Eu levanto do colo do meu namorando, encontrando minha mãe e Sue na porta da saída da cozinha com sacolas de supermercado. Quando elas chegaram?

— Mãe?!

— Eu sabia que reconhecia aquela moto de algum lugar. - Sue diz, sorrindo. Ela põe as coisas em cima da bancada. - Eu te disse. - ela responde, olhando para minha mãe. - Supondo que vocês acordaram não tem muito tempo e antes de nós sairmos a moto já estava aqui, você passou a noite aqui, não é?!

Pelo canto do olho, vejo Edward arregalar os olhos. Ele torce as mãos e gagueja um sim. Eu o olho sem entender. Ele estaria com vergonha ou medo das duas mulheres? A risada que está prestes a sair da minha garganta é parada ao ver o rosto fechado de Renée.

Eu olho para os meus pés, sentindo uma grande queimação nas minhas bochechas. Renée larga as sacolas do outro lado da bancada. Edward ao meu lado tem os lábios mordidos e seguro meu riso ao ver suas bochechas queimarem. 

— Olá, senhora Swan. Eu sou Edward Cullen. - ele diz, estendendo a mão em direção a minha mãe. - Me perdoe por, hã, isso.

Os olhos severos da minha mãe olham para mim e o garoto ao lado. Eu realmente não tenho ideia do que esperar. Ela surtaria? Gritaria? Agiria de maneira normal? Falaria que ele não presta? Brigaria? Renée avalia Edward dos pés à cabeça com um ar de desconfiança. Ela aperta a mão estendida de Edward, lhe dando uma arqueada de sobrancelha. É quase cômico ao ver o medo estampado nos olhos de Edward.

— Bem, sente-se, Edward. Vamos ter uma conversinha.

— Mãe! - eu resmungo. Ela me encara com aquela cara de “não me interrompa”. Eu suspiro, ficando atrás de Edward. 

Sue fica de pé ao lado da minha mãe com um pequeno sorriso. Eu tenho vontade de bater com a cabeça na parede.

— Sue me contou sobre você, Edward. Tudo! Delinquentizinho, rachas de corrida, consumidor de drogas lícitas, mesmo sendo menor de idade… Isso tudo, garoto, é verdade?

Eu abro a boca para tentar calar Renée, mas Edward segura minha mão, interrompendo-me.

— Sim, senhora. 

— Eu não me importo muito com o passado, Edward. Mas sim como o presente e principalmente o futuro. Então, me diga, você continua a praticar tais coisas?

— Não! - Edward responde, seguro. - Eu parei há alguns meses. Na verdade, desde quando sua filha chegou em Forks. - Edward me encara, com os olhos brilhando. - Ela me ajudou a perceber que eu só me metia em confusões para me distrair das coisas que eu estava enfrentando. Que eu queria esquecer. 

Eu toco a face de Edward, sorrindo de canto. Ele me lança uma piscadela, antes de voltar a encarar minha mãe.

— O que pretende fazer com a minha filha, Edward? Você pretende machucá-la? Impedi-la de realizar seus sonhos? Ou até mesmo foder ela e deixá-la para trás? Ou talvez um dia vai ver que estar em um relacionamento é chato demais e vai largá-la e ir embora?

Os olhos de Renée brilham de raiva. Ela arqueia a sobrancelha, cruzando os braços na altura do peito.

— Nunca! - Edward diz, inclinando-se para frente. - Eu amo a sua filha como nunca amei ninguém. Bella me salvou e eu a salvei. Nós pertencemos um ao outro e eu jamais faria qualquer coisa para machucá-la. A única coisa que eu pretendo fazer é amá-la e protegê-la com todo o meu coração. Isso inclui desde familiares estúpidos até amigos idiotas. - ao final, Edward quase rosna. Eu aperto seu ombro, tentando o acalmar. - Bella passou por coisas suficientes com a família e eu prometi a mim mesmo que ela não irá derramar mais uma lágrima por isso.

Eu arregalo os olhos ao escutar sua afirmação. Quando que ele havia prometido isso? Eu aperto a mão de Edward, lhe dando um pequeno sorriso, agradecendo apenas com o olhar. Renée encosta-se na cadeira, assentindo com a cabeça. Ela encara Sue, que tem um sorriso debochado estampado em seu rosto.

