Além do Trono escrita por Vinefrost


Capítulo 4
Sem saída




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— Qualquer pessoa por ter armado esse golpe, tanto da realeza ou não... - divago enquanto converso com Azriel na sala do trono.

— O baile era público, mas a reunião sobre o Pacto da União não - destaca o conselheiro. - Em minha visita, deixei bem claro para os governantes e seus conselheiros a importância de a reunião ser mantida em segredo. A únicas pessoas que sabiam eram os presentes na sala que ocorreu a tragédia e os conselheiros que permaneceram no baile.  

Grande ideia manter os conselheiros para fora, talvez a conversa fosse mais amistosa com eles presentes. Mas isso não importava mais, o estrago já está feito, pensou Catarina. Sua cabeça está em jogo e ela não faz ideia por onde começar sua investigação. Seus olhos brilham com esperança e o ponto de partida para sua absolvição se torna óbvio:  

— Ora, vamos reuni-los! Mande os guardas os trazerem até aqui com urgência. Eles já devem saber do trágico destino de seus reis, peça para os guardas não serem brutos em sua escolta, não os quero mais nervosos do que já estão - solicita a Azriel.

— Como desejar, majestade. 

Mas antes de permitir que o conselheiro saia, Catarina não consegue esconder o nervosismo e pergunta ao homem o que estava segurando desde que presenciou a morte dos monarcas e viu sua vida passar diante dos seus olhos, sabendo que seria acusada: 

— Azriel, valorizo a sua integridade e lealdade, já me provou ser de grande valor. Preciso de sua honestidade, achas que sairei viva desse infortúnio? - Os dedos tamborilam incansáveis no encosto do trono, mas seus olhos estão mais afiados do que nunca enquanto o encara aguardando pela temida resposta.  

— Existem situações que fogem das nossas mãos, nem mesmo eu poderia prever o que aconteceu. E é o meu dever a aconselhar da melhor maneira possível diante todos os imprevistos, tudo dependerá do que descobrirmos essa noite e, principalmente, o que faremos com essa informação - Azriel sustenta o olhar de Catarina. - O que eu posso prometer, minha Rainha, é que farei o meu melhor para que sua inocência seja provada.  

Catarina absorve sua reposta com medo, se até seu conselheiro real estava em dúvida sobre o seu destino, então seu nervosismo e insegurança estavam mais do que certos em assombra-la. De fato, esta poderia ser a sua última noite no mundo dos vivos. Logo não está mais sozinha, Azriel retorna com os conselheiros dos demais monarcas e os apresenta. 

A rainha se mantém calada nome por nome, o representante da Cíllia se destacava por ser o menor entre os quatro. E também o mais velho, as costas arqueadas, o cabelo já branco, a pele enrugada, já tinha visto o reino em que nasceu ser governados por inúmeros reis; Arthur é seu nome. Aryum contava com alguém jovem, há boatos pelos reinos que Oliver só foi escolhido pois Khalesa o mantinha como amante, mas era só conversa maldosa. Ele já provou seu valor para Lucien, Oliver podia ter uma mente jovem, mas era aguçada.  

Em seguida, os únicos reinos que mantinham mulheres nos cargos de tamanha confiança, Genevra é uma mulher de meia idade e longos cabelos, no qual os fios grisalhos quase tomavam conta, a coloração dos olhos tão violeta quanto a planta. Aparenta ser a mais abalada pela morte de sua rainha, Amara do reino de Asteria, lágrimas escorrem pelo rosto triste.  

Por último, mas não menos importante, Arabella, direto de Lupinus. Era preciso alguém resiliente para acompanhar as trocas de humor constantes dos reis licantropos, humor este que piorava perto da lua cheia. Mas apesar de manter a aparência calma, Arabella guarda dentro de si uma personalidade forte e que não deixa se abalar facilmente. 

