Nos caminhos da vingança escrita por Lilium Longiflorum
Desde que Tatsuo chegou naquele apartamento e viu aquele monge, percebeu algo misterioso da parte dele e com certeza isso se confirmaria pela história que estava prestes a ouvir. Ela bebeu mais um pouco da água que restava no copo, em seguida disse:
— Vamos lá, conte.
— Bem – começou Bruce – estava em Hong Kong para uma viagem de negócios, era uma noite fria e resolvi sair para ver como era a noite naquela cidade e vi uma figura que me chamou a atenção, era um homem maltrapilho procurando alguma coisa para comer em um latão de lixo. Cheguei mais perto e ele tinha como que veias amareladas em todo o corpo, logo pensei que era um meta-humano, mas ele estava muito débil e fraco. Compadeci-me e fui até ele para me oferecer a ir comprar algum lanche. Coloquei a mão nele e me assustei com os olhos dele... Era como se fosse luzes amarelas no lugar de olhos, me dizia com a voz fraca: “Me ajude, por favor!” Nisso ele desmaiou e eu o acudi.
“Ele só acordou no dia seguinte, fui ver como ele estava. Observei-o atentamente e as veias amareladas haviam sumido e seus olhos não brilhavam mais como luzeiros, eu podia ver sua íris e a pupila, estava mais vivo. Pedi para que me contasse quem era de onde vinha e ele me contou. Disse seu nome com muita firmeza e contou que participou de um torneio em outro mundo e acabou morto covardemente sendo transformado em um espectro do submundo por um feiticeiro chamado Quan Chi. Como este morrera, a maldição que estava sobre ele foi enfraquecendo e se extinguiu naquela noite. Ficamos amigos e ele me jurou lealdade em agradecimento por eu ter ajudado.”
Kung Lao trouxe um chá para ele e para os visitantes, colocou na mesa de centro as xícaras para servi-los e ficou calado depois que Bruce terminou de contar a história. Tatsuo olhou o shaolin dos pés a cabeça e perguntou a ele:
— E por que você não voltou para os seus? E quem é esse Raiden?
Lao respirou fundo, levou seu corpo para o encosto do sofá e respondeu:
— Raiden foi o responsável pela minha morte e pela dos outros guerreiros que estavam naquele templo budista...
— Aquele que Johnny e Sonya sobreviveram? Você estava lá também?
— São eles, mas eu morri antes dos que estavam lá. Eles foram abandonados à própria sorte por Raiden e morreram ali... Covardemente.
— E os outros? Conseguiram voltar à vida como você?
— Não tive mais notícias dos outros...
— Kung Lao trabalha comigo secretamente em algumas missões. Ele não quer mais contato com mais ninguém que esteja relacionado a Raiden. – disse Bruce – Tive que mudar o nome dele, para que ninguém desconfiasse.
Katana se levantou e disse enquanto olhava os quadros espalhados pela sala:
— Tenho quase certeza que Raiden não está relacionado a essa missão.
— De qualquer forma – falou Kung Lao se levantando – Vou te ensinar a técnica shaolin de bloquear mentes, pois Kenshi ou Takeda saberão que você veio me ver e virão atrás de mim. Mas promete uma coisa para mim?
Tatsuo se virou e Lao estava a sua frente, ela respondeu:
— Pode falar.
— Se Raiden estiver nisso... Não aceite ir com eles. Para o seu próprio bem.
Ela assentiu com a cabeça.
Katana passou o fim de semana no apartamento de Kung Lao para aprender a técnica shaolin.
(...)
Nesse tempo em que Tatsuo ficou com ele, ambos conheceram a história um do outro e uma grande afinidade surgiu entre eles. Domingo a noite Tatsuo estava saindo do apartamento do shaolin e ele a acompanhou até a portaria. Ao despedir-se dela ele disse:
— Espero que nos vejamos novamente.
Ela deu um sorriso e disse:
— Também espero isso. Agradeço por compartilhar a sua história comigo, aprendi muito com ela.
— Fiquei muito grato em ouvir a sua e... Espero ter lhe ajudado. Confesso que você aprendeu com muita rapidez essa técnica. Mas me prometa que nunca irá dizer onde aprendeu isso.
— Eu prometo – disse Tatsuo fazendo reverência a ele.
Um carro das Indústrias Wayne a esperava. Eles se despediram, Katana entrou no carro e acenou com a mão para Lao que também acenava.
Durante a viagem, Tatsuo não conseguia esquecer o jeito que Lao a tratou naquele fim de semana. No começo ela receou ficar com um rapaz, sozinha em um apartamento, mas ele a respeitou e permaneceram assim como bons amigos, respeitando o espaço um do outro. Ela tinha medo de acabar contando para alguém das F.E. sobre ele, mas ao guardar segredo seria um ato de gratidão por ele ter ensinado a técnica shaolin.
(...)
Naquela manhã de segunda-feira, a buzina dos carros e a televisão em volume alto dos vizinhos insinuaram nos sonhos de Tatsuo, que levantou de ímpeto e foi ao relógio, eram sete e meia da manhã, o tempo suficiente para se arrumar e ir para o quartel general das F.E. Se despiu com rapidez e entrou logo no chuveiro e sentiu uma ponta de angustia em seu coração ao se lembrar que não retornaria a ver Kung Lao, mas sim um espadachim cego e grosseiro com que teria que treinar e desviar de suas invasões mentais. Ao mesmo tempo que Katana se sentia ruim na presença de Kenshi algo em seu coração dizia para ficar próxima a ele, mas não entendia o motivo daquela confusão de sentimentos.
Saiu do banho vestida com seu roupão. Secava os seus cabelos curtos enquanto olhava as mensagens em seu celular, viu uma de Bruce que dizia:
As 8:30 um dos meus carros estará aí para te levar ao quartel, depois quero que me conte como foi o seu fim de semana com o Lao. Ele lhe mandou lembranças.
Tatsuo deixou um sorriso se esboçar em seu rosto.
Colocou sua roupa de combate, pegou sua soultaker e disse a ela:
— Hoje vamos treinar, que eu possa me sentir bem hoje.
— Eu sempre estou com você, minha Tatsuo. Não se esqueça disso.— a voz de seu marido saia da espada e ela podia sentir uma lágrima descer pelo seu rosto.
— O que me consola é que você está aqui. – disse Katana limpando o rosto.
(...)
A chegada de Tatsuo no quartel general foi rápida. Ela cumprimentou todos da equipe Cage, ao chegar à vez de Kung Jin ela se lembrou de um retrato que virá na sala do apartamento de Kung Lao, era a mesma pessoa. Jin estranhou o jeito que ela o olhou e perguntou:
— Está tudo bem?
Tatsuo saiu de seu torpor e respondeu:
— Sim, está! Não é nada.
Lamentava por não poder falar a verdade de que seu primo estava vivo. Deu um sorriso para o rapaz e foi cumprimentar Kenshi, ao olhar para ele, Tatsuo sentiu logo que o espadachim queria ler sua mente e de ímpeto o bloqueou o fazendo dar alguns passos para trás, ele colocou a mão sobre a fronte e baixou a cabeça. Depois de alguns instantes disse com um tom desconfiado:
— Como conseguiu me bloquear?
Katana deixou um sorriso formar em seus lábios e respondeu:
— É isso que dá invadir a mente dos outros sem permissão.
Os que estavam presentes seguraram o riso.
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