Desejo e Reparação escrita por natkimberly


Capítulo 4
Desencontros


Notas iniciais do capítulo

Essa história é inspirada nas obras da Jane Austen.



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Emma se retirou da mesa e foi, sozinha, até o bar para pedir uma bebida. Atravessou pelo salão e avistou Sir Collins conversando com seu amigo moreno do lado de uma pilastra, Emma se posicionou do outro lado dela para ouvir a conversa, queria saber o seu nome e como era a voz desse sujeito, que até agora não falara nada:

— Sinto em concordar, Sr. Knightley. O Sir Dashwood é um homem muito educado, mas consigo ver que está tentar me agradar ao extremo, gostaria que ele tivesse mais naturalidade. 

— Olhando pelo lado bom - disse Sr. Knightley. - Você vai conseguir dançar a primeira dança com a Srta. Dashwood sem nenhum esforço, com certeza, ele vai tomar conta do recado.

Emma sabia que estavam falando da Jane e só conseguiu pensar na encrenca que ela havia se metido, pois se recorda de sua irmã ter lhe falado que pretendia dançar com o Sr. Russell, mas agora o pai não vai deixar. Continuou a ouvir:

— Mas, e você? Não vai dançar? Pode pedir a mão da irmã mais nova da Srta. Dashwood, Emma, ela parece ser bastante agradável de se conversar e é devidamente atraente.

— Não vejo nada demais nela, é uma garota comum - respondeu Sr. Knightley. - Completamente sem graça, acho uma dela a cada esquina de Londres. Você que está com a vantagem de poder dançar com a mais bonita daqui, sempre soube que Meryton não era conhecido pelas moças atraentes mas não sabia que era tão raro achá-las assim.

— Deixe de ser pessimista, aqui tem adoráveis garotas, são todas muito educadas e animadas. Você que está mal acostumado de viver em Londres com as moças frias e misteriosas.

— Isso dá um charme a elas.

E continuaram a falar de como Londres era diferente de Meryton. Emma se retirou, estava vermelha de raiva, sua vontade era de voltar lá e jogar bebida no Sr. Knightley. Podem falar mal da personalidade dela, ela não se importa, agora de seu rosto? Aí já é demais. Estava tão enfurecida que esqueceu de pegar sua bebida, resolveu caminhar para o jardim, para tomar um ar fresco.

— Que homem impertinente - ela discutia consigo mesma. - Quem ele pensa que é? Com aquele sotaque de Londres, se achando o super interessante e inatingível. Não passa de um mesquinho. Esses nojentos da capital…

— Londres pode não ser um mar de rosas - respondeu uma voz atrás de Emma -, mas temos as melhores atrações turísticas.


 

Emma se virou com um susto e se deparou com o rapaz loiro que também era amigo do Sir Collins:

— Não adianta nada ter os locais mais bonitos se as pessoas são podres - respondeu em tom rude, se o pai a ouvisse falando assim, não deixava ela sair de casa nunca mais. Mas o galego soltou uma risada e respondeu:

— Assumo que eu e meu grupo somos os únicos Londrinos aqui está noite e pelo tom da sua raiva, com certeza, não estava falando com o Sir Collins mas sim com o meu “amável” irmão mais velho.

“Irmão?” pensou “Como podem ser irmãos? Não tem absolutamente nada a ver um com o outro.”

— Ele tem, digamos - disse a garota, se segurando ao máximo para não o xingar -, uma personalidade arrogante.

— Uau, nunca vi alguém o descrever tão valentemente - ele respondeu sorrindo enquanto fumava seu cachimbo.

— Nunca mais o verei em minha vida, não posso perder a chance de o atacar sem papas na língua. Sem ofensas.

— Está tudo bem, ele merece às vezes. Está chateado que o convencemos a vir para cá e não para Rosings, como ele queria. 

— Rosings? Até eu ficaria triste mesmo. Um lugar tão bonito, sempre ouvir falarem que os  moradores são bem “refinados”. Sem contar que é um lugar com muito mais classe que Meryton, deve ser por isso que ele está emburrado, queria estar com pessoas de sua laia: ricos e metidos - Sr. Knightley soltou uma risada.