— Eu te falei que o garoto prestava, Re. - a minha tia responde, dando de ombro. Ela lança uma piscadela para Edward. - Ele até é bonito!

Renée nega com a cabeça. De repente, sua postura muda. Seus ombros destencionam e ao poucos ela abri um sorriso. Ela intercala seu olhar entre mim e Edward com um olhar afetuoso. Minha mãe segura a mão do meu namorado sem toda sua severidade, dizendo com toda a calma junto a olhos cheios de água:  

— Eu te devo a minha vida, Edward. - eu engulo em seco, desviando meus olhos. - Eu nunca terei palavras o suficientes para te agradecer por ter salvado a minha Bella. Dela mesma. Do pai dela. E até mesmo de mim.

Segurando o choro, Renée levanta-se caminhando em minha direção. Ela me envolve em seus braços, enchendo-me de beijos por todo o meu rosto, sussurrando vários “eu te amo”. Eu olho para Sue, não sabendo o que fazer. Sem jeito, eu a abraço de volta, mordendo os lábios. 

Sentindo-me mais confortável com seu abraço, eu enterro meu rosto em seu pescoço, apertando-a mais forte. Quanto tempo eu não esperei por isso? Renée distancia um pouco de mim, apenas para limpar uma lágrima que escorre por minha bochecha.

— De nada, senhora Swan. - Edward responde, levantando-se.

Minha mãe afasta sua cabeça, enxugando as lágrimas com as costas das mãos. Ela tira uma mecha do meu cabelo e se afasta para ficar frente a frente com Edward.

— Oh, já passamos da fase do senhora. Me chame de Renée, querido. - ela diz, o puxando para um abraço. 

Eu abro a boca em choque. O que aconteceu com a minha mãe?

— Seu pai, Bella. - Sue responde, sussurrando em meu ouvido.

— Você é telepata? - eu pergunto, assustada. Ela ri.

— Uma coisa assim.

— Meu deus você é realmente bonito! - escuto minha mãe dizendo enquanto ela inspeciona Edward. - Os filhos de vocês serão lindos, mas por favor, esperem pelo menos mais uns dez anos, sim?! Sou muito jovem para ser avó!

— Mãe! - exclamo, mortificada.

— Eles bem que podiam puxar os seus olhos e os lindos cabelos da Bella. Ela era uma bebê bem cabeluda. Gordinha também!

Eu resmungo, colocando a cabeça em minhas mãos, escutando as risadas de Edward.

— Está na hora de ver os álbuns de bebê da Bella? - Seth perguntou mostrando apenas a cabeça no acesso da cozinha.

— Não, não, não! - eu exclamo correndo em direção ao acesso para bloquear a saída.

— Oh, sim! Elas estão dentro do carro. Você vai adorar, Edward, ela era uma bebê tão lindinha. 

— Mãe! Eu prefiro quando você está sendo severa com ele! - digo, vendo-a sair para a rua.

Edward coloca-se em minha frente com um grande sorriso no rosto. Ele abaixa em minha direção, roubando um selinho. Eu bufo, abrindo os braços e as pernas, impedindo-o de passar.

— Você tem que dizer que não quer ver as fotos, Edward! - eu imploro.

— Por que eu faria isso?

— Vou te deixar um mês sem sexo.

Ele abre a boca, desacreditado.

— Ah, você não faria isso.

— Quer apostar? 

Ele me olha de cima a baixo.

— Você não resistiria. - ele diz, simples. Eu mordo os lábios, isso é verdade, no entanto, ele não precisa saber.

— Cheguei! - Renee avisa, batendo a porta. Os olhos de Edward mostram puro divertimento. 

— Bem, se você não me der licença, eu mesmo vou fazer você sair daí.

— Você não tentaria.

Sem mais uma palavra, Edward me agarra, jogando-me em seus ombros. Eu grito, indignada, mandando me largar. Ele junta-se à minha mãe, gargalhando e falando o quanto que eu sou teimosa. Edward larga-me no chão, quando todos estão sentados na sala. Eu cruzo os braços, fazendo um biquinho, chateada. Odeio fotos de bebê! 

