Nos caminhos da vingança escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 18
Foi por pouco




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A verdade é que Tatsuo queria novamente jantar sozinha,  com seus pensamentos e seus planos do que faria ao chegar ao seu objetivo. Desceu as escadas sem muita pressa sentindo a madeira nova do corrimão que passava áspera na palma de sua mão esquerda.

Chegou à mesa e se sentou. Só depois de alguns instantes percebeu que os que estavam à mesa ainda não começaram a comer.

— Estavam a minha espera? – Tatsuo perguntou olhando para todos.

— Sim – respondeu Xiu com um ar desapontado na voz – mas achei que vocês comiam juntos, se quiser...

— Sem problemas, Xiu – interrompeu Tatsuo com um sorriso meio forçado – vou comer com eles.

A comida já estava na mesa, quando Tatsuo notou que o marido de Xiu ainda não estava com eles, achou aquilo estranho, pois no mínimo como anfitrião ele deveria estar a mesa, seja o que fosse que ele estivesse fazendo. Então perguntou por ele.

— Sheng pediu para que comêssemos sem ele, provavelmente irá demorar.

Começaram a comer e Tatsuo de vez em quando olhava para Kenshi, que comia em silêncio. Não demorou muito para que Sheng chegasse. Com um olhar furtivo se aproximou a mesa. Sem falar nada aos hóspedes, ele cumprimentou Xiu dando lhe um beijo na face, em seguida se sentou ao lado de Takeda. Logo Xiu levou o prato de comida para o marido e se sentou no seu lugar. Como todos na mesa estavam quietos Sheng começou:

— Quando soube de vocês, me animei, pois tenho muita vontade de ter notícias de Jin e Lao. Jin tem dado duro nos treinamentos não é?

Cassie engoliu um pouco de arroz, deu um sorriso sem mostrar os dentes e respondeu:

— Ele é um dos melhores arqueiros que já conheci.

— E Lao? Sabem de alguma notícia se ele voltou a vida ou ainda continua naquela situação?

Tatsuo prendeu a respiração por alguns instantes, e forçou a mente para não deixar escapar nada com relação ao que sabia de Kung Lao. Continuou a comer como se nada estivesse acontecendo, mas Kenshi percebeu sua inquietação e perguntou:

— Está tudo bem, Tatsuo?

Ela engoliu um pouco da comida e respondeu sem olha-lo:

— Está por quê?

— Não é nada – Kenshi respondeu voltando-se para seu prato.

Cassie bebeu um copo de água e respondeu:

— Tivemos algumas lutas contra os espectros do submundo após aquele evento com Shinnok. Depois daquele dia não o vi mais entre os espectros.

— Será que ele voltou a vida? – perguntou Sheng animado.

— Só Deus sabe. – respondeu Takeda enquanto raspava o prato.

Tatsuo terminando de se alimentar, se levantou e pediu licença falando em seguida:

— Vou para o quarto.

— Está tudo bem, Tatsuo? – perguntou Xiu preocupada.

— Sim, só um pouco cansada.

Em seguida a japonesa se afastou da mesa e subiu as escadas indo para o quarto. Esforçou demais sua mente para que Kenshi não descobrisse a verdade sobre Kung Lao, a consequência foi uma forte dor de cabeça que começou a tomar conta dela. Abriu a porta bem devagar para evitar o barulho pequeno da dobradiça e procurou algum remédio. Ao achar logo o tomou, deitando de barriga para cima. O que mais queria naquele momento era dormir.

O vibrar do seu celular começou a incomodá-la. Ela se virou e pegou o celular para ver quem era, ao olhar o nome de Bruce logo atendeu.

— Está tudo bem? – perguntou Bruce.

Tatsuo colocou a mão na fronte e respondeu:

— Estou com um pouco de dor de cabeça.

— Então liguei na hora errada. Só queria dizer sobre Kung Lao.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ele está melhorando. Só queria te manter informada.

— Acho que é meio arriscado você fazer isso.

— Por causa de Kenshi não é?

— Se descobrirem que Lao está vivo, perderei minha amizade com ele para sempre.

Tatsuo sentiu sua cabeça doer um pouco mais após terminar essa frase. Bruce notou isso do outro lado da linha ao ouvir um ai de Tatsuo e com um tom preocupado disse:

— É melhor conversarmos outro momento.

Ela continuou respirando fundo para não gritar de dor. Fechou os olhos com força e disse:

— Me perdoe por não poder falar mais, Bruce.

— Sem problemas. Melhoras.

Em seguida Bruce desligou. Tatsuo colocou o celular do lado do seu futon e virou a cabeça do lado da parede. Tentou relaxar o máximo e acabou adormecendo.

(...)

Ao fechar a porta do quarto, Kenshi perguntou a Cassie se Tatsuo estava bem.

— Ela está dormindo, parecia que estava com dor de cabeça.

— Mas ela estava bem, não é? – perguntou Xiu enquanto segurava um pano de prato – notei como ela ficou pálida enquanto comia. Será que a comida fez mal?

— Se fosse isso todos nós estaríamos com mal estar. – disse Cassie sorrindo.

— Notei que ela ficou inquieta quando falávamos de Lao – falou Kenshi coçando a cabeça. – Não faz sentido, não tem como eles terem se conhecido. Tatsuo era pequena quando Lao morreu.

— Vamos deixá-la dormir – disse Cassie – amanhã eu pergunto a ela com mais calma.

(...)

Katana acordou com um barulho estranho na janela, como se alguém tivesse jogado uma pedra. A dor de cabeça já havia ido embora permitindo que se levantasse com mais disposição.

Graças a uma pequena brecha na janela, que era feita de madeira, Tatsuo podia ver a vegetação próxima se mexendo. Olhou para o relógio, era por volta de três da manhã. Foi até Cassie, que estava em um sono profundo, e começou a chama-la mexendo-a no ombro. Um pouco aturdida, ela pôs a mão na testa e perguntou:

— O que está acontecendo?

— Parece que fomos descobertos.

Tatsuo mal respondeu e outro barulho na janela foi ouvido. Cassie se assustou e logo se levantou depressa.

— Temos que acordar os outros – disse Cassie procurando seu par de chinelos.

— Deixe que eu faço isso – falou Tatsuo saindo do quarto.

Tatsuo foi caminhando até a porta dos rapazes, bateu apenas uma vez na porta e não demorou muito para que Takeda abrisse. Ele ainda estava de pijama.

— Vocês também ouviram esse barulho?

— Acordei assustada – respondeu Tatsuo – e pude ver pela janela que estão escondidos.

— Prepare a soultaker – falou Kenshi de dentro do quarto – não podemos mais ficar aqui.


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