Desejo e Reparação escrita por natkimberly


Capítulo 3
O Duque de Windsor


Notas iniciais do capítulo

Essa história é inspirada nas obras da Jane Austen.



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Enquanto estavam a se arrumar na frente da penteadeira, Emma resolveu trazer o assunto que estava a discutir com a irmã mais nova de manhã:

— Então, Jane, o que achou do Sr. Russell? - perguntou como quem não quisesse nada. - Ele é muito bonito e parece que se encantou com você, afinal, ficaram conversando a manhã inteira.

— O quê? Emma, não invente coisas, ele não foi nada além de simpático - ela pegou a escova.- Vai querer que eu faça um rabo de cavalo em você?

Emma assentiu e sentou na frente da irmã. Ela pensava nas palavras de Anne e também no mistério da vinda de seu irmão mais velho tão de repente.

— Não acha estranho Charles ter chegado tão cedo? E por um motivo tão banal quanto um baile? Não querendo desmerecer Sr. Preston, mas nosso irmão pode ir pra vários bailes em suas viagens pela Inglaterra.

— Achei estranho, sim, sem contar que ele e Sr. Preston nunca pareceram ser próximos. Acha que ele está mentindo?

— Acho que ele está escondendo algo - parou de falar depois do puxão de sua irmã arrumando seu cabelo. - E pode ter certeza que eu vou ficar de olho nele.

A conversa foi interrompida quando Anne entrou no quarto, usando um vestido bege sem vida, seu cabelo super cacheado solto totalmente rebelde e também sem nenhuma maquiagem:

— Está pronta? - indagou Jane.

— Nada disso, Anne. Vá se arrumar, agora. 

Anne ignorou as duas e se deitou na cama. As irmãs não podiam cobrar muito, afinal, ela tinha apenas 16 anos e era a mais levada da casa. Anne Dashwood, apesar de não ligar para aparência ou vaidade, era a que tinha o maior coração da família, sempre leu muitos livros e escreveu histórias e, por ser muito boazinha, conseguia ser persuadida muito facilmente por aqueles que gostava. Ela não tinha muita beleza, mas ainda assim, era bonita aos olhos das irmãs, é uma pena que ela não se cuidava como gostariam.

Quando Jane terminou elas foram se preparar para ir para à carruagem. Emma estava com seu cabelo ondulado escuro preso e com um vestido amarelo que combinava com seu tom de pele bronzeado. Jane estava com o cabelo metade preso e com um vestido rosa escuro bordado. Quem visse as duas não cogitaria que são irmãs, pois Jane puxou o lado do pai e Emma o da falecida mãe.

As três desceram, Emma notou o olhar de Sr. Russell para Srta. Dashwood a vendo com aquele vestido, de repente, ela começou a adotar o comportamento da irmã mais nova e perceber que daqueles estranhos poderia vir uma grande afinidade. 

Chegaram na residência do Sr. Preston, que já estava lotada. Emma nunca viu tantos uniformes escarlate em um mesmo lugar. O Sr. Preston logo veio prestigiar a chegada de seus queridos vizinhos e com ele estava junto sua filha mais nova, que deveria ter a idade de Jane:

— Vocês vieram! Como estou feliz em poder estar acomodando na minha casa não só um baronete como um baronete e um duque! - Pelo seu tom dava para perceber que estava sobre leve efeito de Whisky. O Sir Dashwood o encarou com uma expressão de surpresa.

“Ah não…” pensou Jane. Agora já era tarde demais.

— Um Duque virá para Meryton? - Dava para notar um tom esperançoso em sua voz. - Ficará quanto tempo? Você o conhece?

— Se eu conheço o Sir William Collins? Eu o vi nascer! Eu era amigo do seu falecido pai, que Deus o tenha. Sir Collins está para chegar logo logo, nunca vi um menino tão atrasado.

