Além do Trono escrita por Vinefrost


Capítulo 5
Catarina, A Destemida




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Discussão, troca de acusações e gritaria, a definição do caos exposta na sala do trono. Catarina observa sua última carta na manga lentamente se transformar na sua condenação. Há horas presos e nenhum sinal de consenso ou provas de sua inocência pareciam minimamente perto de serem encontrados. Ela suspira e faz a única coisa que esperava nunca mostrar em público, a rainha chorando:

— Veja Azriel, esse é o fim do meu reinado... Eros nunca deveria ter confiado a mim o trono – sussurrou entre lágrimas. 

Quando dá conta de si, percebe a sala em silêncio, todos observando a ruína da rainha. Perdeu tanto tempo agarrada a esta única esperança que agora nada resta para sua salvação. Os raios solares começam a invadir a sala e Catarina pede para todos a deixarem a sós enquanto se prepara para a execução. 

— Majestade – chama sua atenção Azriel assim que todos saem. – Eu posso arranjar sua fuga... Vamos, antes que seja tarde demais!

— Que tipo de rainha foge de sua sina? Eu seria uma vergonha. 

— Viva hoje para provar sua inocência amanhã. Não há vergonha nenhuma nisto! 

— Já está decidido, vou morrer esta manhã.  

A porta é aberta pelas rainhas viúvas acompanhadas de Alec e Astrid: 

— Seu tempo acabou, Catarina. Tens provas de que não participou dos assassinatos? - pergunta Khalesa, decidida.

— Não, majestade – responde sincera. 

— Guardas! - grita – Escoltem sua rainha até a praça pública.  

Os guardas se entreolham atordoados, Catarina acena com a cabeça para prosseguirem com a ação. Os monarcas acompanham impassíveis a caminhada da rainha até o local, seus súditos estavam reunidos e ouviam o pronunciamento de Alec a acusando dos crimes. Todos arfam surpresos, alguns proferem ofensas, outros pedem misericórdia, ainda sem acreditarem na culpa de sua rainha.  

⚔ Atualmente ⚔ 

Catarina caminha lentamente até sua fatídica sina, sabia que estava fadada a morte desde o primeiro assassinato. Ela sediou o baile, consequentemente, a principal suspeita. Solaria não era bem vista entre os reinos próximos há muito tempo, o período que Eros se manteve neutro não compensou os que permaneceu como tirano.     

O próximo rei, Apollo, consagrou o nome em cima do golpe no anterior, mortes e ameaças. Catarina compreendeu desde a coroação que suas chances eram mínimas e ainda assim não perdeu a esperança, o baile deveria ser o começo de uma nova era para Solaria. Ao invés, foi sua sentença de morte.    

O céu encoberto pelas nuvens, a garoa fraca que aumenta gradativamente, o vento gelado que sentia cortar seu corpo... O clima apenas acentuava o estado mórbido que aquela situação desencadeava nos telespectadores da sua execução pública. Chegou na guilhotina, respirou profundamente três vezes, encaixou a cabeça, e no último minuto virou para seus súditos e fez uma promessa:    

— Vocês vão se arrepender disso – rosna entredentes, indignada. Foi necessário apenas um erro entre os acertos para ser condenada.    

A ordem é dada, o barulho da lâmina ecoa, a cabeça separa do corpo, o povo grita com a cena macabra. Apollo sorri satisfeito, era monarca novamente. 

O moreno retira a capa que vestia e se descola da multidão na qual estava escondido enquanto apreciava seu plano perfeitamente orquestrado obter o resultado desejado, sucesso. Ele sobe no palanque e se autodeclara rei: 

— Povo de Solaria, saúdam seu novo rei – Apollo grita, cantando vitória e completa: - E sua nova rainha.  

Khalesa aparece ao lado de Apollo e juntos selam o romance com um beijo. Mais uma vez o público é pego de surpresa, vais, saudações, mas estas eram mínimas. Pouquíssimos almejavam ter Apollo ou até mesmo alguém parecido com o outrora rei no poder novamente. Um segundo golpe na manhã turbulenta dos cidadãos de Solaria. 

— Qual o motivo dessas caras? - debocha – Sua antiga rainha assassinou parte dos monarcas vizinhos. Nem eu me atreveria a tal ato, deviam estar agradecidos.  