Seu passado como guerreira foi o que moldou seu caráter atualmente, Catarina conhecia Arabella há muito tempo, antes mesmo de se envolver com Apollo. As duas já travaram inúmeras batalhas juntas, e também em lados opostos. E a mais desafiadora foi o caso que mantiveram em segredo por três anos, por fim, o destino se encarregou de separá-las, Catarina fixou moradia em Solaria e Arabella em Lupinos.  

Azriel não deixou passar a troca de olhares entre a rainha e a conselheira de Lupinos, de fato, desde o baile notou que há um passado entre as duas. Quem sabe essa história seja benéfica para Catarina, mais uma aliada para tentar limpar seu nome... Articula mentalmente.  

— Sinceramente, não existem palavras para transmitir como me sinto neste momento. Algo tão terrível e em meu castelo... - vacila. -  Mas eu posso garantir que faremos o possível para encontrar o verdadeiro culpado – Catarina quebra o silêncio, suas palavras transmitem sinceridade, mesmo que trêmulas.  

— Ao que tudo indica, o culpado está em nossa frente... - rebate Oliver, ácido. Em seguida, Genebra funga segurando o choro, Arthur franze a testa acentuando ainda mais suas linhas de expressão, Arabella permanece impassível.   

— Eu peço o benefício da dúvida, assim como as rainhas e Alec me concederam... – tenta contornar a situação, mas Catarina é interrompida por Alec vindo em sua direção alucinado.  

— Alguém tem que pagar! - Grita empunhando sua espada. - E este alguém é você Catarina, as mortes ocorreram em terras sob o seu domínio.  

— Guardas! - Azriel grita.  

— Não! Deixem-no – Catarina ordena.  

— Minha rainha, eu não aconselho... 

— Fique onde está Azriel, eu cuido disso.  

Os guardas permanecem fora da sala, Azriel e os conselheiros se afastam do embate entre monarcas. Catarina se levanta do trono e retira a espada do coldre, deixou o objeto a seu alcance após lhe darem o ultimato. Por mais que não quisesse, o pressentimento de que precisaria se defender tornou-se real. Alec partiu para o ataque, mas ela conseguiu se defender. As investidas do viúvo se tornaram cada vez mais agressivas, colocando a prova os anos de experiência da guerreira.  

Catarina vacila e um corte é feito em seu braço, contando vitória, Alec é pego de surpresa pela mulher, que o desarma. Ela aponta a espada para seu pescoço: 

— Acabou? - pergunta cautelosa.  

Alec respira freneticamente, adrenalina percorre suas veias, junto dela um sentimento tão poderoso que pode fazer um licantropo se transformar num piscar de olhos: raiva.  

Arabella também sabia que a luta foi necessária para acalmar os ânimos, por isso não impediu o rei da investida. Por conhecer Catarina, não temeu pela antiga amante. Mas agora a insegurança toma conta de seu corpo, conhece Alec o suficiente para entender que os sinais que o seu corpo mostrava só poderiam resultar em mais problemas.  

A rainha de Solaria observou Arabella se aproximar de seu rei, firme e decidida, não foi capaz de escutar o que sussurrou para o viúvo se acalmar, apenas que surtiu o efeito desejado. Alec a encara por uma última vez antes de se retirar do ambiente e voltar a companhia das rainhas enlutadas. 

— Agora podemos conversar em paz, apenas vocês e seus monarcas sabiam do Pacto da União, ou seja, há um traidor entre nós. E essa pessoa não sou eu, e nós vamos descobrir sua identidade ainda esta noite – decreta Catarina.  

Os conselheiros encaram entre si, sobrancelhas arqueadas, expressões duvidosas e chocadas. Um misto de emoções toma conta de todos na sala do trono com a desconfiança pairando. Não podia confiar em ninguém, pensou Catarina, e partiu o coração constatar que nem mesmo em Arabella.

Que o jogo comece.


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Notas finais do capítulo

Demorei, mas voltei! Próxima semana já temos o último capítulo, ai ai...



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