Dava para ver que sua filha estava tão constrangida com o comportamento do pai como Emma pelo o do seu, a filha tentou o tirar da conversa dizendo que estavam sentindo a falta dele na mesa de jogos. Antes de se despedirem sentiu que a garota, que Emma não lembrava o nome, tinha virado e dado um olhar estranho para alguém do seu grupo, mas pensou que foi coisa da cabeça dela. As irmãs logo se separaram do resto do grupo e foram procurar algum lugar para dançar ao som de uma música escocesa; mas Anne, que não suporta multidões, foi procurar algum lugar para sentar e beber um chá.

Emma e Jane se divertiam e dançavam, até que a música parou e as portas da sala se abriram. Dela saiu o que parecia um criado com um chapéu engraçado, que anunciou a chegada do Sir Collins. Até Emma, que nunca o viu, estava curiosa sobre ele, já que só ouviu coisas boas sobre o mesmo. Para decepção das irmãs, ele não era nada do que elas estavam esperando.

Sir William Collins tinha aparência regular, nada de marcante, não era alto mas não era baixo, seu tom de pele era tão claro que poderia ser comparado com o tom da parede, tinha cabelos negros e olhos azul muito escuros. Sem contar a enorme quantidade de sardas. Era um homem sem nenhum aperitivo, mas que parecia ser muito educado e alegre para um duque. Sir Collins chegou no salão e abriu um sorriso, começou a cumprimentar todos os cavalheiros e beijar a mão de todas as damas. Jane achou isso um ato de muita simplicidade vindo de alguém que todo mundo espera que seja nariz empinado.

Do lado do Sir Collins estavam dois homens altos, Emma se virou para a irmã:

— Quem são aqueles? 

— Acho que só papai terá respostas para essa pergunta - Jane disse sem tirar os olhos dos homens misteriosos. - Sejam quem for, eles têm uma aparência mais agradável que a do Sir Collins.

E era verdade, o homem que estava do lado esquerdo dele, tinha cabelos louros muito claros e olhos azuis encantadores, sua pele era levemente bronzeada e Emma supôs que fosse por ele gostar de cavalgar. Já o homem da direita parecia não estar contente de estar ali esta noite, ele tinha cabelos castanho claro, olhos que não dava para saber se eram verdes ou azuis e, sem contar, a sua feição de completo descaso. Quando chegou a vez dos três se aproximarem das meninas, Emma pode sentir que o Sir Collins se encantara com a beleza de Jane:

— É um prazer, senhoritas… 

— Jane e Emma Dashwoods - declarou Jane, cuja a mão estava sendo segurada pelo Sir Collins.

— Dashwoods? - Indagou o homem loiro. - Então, são as filhas do Sir Dashwood?

— Sim, senhor - respondeu Emma. - Nosso pai deverá estar no andar de cima, na mesa de jogos. 

Sir Collins e seus amigos, depois de uma última reverência se afastaram para se apresentar às pessoas do lado. Emma e Jane caminham em direção à alguma mesa e se deparam com a mais nova, Anne, sentada lendo. Se juntam a caçula e começam a discutir sobre o diálogo que acabaram de ter:

— Anne, não vai acreditar, acabamos de conhecer o Sir William Collins! - exclamou Jane. - E ele parece ser muito autêntico.

— Estou muito bem aqui com meu livro, obrigada.

— Vamos lá, Anne - disse a irmã do meio. - Você sabe que eu vou obrigar você a dançar a valsa, não sabe? Não fique com vergonha, eu consigo arrumar um par para você em questão de minutos.

Quando Jane e Emma perceberam que não iam conseguir persuadir Anne, voltaram ao assunto que as deixava com curiosidade:

— Irmã, o que achou dos homens que estavam do lado do Sir Collins? - perguntou Jane.

— Sendo honesta, eu achei eles uns completos apáticos, principalmente o que estava à sua direita, dava para ver que ele não queria estar aqui. E nenhum dos dois beijou nossa mão ou demonstrou algum sinal de empatia, como o Sir Collins. Aí podemos ver que aparência não é tudo. 

Faltavam ainda alguns minutos para a valsa começar e foi aí que Emma se deu conta de que não tinha um par para a primeira, e mais importante, dança da noite.


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