Apollo caminha até o corpo de Catarina e segura sua cabeça pelos cabelos loiros no alto: 

— Veem? Esse é o destino de assassinos de agora em diante. – Os súditos sussurram entre si, apreensivos com o rumo que aquela manhã estava tomando, mas nada podia prepará-los para o que aconteceu em seguida.  

A cabeça de Catarina escorre entre os dedos de Apollo na forma de barro seguida do resto do corpo. Um grito de comando é ouvido ao fundo, os guardas assumem posição de ataque, Catarina caminha entre a multidão mantendo o semblante sério. No fundo deseja poder sorrir e expor o tamanho contentamento que sente no momento. 

— O que é isso? Guardas, matem-na! - Apollo manda, ninguém obedece.  

Os reis anteriormente mortos reaparecem atrás de Catarina e a seguem até o palanque. Alec, Selene e Sienna permanecem em choque, a morte de seus maridos e a reviravolta de acontecimentos era demais para o rei e rainhas. Astrid sorri de canto, satisfeita pelo feitiço funcionar completamente e troca olhares com a irmã aliviada por vê-la fora de perigo.  

Khalesa prontamente cai de joelhos e encena que Apollo a obrigou e está arrependida, mas o único sentimento real dentro de si é o desespero. Lucien, acompanhado de seus próprios guardas, ordena que os mesmos prendam a esposa aos prantos. 

— Teimei em acreditar, mas eles estavam certos. Planejava minha morte, Khalesa. Minha própria esposa, minha rainha! - gritou, a decepção estampada no rosto, o sentimento de traição corroendo cada veia de seu corpo, como se seu coração bombeasse veneno ao invés de sangue. 

— Me perdoe... 

— Cale-se! Vamos resolver isso em nosso próprio reino. Levem-na para a carruagem, estamos voltando para Aryum, seu destino será decido quando chegarmos – diz com desprezo, Khalesa é levada e Catarina acompanha com o olhar sua escolta.  

Lucien olha para Catarina e seu olhar diz tudo, não está pronto para o que vem a seguir, a vergonha é grande demais. Ela confirma com a cabeça que está tudo bem, sua presença não é mais necessária, o rei traído vai embora para seu reino, tinha seus próprios problemas para resolver agora. Pobre homem, pensou Catarina, ninguém podia culpa-lo por querer ir embora antes dos esclarecimentos finais. 

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - pergunta Sienna com voz estridente.

— Nós acabamos de interceder um golpe – responde seu marido, Damen. Ele não perde tempo e já se encontra no meio das duas esposas, ambas o seguram firmemente, temendo perde-lo mais uma vez. 

— Isso é muito vago, expliquem como não estão mortos – insiste Alec olhando diretamente ao marido, estava bravo por não participar do plano entre os monarcas. Mas o principal motivo foi o desespero que o marido o fez passar ao fingir a própria morte em seus braços.

— Catarina, esta parte separamos exclusivamente a você – Damen e as rainhas de Asteria olham entre si concordando com Fillippe. – Ela merece ter a oportunidade de desmascarar Apollo.  

E assim o faz enquanto observa Apollo imobilizado pelos guardas, ódio em sua face: 

— Se eu estou viva hoje é graças ao conselheiro real de Aryum, Oliver. Ele descobriu que a rainha estava tendo um caso com o rei de Solaria, Apollo. Por isso as rotas entre os reinos foram fechadas pelo antigo monarca, para planejarem o golpe e o casamento entre si. Unindo assim Solaria e Aryum em uma única nação. É claro que ele não esperava ser preso antes, por isso precisou de seu escudeiro fiel, o guarda de sua cela, para repassar o plano e organizar sua fuga.  

Catarina deixou de lado o fato de os boatos serem verdadeiros, Oliver realmente era amante de Khalesa, mas não aceitou muito bem quando descobriu que não era o único, muito menos o principal. Confessou para o rei a traição, ele não acreditou, confiava demais em sua rainha. Khalesa sempre se portou como uma esposa devota.  

— Desconfiado, Oliver seguiu Khalesa até seu encontro com o intermediário, o guarda. Guarda este que já se encontra preso na cela que antes prendia Apollo. Ele descobriu os planos dos amantes e confidenciou ao rei, sem querer arriscar a vida dos líderes e muito menos meu título de rainha de Solaria, enviou um corvo para cada rei marcando um encontro. Mas isso não seria possível até a realização do baile, estávamos sem tempo.  

