Nos caminhos da vingança escrita por Lilium Longiflorum
ERA SÁBADO de manhã, Katana estava na porta da mansão Wayne esperando permissão para entrar. Um dos porteiros abriu o portão menor e disse estendendo a mão para que ela o acompanhasse:
— Ele está lhe esperando no escritório.
Tatsuo foi acompanhada pelo porteiro até a porta da mansão, ao entrar ela foi com uma empregada que tinha por volta de seus cinquenta anos. Enquanto caminhavam a senhora perguntou com um tom malicioso:
— Tem procurado muito o senhor Bruce, não é? É alguma missão?
A japonesa notou o tom matreiro da empregada e decidiu ser um pouco ríspida:
— Temos apenas relações profissionais, senhora. Nada mais.
— Ora não precisa se irritar – se desculpou a senhora baixando a cabeça – Mas não vejo nada de mais, vocês dois são solteiros...
— E o que isso tem a ver? – respondeu com rispidez a samurai – Estou fugindo de relações amorosas...
— Está bem. – disse a empregada já mostrando a sala onde Bruce a esperava. Abriu com cuidado deixando Tatsuo entrar. E disse:
— A visita chegou, Senhor Wayne!
Bruce olhou em direção a porta e sorriu ao ver Katana. A empregada fechou a porta deixando os dois a sós. Wayne sentou-se em um sofá próximo e convidou Tatsuo para se sentar e ela o fez. O escritório era bem parecido com o da empresa só que menos e a arquitetura bem mais antiga e rústica, com móveis antigos e quadros pintados a tinta óleo retratando os integrantes e antepassados da família Wayne. Ele iniciou o diálogo:
— Eu sabia que hoje você viria aqui para me dizer sobre a missão.
— Certo – disse Katana pousando as mãos em seu colo – Apesar de ter aceitado essa missão... Eu tenho minhas dúvidas...
— Dúvidas? – perguntou Bruce atônito – Por quê?
— Um dos homens que vai para a missão... Não foi bem receptível comigo. É claro que eu não me preocupo com isso, mas... Acho que logo irão me descartar...
— Ele não quer que você vá?
— Para ser mais preciso... Sim.
— Acha que isso irá te atrapalhar em seu serviço?
— Tenho receio do meu temperamento... De eu acabar cometendo uma besteira.
Bruce soltou uma risada e Katana ficou sem entender o motivo. Ficou calada esperando ele se explicar. Ele foi até um open bar que havia dentro do cômodo, pegou um vinho, colocou em duas taças e ofereceu uma para ela que negou. Então ele disse depois de um pequeno gole:
— Sonya me ligou e falou sobre a ameaça que você fez contra o filho dele logo ao entrar.
Tatsuo ficou estarrecida ao saber que aquele garoto que ameaçara com a sua soultaker era filho de Kenshi. Olhou assustada para Bruce e perguntou:
— Aquele menino... É filho dele?
Bruce fez um sinal afirmativo com a cabeça. “É por isso que ele deve estar furioso comigo.” Pensou Tatsuo com uma das mãos na boca. Wayne sorriu e disse:
— Fique tranquila, pois Sonya não está brava com você e muito menos Kenshi.
— Então por que ele me tratou daquela forma?
— Provavelmente ele queria ir nessa missão sozinho junto com o filho. Não se culpe.
Katana se levantou e disse:
— Bruce, na verdade há outra coisa que eu queria falar com você
— Diga.
— Kenshi é um telepata e o filho dele também é.
— E o que tem de mais? Você tem a mente... Digamos... Depravada para esconder...
— Ora Bruce- disse Katana irritada – Como pensa isso de mim?
Ele soltou uma risada e disse:
— Estou brincando. Você quer alguma técnica para bloquear sua mente de telepatas invasores?
Tatsuo bateu palmas com tom de sarcasmo e falou:
— Você é um gênio.
Wayne sorriu e disse:
— Conheço um monge shaolin que poderá lhe ajudar nisso.
— Me leve até ele – disse Katana esperançosa.
(...)
Tatsuo estava tentando se acostumar a andar naqueles carros luxuosos de Wayne, mas não conseguia. Bruce estava sentado ao seu lado dentro de um desses carros e ela impaciente perguntava:
— Quando vamos chegar a casa desse monge?
— Calma! – responde Bruce – Estamos quase chegando
O carro parou frente a um prédio no subúrbio de Gotham, era antigo, mas bem conservado. Os dois saíram do carro e subiram três lances de escadas e chegou a uma porta onde havia na porta um símbolo que Tatsuo nunca vira, Bruce disse:
— Esse é o símbolo da White Lotus, uma associação... Que não conheço muito bem, mas ele fazia parte.
— E por que ele pendura isso na porta se não faz mais parte?
— Pergunte a ele.
Wayne bateu na porta e logo a porta se abriu, era um rapaz de altura mediana, olhos amendoados e pele bronzeada, vestia uma regata branca e calça moletom preta. Estava de cabelos molhados, seus olhos brilhavam e deixou um sorriso surgir entre seus lábios. Um cheiro de aloés e canfora saia do apartamento deixando Tatsuo calma, mas uma calmaria estranha para ela.
— Que surpresa agradável, Bruce. – disse o rapaz.
— Fico feliz que esteja bem. – respondeu Bruce estendo a mão para Katana – Esta é Tatsuo Yamashiro, ela estava a sua procura e precisa de uma ajuda.
— Entrem, por favor – disse o rapaz deixando a passagem livre para os visitantes.
Eles entraram e sentaram-se em um sofá simples confortável. O dono da casa pegou um jarro com água junto com dois copos para beberem e eles aceitaram. Bruce olhou para Tatsuo que observava todos os detalhes do apartamento e viu a foto de alguém que ela já vira, mas conteve a curiosidade. Ela olhou para o rapaz e disse:
— Bruce falou muito de você, mas não disse seu nome.
O rapaz sorriu e disse sem cerimônias:
— Eu me chamo Kung Lao.
Wayne curvou o corpo para frente e disse:
— Tatsuo veio aqui, pois precisa aprender uma técnica para bloquear a mente evitando a invasão de telepatas. Isso é para a nova missão que ela fara parte.
— Com quem ela irá trabalhar? – perguntou Kung Lao desconfiado.
Para as Forças Especiais em uma missão particular com Kenshi e seu filho Takeda.
Lao deixou a jarra de porcelana cair deixando a água molhar uma parte do piso. Tatsuo se assustou e o shaolin foi logo pegar um pano para limpar a bagunça. Enquanto ele limpava perguntava a Bruce advertindo-o:
— Como você pode a deixar trabalhar com essa gente?
— Calma Lao! – disse Bruce com sua voz rouca.
— Você já contou a minha história para ela? – perguntou Lao se levantando com o pano molhado nas mãos. – Conte o que aconteceu comigo, ela irá pensar muito bem antes de trabalhar com eles.
— Mas Raiden não está envolvido nisso! Tenho certeza!
— Quem garante?
— Espera! – indagou a japonesa já irritada – Alguém pode me explicar o que está acontecendo?
— Vou deixar que você conte a minha história – disse Lao indo para a cozinha – Enquanto eu faço um chá para ver se eu me acalmo.
Tatsuo ficou esperando uma resposta do homem morcego, este passava a mão na cabeça tentando achar uma saída, até que ele se sentou e disse:
— Vou te contar a história dele.
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