— Gostei de você, fala o que pensa. Fitzwilliam está chateado por não poder resolver os assuntos que queria com nossa prima de Rosings - ao falar isso Emma sentiu que sua voz adotou um tom amargurado, ele logo corrigiu isso e volto-se para a garota. - Emma, não é? - A garota assentiu. - Sou Gerald. Agora, mudando de assunto, se eu fosse você apressaria, pois a dança começa já já. 

— Como assim? - Emma se virou para olhar o salão e as pessoas já estavam se preparando. - Vamos indo.

— Ah não, não vou dançar a primeira dança.

— Por quê? É a mais importante da noite, está sem par.

— Digamos que meu par não está aqui.

Emma não entendeu, mas estava sem tempo para mais papo, pois era para ela ter ido procurar Jane para contar que o Sir Collins havia conversado com seus pai para pedir autorização para dançar a  primeira valsa. Correu para dentro do salão e avistou Jane conversando com o Sr. Russell, quando chegou perto o pai delas havia aparecido:

— Jane, querida, posso conversar com você por um segundo? 

— Mas, papai, a dança vai começar daqui a pouco.

— Exatamente, é um assunto importante.

Jane não entendeu, pensou que Anne poderia ter sofrido um acidente ou Emma se metido em uma briga, então seguiu o pai:

— Aconteceu alguma coisa? Está todo mundo bem? Vamos ter que voltar para casa?

— Bem, não. Acontece que a maior benção que poderia vir a ocorrer na nossa família se mostrou.

— Do que está falando?

— Estou falando que o Duque Collins tem interesse em dançar com você, não é perfeito? - o pai estava tão empolgado, mas sentiu que sua filha não correspondia as suas expectativas, então continuou: - Você vai dançar com um dos homens mais requisitados da noite, sabe quantas gostariam de estar em seu lugar? Não vou deixar você perder essa oportunidade de honrar nossa família.

— Sinto muito, pai, mas já fui convidada por outro, pelo Sr. Russell.

— O oficial? Ele arruma outra pessoa, tenho certeza disso, você não vai perder essa chance. Trate de ser gentil com o Sir Collins, o elogie e faça de tudo para conquistá-lo, um casamento desses seria muito que bem vindo ao nosso lar.

— Casamento?! - Jane gritou. - Está levando isso longe demais, pode ter certeza que ele não me agrad…

— Srta. Dashwood? - Sir Collins apareceu sorrindo do lado deles.

— Ainda bem que te encontramos, Sir Collins, por onde andavas? Aqui está minha mais bela filha Jane Dashwood, ela nem pensou duas vezes e já aceitou dançar com o senhor, um anjo não é?

Jane não sabia se ria ou se chorava, o desespero corria em suas veias, olhou para trás em busca de algum refúgio mas sua irmã estava longe demais. Emma estava do lado de Sr.Russell e parecia observar a cena. Jane olhou para Noah e sussurou “Desculpa”. Isso só podia ser seu pior pesadelo, dançar com algum completo desconhecido só porque seu pai quer e ainda está tentando dar uma de cúpido? Que vergonha!

Jane não tinha para onde correr, resolveu dar um sorriso forçado e ergueu a mão para o Sir Collins, caminharam juntos até a pista. A moça voltou a olhar para Sr. Russell e o viu conversando com sua irmã, perguntava-se o que passava.

— Sr. Russell, não fique triste, sei que Jane não teve escolha, nosso pai consegue ser muito indecente quando quer, isso foi obra dele. Não a culpe, por favor - dizia Emma, não era uma garota muito boa com consolos, mas estava tentando. - Olha, não se preocupe, eu posso dançar com você. Vamos lá, não aceito ser discriminada duas vezes em uma só noite.

Emma nunca havia convidado alguém para dançar com ela em sua vida, mas para tudo tem uma primeira vez. Noah Russell aceitou e os dois caminharam até a pista, ela pode perceber que ele estava abatido por seus planos não saírem como o planejado e isso a fez sentir que ele realmente era uma pessoa boa.


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Notas finais do capítulo



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