Sue me puxa para a cozinha enquanto os três patetas ficam falando das minhas fotos. Seth gargalha a cada foto, minha mãe derrete-se, contando sobre a história por trás das imagens e Edward presta atenção em tudo. Eu reviro os olhos, no entanto sorrio ao ver o quão bem os dois estão se dando. 

 

***

 

Eu coloco meu braço para fora da janela, aproveitando o vento fresco que bate contra o meu rosto. Renee tagarela no banco de trás, falando sobre algumas histórias de como eu aprontava com os meus dois anos de idade. Aparentemente, toda a parte da manhã junto do almoço não esgotaram as histórias.

Edward ao meu lado presta atenção em tudo. Seus olhos encaram Renée pelo espelho, assentindo com a cabeça e falando algumas coisas. Uma hora ou outra, ele aperta minha mão ou a leva aos seus lábios para dar um beijo.

Eu os deixo em seu mundo, conhecendo um ao outro e falando de mim. Não presto muita atenção, tendo meus pensamentos mais focados na mulher atrás de mim. Quero dizer, o que a fez mudar de ideia?

Sim, minha mãe foi alguém presente na minha vida até os meus quatro anos de idade. Eu não lembro de nada, mas se ela diz, quem sou eu para negar?! Depois foi babá, atrás de babá. O que aconteceu que a fez fazer isso? Também, o que aconteceu que a fez mudar de ideia? As pessoas não mudam da noite para o dia! 

Edward estaciona a Pulga perto da calçada do shopping de Port Angeles. Escuto um resmungo de Renée falando como, na verdade, é um chiqueiro. Balançando a cabeça, eu encara Edward com um beicinho. Ele não pode me deixar sozinha aqui com ela!

Ele esteve conversando com ela o tempo todo! Ele é a ponte que interliga nós duas. Como um tradutor! O que nós falaríamos? Ela me contaria histórias de quando eu tinha 3 anos? 

— Você tem certeza que não pode ficar?

Edward sorri. Ele toca com seus lábios nos meus.

— Eu tenho que levar a Pulga para Jasper. 

— Você não pode fazer isso depois?

Ele nega.

— Vai ser bom para vocês duas.

— Ela quer comprar vestidos! - eu fala num tom agudo, mostrando minha indignação.

— Compre um sexy, okay? - Edward fala, grudando seus lábios ao meu. - Ah, barato, também.

— Por que?

— Eu vou rasgá-lo do seu corpo.

Um calor começa a descer em direção ao ventre. Eu mordo os lábios, encarando Edward. Será que nós…

— Não! - Edward fala. - Eu quero muito foder você, mas sua mãe está esperando.

— Não diga uma coisa dessas. - eu resmungo, pulando para fora do carro. - Você vem nos buscar, certo?!
— Sim! 

Eu fecho a porta do carro.

— Amo você.

Ele pega os óculos escuros, colocando-os.

— Te amo.

Com isso, Edward parte com a Pulga de volta para Forks. Já não basta um dos meus portos seguros me deixando, agora ele leva o meu outro?! Eu viro encontrando Renée, ela me abre um sorriso, agarrando minha mão para puxar-me para dentro do pequeno shopping. Talvez, ela e Alice se dariam bem.

— Bem, isso aqui não é nenhuma boutique. - minha mãe fala, entrando numa loja de vestidos. - Mas serve.

— Vamos pegar a primeira coisa que me servir. - eu digo, indo para as araras.

— Nem pensar! Nós vamos experimentar todos. Mas primeiro, algumas perguntas.

— Mãe, a gente pega aquele ali mesmo ó. - eu aponto para um vestido verde. Vejo a bufar.

— Você quer um vestido curto ou longo?

— Acho que curto. Eu provavelmente tropeçaria com o longo.

— Certo! Agora, alguma cor específica?

— Eu gosto de tons azuis.

— Mais comportado ou sexy?

— MÃE! - eu grito. Algumas pessoas nos encaram. Eu olho para baixo sentido pura vergonha.

— O que é? É uma pergunta normal, Isabella! Não se faça de santa. 

Eu reviro os olhos, bufando.

— Sexy. - murmuro, cruzando os braços.

— Ótimo! - ela passa seu olhar pela grande loja. 

