Nos caminhos da vingança escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 13
Na estalagem




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O sol já estava se pondo e a escuridão tomava conta do caminho dos viajantes. Por mais que já tivesse ido à missões em lugares escuros Tatsuo estava um pouco preocupada por Kenshi não falar nada sobre ter uma estalagem por perto. Não era seguro prosseguir viagem daquela maneira.

Com certa dificuldade aproximou-se de Kenshi e perguntou:

— A estalagem já está próxima?

O espadachim virou a cabeça  para o lado e respondeu:

— Por que a pergunta?

— Está escurecendo e não é seguro prosseguirmos viagem.

Kenshi silenciou e prosseguiu  caminhando deixando Tatsuo um pouco irritada com sua reação. Aproximou-se mais dele, colocou a mão em seu ombro e perguntou com certa rispidez.

— Não vai me responder?

— Estamos chegando, Katana - respondeu Takeda com uma voz de tom tranquilo.

Tatsuo não estava entendo o motivo de Kenshi não responder uma simples pergunta. Será que ele queria provocá-la? Isso soa tão infantil da parte dele, Katana pensou e dessa vez não bloqueou caso algum deles quisesse ler sua mente. Sentia como se estivesse em um teste para ver quem ia sair do sério primeiro e queria fazer questão de ganhar essa batalha.

Cassie notou o desconforto que havia gerado e disse a Katana:

— Dá impressão que ele quer te tirar do sério.

— Mas acho que vou desapontá-lo - respondeu Tatsuo num sorriso sarcástico.

(...)

Logo avistaram a placa de uma humilde estalagem. Ela podia ser vista de longe dentro da escuridão da floresta, com suas tochas que estavam dispostas em volta do estabelecimento. Cassie não deixou de demonstrar seu alívio ao encontrar uma luz no fim do túnel.

— Como desejei chegar nesse lugar. - Cage falou depois de chegar ao alpendre da estalagem  e colocar sua mochila no chão.

— Está tão cansada assim? - perguntou Takeda em tom de deboche.

— Estamos andando desde as duas da tarde. Se você está acostumado tudo bem, mas eu não estou.

— O importante é que vamos descansar agora. - disse Tatsuo tentando acalma-los.

Os quatro entraram na estalagem e foram recebidos por uma senhora que tinha por volta de cinquenta anos para cima. Seus cabelos bem penteados e grisalhos quase branco e um quimono estampados com desenhos de bambu fazia entender que ela era bem simples. Um sorriso se fazia presente em seu rosto.

— Confesso que fiquei receosa em vocês se perderem por esses caminhos. - ela disse fazendo um sinal com os braços para que eles entrassem.

— Senhora Yuri - falou Kenshi sentando-se em um sofá - sabe muito bem que conheço essa região como a palma de minha mão.

— E foi por essas andanças que você perdeu a visão.

— Mas agora eu não estou sozinho. - o espadachim falou com destreza- tenho meu filho Takeda, Cassie e Tatsuo.

Quando Kenshi falou Tatsuo formou-se um sorriso tímido em seus lábios que fora logo percebido por Katana deixando-a um pouco embaraçada.

Senhora Yuri olhou cada um que estava presente dos pés a cabeça. Falou sobre Cassie:

— Você lembra muito sua mãe quando era jovem, mas não parece ser tão durona quanto ela.

Cassie riu colocando a mão sobre suas pernas. Olhou para Takeda e passando a mão em seu rosto disse:

— Um bom guerreiro como seu pai.

Takeda apenas sorriu com franqueza.

Quando Yuri se virou para Tatsuo estudou-a minuciosamente e depois de um certo tempo disse:

— Você me lembra Harumi, esposa do grão-mestre Hasashi.

Tatsuo já tinha ouvido falar de Hanzo Hasashi, mas não havia o conhecido pessoalmente. O que não entendia é porque a senhora Yuri achava que se parecia com Harumi.

— Então a senhora chegou a conhecê-la? - perguntou Takeda curioso.

— Sim, eu tinha por volta de doze anos quando a conheci. - senhora Yuri respondeu sentando em uma cadeira de madeira. - desde sempre foi apaixonada por Hanzo e tive a honra de ajudar no casamento deles. Foi uma das maiores festas que o clã Shirai-Ryu teve.

— Então a senhora era desse clã? - perguntou Tatsuo.

— Nasci nesse clã e nunca irei renegá-lo. A chacina ocorreu em nosso clã quando eu tinha por volta de catorze anos. Minha família foi dizimada e um ninja do Lin Kuei bem novinho me salvou fazendo com que uma família aldeã chinesa me adotasse. Nunca esquecerei por ele ter salvo minha vida. Fiquei muito feliz quando soube do reerguimento do meu clã. Hanzo me chamou para morar na casa dele, mas não quero deixar esta estalagem deixada pelos meus pais adotivos como herança. Acho que vocês me entendem.

— Entendemos sim, senhora Yuri - falou Cassie com um olhar cansado,mas louca para ouvir mais histórias dela.

Kenshi deixou sua bolsa no sofá, se levantou e disse enquanto caminhava para a porta:

— Vou ficar aqui no alpendre esperando aquele misô que só a senhora sabe fazer.

— Não se preocupe, Takahashi - ela respondeu com um sorriso - já estou preparando.

Takeda e Cassie pegaram suas bolsas e foram direto para os quartos. A senhora Yuri olhou para eles e disse:

— Deixei especificados o quarto de vocês, crianças.

— Obrigado pela preocupação - agradeceu Takeda.

Tatsuo ia subir quando a senhora Yuri a chamou.

— Ei menina, acho que tenho algumas palavras para você.

— Pra mim? - perguntou Katana atônita.

— Sim, querida. Não tenha medo. Enquanto eu preparo o misô de vocês nós podemos conversar. Não vou demorar,prometo.

Obediente, Tatsuo acompanhou a senhora Yuri até a cozinha.


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