As rainhas de Asteria realizaram um feitiço de projeção astral dias antes do baile, enquanto dormiam ao lado de seus companheiros, seus corpos astrais se encontraram com os dos demais líderes e planejaram uma forma de desmascarar Khalesa e Apollo. Duvidando até o último minuto, Lucien insistiu que só acreditaria vendo com seus próprios olhos, sendo assim, Amara e Astrid executaram um poderoso e antigo feitiço. Durante o baile, um por um, os reis trocaram seus corpos de carne e osso por um moldado de barro.  

Enquanto os corpos originais estavam escondidos no castelo, inconscientes, suas mentes permaneceram no comando nos de barro, completando assim, todo o roteiro da noite. Era um plano muito complexo e arriscado, por isso tamanha descrição. Preferiram não envolver as rainhas e rei, muito menos os conselheiros reais. Se o golpe fosse provado real, o que no fundo ninguém esperava, teriam que reforçar em quem poderiam confiar no reino. Uma rainha tramando contra o próprio rei era uma realidade assustadora para todos. 

— Confesso que temi pela minha vida no momento da morte dos monarcas, apenas Astrid sabia do plano, mas as outras rainhas não. Por sorte entramos em um acordo. Veja, Apollo – ela olha diretamente para os olhos dele - você foi derrotado novamente.  

Apollo esperneia e tenta escapar, Catarina ordena:  

— Prendam-no na guilhotina – ela se aproxima dele logo após sua ordem ser realizada e sussurra: - Você acha que foi um bom rei?  

Apollo rosna em resposta se debatendo ainda mais no objeto que o prende.

— Veremos, então... – Catarina diz em seu ouvido e depois grita para seus súditos: – Culpado por orquestrar a morte de sua rainha e de líderes dos reinos vizinhos, podendo ocasionar numa guerra entre os reinos com mortes e prejuízos inimagináveis para Solaria. Levante a mão quem é a favor da sentença de morte de Apollo? 

Os reis de Lupinus sorriem satisfeitos, também teriam matado o culpado, mas sem a consulta pública antes. Astrid e Amara não gostavam de presenciar cenas de morte, mas estavam ansiosas pela de Apollo. Os monarcas da Cillía, sem sua habitual aura festiva, encaravam em silêncio a cena. Diferente do público que sussurrava entre si, nervosos e indecisos.  

Azriel foi o primeiro a levantar a mão, depois de alguns segundos mais algumas pessoas o acompanharam, Catarina observou a maioria imitar o gesto. O destino de Apollo está selado, ele grita inconformado e alucinado pelo que lhe aguarda, Catarina dá a ordem final: 

— Você tem sua resposta, Apollo. Que belo rei você foi, a maioria de seus súditos lhe quer morto – ela se aproxima. – Sinto muito que a situação tenha chegado a esse ponto, mas você é o culpado pelas suas ações. Soltem a guilhotina! 

A ordem é dada e pela segunda vez naquela manhã a lâmina desce de encontro ao corpo prostrado, mas dessa vez ele não é de barro. Os conselheiros continuam em choque, mas também aliviados pelo retorno dos monarcas, Arabella sorri para a cena lembrando dos tempos de batalha ao lado de Catarina. Lá estava ela, a destemida guerreira que não se curva a nenhum homem, pensou com satisfação.  

Aos poucos a multidão se dissipa e os monarcas voltam para seus respectivos reinos. Após a morte de Apollo, Catarina ficou conhecida como A Destemida, conquistou total confiança de seus súditos. Khalesa encontrou o mesmo destino de Apollo, e o Pacto da União finalmente foi assinado, e assim como esperava, todos os reinos prosperavam. Três anos após o golpe, Catarina e Lucien mantiveram uma amizade que evoluiu para um romance, estão de casamento marcado e com planos de unirem os reinos em uma única nação.

Mas os planos são adiados quando uma ameaça antiga e já esquecida, dos tempos d’A Grande Invasão, espreita não só os reinos do mundo medieval e mágico criado por Camila, como também a realidade da própria escritora. Juntos, Camila, Eros e Catarina travarão uma batalha entre reinos e em defesa da Terra, definindo os limites entre a realidade e o fantástico.  


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Notas finais do capítulo

É isto, o fim de mais um desafio... Mas o começo de uma nova história! Muito obrigada a quem acompanhou até aqui. ♥
Não tenho previsão para um continuação, apesar de já saber o principal do plot, quem sabe esse ano começo a postar.
Enfim, beijos! ♥



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