Uma atendente chega perto e minha mãe a ataca, falando todas as minhas necessidades num vestido. A atendente nos leva para uma área mais ao fundo da loja, onde há muitos, muitos vestidos. Eu passo a mão em um de cor azul bebê, curto e com decote coração. Ele é bonitinho.

— Gostou desse? - eu assinto com a cabeça. Ela o pega do cabide, colocando em seu pulso. - Vamos, dê mais uma olhada, por aí.

Eu arregalo os olhos.

— Você não vai escolher alguns para mim?

Renée dá um sorriso de lado. Ela estende sua mão, fazendo um carinho em minha bochecha. Eu pensei que ela escolheria tudo!
— Você já está bem grandinha para escolher suas roupas.

Com isso, a mulher me dá as costas, dizendo que irá arranjar um café e quando voltar, quer pelo menos mais três vestidos. Talvez, ela não tenha mudado tanto assim. 

Eu passo o tempo olhando alguns vestidos. Pego um preto com brilho, um vermelho e um branco. Quando Renée chega, ela arranca os vestidos das minhas mãos, nos levando para as cabines. Passamos um bom tempo lá, comigo trocando de roupa e escutando as opiniões de Renée.

— Filha, a cor é bonita, mas não acho que combine muito com a sua pele. - ela disse sobre o vestido dourado. Eu tive que concordar, eu fiquei meio estranha usando o vestido de mangas longas, sem falar que traria toda a atenção para mim. - Não, esse branco te deixa com cara de freira! - ela exclamou, o que me fez gargalhar. - O vermelho ficou bonitinho. A cor por si só é sexy, mas o jeito que ele foi construído não parece ser nada sensual. Te deixa com cara de menininha. Acho que é por culpa do decote sem graça. - eu concordo. - Mas esse está perfeito!

— Você acha? - eu indago. - Não está muito curto?

— Falando como sua mãe, sim! Falando como alguém que já foi adolescente, não!

Eu me encara no espelho com os cabelos presos em um rabo de cavalo. O vestido preto com glitter bate nos dois palmos da coxa. O decote é em “V” profundo. As costas são abertas, tendo apenas uma tiras de tecido segurando o vestido para não cair. Ele é bem marcado na cintura, já a saia é um pouco mais soltinha.

— Você pode colocar um saltão nude. Uns brincos longos e deixar o cabelo preso assim. Você vai ficar linda, meu amor.

Eu me olho pelo espelho, meio insegura. Minhas pernas ficam bem expostas, assim como todo o meu corpo, para ser sincera. Será que eu não ficaria com frio? Será que Edward gostaria?

— É só usar um casaquinho, filha. Talvez branco para fazer um contraste. Confie em mim quando eu digo que você está linda! Não tenha medo.

Respirando fundo, eu assinto com a cabeça. Eu pego a etiqueta vendo o preço. Meu rim! Eu terei que vender meu rim para pagar esse vestido. Renée sai da cabine levando o pedaço de pano de ouro enquanto eu coloco minhas roupas. Ao sair do pequeno cômodo, procuro Renée por todos os lugares até encontrá-la na seção dos sapatos. Eu a encontro conversando com um vendedor.

— Aí está você. - ela diz, com um sorriso. - O que achou desses sapatos?

Eu pego os sapatos de saltos nudes. São fechados e tem tiras na altura do tornozelo. Eu murmuro algo como “bonitos”. Ela sorri, pedindo para o cara pegar meu número de sapato. Nós ainda pegamos os malditos brincos. Ao chegar no caixa, minha carteira dói ao ver o preço total. Eu retiro de dentro do meu bolso de trás a pequena carteira que eu trouxe. Mas Renée me impede.

— Você acha mesmo que irá pagar por isso?

Eu arqueio a sobrancelha.

— Hã, sim?!
Renée bufa, retirando sua carteira da bolsa cara. Ela entrega um cartão preto para a caixa que arregala os olhos. Eu olho para a minha mãe sem acreditar.

— Eu tenho que pagar! Vocês mesma disse que eu posso escolher minhas roupas.

— Ah, minha querida. - ela diz, assinando a nota fiscal. - Deixe eu mimar você, sim?! - ela fala, abrindo um sorriso. - Conte isso como presente de formatura.

— Mãe….

— Vamos logo.. Deixa de ser uma cabeça dura! - eu cerro os olhos. -  Você paga o McDonalds.

Eu tombo a cabeça para o lado, ainda resistente.

— Eu juro que peço hambúrguer, batata frita e até mesmo sorvete.

Eu bufo, no entanto, concordo. Nós saímos da loja, carregando três grandes sacolas. Descemos para o segundo andar, indo até a praça de alimentação. Largamos as compras para fazer os pedidos. Logo, com eles prontos, sentamos para comer.

A maior parte do tempo Renée conduz a conversa. Ela fala sobre a festa que irão fazer, sua última viagem e os presentes que mandou para nossa casa em Nova Iorque. Eu murmuro algumas coisas e concordo com a cabeça.

Eu estaria mentindo se dissesse que estou confortável com isso. A mulher não falava direito comigo há anos. Apenas para saber dos meus estudos ou o que eu queria que ela trouxesse das viagens ou me perguntando brevemente como fora meu dia, depois dela chegar de um plantão de doze horas. Sempre séria e agora ela está a todos sorrisos.

Eu me mexo na cadeira desconfortavelmente. Puxo o celular, checando as horas. Ainda falta mais de uma hora para Edward vir nos buscar como combinado. Eu suspiro fundo, apoiando meu braço na mesa. Quando volto a focar minha atenção nela, minha mãe está calada. Ela fez alguma pergunta?

Minha mãe é uma mulher linda. Não tem como negar! Seus olhos são uma linda cor de azul, esguia e com a pele bronzeada. Eu ficaria completamente feliz se tivesse puxado seus genes, no entanto, segui os do meu pai. 

— O que? - eu pergunto.

— Você escutou o que eu falei?

Eu desvio os olhos.

— Desculpa, não.

Escuto um suspiro dela.

— Bella. - ela assopra meu nome. - Assim que voltarmos para casa, eu me separei do seu pai.

Foi um tapa na minha cara. Não a parte da separação. Eu já suspeitava disso há tempos. Mas sim, voltar para a casa. Como assim? Desde quando?

— Voltarmos para casa? Do que está falando?

— Querida, achei que estava explícito que eu a levaria para casa depois da formatura.

— Não, não estava! - eu respondo, meio afobada. - Eu não tinha a mínima ideia.

— Bem, pelo menos agora você sabe.

Eu arregalo os olhos.

— Eu sei que irei ficar em Forks, mãe. Você pode voltar para Nova Iorque sozinha. 

— Mas você odeia Forks! - ela exclama!

— Não importa! Eu tenho pessoas que se importam comigo aqui e me perguntam o que quero fazer ao invés de impor.

— Eu não estou te impo, só supus, Bella!

— Exatamente aí que está errado! - eu digo. - Você não me perguntou. Você gostaria que a sua mãe te tirasse de Nova Iorque, um lugar que você tem amigos, para te enfiar em um lugar que você se sente horrível?!
Renée morde os lábios, do mesmo jeito que eu faço. Ela respira fundo, pondo sua mão na testa. Eu conto até dez, controlando a vontade de chorar. Não, ela não tinha mudado!

— A minha vida toda, tanto você quanto o meu pai me negligenciaram. Nenhum dos dois realmente se importam comigo, não é?!

— Isso não é verdade! 

— Ah, é?! Então o que é?

— Eu quero refazer as coisas, recuperar os momentos, por isso quero voltar com você para casa.

— Mas eu não tenho casa, mãe! - eu quase grito, me colocando de pé. - Em Nova Iorque, eu tenho uma moradia enorme, mas sem ninguém dentro, apenas com empregados que fazem o que você manda! Aqui em Forks, eu vivo em uma casa onde quase fui estuprada! Você acha mesmo que em qualquer um desses lugares pode ser considerado como casa?

Eu sinto as lágrimas saírem dos meus olhos sem minha permissão. Eu olho para os lados vendo algumas caras viradas. Respirando fundo, eu me sento na cadeira, engolindo o choro.

— Eu não sabia verdadeiramente o que aconteceu com você, Bella. Eu suspeitava em algo ruim, mas não tanto. - eu olho para os meus all-stars, sentindo o vomito em minha garganta. - Em uma noite, Sue me ligou, chorando. Foi então que ela me contou a história dela, sendo abusada pelo seu avô.

Eu arregalo os olhos, colocando as mãos na boca.
— Ela disse que a mesma coisa aconteceu com você. Não me deu detalhes, só disse para eu ir falar com o irmão dela. Eu não conseguia acreditar! Fui atrás de Charlie e quando o enfrentei, ele disse tudo. Mas o pior de tudo foi quando ele disse que você mereceu por seduzir seu avô. O tapa que eu dei nele foi tão forte que chegou a virar seu rosto. - eu deixo as lágrimas silenciosas saírem, mas não digo nada. - Eu devia suspeitar, Charlie sempre se esquivava do assunto, mas eu ficava do lado dele. Ele chegou a machucar você? 

Eu retiro minha mão da mesa ao ver a dela se mexer em minha direção. Eu olho para cima, acalmando meu coração.

— Jacob chegou a tempo. Ele estava deitado e acordou. Ele conseguiu impedir dele fazer algo a mais. 

Renée levanta-se e me abraça com toda a força do mundo. Eu não me aguento e choro contra seu peito, me abrindo, pela primeira vez com ela.

— Eu fiquei com medo por tanto tempo. Achei que a culpa era minha. Eu só queria poder conversar com alguém e não podia.

— Como eu fui estúpida. - ela murmura para si mesmo, beijando meus cabelos. - Me perdoe meu, bebê. Me perdoe. 

— Ele foi até o final com a Sue? - pergunto. 

Renée abaixa os olhos, assentindo com a cabeça. Eu me afasto dela, processando a informação. Mãe se abaixa, ficando de joelhos, olhando-me em meus olhos.

— Isso foi um dia antes de te ligarmos. Depois daquela nossa discussão, percebemos que nós estávamos fadados. Eu fui para outro hotel e aproveitei os últimos dias em Paris para pensar em tudo. Mas principalmente em todos os erros que eu cometi com você. - ela suspira. - Eu me arrependo profundamente de tudo. Eu daria a minha vida para poder voltar no tempo e arrumar toda essa bagunça. Mas não podemos e por isso, Bella, te peço mais uma chance. Para provar a você que eu te amo mais que tudo!

Eu sinto uma bola presa na garganta que me impede de falar. Ela me encara com suas bolas azuis, esperando uma resposta. Eu ficaria bem com a volta de Renée em minha vida? Ela me trataria como antigamente? Ou ela aprendera com seus erros. Olhando fundo nos olhos da minha mãe, vendo sua alma exposta, vendo sua angústia e dor, eu tomo minha decisão.

— Eu te perdoo, mãe. Mas você terá que conquistar a minha confiança e isso leva tempo. - digo, engolindo em seco. - Eu também não sou mais uma criança. Passei por muitas merdas que me tornaram quem eu sou hoje. Você tem que perguntar minha opinião para qualquer coisa. Além de me prometer que nunca mais irá agir do jeito que agiu, ou se não, eu juro que cortarei qualquer relação com você.

Renée assente rapidamente a cada palavra que eu digo. Por fim, eu coloco uma mecha de seu cabelo crespo atrás de sua orelha.

— Eu te amo, mãe. 

Renée soluça enquanto chora, jogando-se para cima de mim, abraçando-me. Nós continuamos em nossa bolha por um longo tempo. Talvez, eu tenha me precipitado e perdoado ela. Mas eu preciso deixar isso tudo para trás.

Quando eu encontro Edward, algum tempo mais tarde. Eu abro um grande sorriso, jogando-me me seus braços, o beijando. olhando em seus lindos olhos verdes, lembrando-me de todas as coisas que ele abriu os meus olhos, me ensinou, eu percebo que fiz a decisão correta.

Durante a volta para a casa, eu sou a que não cala a boca. Edward e eu explicamos toda a nossa confusão para minha mãe que dá gritinhos de alegria. Sim, ela podia ter feito merdas, mas quem não erra? Eu mesma sei disso. Agarrada a mão de Edward e escutando o jeito que ele conta em como fui uma escrota com ele no dia em que ele apareceu eu reviro os olhos com a sua dramatização. Eu suspiro, me sentindo em paz ao ver que tudo está se encaixando em seu devido lugar.


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Notas finais do capítulo

Foi isso! Espero que gostem! E por favor, tenham paciência comigo, sim?! Muito beijos!



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